segunda-feira, 28 de junho de 2010

Fiquei três dias na fazenda, sem Internet. Hoje me surpreendi com a reforma da casa. Gostei!
Esperei acabar o jogo para postar. Vencemos!

Dunga era um tranqueira, grosseiro, cavalo, a seleção péssima... não era isso que ouvíamos antes que chegassem à África? Hoje os comentaristas dizem de boca cheia "A Seleção do Dunga!". Somos engraçados ou não? Três a zero... Ótimo, vamos ver com a Holanda.

Por falar em África, quem viu o suplemento Ilustríssima, da Folha de domingo leu A Cultura do Estupro. Não posso deixar de comentar que fiquei surpresa. Segundo relatório publicado pela ONU em 2002, com dados de 50 países, a África do Sul recebeu o vergonhoso título de campeã mundial de estupros: 75,6 estupros por grupo de 100 mil habitantes (disso já tínhamos noção), a surpresa veio por conta dos outros vencedores da triste competição: logo a seguir vêm Canadá, EUA, Nova Zelândia e Suécia.
Na reportagem, de Fábio Zanini e Laura Capriglione, os autores tecem considerações sobre a cautela necessária ao se fazer a análise desse tipo de dado pois que eles podem significar, por exemplo, que as mulheres desses países se sentem mais à vontade para dar parte na polícia enquanto na África isso não acontece. Por outro lado, embora o índice africano seja chocante (um estupro a cada 30 segundo ou 1,2 milhão de estupros por ano), segundo a organização não governamental Pessoas contra o Abuso de Mulheres apenas um em cada nove estupros é denunciado à polícia e só 7% terminam em condenação.
Socialmente foi levantado que existe uma grande tolerância em relação ao crime: a polícia pouco prende, a justiça pouco age e a sociedade ainda desconfia de que a vítima deu margem para ser estuprada.
Festejar a vitória ou chorar diante dessa realidade?

domingo, 27 de junho de 2010

Desejo

"Em que rua te escondes?
É terrível não poder adivinhar teu sorriso.
Não te quero sempre ao meu lado, também não te quero vagando por aí.
Que sei teu coração vagabundo e o quanto encantas a mim.
Se disser que não como, choro ou estou triste, sabes que menti.
Mas te juro, tua ausência é presente aqui."

Vagante - Urbanda

Por que para andar para frente sempre preciso voltar para trás? E lembrar que certa tarde encontrei um amor de bicicleta quando ele ia para a aula de violão; que odiei um amor a primeira vez que o vi e nunca mais o esqueci até que o esqueci; que declarei amor a quem não amava por pura vaidade; que gritei na rua com outro depois de muito absinto; que derrubei uma taça de champagne ao ser beijada por um homem lindo em uma festa; que caí da calçada quando conheci outro por quem suspirei por poucos meses; que me deixei amar por retribuição; que fui traída e traí; que discuti muito; que senti frio na barriga e muito medo; que chorei quietinha; que comprei presente; que senti saudade; que sonhei acordada; que magoei e fui magoada... agora, só falta voltar a me apaixonar.

sábado, 26 de junho de 2010

MODOS DE VER...

