domingo, 31 de agosto de 2008

E se...


Essa semana vi dois filmes que gostei em níveis diferentes e ambos me fizeram chorar. Claro que questões hormonais têm me feito chorar com quase tudo mas isso não vem ao caso.
Finalmente vi Um beijo roubado (My Blueberry Nights, 2007) com roteiro e direção de Wong Kar Wai em dvd e engatei Separados pelo casamento (The break up, 2006) com direção de Peyton Reed na televisão.
Os dois são incrivelmente diferentes embora tenham como tema o amor e sejam tocantes cada um a sua maneira. O filme de Wai é lindo com sua estética característica de silêncios imensos, espaços vazios, incomunicabilidade e solidão. Havia gostado de 2046 e Amor à flor da pele e amei Minhas noites de mirtilo, título original que faz muito mais sentido à busca de Elizabeth (Norah Jones) e sua conexão imediata com Jeremy (Jude Law) do que o título em português.
O filme é intenso, emocionante, o elenco sensacional, a trilha linda e o roteiro verossímil em sua estranheza e doçura. Chorei mais porque o filme é lindo e mostra um lado da vida, do amor, da necessidade física que temos de nos conectar, de acreditar nas pessoas de um modo impressionante do que pelo final.
Separados pelo casamento (The break up, 2006) com direção de Peyton Reed e roterio dos iniciantes Jeremy Garelick e Jay Lavender foi um filme feito sem nenhuma ambição artística a não ser o de blockbuster com Jennifer Aniston. E surpreende ao ser uma comédia romântica estranhamente realística já que mostra um casal longe de perfeito que embora se ame luta com suas diferenças. A personagem de Aniston é uma mulher com todos os defeitos que afligem a maior parte das mulheres quando em relacionamento, ou seja, é chatinha, exigente, pentelha, ciumenta, insegura, insatisfeira e o personagem de Vince Vaughn é nada mais nada menos que um homem com H maiúsculo. A química entre os dois, que sabidamente era real, é ótima, as dificuldades que eles vivem são facilmente identificáveis e o final surpreende. Não há final feliz quando se trata de amor. Quando muito há final. Chorei. Chorei por me identificar muito com a chatinha e ver que às vezes não adianta, o buraco é realmente muito mais embaixo e não importa o quanto se lute, a coisa não vai dar certo.
Inclusive essa semana tive uma experiência engraçada. Estou cansada e um dos meus primeiros sintomas de cansaço é baixa tolerância a barulho. Fico chatinha com barulho, deixo o celular no vibra o tempo todo, não ligo o som ou a TV a menos que necessário. Curto o silêncio afinal meu trabalho envolve muito barulho. Então metade do tempo não atendo o celular que vibra.
Então recebi um recado. Era esse cara por quem eu tive uma paixão estranha nos últimos anos. Coisa que ia e voltava e que recentemente eu exorcisei de vez. E retornei a ligação. E conversamos por horas mesmo que sabendo que não quero mais nada com ele e que ele já deve estar em outra também. Conversamos casualidades e foi ótimo. Só isso.

sábado, 30 de agosto de 2008

Boca Calada


Depois que comecei a viajar a trabalho passei a entender melhor as pessoas que bebem regularmente, que fumam compulsivamente ou que utilizam-se de quaisquer outros meios de fuga da solidão que algumas vezes enfrentamos. É necessário uma certa maturidade prá esse tipo de trabalho.

Uma das coisas mais difíceis de viajar para lugares não tão cosmopolitas - estou em Cuernavaca no México - é a falta de companhia nos finais de semana. Na primeira vez que você vai, os companheiros de trabalho locais até topam ciceronear-lo prá alguns lugares. Algumas vezes no entanto, é melhor ficar sozinho mesmo porque os programas sugeridos simplesmente não têm nada a ver com você. No entanto, quando as viagens são frequentes, supõe-se que você já pode se virar e que ninguém precisa te acompanhar a partir de um certo momento.

Semana passada, no domingo, acordei, comi a comida que havia comprado no supermercado, li, fui caminhar, voltei, li outra vez, dormi, acordei, entrei na internet, fiquei no msn por horas com amigos, fui caminhar outra vez, voltei e fui procurar a programação do cinema - que não tinha nada assistível - entrei no msn outra vez...

Ao final da tarde algo incomodava: Eu simplesmente havia passado o dia todo sem pronunciar uma palavra. Alguém imagina o quão ruim é passar o dia todo sem conversar ou trocar uma palavra com alguém? É sentir-se mudo, sem ser...Foi horrível.

Já estava desesperado com o final de semana que chegou de novo...

O sábado começou bem: saí pela manhã prá comprar charutos pois supus que eram bem baratos no México, mas não são...são só MAIS baratos. Li um pedação do livro que ganhei de aniversário, o que significa que estou gostando dele - As Memórias do Livro. Saí pro Shopping, pois é o único lugar onde eu vejo bastante gente junta, e inclusive gente bonita, o que é meio raro por aqui. Comprei um CD do Snow Patrol, não sei porquê. Eu precisava de uma sacolinha prá por os óculos - eu ia ao cinema em seguida - o telefone e a carteira porque já tava de saco cheio de carregar tudo - às vezes penso que homem também deveria usar bolsa. Pensei em comprar um CD prá receber uma sacolinha e deu certo. Mas até agora não sei porque comprei o CD do Snow Patrol. Acho que estava com a propagando do ER na cabeça. Fui assistir U2-3D que é MUITO legal. Admito que estava meio receoso de ir ao cinema prá assistir sozinho um show, mas as outras 30 pessoas da sala também tiveram a idéia então seria uma idiotice socializada entre vários. Não me arrependo. Foi BEM legal. Apesar de não sentir a energia do show, vê-lo em 3D foi uma sensação bem interessante e U2 nunca é demais no fim das contas... Recomendo. Tomei um bom café no Starbucks - sou ultra contra Starbucks no Brasil. No México pode, até porque vou pedir reembolso - um bom sorvete e foi isso. O que aconteceu também é que três pessoas me ligaram durante o dia, então eu tive algumas conversas razoáveis. Além disso, com essa de comprar charutos, ir ao cinema, procurar CD, balbuciei algumas palavras com os locais.

Só falta agora torcer prá ser um domingo melhor...

Boa semana a todos!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Corpo... mexa-o!

Faltei na semana passada aqui... ia postar, mas pensei: "bom, como agora estou indo ao espetáculo de dança do grupo mineiro Corpo, posto assim que voltar, pois terei várias idéias bacanas". As idéias permaneceram, mas, de repente, já era sábado, meu dia já tinha passado... sem problemas. Como escrevi anteriormente, as idéias permanecesse...

Voltando ao assunto que foi tema dos meus últimos dois textos, fiquei feliz demais com a vitória da seleção feminina de vôlei. Elas mereciam... e, mais do que ninguém, a Mari merecia! Lembro-de de, em 2004, ter visto o jogo no qual elas perderam para a Rússia. Sofri junto! E, naquela bola que saiu, dando vitória à equipe russa, as Olimpíadas acabaram para mim... 2008, porém, outra história, uma nova história...

e com o fim dos jogos olímpicos (já começo a guardar uma grana para conferir as Olimpíadas de Londres in loco), voltei à minha vida cultural. Desde então, fui assistir aos filmes "Os Desafinados" (bem bacana, mas poderia ser 20 minutos mais curto - outro detalhe: fui a uma entrevista com o Rodrigo Santoro... deu raiva de tão gente boa que ele parece ser... raiva, explico, no sentido bom da palavra: bom ator, talentoso, simpática e, sim, um cara bonito), "Shortbus" (lindo, polêmico, sexual...) e "Linha de Passe" (hoje, com direito a entrevista com o Vicinius de Oliveira - que ainda conserva, felizmente, aquele olhar do "Central do Brasil" - e a premiada em Cannes Sandra Corveloni - confesso: não tive coragem de "tietar" o Walter Salles)... além disso, vou assistir às peças "Imperador e Galileu" (com o Caco Ciocler mandando muito bem em duas horas de peça!) e "Confissões das Mulheres de 30" (mulheres, aos 30, só falam de homem?)... e, por fim, assisti, antes de muita gente, ao DVD Los Hermanos na Fundição Progresso... em uma palavra? Emocionante...