Assisti dia desses, um documentário sobre Da Vinci e sua explicação sobre a influência da atmosfera no jeito que um sujeito vê objetos, esse estudo dele tornou-se conhecido como perspectiva aérea. Algo que todo estudante de desenho sabe, figuras cortadas pela cor. Lembrei-me que a base óptica da perspectiva foi definida pelo filósofo árabe Alhazen, uns quinhentos anos antes do Renascimento, mas o interesse dele era a ciência. Perspectiva... uma projeção em superfície plana de um fenômeno tridimensional. Na Grécia e Roma Antiga o recurso era conhecido como escorço, porém foi durante a Renascença que a perspectiva foi desvendada, abrindo caminho para seu estudo matemático. Nessa época, Alberti montou um cenário e colocou modelo e observador em pontos de vista fixos criando um espaço uniforme de caráter contínuo. Porém, tempo e espaço são descontínuos e coexistentes. Antes do reaparecimento da perspectiva, as pinturas e desenhos utilizavam uma escala para objetos e personagens, de acordo com seu valor temático ou espiritual.
Existe uma teoria que descreve a desaparição das condições de estabilidade em um espaço determinado. Pensei na série Catástrofe, onde Salvador Dali representou um espaço geométrico plano e elástico. Imaginei questões relacionadas à fotografia, onde as figuras repetem o olho humano aparecendo invertidas. Não sei se culpa da máquina mecânica ou da humana, pois o cristalino, uma lente gelatinosa responsável pela acomodação da imagem se encarrega de adaptar o original para o cérebro. Resumindo, o mundo captado pelo olhar está de cabeça para baixo.
Que horror! Mesmo sentimento causado pela perspectiva no século XV, algo comparado ao impacto de inovação e repulsa que o cubismo e a arte abstrata provocaram no século XX. Se na Renascença foi o encontro com o novo espaço pictórico que causou desconforto, na vanguarda, foi à volta aos espaços multi-sensoriais que perturbaram e confundiram os espectadores.
Shakespeare compreendeu como a perspectiva era artificial e com habilidade descreveu essa ilusão através de recursos verbais. O relato de Edgar ao cego Gloucester, na peça Rei Lear são: “Eis o lugar. Permanece quieto. Quão apavorante e perturbador é lançar os olhos para baixo!” Nessa descrição o bardo inglês apontou a sensação desagradável despertada, quando da mudança do espaço sensorial da Idade Média para o novo espaço visual da Renascença. È como se ele dissesse como Pascal: o silêncio eterno desses espaços infinitos me apavora. Para quem viu 2001, uma odisséia espacial sabe do que ele está falando, aquela lentidão, aquela ausência de barulho, aquele frio na barriga, medo, enfim...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

saudade

texto lindo de Noemi Jaffe

"o dicionário diz que saudade é um sentimento mais ou menos melancólico de incompletude. como assim, mais ou menos? como saber se um sentimento está mais ou menos melancólico de incompletude? e por que às vezes é saudade e outras vezes saudades? será que quando é menos é saudade e quando é mais é saudades? penso que saudade é mais geral e saudades, mais específico. e que saudade é mais melancólico e saudades é menos melancólico. mas, de incompletude, os dois sentimentos são. e eu, agora, estou com muito sentimento melancólico de incompletude específico."



segunda-feira, 21 de junho de 2010

DÁ-ME TUA MÃO!


Vem, vamos juntos explorar vales e montanhas.
Que enfadonhas as planícies!
Vem, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na beleza e na feiúra, dá-me tua mão.
Vamos sair, por aí, ver o Sol... Os pingos da chuva que ontem caiu já estão a brilhar.
Vem bailar ao vento alegre que nos traz esta canção
Quero que me dês tua mão...
Vamos sair por aí sem pensar no que foi que sonhei
O que sonhaste, não sei...
Esta manhã nos faz esquecer
Vem ver o sol, deixa-o tostar-te, esquece o juízo
Não pensa no que foi que sofri, por que foi que chorei
Vem! Dá-me tua mão...
Que te abro um champanhe, que te mostro paisagens
Que te aqueço e te assopro, mas vem!
Não olha para trás, estátua de sal,
Esvazia teu bolso do metro, calendário e bússola...
Só vem, dá-me tua mão.
Vem!
Ref. “Estrada do Sol” de Dolores Duran e Tom Jobim

domingo, 20 de junho de 2010

Por email...

Fala a galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

pelo visto, na segunda rodada da Copa do Mundo, os gols resolveram, finalmente, sair. Tem coisa mais sem graça do que um jogo de futebol que termina zero a zero!? Enfim, para fugir dos gritos de gol e do barulho provocado pelas vuvuzelas, São Paulo oferece boas opções no teatro, no cinema ou em uma galeria de arte.

o cinema reservou ótimas estreias na última sexta-feira. Difícil selecionar um imperdível diante de tantos filmes bons como "O Profeta", "A Jovem Rainha Vitória", "Toy Story 3" e "O Abraço Corporativo". Em cartaz, continuam "Aproximação", "O Escritor Fantasma", "A Fita Branca" e outros.

no teatro, na semana que vem, sai de cartaz peças bem bacanas, como "Cine Belverede" (no Casarão Belvedere), "Com quem Fica o Coração?" (no Satyros 1), "A Alma Boa de Setsuan" (no Tuca), "Êxodos - O Eclipse da Terra" (Galpão do Folias), "Kabarett" (no Miniteatro) e "Noel Rosa, Poeta da Vila" (no Núcleo Bartolomeu de Depoimentos). Eu devo assistir a duas ou três delas.

entre os shows, valem a pena ser destacados as apresentações de Andreia Dias, no Sesc Pompeia, na quinta, e do Otto, no Comitê Club, na sexta e no sábado.

por fim, se quiser o silêncio de um museu e/ou de uma galeria, vale comparecer ao Centro da Cultura Judaica, que abriu uma exposição sobre o artista plástico Cândido Portinari, e ao Centro Maria Antonia, que tem uma mostra fotográfica do Bob Wolfenson. Ainda em cartaz estão "Shoá", no Sesc Pompeia, e "Visões do Modernismo", no Instituto de Arte Contemporânea.

e o melhor da semana passada foi o filme "Toy Story 3". A terceira parte da animação traz o dono dos brinquedos, Andy, prestes a entrar na universidade. E diante de uma mudança tão brusca na vida dele, que não já é mais um garotinho, os brinquedos Woody, Buzz e cia. se perguntam o que irá acontecer com eles. Há cópias do longa em 3D, mas confesso que isso faz pouca diferença: a história "Toy Story 3" é tão bem amarrada que supera qualquer tecnologia. Emocionante. Vale ainda mencionar a peça "Medeia - a Mulher-Fera", em cartaz no Satyros 2 (releitura inusitada do clássico grego!) e Elza Soares, que participou do show do Sandália de Prata, no Comitê Club (a voz marcante permanece...).

é isso
até mais
se cuidem!
espero encontrá-los por aí
alan

sábado, 19 de junho de 2010

Lindonéia: no avesso do espelho

Ao participar recentemente de uma entrevista sobre a obra e o estilo de um pintor a jovem entrevistadora empregou o termo clássico versus moderno. Pedi uma pausa para conversar sobre o assunto, sem gravador. Expliquei que Platão referia-se a produção artística de seu tempo com a palavra moderna para diferenciá-la da arte egípcia e no século XIII, já existia uma querela entre antigos e... modernos! Dei a ela um conceito para o termo explicando que de acordo com os estudiosos a modernidade teve inicio em 1453, e terminou com a segunda guerra, em 1945.
A moça ficou pasma quando relacionou Leonardo da Vinci com o período, pois assim ele estaria dentro desse momento histórico, e poderia ser chamado de moderno. É engraçado como as pessoas não atentam para detalhes tão pequenos. Como arte é fruição, costumo não me preocupar muito com isso. Porém, é bom saber que moderno é um desses termos com múltiplos usos e classifica até um quadro produzido hoje, por que não?
Quanto ao título do texto trata-se de uma outra história, embora continue relacionada à arte. Lindonéia é considerada a Mona Lisa brasileira. Uma tela enigmática pintada por Rubens Gerchman na década de 70, no auge da tropicália. O que veio primeiro a tela ou a letra de Caetano Veloso?
Trata-se de um período de parceria sem precedentes entre os baianos e a pintura de Oiticica e Gerchman, embora essas relações tenham sido dispersas e fragmentárias. Caetano afirmou em entrevista ter sido Nara Leão quem encomendou a música. A exigência era do compositor se inspirar no quadro do pintor que transportou e ampliou um retrato 3x4 em traços distorcidos, estampado em um jornal anunciando o desaparecimento de uma mulher, Lindonéia.
A tela pronta tinha parentesco direto com o Tropicalismo e sua imagem estava pintada nos moldes da art pop. A canção de Caetano realimentou a carga poética da história, ao falar com dolorosa pureza da noiva ausente da igreja no dia do casamento por ter sido atropelada, daí a frase “ela aparece na fotografia do outro lado da vida”.
Falei sobre o entrelaçamento entre todas as artes durante os anos, ditos de chumbo, devido à ditadura militar. Mencionei Zé Celso Martinez e sua influência na obra do artista plástico Antonio Henrique Amaral, na fase conhecida como das bananas. “Brasilianas,” digo bananas, e “Campos de Batalha” criticavam o governo fazendo referências ao assassinato do jornalista Herzog. Enfim, depois disso voltei ao microfone e a gravação do programa, pois era informação demais para ambas em um único dia. Efeito dos meios de comunicação “modernos” que aí estão para não me deixar mentir.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Feliz aniversário

Ok, estou publicando num dia que não é meu mas hoje eu tenho esse direito já que fico ainda mais velha. E quer saber? Estou tendo um ano ótimo e ficar mais velha nem deu tempo de me deixar ansiosa. Na verdade, estou tendo alguns anos ótimos... tantas coisas dentro de tão pouco tempo.



quinta-feira, 17 de junho de 2010

Por onde andei...