o final de semana se aproxima... pensei em alguma balada, mas setembro promete. Então, vou me poupar... bom final de semana!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

caixa

ele chegou em casa. nem tirou a roupa suada.
correu para o quarto, abriu o guarda-roupa.
lá estava: a caixa vermelha das recordações*.
dez anos se passaram. fechou com cola. não era mais pra abrir.
mas precisava olhar pra trás.
uma olhadela rápida.
ninguém se machucaria.
colocou um disco para quebrar o clima. beatles.
caixa no colo.
como era vermelha...
fez um furo tímido. olhou. nada viu.
parecia vazia.
rasgou a tampa. golpe seco, feito punhalada.
um cheiro forte invadiu as narinas.
embriagou o cérebro. turvou a vista.
quando voltou a si, viu.
estava tudo lá.
as mentiras que nunca contou para amar.
as ilusões que deixou de lado, com medo de acreditar nelas e ser feliz.
a solidão que desprezou em dias opacos.
a chuva que teve medo de tomar.
os pecados sujos, maltratados.
as lágrimas doces que jamais se permitiu derramar.
as confissões mais safadas que jamais fez, jamais fará.
um pavor sem explicação, encolhido, assustado.
olhou tudo uma, duas, três vezes.
sorriu.
sentiu-se vivo.
começou a rir. a gargalhar.
lacrou a caixa de novo.
guardou.
foi pro banho, cantarolando sgt. peppers.
mais dez anos pela frente.

* inspirado em the verve

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Ninguém tasca


Fiquei muito tempo pensando no que escrever aqui. Semana passada faltei. Desculpa people, mas não deu!! Foi falta de tempo não, foi falta de assunto. Compensei pensando bastante essa semana. E decidi que queria falar de TEMPO. Tenho lido muita coisa sobre o assunto. Pessoas reclamando que não têm tempo, outras dizendo que o tempo está passando muito rápido. Outras falando do tédio (que é o tempo que não passa) e outras ainda dando tempo ou a falta dele como justificativa para as coisas. Eu mesma ando falando muito sobre o tema. E com isso estou chegando à conclusão que amor de verdade é tempo.
O Houaiss diz: “tempo: 1 medida de duração dos fenômenos. 2. época 3 estado de atmosfera 4 variação do verbo que indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo 5 duração de cada unidade do compasso”.
Amar é dar tempo. Amar é usar o tempo com a pessoa amada. Amar-se é dar tempo para as coisas prazerosas ou necessárias (pena que as duas nem sempre andam juntas). Tempo é amor. É isso que eu queria dizer. O tempo passa, o amor passa também. Com o tempo, crescemos! Com o amor, também. E aí pensando assim, vi que amor é escolha. Eu escolho como usar meu tempo e cada minutinho que dou a alguém ou à alguma coisa é meu amor se expressando. Ainda continuando esse raciocínio tolo e maluco, decidi que não uso mais meu tempo com o que não gosto, com o que não posso chamar de amor. Me nego. O tempo é meu, o amor é meu, eles passam e eu quero amar e viver feliz. Meu tempo é só meu, ninguém tasca.


Ps. Obrigada a todos pelo tempo que gastaram me lendo.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O vagabundo...iluminado, dedicado ao meu iluminado amigo Ricardo...

Pós-modernidade é o termo usado para classificar a cultura pós-segunda guerra. Enquanto no Brasil viviam-se os anos dourados e nos Estados Unidos afirmava-se o american way of life, um grupo de jovens silenciosamente iniciava a desconstrução da modernidade. A arte enfatizando a técnica pela técnica foi colocada de lado. Abriram-se as portas da poesia para tudo que era considerado não poético. Foram resgatados os mitos indígenas e recuperada a poesia oral. 1955: o ano em que o movimento beat começou. Era o recital Six Gallery fundindo jazz e poesia. Vocês não estão entendendo nada não é? Culpa do Walter Salles. Eu li em algum lugar que ele vai filmar On the road, de Jack Kerouac.
Pé na estrada vai ser transformado em filme. O livro publicado em 1957 tornou-se um sucesso instantâneo, após sete anos perambulando de editora em editora. Kerouac foi apresentado ao público como o ícone beat. Papel que não conseguiu representar devido a sua amargura pelos anos de rejeição.
Pé na estrada é o relato de suas aventuras quando abandonou a Universidade de Columbia para viajar pelos Estados Unidos. Ele estava acompanhado de Neal Cassady e daqueles que ficaram conhecidos como a geração beatnik. Nessa época, escreveu textos de formas livres considerados até hoje como seus melhores trabalhos. Ele, Ginsberg, Burroughs, Snyder tornaram-se conhecidos da noite para o dia pregando a retomada da tradição visionária e dionisíaca. Despertaram o interesse de seus contemporâneos para poetas como Rimbaud, Blake e Whitman dentre outros.
Kerouac explicava seu método de composição tomando como base a improvisação do bebop. Podem pensar em bossa nova... A influência vem daí. A presença beatnik é muito forte na nossa literatura em geral e na teatral em particular.
A imprensa designou Kerouac de o vagabundo iluminado, embora o termo fosse uma apropriação. O dalai lama Patrul Rinpoche (1808-1887) mestre errante do século XIX, amado por seu povo tornou-se conhecido no mundo todo como tal. Por que? O lama abandonou seu mosteiro no Tibet. Passou a percorrer o país dando conselhos e sendo tratado pelo povo como um vagabundo praticante do budismo.
É provável que a mídia americana tenha feito uma aproximação entre Rinpoche e Kerouac quando adotou o termo, pois ele havia atravessado o país de leste a oeste e também porque a tradição budista havia sido retomada por alguns membros do grupo e pelos hippies. Essa geração, além da meditação e de uma postura anti-bélica discutiu problemas mais amplos como liberdade, democracia, guerras, colonialismo, racismo, destruição ambiental, feminismo e homossexualismo. Nem só de passeatas, sexo, maconha, rock and roll e queima de soutiens viveram esses jovens. Esse período de contradições no panorama internacional preparou o terreno para as manifestações da contracultura que floresceram nas décadas de 60 e 70. Pensando nisso dei de presente ao meu amigo Ricardo, o livro O Vagabundo Iluminado, de Kerouac. Agüentei muita gozação na noite de Natal.
Mas, está aí o Waltinho para provar que o modo de vida dessa nova geração é fruto da luta sustentada por esses vagabundos iluminados...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Três numeros!

Três números! Ainda faltavam mais três. Não importa. Fazia tempo que não acertava três números na mega-sena. É muito bom conferir e acertar. Mistura de sentimentos: surpresa pela coincidência e frustração pelos erros. Não ganhei nada, só a motivação do “quase” e do “e se?”. Conheço um cara que acertou 5 números! Se fosse eu, acho que reagiria como o Hurley. Imaginem, ele ganhou mais de dez mil. Se tivesse acertado um a mais ele estaria milionário e eu não sei se estaria aqui escrevendo para vocês.

Jogo há algum tempo. Ou melhor, jogo há alguns anos. Na verdade, há muitos anos. Participo de todos os concursos. Já joguei de todas as maneiras, sozinho ou em bolão; repetindo os mesmos números durantes meses ou alterando-os; buscando os números em alguma seqüência racional de pensamento ou a esmo.

Outro dia comecei a fazer as contas sobre o quanto já tinha investido. Sim, encaro essa prática como um investimento, de risco infinito. Tenho certeza de que, um dia, chego lá. Só espero não reagir como o avô do Hurley. Voltando às contas. Cheguei a pensar que estaria satisfeito se, em vez de ganhar, pelo menos recebesse meu dinheiro de volta... Não! Sou insistente e a “trinca” de hoje, aparentemente sem valor, motivou-me a continuar.

Sonho sim. Quem nunca parou para pensar o que faria com alguns milhões, do dia para a noite? O que faria com o atual trabalho, para onde viajaria e o que compraria? Acho que sumiria do escritório, sem qualquer aviso, e procuraria nos jornais, algum tempo depois, anúncio de “abandono de emprego”. Alguém sabe, pela CLT, quanto tempo é necessário para isso acontecer?