"Desculpe
Estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei
Errado e eu entendo
As suas queixas tão justificáveis
E a falta que eu fiz nessa semana
Coisas que pareceriam óbvias
Até pra uma criança
Por onde andei?
Enquanto você me procurava
Será que eu sei?
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava...
Amor eu sinto a sua falta
E a falta
É a morte da esperança
Como um dia
Que roubaram o seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama
Por onde andei?
Enquanto você me procurava
E o que eu te dei
Foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei?
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava...
Amor eu sinto a sua falta
E a falta
É a morte da esperança
Como um dia
Que roubaram o seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo coisa
Muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama
Por onde andei?
Enquanto você me procurava
E o que eu te dei
Foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei?
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava
Por onde andei?
Enquanto você me procurava
E o que eu te dei
Foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei?
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava"
Por Onde Andei - Nando Reis

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Convite


Prezados amigos, segue o convite da segunda exposição da COLEÇÃO
PARTICULAR : PHOTOIMPRESSOES, reunindo fotografias e trabalhos que
utilizam colagem ou processos fotográficos.
Será no dia 22 de junho, das 19:00 às 23:00 na Rua Artur de
Azevedo, 51, próximo à esquina da Oscar Freire.
Projeto meu e do Edu, a COLECAO PARTICULAR é um espaço sem fins lucrativos, dedicado à arte contemporânea, curadoria e colecionismo.
Aberto em março de 2010, o espaço abriga cerca de 500 obras de artistas nacionais e
estrangeiros, e se propõe a torná-las disponíveis para o publico através de um programa de mostras trimestrais.

Para saberem mais sobre o espaço, segue o link:

Será um prazer ve-los por lá!
Abraço a todos
Juliano Barros

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A perda de um filho é dor dificilmente ultrapassável, uma “ferida impossível de cicatrizar”. Afirmam os psicólogos ser uma das perdas em que não é possível fazer luto. Os pais acabam encontrando estratégias para funcionar, levar a sua vida, mas emocionalmente a ferida fica aberta para sempre. Sentimentos de raiva, culpa, tristeza, depressão, desejo de abandono da vida, são vividos por todos os elementos da família, criando tensão. Vários estudos apontam que grande percentagem de pais que perdem um filho acaba por se divorciar. Este aspecto pode não só ter a ver com as acusações recíprocas que ocorrem, mas também uma forma de fugir daquela realidade, do contexto onde existia um ser que agora não está mais presente. É como se a separação lhes permitisse apagar o passado e recomeçar de novo.

Silêncio, vazio, perda da capacidade de comunicação, instalam-se na casa. Não se consegue falar sobre o acontecimento, nem sobre sentimentos. Esse isolamento provoca sensação de solidão e distanciamento entre os elementos da família. Provavelmente a razão do silêncio seja mostrar que não dói ou para evitar que lágrimas e palavras despertem a dor no outro. No processo de luto é mais saudável que todos sofram do que “abafar a dor”. Exteriorizá-la, partilhá-la possibilita aos pais e irmãos saberem que não estão sós, e que poderão abrir-se e receber ajuda uns dos outros.

É inevitável que todos se questionem sobre o que poderiam ter feito ou evitado. Muitas vezes a interiorização da culpa pode dar origem a processos de auto-destruição: consumo abusivo de álcool, sobre-medicação, e outros. A dinâmica familiar é alterada, os pais “perdidos na sua dor” acabam por ter pouca disponibilidade afetiva e emocional para dar atenção aos filhos que ficaram. Em casos extremos há deterioração da saúde mental conduzindo a depressões profundas, desistência da vida e dos prazeres e por vezes à retirada total da realidade. A doença mental se instala, e tem início um processo de desorganização mental chamado “Luto Patológico”.
No filme “Os Últimos Passos de Um Homem” em diálogo entre a freira(Susan Sarandon) –que acompanha condenados à morte– e um homem cujo filho, bastante jovem, foi morto o homem conta que sua mulher pediu o divórcio, faz uma reticência e completa... “até que a morte nos separe...”
Ainda não havia pensado nisso.

sábado, 12 de junho de 2010

Um violinista no telhado...


Dr. Itamir Crivelli me presenteou com livros sobre a história das religiões, talvez por saber da minha mania por leituras relacionadas ao assunto. Um violino no telhado pode ser uma tela, um filme, ou um musical da Broadway. O quadro é de Marc Chagall, um artista judeu e chama-se O Violinista Verde. Quando perguntaram como um virtuose podia se exercitar assim, o pintor respondeu que de casa via o músico tocar na varanda, mas parecia estar sobre o telhado. Provável, mas a ideia está próxima de suas raízes. Isso tem algo em comum com religiões? Tudo, pois o filme (1971) relata a saga de famílias judaicas na mesma Rússia do pintor. A continuidade dessa cultura está na transmissão de valores espirituais, veicula o filme. Na seqüência de abertura está dito: “Um violinista no telhado. Parece uma loucura, não é? Mas aqui, na nossa pequena aldeia de Anatevka, pode-se dizer que cada um de nós é um violinista no telhado a tentar arranhar uma melodia agradável e simples sem partir o pescoço. Não é fácil. Talvez perguntem por que ficamos lá em cima se é tão perigoso? Bem, porque Anatevka é a nossa casa. E como mantemos o equilíbrio? Posso dizer-vos numa palavra: tradição.”.
Para quem não viu, o filme conta a história de uma família vivendo em um povoado onde moram outros judeus. Ao mesmo tempo relata os preparativos para um casamento. Toda cerimônia nupcial judaica termina com um costume estranho, quando o noivo quebra um copo de vidro com o pé. Simbolicamente o ato recorda que a alegria deve ser moderada, pela memória das catástrofes dos hebreus, e que a felicidade nunca será completa enquanto o templo de Jerusalém permanecer destruído.Enquanto, ocorre a festa familiar, a aldeia é invadida por militares com ordem do czar para os judeus deixarem suas casas em três dias. Nada justifica essa atitude contra uma comunidade pacifica estabelecida ali há mais de três séculos Mas, o pogrom não poupa ninguém. O relato poderia estar em qualquer tempo, mas aconteceu no principio do século XX. Os judeus foram para a América. Lá com os dois pés no chão conseguiram realizar o sonho de viver a paz. O violinista? Vai continuar tocando e zelando por eles. Esse juízo está presente de forma consciente no filme e inconsciente na tela do artista que abandonou Vitebsk, sua aldeia devido a perseguições políticas encabeçadas por Malevich.
Os livros ajudaram-me a entender melhor a obra de Chagall, o filme e o apego judaico aos textos sagrados, embora um grupo, mais liberal, tenha adaptado sua crença ao período contemporâneo com uma maneira de pensar apoiada nos avanços da ciência. Mesmo assim, esses descendentes não duvidam do caráter revelador da Toráh e do papel primordial dos rabinos e do Talmud. Ainda que a religião esteja presente no interior dos valores pessoais desses filhos de Israel, isso não se evidencia nas suas atitudes exteriores. De qualquer maneira a herança emocional e simbólica dessa tradição está impregnada em seu modo de entender o mundo. Essa postura faz do judeu um forte... ou um violinista no telhado!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ontem deitei pensando em nomes... quem seria o novo secretário da cultura?... Cidade de porte médio, Bauru tem sofrido tantas desilusões, tem sido frustrada em tantas expectativas!
Bom, após uma crise dentro da Secretaria da Cultura foi preciso substituir o secretário. Quem entraria?

Há pouco li no jornal que nossa querida Janira Fainer Bastos é a nova secretária. Ela é amiga deste Blog, amiga de um monte de gente daqui e uma pessoa muito especial.

Aleluia!!!!

Alguém que realmente sabe o que é arte, vive da arte, transpira arte. São anos e anos dedicados ao estudo e à realização da arte. Que os anjos a protejam! Que ela não seja massacrada pela máquina política nem contaminada pelo marasmo. Sei que está vacinada.