Prometo que, mesmo milionário, continuarei escrevendo para vocês, seguramente de forma mais assídua e, quem sabe mais interessante, do que aquela com a qual venho tratando esse blog e seus leitores – peço desculpas pelas omissões e pelos sumiços.

domingo, 24 de agosto de 2008

Seis Grados de Separación... Um momento de estupidez!



O bom desse negócio de escrever em Blog é que realmente me fez perder um pouco da inibição. Não tenho mais problema em me expor como um absoluto imbecil...

Imaginem a cena: você está vendo TV e de repente, em outro país o nome do seu blog aparece na televisão... É um blog relativamente novo, sem muita publicidade ou visitação, mas é seu blog e isso é que importa. Pois bem. Essa sensação foi a que senti ao ouvir o canal People & Arts anunciar sua nova série "Seis Grados de Separación", vindo de um locutor de voz de radialista como se estivesse narrando um velório.

Senti um frio tão grande na barriga! Tudo bem que não eram Sete, mas o número é o que menos importa nesse hora.

Impossível! Qual a chance de alguém copiar o nome do blog para uma série internacional? E qual a chance de duas pessoas pensarem na mesma expressão assim, sendo que ela nem é tão comum?

Passaram-se alguns segundo e pus-me a pensar e obviamente a primeira coisa que veio em mente foi consultar o oráculo (Google). Quantas outras pessoas também já teriam pensado nisso? Na mesma expressão? Corri para o computador.

Bem... o Oráculo, como sempre, ofereceu a resposta: aproximadamente 269.000 sites ao menos apresentavam a expressão - só em Português.

Eu já conhecia a teoria de que quaisquer seis pessoas estão separadas no mundo e blá blá blá (Epa...viva o Lobão!), mas nunca imaginei que havia um nome prá ela... e que o nome seria "Seis Graus de Separação".

Já existe até um Filme que se chama "Seis Graus de Separação" com o Will Smith e o Donald Sutherland. E o filme foi indicado ao Oscar e tudo, o que significa que o mundo TODO já sabia da expressão... Menos eu.

Eu só achava um nome bonitinho prá um blog com sete pessoas. Até admito que achei uma SUPER sacada de pessoa que indicou (Não lembro qual dos seis de vocês amigos blogueiros foi, só sei que não fui eu) na hora. Na verdade, pensei que era um nome BEM legal e que quem deu a idéia realmente foi bem esperto.

Minha perplexidade foi TÃO grande. Vocês não conseguiriam imaginar... Eu me levantei da cadeira prá ver de perto, prá ver se eu tinha entendido direito.

Tenh de admitir que a frustação em seguida foi horrível.

É isso... queria compartilhar de meu momento de estupidez com vocês.Tive de incluir um post excepcional para esta semana. Lamento se quebrei a regra dos sete.

Saudações a todos.
Prometi e não cumpri. Não escrevi um texto bacana para essa semana mesmo cheia de idéia... quero escrever um sobre a exposição do Duchamp no MAM e outro sobre o Inhotim... mas não deu tempo mesmo. No entanto fiz todo meu cronograma e descobri que sobrevivendo até outubro tudo há de dar certo... Já deu na verdade mas tenho corrido feito louca e esses próximos meses serão de enlouquecer.
No auge disso, meu telefone tocou com notícias de uma amia que não via há alguns anos cheia de novidades. Hoje sento com ela para uma merecida cerveja.
Para compensar a falta do texto bacana deixo dessas dicas de agenda cultural...



sábado, 23 de agosto de 2008

João Luiz Woerdenbag Filho

Acabei de descobrir uma coisa. Sou FÃ do Lobão...

É, esse mesmo Lobão que você ta pensando e que eu vi pessoalmente uma vez na Pizzaria Guanabara no Leblon enquanto jantava com a Janaína e achei SUPER legal. Esse mesmo que tem um programa na MTV que não sei nem se é bom porque tenho assistido a pouca TV. O Lobão que eu conheço só porque comprei o CD Acústico MTV e por causa da nostalgia acho bom pra caramba e não me canso de ouvir.
A descoberta do fanatismo veio depois de ler a entrevista dele na Revista Cult, onde ele não fala nada especial, e por isso mesmo garantiu um dos poucos espaços disponíveis na minha galeria de pessoas que admiro.
Tirando clichês como pai, Ayrton Senna e tal, minha galeria só tem o Amir Klink, que é um chato de galochas, egoísta e ranzinza, mas que é Economista também, largou tudo e fez um barco pra dar a volta ao mundo sozinho. E agora tem também o Lobão.
Por quê? Porque ele não aparece no Faustão, não dá pitaco sobre futebol e ainda vendeu CDs na banca de jornal... “Ah, mas ele é super comercial e fez o Acústico MTV...” E daí? Ele também gosta de dinheiro. Na verdade eu passei a ser fã do Lobão AGORA, ao ler a entrevista que falei... É a primeira pessoa que eu conheço a publicamente admitir que ficar falando de Bossa Nova já era. (Eu tinha escrito uns 4 parágrafos, descendo a lenha no João Gilberto e na Bossa Nova, mas lembrei que tem uma música que eu gosto, então, vou parar por aqui pra não ficar contraditório).
A entrevista é curta e não o Lobão não fala nada de especial, além de criticar as bobagens que o Caetano fala – nem sei porque o Lobão topou falar sobre esse assunto já que vindo do Caetano... mas de qualquer forma é bem legal e termina com a seguinte resposta:
“CULT- Está tudo bem com você?
Lobão - Tudo muito bem. Nada pode deter uma pessoa feliz.
Entrevista na Cult

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

poeta

não confie no poeta. sobretudo aquele que rima o amor.
farsante. mercador da ilusão.
propaga o amor como um sentimento único. belo. deus grego. narciso.
mentiroso. cara-de-pau.
os meros mortais sabem o quanto o amor pode ser feio, ogro, violento.
mas o poeta se vende - deve ganhar um bom dinheiro por fora. afinal, melhor do que vender enciclopédias - seu primeiro trabalho.
nas mãos dele, o amor ganha status de oxigênio. indispensável.
natural: respire, inspire, ame.
doido de pedra quem se recusa a amar. camisa-de-força nele.
fraude. o poeta e o amar.
deveria ser crime ser poeta. condenado em todas as instâncias à pena de morte.
encontra um pingente dourado de coração na rua e pronto: está lá a escrever que ao acaso, numa noite fria, o coração de alguém chegou às suas mãos, obra do destino, obra do inevitável, obra cósmica.
balela. obra de um descuidado. é só um pingente.
são só frases. linhas tortas que mexem com seu desejo.
são só palavras. rimas pobres. irresponsáveis.
é só um poeta.não confie nele.
nem no amor.
sentimento que o poeta diz conhecer tão bem.
que diz tomar chá das cinco junto.
com quem diz trocar confidências.
mais uma mentira.
no máximo, são conhecidos que trepam.e o poeta não liga no dia seguinte.
aliás, nem o amor.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Maria Antonieta

Adorei o filme de Sofia Coppola vaiado no Festival de Cannes. A história não era bem assim, alegaram. A história... ela nunca é bem assim, mesmo.
Visitei Paris com minha filha e ela voltou encantada com as vitrines das confeitarias. Do bolinho ao bolão... tudo cor de rosa. Sofia transpôs para a tela uma metáfora, a mania francesa pelo doce cor de rosa. Uma alegoria sobre a França e sobre Maria Antonieta Josefa Joana de Habsburgo-Lorena, arquiduquesa da Áustria e rainha da França entre os anos de 1774-89. Foi deposta, e guilhotinada quatro anos depois. A diretora conta corretamente a vida de Versailles intra-muros, mas não mostrou como Antonieta tinha poder de decisão nas questões políticas e sobre o rei Luis XVI. Afinal, a filha da imperatriz da Áustria tinha sido educada para ser rainha. A futilidade da aristocracia local não foi imposta por Maria Antonieta. Aconteceu o contrário: uma moça austera “caindo na real” devido às circunstâncias, e ao modo de vida da corte onde vivia. Sofia se propôs falar de Antonieta e isso ela fez. E para transformar tudo em rosa, nem precisou andar muito, bastou dar uma volta pelos jardins do palácio para chegar a uma das mais famosas confeitarias da França e lá estavam os doces e bolos, tudo cor de rosa!!!!! Achei a idéia formidável, como ninguém havia pensado nisso antes? Tudo tão antigo e ao mesmo tempo tão atual, daí o conteúdo do filme ser a superficialidade das sociedades francesa do século XVIII e pós-moderna.
O que estava acontecendo fora dos muros?
A burguesia ascendente estava ávida pelo poder. Num primeiro momento eles se contentaram em unir-se com a aristocracia através de casamentos. Isso acabou se tornando pouco para eles. Aspiravam ao governo. As monarquias absolutistas estavam aos cacos. A França detinha metade do dinheiro europeu. Tratava-se de um Estado pobre (o reinado de Luis XVI) dentro de um país rico. Se existia uma burguesia tão endinheirada e uma indústria reclamando de falta de mão de obra qualificada, os historiadores acreditam que os camponeses e o povo das cidades estavam passando fome. Nesse contexto aconteceu a revolução alterando o quadro político e social do mundo. Na França era o princípio de uma época de convulsões resultando em república, ditadura, monarquia e dois impérios. Os motins culminaram com a tomada da Bastilha, onde estavam sete presos, um deles o marquês de Sade.
Em relação à Antonieta havia a antipatia dos franceses pelos austríacos, embora a família Habsburgo seja uma das mais tradicionais e ricas da Europa. Ao mesmo tempo, o príncipe e cardeal de Rohan, capelão real e prior da Sorbonne estava apaixonado pela rainha. Sua mãe Maria Teresa denunciara Rohan por sua vida dissoluta e gastos. Ele perdera o cargo de embaixador da Áustria. Dizem que era vaidoso e imbecil. Acreditava ser correspondido em sua paixão. Aproveitando-se disso, o casal Jeanne de Valois e Caglioto, convenceu-o a comprar um colar avaliado em milhões para Antonieta. Os aventureiros foram ajudados na trama por uma prostituta parecida com a rainha. O grupo pedia dinheiro emprestado de Rohan dizendo ser para ela pagar a jóia. Quando o escândalo veio à tona o rei mandou prender umas quinze pessoas, colocando o Parlamento para julgar o caso. Antonieta era inocente, mas as injurias e intrigas fervilhavam contra ela. Rohan pertencia a um clã influente e os inimigos de Antonieta se aproveitaram para humilhá-la na corte. A Sorbonne posicionou-se a favor dele, que acabou sendo inocentado. Havia ainda a questão do adultério. Quem era Hans Axel Fersen?


Filho de um senador sueco, aos 15 anos foi enviado a uma universidade alemã para aprender ciência militar, depois permaneceu na Itália onde estudou medicina e música. Aos 18 anos, chegou a Paris. De porte musculoso e aspecto viril, tinha um rosto regular complementado por olhos azuis e boca sensual. Possuía coração de fogo por baixo da aparência de gelo, diziam os freqüentadores da sociedade e da corte parisienses.
Em um baile à fantasia conheceu uma jovem de elegância excepcional com quem teve uma conversa galante. De repente, damas e cavalheiros fizeram um circulo em volta deles, com a intenção de protegê-la. A desconhecida tirou a máscara e para sua surpresa estava frente a frente com a delfina. Antonieta havia fugido do palácio para ir à festa e escolhera o jovem para uma brincadeira. Desde esse encontro uniu-os uma terna simpatia. Quando ela subiu ao trono, Fersen voltou à Suécia retornando quatro anos depois, sendo recebido pela rainha de maneira carinhosa. Ambos estavam com 22 anos. Como ela era casada desde os 15 anos e continuava virgem, corriam boatos de que Luís XVI era impotente. Não demorou e a amizade transformou-se em maledicência.
O jovem partiu para evitar danos à rainha. Após esse exílio voluntário voltou a Versailles para ficar. Antonieta e Axel se amavam e decidiram viver essa paixão. Mesmo assim, fizeram de tudo para conservar escondida do mundo essa afeição. Além de seus amigos íntimos, três testemunhas tinham conhecimento da situação: Talleyrand, a eminência parda do governo; Saint-Priest, um ministro do delfim e Bonaparte. Recentemente encontrou-se uma carta de Antonieta para Axel. Nela pode-se ler “adeus, a ti o mais amante e o mais amado dos homens...” Uma única linha ressuscitada atestando o sentimento de ambos, pois a história confirma: Fersen permaneceu ao lado dela durante sua prisão até ser decapitada. Viva a república! Pena ter durado tão pouco... Após seis anos a França tornou-se de novo uma monarquia, agora com Napoleão.
No Congresso de Rastatt, Fersen representando a Suécia, é vetado pelo imperador. “Não quero tratar com ele”. Em tom de desafio Bonaparte completou: “dormiu com a rainha.” Qual foi à atitude dele? Calou-se. O silêncio era mais eloqüente que qualquer palavra. Maria Antonieta não precisava de um defensor. Uma mulher é mais digna de admiração quando íntegra e livre obedece aos seus sentimentos e uma rainha é mais soberana ao agir com humana sinceridade. Ah, se Lady Di tivesse conhecido alguém como Axel.

domingo, 17 de agosto de 2008

Memórias de uma ex loira



Não nego havia escrito um post bem mal humorado aí recebi as fotos de Inhotim, para onde tive o prazer de ir nesse fim de semana... e apaguei o post porque a vida vai muito bem obrigada.



sábado, 16 de agosto de 2008

Aniversário Feliz...

Pois bem, lá sei foi mais um ano... Passei dos 30. Admito que dos 29 para os 30 foi no mínimo estranho, mas agora não. Acho que me acostumei.

Na verdade, tinha tudo prá dar errado, ser um dia complicado, mas acho que tenho feito coisas boas e tudo conspirou a favor. Aliás, apesar do "inferno-astral" em que estava na semana anterior - expressão utilizada por um amigo para justificar meu choro e algumas outras coisas ruins que passaram - tenho de admitir que nem tudo foi perdido. Ao contrário, deu tudo certíssimo.

Como tenho um trabalho de 3 semanas no México, prá onde fui domingo passado, conversei com o chefe e consegui que me autorizasse voltar prá celebrar meu aniversário aqui. Mas 15/08 foi sexta, então, só valeria a pena chegar prá celebrar no dia certo. Consegui uma passagem de volta, levei 20 horas prá chegar mas pousei no dia certo, às 18:05. Tinha reservado uma pizzaria prá encontrar com os amigos, mas nem eu mesmo saberia se seria possível eu ir, já que chegando a essa hora com um voo vindo do México com conexão no Chile, onde o aeroporto vive um abre/fecha constante, seria meio que loteria...Mas resolvi insistir.

De qualquer forma, em plena sexta feira 'as 18:40 parece que um corredor foi aberto prá mim em São Paulo. Nada de trânsito. Cheguei em casa - a 32 km do aeroporto - às 19:45 e às 20:30 estava de banho tomado e já na pizzaria esperando que todos chegassem... Apesar da tensão inicial já que ninguém chegou até às 21:30 e o maitre já estava pedindo prá que eu liberasse a mesa, todos os participantes foram e foi um dos melhores aniversários de minha vida... Na verdade, está confirmado que celebrar aniversário é muito bom, desde que esteja bem acompanhado... Eu tinha lá minhas dúvidas. Poucas vezes eu tinha ficado tão feliz com um encontro desses. Claro que o fato de eu estar viajando MUITO potencializou o encontro, mas sei lá...está tudo muito bom e eu estava realmente MUITO feliz.

Valeu o esforço e valeram as 20h de vinda e mais 15h de volta prá passar o final de semana em casa... e valeu também ter encontrado todos os que lá estavam, apesar de haver outros muitos que poderiam estar mas que não tive tempo, nem oportunidade de convidá-los... O mais engraçado foi voltar pro México na segunda e notar que a cada dia o mundo fica mais pequeno...