De todo coração desejamos que ela tenha uma gestão cheia de realizações. Meio piegas mas é isso exatamente que eu quero dizer.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Confira o line up completo do SPFW Verão 2011

09 de junho, quarta-feira
15h - Tufi Duek
16h - Erika Ikezili
17h30 - Priscilla Darolt
19h - Rosa Chá
20h15 - Reserva
21h30 - Cia Maritima

10 de junho, quinta-feira
12h30 - Iódice
15h - Ellus
17h - Água de Coco por Liana Thomaz
18h - Alexandre Herchcovitch (fem)
19h - Cori
20h - Osklen
21h15 - Triton

11 de junho, sexta-feira
11h - Cavalera
15h30 - Maria Bonita
16h30 - Wilson Ranieri
17h30 - Movimento
18h30 - Simone Nunes
19h30 - Samuel Cirnansck
21h - FH por Fause Haten

12 de junho, sábado
13h15 - Reinaldo Lourenço
15h30 - Jefferson Kulig
16h30 - Animale
18h30 - Ana Salazar
20h - Adriana Degreas
21h30 - Lino Villaventura

13 de junho, domingo
12h - Do Estilista
14h30 - Neon
16h - João Pimenta
17h - Paola Robba
18h - Amapô
19h - Mario Queiroz
21h - Colcci

14 de junho, segunda-feira
13h15 - Gloria Coelho
16h - Alexandre Herchcovitch (masc)
17h - Ronaldo Fraga
18h - Fernanda Yamamoto
19h - V.Rom
20h15 - André Lima

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ele manda uma poesia com versos doloridos, intensamente amorosa, dramática. Ela, emocional, sensível, tem o olhar iluminado pelas lágrimas. Que lindo viverem um amor como esse, impossível mas real. Não se concretizara no sexo, uma união de almas gêmeas.
Ela interpreta os versos, combina estrofes, junta o poema de hoje com o de ontem e tece uma gigantesca colcha de encantamento a aquecer seus dias, a acelerar seu coração e respiração.
Têm urgência de um encontro. Precisam tocar-se, conversar, refletirem-se nos olhares. Responde afoitamente, conta-lhe de suas preocupações e pergunta-se e a ele, como poderiam resolver essa distância. Dorme sentindo sua respiração, lembrando o som de sua voz, o formato de suas unhas, os dedos grossos, másculos.

Ele manda o poema e vai ver televisão. Depois de algumas horas responde às suas aflições. Sim, ficaremos juntos um dia, fique calma, tudo se resolverá. Leva o copo com whisky para o quarto, dorme pensando sobre sua próxima passagem pelo free shop. Que marca trará, Logan ou Royal Salut?

Desaparece por doze dias. Ela, tensa, irritada, imaginando que como ninguém sabe que se amam, caso ele fique doente ou até morra, não a avisariam. Teria morrido? Abre a caixa de mensagens inúmeras vezes por dia. Nada!

Começa a pensar que talvez ele não queira fazer a família sofrer, seria isso? Tão generoso, amoroso, romântico, certamente preserva a mulher não amada mas respeitada, mãe de seus filhos. Ela aguenta sofrer, é forte, e só por saber que esse vínculo existe já se considera feliz. Esperaria, quando pudesse ele entraria em contato. Para que não a esqueça, envia mensagens, enfeita-as com flores, gifs animados, borboletas e corações pulsantes. Pede confirmação de recebimento, que não vem.

Cheio de pacotes, perfumes, licores e o tão esperado whisky ele chega em casa, abre o computador. Pula todas as mensagens recebidas e digita: “Sinto muito sua falta mas tem sido difícil ficar sozinho com você. Somos iguais, você entende quanto estou sofrendo. Não está fácil!”
Comovida ela abraça o teclado. Está vivo!