PS - desculpem-me mas o final de semana foi muito curto prá eu postar... E meu trabalho bloquei acesso ao blogspot, então, só deu agora à noite...Obrigado.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Nos 45 min. do segundo tempo

Haja coração... pensei o dia todo pensando que horas iria escrever aqui. O tema, eu já sabia! Olimpíadas... algo que me move, que faz com que eu tenha olheiras e durma pouco... então, decidi que iria esperar a prova dos 50 m de natação... e fiz bem! Cielo, campeão olímpico... aqui em casa, na sala, nadei com aquele jovem de 21 anos. Não consegui ficar sentado no sofá... durante 21 segundos, nadei bastante... imaginei o esforço daquele garoto, que passa mais tempo debaixo d'água do que fora dela... e foi lindo! Vê-lo brecar as lágrimas ao dar entrevista para o Marcos Uchôa... poderia ter deixado as lágrimas do campeão olímpico cair... só quem é atleta (ou já foi!) sabe como a vida de atleta é sacrificante... horas e mais horas de treino, de dor, de deixa de lado uma série de desejos... no caso das Olimpíadas, quatro anos de preparação para, em 21 segundos e 30 centésimos, nadar, nadar... nadar e ganhar a medalha de ouro! Emocionante...
E ainda estamos apenas na metade dos jogos olímpicos...

Tive a felicidade de entrevistar por e-mail o Cesar Cielo antes dos Jogos Olímpicos... a entrevista pode ser conferida na revista "Todateen" deste mês...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

mendigo

desprezado, o carinho começou a beber.
vodca e uísque, cada um no seu copo, ora com gelo, ora do jeito que vinha.
queria esquecer a dor de não ser mais lembrado, de não estar mais no toque dos apaixonados, no abraço dos amigos, no beijo das famílias.
fora de moda, bradavam. não acessava a internet, não tinha orkut, não sabia o que é wireless...
no começo, pensou que três dias bêbados seriam suficientes.
hoje, completam-se três anos.
anestesiado, roupa rasgada, todo mijado, o carinho perambula pelas ruas.
cara fechada, barba comprida, cabelo desgrenhado. nem de longe lembra o galã que fazia sucesso entre os sentimentos.
alguns ainda o reconhecem – e ele chora. mas, via de regra, as pessoas passam batido pelo miserável.
ele ainda sofre.
a bebida não é mais tão forte assim. a aguardente que divide com o esquecimento, colega de banco de praça, não consegue mais apagar as lembranças, que cortam cabeça e coração feito foice da morte.
morte que ele abominava. que, hoje, ele deseja.
e ela só espia de longe. e ri.
ao carinho, resta mendigar: pão, água, atenção, sorriso.
ele está sempre no farol da avenida principal. a caixa de doces na mão esquerda é só pra disfarçar.
o que ele quer mesmo é ver amor sincero. uma fagulha que seja. um beijo na testa.
mas o sinal verde sempre abre muito depressa.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A ORQUESTRA DO SENTIR



Olha que curioso: semana passada não tive tempo de escrever algo legal por aqui. Confesso que não tive tempo nem inspiração. Para não pular meu dia, já que me sentiria mal, coloquei apenas uma frase carente pedindo desculpas e explicando a ausência. Vocês acreditam que foi meu post mais comentado nesse blog? Por que estou dizendo isso? Não! Não me importo com número de comentários. O que estou pensando aqui é diferente. Explico. Por que na maior parte do tempo a vida nos surpreende com resultados que não imaginamos? Estava lendo o texto do Rogério sobre o choro. E como tenho chorado muito, fiquei pensando que às vezes é esperado chorarmos e não choramos. Às vezes não temos razão alguma aparente e deixamos desaguar.
Esses dias isso me aconteceu. Tive o privilégio de assistir à apresentação da Orquestra Sinfônica de Israel. Entendo pouco, mas gosto muito de música clássica. Estava eu lá, na primeira fileira (ingresso de imprensa é sempre o pior, né?) com uma amiga. A apresentação começou às 21. Eu comecei a chorar, me arrepiar e a me emocionar as 21,15 e só acabei no dia seguinte, quando acordei. Quem me via deve ter pensando que eu entendia muito de música clássica ou que era uma pessoa super sensível à arte. Nenhum dos dois. Eu não esperava chorar e me emocionar tanto. Não! Mas aconteceu! Dessas coisas que não se explica e não se sabe bem a razão. Lógico que a música me emocionou e a regência do maestro Dan Ettinger, como você podem conferir ainda em SP e no Rio, é um troço vigoroso, que emociona quem vê, mas chorei mais que isso sabe?
E aí, pensando no meu post e no choro do Rogério e nas coisas que eu faço esperando um certo resultado, compreendi que não adianta explicar, planejar, esperar, basta sentir. A expectativa deve sem bem orquestrada sim, mas a liberdade de sentimento é com certeza o melhor spalla.
Beijos a todos

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Marias

Vou escrever sobre mulheres e poderia iniciar por cientistas prêmio Nobel ou por atrizes contempladas com o Oscar. Contar a vida das esquecidas pela história começando nos primórdios da cultura, quando as mulheres eram consideradas a metade do céu. Dentre as alternativas escolhi algumas Marias para falar de nós, mulheres...
O crédito fica para uma leitora do nosso blog que, ao comentar o disco da Fernanda Takai e colocar os versos “canta maria...a melodia singela...que a vida é bela...minha maria” deu a idéia, obrigada mariah!
A primeira é Madalena, devido ao interesse despertado por ela nas últimas décadas. Essa Maria me lembrava Proust, pois foi o ato de morder a madaleine, um doce típico de sua região, com todas as lembranças nostálgicas evocadas é que o fez escrever Em busca do tempo perdido. Parece que os intelectuais não têm preconceitos contra a famosa pecadora retratada na Bíblia, pois ela é a padroeira de educadores de elite. Tanto em Oxford, como em Cambridge, estão o Magdalen College, fundado em 1448 e o Magdalene College, desde 1542. Eu nunca acreditei que fosse prostituta, ela foi igualada à mulher penitente pela tradição cristã. A questão de Jesus ter sido casado com Madalena é um conceito antigo. Se não houve casamento, a relação devia ser íntima, fazendo dela não só a mantenedora do grupo, como a pessoa mais próxima de Cristo, provavelmente até sua sucessora. A “apóstola dos apóstolos” como pregava Peter Albert em pleno século XII.
A outra Maria foi à condessa de Walewska, que se tornou amante de Napoleão, na esperança de conseguir a liberdade de seu país, a Polônia. O pensamento dominante entre poloneses era como recuperar a independência perdida. Desesperados eles estavam dispostos a agarrar-se a qualquer oportunidade e quando perceberam o interesse de Bonaparte por Maria Walewska, depositaram sua fé na delicada mulher de vinte anos. Ela teve como preceptor Chopin. Além de geografia, francês e música, ele incutiu-lhe um ardente patriotismo. Para salvar a família da ruína casara-se aos 17 anos com o conde Anastase Walewska, de 68 anos. Condenada a um casamento sem amor, procurou conforto na religião, entregando-se ao seu objetivo de fazer renascer o país.
Em 1807, o imperador chegou à Varsóvia como um libertador, mas os poloneses sabiam que sem ajuda, ele não derrotaria a Rússia e decidiram juntar-se aos franceses. Napoleão conheceu Maria em um baile e ficou profundamente impressionado. Ela era tímida e devia ser uma visão encantadora, diferente dos rostos atrevidos das beldades sofisticadas espalhadas pelas cortes da Europa, com as quais estava acostumado. Escreveu-lhe três vezes sem obter resposta, pois Varsóvia não era Versailles e a sociedade desaprovava o adultério. Entretanto, se a condessa encaixava-se nas necessidades atuais de Bonaparte, os patriotas poloneses iriam convencer a jovem a aderir aos seus propósitos. Napoleão se recusava em ouvir seus argumentos sobre a Polônia, mas os apelos daquela jovem, talvez o convencessem. Maria resistiu o quanto pode, mas sua força cedeu diante do magnetismo do imperador, mesmo estando concentrada em conseguir dele a liberdade da Polônia. O imperador interrogava Maria a respeito do país e analisava a história da Polônia explicando as falhas do passado para que ela pudesse entender a política do futuro. Embora a condessa fosse à mulher ideal para Napoleão, a política externa falou mais alto e ele acabou casando-se com outra.
Mesmo tendo derrotado a Rússia, Bonaparte precisava dela como aliada no bloqueio comercial contra a Inglaterra, assim não pensou duas vezes, traiu os poloneses e Maria. Algum tempo depois, Napoleão ofereceu a Polônia à Rússia em troca de um casamento dinástico. A resposta foi o silêncio e nem era aquele de quem cala consente... O embaixador austríaco aproveitou e sugeriu... Maria Luísa. O imperador ficou deslumbrado por unir-se a casa dos Habsburgos e sua reputação de filhas fecundas. Ele precisava de um herdeiro legítimo. Enquanto isso, Maria dava luz ao filho Alexandre. Anastase, seu marido, voltou para o batizado e reconheceu-o como dele. A honra de todos os envolvidos estava salva. A história garante que Bonaparte foi fiel a Maria Luísa. A condessa morreu aos 31 anos. Napoleão exilado em Elba mantinha no dedo um presente dela com a frase: “quando você deixar de me amar, lembre-se que ainda o amo”. Diferentes Marias unidas no eterno tema do amor. Ah... mulheres!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pai

Dificilmente me apego a datas. Muitas delas são simples convenções sociais e comerciais. Anos vivendo longe da família também fizeram endender que não precisamos de datas para comemorar alguma coisa. Há muito tempo sabemos que todo dia é dia de alguma coisa e que podemos celebrar quando bem nos convier.
Embora entendo que não precisamos de um dia no calendário para reconhecer a importância do pai, o carinho da mãe, o amor da namorada, etc., resolvi fazer uma homenagem ao meu, por quem vou ter que esperar duas semanas para dar um abraço.

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Ingredientes

Toneladas de disposição
Litros de coragem
Atenção e dedicação sem medida
Uma dose caprichada de equilíbrio
Paciência a gosto
Muita compreensão

Modo de preparo

Misture todos os ingredientes. Acrescente confiança e segurança à vontade. Servir abundantemente ao longo das décadas. Presente mesmo à distância, rende generosamente para 3 filhos.

domingo, 10 de agosto de 2008

Gone red...

House sitting não é um conceito muito estabelecido no Brasil, principalmente entre os que tem muita família. Já para os que dependem bastante dos amigos, a palavra é bem conhecida. Eu tive um amigo querido aqui house sitting por alguns meses enquanto eu me esbaldava na Europa no começo do ano e agora é minha vez de retribuir.
Duas amigas, irmãs, estarão fora nos próximos dias, uma em NY no festival de cinema representando um filme e outra na Itália dando um tempo e lá vou eu cuidar do apartamento e da bichon frisé delas.
O acordo é simples, você vai, se instala na casa do outro mantendo todos os seus horários e compromissos e... cuida das coisas. Paga as contas que chegam com o dinheiro que foi deixado, molha as plantas, conversa com os vizinhos para que saibam que o lar não foi desertado e alimenta o bichinho. Super simples. E quer saber? Adoro fazer isso. Já fiz isso antes e sempre me diverti.
É a tal questão com raízes, não tenho nenhum tempo quente em ficar na casa dos outros, dormir na cama dos outros. Nada. Nenhum problema. Sou meio nômade mesmo. Adoro hotel. Há quem diga que isso é uma questão geracional já que os meus contemporâneos cresceram num mundo em franca globalização e se sentem em casa em qualquer lugar. Outros que é um problema meu. Só sei que tendo a me sentir bem em quase qualquer lugar. Sou bastante adaptável. Não sou mutante mas adoraria ser. Ter super poderes e tal mas isso ainda não aconteceu. Mas nômade posso dizer que sou. Já mudei de cidade, de estado, de país... já bati o recorde de 5 mudanças em 2 anos. Não sei para os outros mas acho isso uma quantidade boa de mudança. Já era ninja em arrumar mudança e havia conseguido desenvolver métodos de empacotamento além de ter resumido minha tralha a um nível realmente essencial. Claro que isso tudo está no passado: minha tralha já cresceu e não sou mais tão capaz de empacotar com tamanha agilidade. Prova disso foi o tamanho da mala que arrastei comigo ao longo dessa semana. Aos que não sabem, estou em plena programação e pré produção de um evento gigante e estou num vai e vem de cidades. Adorando. O projeto é lindo, vai ser um sucesso e estou conhecendo lugares antes nunca visitados e outros que já conhecia.
Ah, em pleno exercício nômade aproveitei para pintar o cabelo. De vermelho. Agora estou ruiva, meus caros.

E a todos os pais...



sábado, 9 de agosto de 2008

A última vez que chorei...


Na sexta-feira comecei a pensar sobre a última vez que chorei. Claro que tive uma razão prá pensar nisso. Na verdade comecei a pensar logo depois de ter começado a chorar naquela hora.

Pois é... uma das coisas difíceis na vida de um homem é chorar sem motivos óbvios, na frente de alguém. Ao menos na minha opinião é difícil. Não tenho problemas em admitir que tenho mais cosméticos que minha mãe no banheiro, que cuido do cabelo há uns 20 anos já, prá não ficar careca, que até sei o nome de alguns estilistas brasileiros e gringos.
Agora... admitir que chorei demanda algum esforço e por isso resolvi fazer igual aquela galera que vai ao namoro na TV prá procurar namorado porque é "tímida". Segundo essas pessoas, é mais fácil arrumar namorado na frente de milhões de telespectadores do que conversar com o (a) pretendente sozinhos. É o meu caso... resolvi admitir o choro no blog e não pessoalmente a ninguém.

Chorar porque alguém faleceu, ou porque algo extremamente triste aconteceu é tranquilo. O difícil é chorar meio que sem motivo... Sabe, um choro de tristeza profunda, sem razão aparente?

Óbvio que algo aconteceu prá que eu chorasse, mas de qualquer forma, não é sobre o evento que eu queria falar. É que foi BOM chorar... Senti-me livre, até meio que relaxado... Liguei a TV e comecei a assistir às Olimpíadas e até esqueci-me do que tinha me feito ficar triste. Esqueci, não... mas ao menos diminuiu a importância.

Naquele momento eu comecei a pensar na última vez que eu tinha chorado. Lembrei-me de uma situação MUITO triste, há uns 4/5 anos atrás que me fez chorar muito, até mesmo na frente de um amigo, o que é INSUPORTAVELMENTE constrangedor, apesar de saber que amigos são prá isso mesmo.

Mas comecei a pensar se estou vivendo como a Polyanna e fingindo que não tenho razões prá ficar tão triste, ou se minha vida é tão monótona e estúpida que nem tristezas eu enfrento ou então se sou simplesmente o cigano Igor que expressa um "Eu te amo", "Eu te odeio", "Meu pai morreu", "Meu filho nasceu", todos com a mesma expressão. Na verdade acho que é uma mistura das três situações.

Não sei bem o que quero concluir escrevendo sobre isso. O fato é que achei um absurdo levar 5 anos prá chorar novamente. Será que é normal alguém ficar tanto tempo sem nada que o fizesse derramar uma lágrima de tristeza? Tudo bem que sou uma exceção no que diz respeito à morte. Tenho quase 31 e até hoje ninguém com quem tive alguma relação (familiar, amizade, ...) faleceu, então nunca tive de ir a um enterro ou velório na minha vida. Mas nada... nenhuma tristezazinha em tanto tempo?

Pois é...estou ficando triste agora...Acho que vou começar a chorar....

PS - Acabei de ler o texto do Alan...depois de publicar o meu... juro que não me inspirei no dele prá tocar no assunto...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Só está começando...