domingo, 6 de junho de 2010

Obrigada

Desculpe o sumiço. Tenho corrido e trabalhado muito. Mas não podia estar mais feliz. O Festival de Circo foi tudo de bom, a corrida feito louca resultou em 1.5KG a menos, na reta final da Virada só frio na barriga, teve pocket do Yann Tiersen no Dorothy, a Virada foi linda e um sucesso, na volta a São Paulo Cat Power no Bourbon, engatei na Mantiqueira onde me diverti muito com uma equipe tudo de bom e os vinhos na madrugada resultaram em 1.5KG a mais... adoro o que faço, sabia? E meu trabalho tem me dado a oportunidade de conhecer gente que nunca havia sequer sonhado, realizar sonhos que jungava muito acima das nuvens e ser muito MUITO feliz... então chegar em casa depois de algumas semanas de loucura, ter que arrumar a casa, desfazer e refazer malas e jogar plantas fora ou não ter tempo para ir ao supermercado... não é nada perto das delícias que tenho vivido.



sábado, 5 de junho de 2010

A fuga para o Egito...

Cena bíblica pintada por diversos pintores. Refiro-me a verdadeira fuga e não a de uma pintura. “José foi advertido em sonhos por um anjo do Senhor, que lhe disse: pega a Maria e a criança, e dirige-te para o Egito pelo caminho do deserto.” E eles foram...
Em 1945 apareceram os Manuscritos de Nag Hammadi. Dois anos depois, 930 fragmentos em hebraico, aramaico e grego foram encontrados em Qumran, conhecidos como Manuscritos do Mar Morto. A École Biblique et Archéologique Française está traduzindo o material, que fala do antigo testamento e de uma seita nascida no Egito de Akhenathon, da qual os essênios eram seguidores. Se a família sagrada fugiu para o Egito, teria Cristo contato com a doutrina in loco? Quando voltaram à Palestina? Os evangelhos mostram Jesus e João Batista sendo chamados de rabi. Não existem provas de que um deles tenha um estudo aprofundado da Toráh, porém a hipótese não pode ser descartada. Os historiadores escreveram sobre Jesus e seus relacionamentos conflituosos ou amigáveis, porque aqui está se falando de um profeta escatológico ao estilo de Elias, que mantinha contatos com importantes agregados judaicos, em especial os fariseus, os saduceus e por que não... os essênios! Qual era o tom desses intercâmbios?
Os seguidores de Cristo formavam uma rede de apoio para suas andanças podendo ser divididos em três círculos concêntricos: a multidão que o ouvia em suas pregações; o grupo intermediário de adeptos, os quais pactuavam de suas ideias e os apóstolos, um conjunto restrito, simbolizando as doze tribos de Israel. Evidentemente a divisão é acadêmica e mesmo verdadeira não reflete a situação complicada do século I. Eram diversos grupos brigando por predomínio e poder político ou religioso. O fato de Jesus persuadir seus correligionários a aceitar uma mensagem e seguir sob sua liderança o colocou na rota de colisão com os fariseus, que tiveram uma importância vital para a sobrevivência do judaísmo. O Jesus histórico é um campo de calorosos debates esbarrando em convicções, as inimigas mais perigosas da verdade, diria Nietzsche. Vamos enfrentar a complicação adicional de um retrato dessa época: fariseus, saduceus, macabeus, zelotes e cananeus, todos reunindo as características do fervor religioso e compromisso social. Desses, os fariseus, têm importância vital para o judaísmo, pois eles criaram uma lei oral e a sinagoga como instituição. O termo pode ser traduzido por separados, ou seja, uma dissidência legalista. Eles se consideravam a verdadeira comunidade hassidim/os piedosos e apoiaram a revolta dos macabeus contra o império Selêucida. Desiludidos com a política se voltaram para a religião esperando a vinda do Messias. Os essênios são oriundos do mesmo agrupamento e foram viver na zona rural. Dizem que João Batista esteve com eles durante o período em que permaneceu no deserto sendo considerado um nazireu, assim como Paulo de Tarso. Sansão também pertenceu à seita. Interessante é destacar que se dividiam em subgrupos de doze com um líder chamado “mestre da justiça.” Acreditavam em milagres através da imposição das mãos, vestiam roupas brancas, não cortavam os cabelos, não tocavam em cadáveres, não empregavam alimentos e bebidas fermentados, a comida estava sujeita as regras de purificação e foram chamados de nazarenos devido aos votos nazaritas e não por causa da cidade de Nazaré. O termo saduceu indica: pertencente ao partido da estirpe sacerdotal dominante eram os ritualistas e estavam próximos dos princípios gregos. Tratava-se de religião ou política?