Dia frio em São Paulo. Hoje, sexta-feira. E lá do outro lado do mundo começava mais um Jogos Olímpicos. Como não trabalhei, fiquei o dia inteiro assistindo televisão e a todos os programas sobre as Olimpíadas. Assisti à abertura... linda! E, de boa, na hora em que a cerimônia, rezei para que tudo ocorra em paz, que os atletas façam o seu melhor e que, claro, todos os brasileiros tenham um excelente desempenho... medalhas? Questão de sorte, treino e vontade absurda... O importante é sair com a sensação de dever cumprido!
À tarde, ao assistir a um programa sobre a maratona das Olimpíadas de Atenas, em 2004, quando o Vanderlei Cordeiro (quase) ganhou - só perdeu porque um irlandês invandiu as ruas, o segurou e o derrubou... chorei! Muito! Com raiva do irlandês e com a simplicidade e a história do maratonista... que, como o repórter disse, não foi o campeão, mas saiu como herói de Atenas...
E os Jogos só estão começando... sinto que irei chorar muito ainda! Chorar de verdade! Com lágrimas e mais lágrimas no rosto. Torço absurdamente pelos atletas brasileiros... não importa a competição... pode ser, inclusive, disputa de bola de gude! Entendo o esforço de cada um daqueles atletas!!!
Impossível não se emocionar com a Larissa, que irá jogar ao lado da Ana Paula, no vôlei de praia... impossível não ver os meninos de ouro do Brasil do vôlei se superando mais uma vez (o Giba é foda e ponto! O Dante é simpático e alto demais... e ponto! - eu já tive o privilégio de fazer uma foto ao lado deles e conversar com ambos, mesmo que rapidamente! Coisas que o jornalismo faz por você... risos)... impossível não torcer pelas meninas do basquete, que, mais uma vez, honram a modalidade... impossível não ter a vontade de pegar a Jade Barbosa no colo... impossível não desejar que a jogadora Mari e as outras meninas do vôlei saiam com a sonhada medalha de ouro... impossível não desejar que Thiago Pereira, César Cielo e tantos outros nadadores consigam melhorar seus respectivos tempos na natação... impossível não querer ajudar Maurrem e Jadel a pular o mais longe possível e a Fabiana Murer, o mais alto possível... impossível não chutar a bola junto com a Marta!
São tantos atletas... são tantos sonhos... tantas horas de treino... só está começando!

Observações:
- comprem a revista Ocas de julho/agosto: edição especial de aniversário, com uma entrevista que eu fiz com o Lázaro Ramos...
- comprem a revista Todateen de agosto: tem uma matéria minha com o João Gabriel (judô), Luiza Almeida (hipismo) e César Cielo e Thiago Pereira (natação)
- minhas aulas de natação melhoraram... ok, na terceira aula, vomitei no pós-treino, mas sinto que meu condicionamento melhorou... vamos que vamos!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

violão

e lá se foram 11 anos.
ele nem lembrava mais a última vez que pegou o velho violão no canto da sala para tocá-lo.
o cabelo comprido já tinha sido aposentado. um corte curto, a última moda em escritório-com-ar-condicionado, ditava as regras.
também não fazia idéia por que diabos olhou para o violão hoje e sentiu falta, feito carinho de mãe.
talvez culpa.
talvez saudade.
será que existe diferença?
ele não sabe.
em todo caso, pegou o violão. daquele jeito mesmo, velho e empoeirado.
colocou no colo. mão direita passeando pelas cordas, tal qual um corpo no sábado à noite, regado a vinho.
nada. não sabe o que fazer.
não sabe a gravata que combina, o remédio certo para dor de cabeça, o talher da salada a ser usado.
nessa ânsia, fez-se silêncio. sonoro. oco. único.
e doloroso.
ele olha os discos do neil young no chão.
o cheiro do café que vem da cozinha.
a tarde chata, sem sol nem chuva, que se apresenta, com vergonha, pela janela.
os gritos da vizinha com o pobre do cachorro.
a irmã, ainda pequenina, aprendendo a falar.
os fones de ouvido no chão, desplugados.
as estrelas que tantas vezes contou em noites de solidão.
o primeiro tombo de bicicleta.
fecha os olhos.os dedos se movem. rapidamente, encontram as cordas - meu deus, elas sempre estiveram lá...
sente um som.
sente acordes.
sente cor e gosto. se delicia com o banquete.
é música.
e reconhece a melodia.
está tocando uma canção de amor.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Pessoas, queiram me desculpar. Não consegui. Será que fiz falta??
Beijos a todos os seis dos sete.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Rei Salomão: e não é nada do que vocês estão pensando

Dia desses li um artigo de Ubaldo Ribeiro, onde ele citando Jabor dizia não ter nascido predestinado a falar mal do governo. Predestinado, a palavra me fez lembrar Salomão. Eu também não nasci com a missão de falar mal do governo federal, embora ele me dê todas as chances possíveis. Afinal, nunca houve na história desse país...
Não vou fazer isso, porque acredito no bom senso do bauruense para votar em prefeito e vereadores. Decidi, então, contar fatos relacionados ao rei Salomão, lorotinhas, como diria João Ubaldo.
Alguns como Ícaro, Dédalo, Leonardo da Vinci, Descartes, Cyrano de Bergerac e Júlio Verne sonharam com um homem alado. Outros como Salomão, Nadar e Santos Dumont voaram. Salomão? O pai do filho da rainha de Sabá? Esse mesmo, um homem transformado em um mito. O filho de Davi foi o terceiro monarca de Israel, tendo governado por quarenta anos. Quem nunca ouviu falar no templo ou nas minas do rei Salomão? Quando estudante universitária, eu li alguns relatos sobre seu reinado e um deles referia-se ao seu trono e sua máquina de voar. Como existe uma quantidade enorme de dados sobre ele em livros das três grandes religiões monoteístas comecei uma busca por informações, depois de ter assistido ao filme “Salomão e a rainha de Sabá”. Os textos sagrados escrevem sobre ele, mas não falam dele, essa falta de informação gerou em torno de Salomão uma quantidade enorme de lendas. A Bíblia refere-se à visita de Belkis, a rainha de Sabá, a Israel. Muitos autores falam de um romance entre eles. A dinastia da Etiópia declarou-se descendente de ambos, na obra Kebra Negest datada de 800 a.c. Muitas histórias sobre Salomão foram tiradas do Midrash e do Antigo Testamento. Verdades? Não sei. Segundo escritos islâmicos, Salomão parava em Meca sempre que ia para Sabá. Ele cobria essa distância em um dia. Isso só era possível porque contava com um veículo aéreo impulsionado pelo vento. Por isso era conhecido como “Senhor dos Ventos”. Disso nasceu uma lenda árabe do tapete voador, algo tão comum na literatura desse povo. E o trono como seria?
Ah, um artefato fabuloso! Os contos descrevem uma máquina de ouro. Ele ficava em um patamar, de sete degraus adornados por leões, águias e outros animais. Quando o rei punha o pé no primeiro degrau os leões entravam em ação e iam conduzindo Salomão ao seguinte, até ele chegar à cadeira do trono. Águias mecânicas levantavam vôo e colocavam a coroa em sua cabeça. Quando Nabucodonosor conquistou Jerusalém levou o objeto para a Babilônia e ao pisar no primeiro degrau para sentar-se ao trono, um dos leões deu-lhe uma patada fraturando-lhe a perna. Passou para a história como o rei coxo. O mesmo aconteceu no Egito, onde o faraó ficou manco. As qualidades inconcebíveis das descrições sobre o trono de Salomão fazem com que os ufologistas digam tratar-se de uma máquina construída por seres de outros planetas.
Alá colocou espíritos prestativos a serviço do rei e eles faziam qualquer coisa que Salomão quisesse, afirma o Alcorão. Pode-se acreditar ou não nessas histórias. Mas, uma pessoa a quem são atribuídas peculiaridades tão excepcionais deve ter sido muito especial... Penso que nunca houve na história... alguém como ele!

domingo, 3 de agosto de 2008

Em Vivo Contato

Não deixa de ser interessante pensar que o processo iniciado pela curadora geral da 27º Bienal de São Paulo, Lisette Lagnado, intitulada Como Viver Junto levantou questões que estão sendo ampliadas pelo curador da 28º Bienal de São Paulo, Ivo Mesquita.
Em Vivo Contato, mais conhecida até agora como a Bienal do Vazio, a mostra que se inicia em outubro já nasceu polêmica por ter como proposta inicial realizar uma bienal sem obras de arte. Dividida em três espaço (praça, o vazio e biblioteca) a mostra tem como objetivo ser uma pausa, uma quarentena que propõe um exercício de avaliação, auto reflexão e crítica não só da Bienal de São Paulo mas do próprio modelo de bienal em si.
Que a Fundação Bienal está em crise e precisa de mudanças estruturais e conceituais não é nenhuma novidade e por isso a idéia de levar essa discussão a público como obra é no mínimo divertida.
Em Como Viver Junto a curadora geral buscava abordar a “crise da representação” buscando “conferir uma dimensão política a uma mostra tão importante para a cidade, o Brasil e o mundo.” E sua mostra já entrou com ares de renovação ao realizar o fim da representação nacional e a residência de artistas no Acre. Um dos objetivos de Lisette Lagnado era a volta da importância do educativo dentro da mostra ponto que Ivo Mesquita também busca em sua curadoria e procura soluções ao propor um segundo andar vazio como espaço de desenvolvimento de atividades, um espaço vazio como incubadora de processos e potências criativas surgidas a partir da intuição estimulada no espaço térreo/praça e da razão desenvolvida no terceiro andar/biblioteca.
Se Lagnado encontrou em Hélio Oiticica um paradigma conceitual que buscava “liquidar a representação para superar o modelo de exposições”, Mesquita busca através da volta do prédio como projetado por Oscar Niemeyer como um começo de mudança. Renovar o prédio de modo que o térreo se transforme em uma praça de maior interação entre cidade e Bienal é a maneira que propõe para esquentar a relação entre Bienal e público.
“Se a praça no térreo é o espaço do encontro, da energia epidérmica, sob a regência da intuição e dos sentidos, o conjunto do terceiro andar é o território da razão, o tempo e o lugar do registro da experiência, de colher e sistematizar o conhecimento, e por em prática uma reflexão organizada.”
A importância que Lagnado deu aos seminários, que eventualmente renderiam publicações coisa que não aconteceu por questões administrativas e financeiras, Mesquita dá ao jornal/catálogo. A idéia de um jornal/tablóide que rompe as barreiras do prédio e sai às ruas de maneira gratuita e vai de encontro aos munícipes é complementar à questão da praça como espaço onde se conquista o público.
Embora a idéia inicial fosse uma mostra sem obras, o curador acabou optando sim por realizar uma exposição articulada a partir de arquivo, de documentos, da problematização do próprio prédio e de tudo o que o acontecimento Bienal desencadeia na cidade.
Oiticica e Lisete falavam no “desaparecimento gradual da figura do artista”, ao que parece Ivo Mesquita em sua 28º Bienal desaparece realmente com a figura do artista ao desenvolver um projeto curatorial em que o manifesto é muito mais importante que a própria obra já que até o presente momento muito foi dito e escrito sobre o assunto e nada relativo às obras que irão comunicar com o vazio.

Claro que o texto acima foi escrito antes da publicação da lista de artistas da 28.ª Bienal de São Paulo

ALEXANDER PILIS (Rio de Janeiro, Brasil, 1954)
ALLAN MCCOLLUM (Los Angeles, EUA, 1944)
ÂNGELA FERREIRA (Maputo, Moçambique, 1958)
ARMIN LINKE (Milão, Itália, 1966)
ASSUME VIVID ASTRO FOCUS (Baseado em Nova York e Paris)
CARLA ZACCAGNINI (Buenos Aires, Argentina, 1973/ São Paulo)
CARLOS NAVARRETE (Santiago, Chile, 1968)
CARSTEN HŒLLER (Bruxelas, Bélgica, 1961)
CRISTINA LUCAS (Jaén, Espanha, 1973)
DORA LONGO BAHIA (São Paulo, Brasil, 1961)
EIJA-LIISA AHTILA (H‰meenlinna, Finlândia, 1959)
ERICK BELTRÁN (Cidade do México, México, 1974)
FERNANDO BRYCE (Lima, Peru, 1965)
FISCHERSPOONER (Formado em Nova York, EUA, 1998)
GABRIEL SIERRA (San Juan de Nepomuceno, Colômbia, 1975)
GOLDIN+SENNEBY (Formado em Estocolmo, Suécia, 2004)
IRAN DO ESPÍRITO SANTO (Mococa, Brasil, 1963)
ISRAEL GALVÁN (Sevilha, Espanha, 1973)
JAVIER PEÑAFIEL (Zaragoza, Espanha, 1964)
JOÃO MODÉ (Resende, Brasil, 1961)
JOAN JONAS (Nova York, EUA, 1936)
JOE SHEEHAN (Nelson, Nova Zelândia, 1976)
LEYA MIRA BRANDER (São Paulo, Brasil, 1976)
LOS SUPER ELEGANTES (Formado em São Francisco, EUA, 1995)
MABE BETHÔNICO (Belo Horizonte, Brasil, 1966)
MARINA ABRAMOVIC (Belgrado, ex-Iugoslávia, 1946)
MATT MULLICAN (Santa Mônica, EUA, 1951)
MAURÍCIO IANÊS (Santos, Brasil, 1973)
MIRCEA CANTOR (Oradea, Romênia, 1977)
NICOLÁS ROBBIO (Mar Del Plata, Argentina, 1975)
O GRIVO (Formado em Belo Horizonte, Brasil, 1990)
PAUL RAMIREZ JONAS (Pomona, EUA, 1965)
PETER FRIEDL (Oberneukirchen, Áustria, 1960)
RIVANE NEUENSCHWANDER (Belo Horizonte, Brasil, 1967)
RODRIGO BUENO (São Paulo, Brasil, 1967)
RUBENS MANO (São Paulo, Brasil, 1960)
SARNATH BANERJEE (Calcutá, Índia, 1972)
SOPHIE CALLE (Paris, França, 1953)
VALESKA SOARES (Belo Horizonte, Brasil, 1957)
VASCO ARAÚJO (Lisboa, Portugal, 1975)

E além de questões de Bienal, essa semana teve o Dia do Orgasmo, para os desinformados foi 31 de julho. E juro que esperava que nosso querido Thiago Roque, que um dia já sonhou ser ator pornô, discutisse o assunto. Mas tudo bem, está perdoado com seu bom texto de 5º. Ah, e aos curiosos, a semana foi boa. Bem boa!

sábado, 2 de agosto de 2008

Voltando das férias



Todo mundo já deve estar de saco cheio de mim. SEMPRE postando atrasado...Mas prometo que a situação vai melhorar daqui por diante... Voltei a ter acesso a rede normalmente.
Saí 3 semanas de férias e posso dizer sem dúvida que foram férias perfeitas. Dos 21 dias que tirei, viajei durante 19... e foram as viagens mais esdrúxulas possíveis... Madrid, Paris, Palmas - TO e Curitiba...
Não gastei um centavo com hotéis e a conta do cartão de crédito até que não foi das piores - Thanks God eu tenho milhas, amigos morando na Europa, irmão em Palmas e pai em Curitiba.
A primeira foto é da praia do Prata... em plena cidade de Palmas no Tocantins...no meio do cerrado brasileiro, à beira do rio de mesmo nome. Estou ansiosíssimo prá voltar a trabalhar na segunda, como devem imaginar... Oh Deus, dai-me forças!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sufoco...

Chego ao final de semana cansado. Não é devido ao trabalho - que continua bacana, graças a Deus!. Mas sim por que resolvi entrar para a academia. Mas já adianto: odeio fazer musculação. Tanto que, na primeira aula de musculação, eu faltei. Calma... não foi preguiça! O problema é que o meu corpo estava realmente todo dolorido. Explico: irei à academia quatro vezes por semana. Na segunda e na quarta, farei musculação. Na terça e na quarta, natação. Comecei na terça... e quase morri no meio da piscina... risos. Ok, estou sendo exagerado!
Não sei quantos quilômetros eu nadei, mas foram muitas chegadas.... crawl, costas, peito e uma tentativa frustada de nadar no estilo borboleta. Perto do fim da aula, cãimbra! Como isso dói! Mas claro que não contei para o treinador isso... disfarcei e dei uns "migué" no treino. Resultado: na quarta, tudo doía. Na quinta, o corpo já estava melhor e deu para fazer um treino melhor... resultados no corpo? Não sei ainda! risos...
Na segunda, farei a minha primeira aula de musculação. Ainda bem que irei bem cedo para a academia, quando o lugar (espero eu!) estará vazio, sem os corpos sarados das mulheres e dos homens... quero sossego! Ah, preciso de um bom MP3 para ouvir enquanto malho... ia comprar nesta semana, mas não deu. Com um amigo que manja mais de tecnologia do que eu - manjo bem pouco! -, iria comprar o aparelho, mas... enfim... espero que a academia coloque para tocar boas músicas!