quinta-feira, 30 de setembro de 2010

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eu prefiro o Bozo!

Um comediante, descontente com a rentabilidade mensal de sua atividade, resolve candidatar-se a um cargo político eletivo, usando como bandeira principal de sua campanha a sátira ao próprio cargo que busca ocupar e a todos os políticos. É, automaticamente, aprovado por grande parcela do eleitorado que busca utilizar o voto como ferramenta de protesto. O sucesso da empreitada, até certa altura da corrida eleitoral, era evidente.

A breve história acima pode parecer uma crônica sucinta do fenômeno que neste exato momento toma conta do Brasil e que, ao que tudo indica, vai eleger um palhaço (!!) ao Congresso Nacional. Mas não é. Essa é a história de Jón Gnarr, personagem teatral cômico do ator Islandês Jón Gunnar Kristinsson de 43 anos, que fora, pasmem, em 29 de maio de 2010, eleito prefeito da capital da Islândia, Reykjavík, com 34,7% dos votos. Gnarr venceu as eleições sem absolutamente nenhuma plataforma política previamente estabelecida e até mesmo sem contar com um partido político: ele fundou o seu próprio, o qual denominou comicamente de “Melhor Partido”.

Dentre as promessas políticas de Jón Gnarr estava a de conseguir emprego para toda sua família, além de arrumar um trabalho que fosse bem remunerado e que exigisse pouco trabalho. E a população islandesa, num movimento inesperado de rebeldia, comprou a idéia, elegendo o personagem – isso mesmo - para o cargo: o ator alterou o registro civil de seu nome, ficando definitivamente registrado com o nome do personagem. Em outras palavras, como se Chico Anísio tivesse se candidatado e o eleito fosse o Professor Raimundo.

A primeira reação de todos nós brasileiros ao tomarmos conhecimento dessa história verdadeira e bizarra é: “quer dizer então não somos nós os únicos que ridicularizamos a política em geral e a representação em particular?” Pois é. O mundo todo vive uma onda de descontentamento com a democracia representativa, melhor entendida como aquela em que nós, o povo, somos representados por um fulano que nunca vimos pessoalmente na vida e que não faz a menor idéia dos nossos problemas. Quando muito conhece alguns dados estatísticos. Os votos de protesto ao redor do mundo são uma demonstração disso.

Mas o fenômeno brasileiro tem suas particularidades perigosas, as quais ficam evidentes numa comparação com seu alter ego islandês. Afinal, o palhaço de lá tem uma ampla formação artística. E a Islândia tem 99,1% de sua população alfabetizada, além de estar em 1º lugar no Ranking Mundial de desenvolvimento da ONU, conhecido como IDH. Em outras palavras, se o palhaço de lá resolver fazer palhaçada no cargo, vai não vai ser por incompetência. Ele vai poder ler todos os documentos que tiver que assinar. Ele poderá, portanto, ser moralmente (e até criminalmente) responsabilizado pela atitude desesperada do povo. No Brasil, depois de tudo, o palhaço vai rir. E nós, cedo ou tarde, vamos chorar.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Vocês já leram alguma coisa sobre a solidão feminina?

Andei reparando que elas são muito menos solitárias do que os homens. Dificilmente uma mulher fica dormindo, à toa, andando sem saber o que fazer. Os homens ficam. Os que gostam de ler ficam menos ociosos mas jamais um homem tira uma tarde de sábado para organizar armários, separar roupas fora de moda e outras coisinhas que nós, mulheres, adoramos fazer. Geralmente tenho medo de generalizar mas se houver um ou outro que faça isso acabará desaparecendo na massa, enquanto que as mulheres curtem esses momentos.

Por causa disso, estudos recentes têm mostrado que as mulheres são menos solitárias. Não que não vivam sozinhas, não que de vez em quando não baixe uma deprê básica, é que, em geral, mulheres sentem-se mais úteis e têm menos medo de procurar pessoas para conversar ou mesmo só para ficar perto, sem conversar.

Na Universidade Ted, universidade para a singularidade, na Suécia, realizaram uma experiência interessante : dois bebês foram colocados numa sala vazia, vestindo cores “culturalmente invertidas”, as meninas de azul e os meninos de rosa. Pediu-se para um grupo de pessoas de diversas idades, desconhecidas, entrarem, um por um, na sala, e interagirem com os bebês.
Segundo os resultados divulgados, as pessoas falavam com carinho, voz suave e tinham muito mais contato físico com o bebê vestido de rosa.

Quando pegavam no bebê vestido de azul, tinham uma atitude mais “ativa”, falavam mais “grosso” e, o que é mais importante, tinham menos contato físico.
Vários cartões postais dos anos 50 confirmam o que concluiu o estudo sueco. A “menina” vestida de rosa é carregada nos braços, enquanto que as mães brincam com os “meninos” no berço, sem contato físico. Coincidência?

Isso é uma “tendência”, especialmente masculina. Os homens têm mais medo de criar os seus filhos-homens com muita “manha”, muito “dengo”, ao contrário das meninas que são mais abraçadas e acarinhadas, sempre.

Será essa a razão de existirem tantos homens complicados e que não sabem lidar com seus sentimentos, expressar suas emoções?

sábado, 25 de setembro de 2010

O homem-máquina

Sócrates e Demócrito discutiam no século V a.c. a relação entre a mente e o cérebro. Nunca eles chegaram a nenhuma conclusão, da mesma forma que eu, mesmo tendo freqüentado como doutoranda, um curso chamado Inteligência Artificial, que alguns engraçadinhos perguntavam se as alunas eram todas loiras. Não eram, e o professor uma espécie de Wood Allen misturado com um rabino ortodoxo rabugento falava em neurociência o tempo todo. Meu querido amigo Fred Litto, que mantenho guardado no coração debaixo de sete chaves, embora ele continue bravo comigo. Paciência, um dia vai entender e talvez dentro de seu ácido humor judeu acabe dando boas gargalhadas!

Mas, de volta ao assunto. Alguns estudiosos afirmam que o corpo humano é uma máquina metabólica, sem espaço para espírito. A humanidade mudou pouco desde o inicio da civilização, talvez tenha perdido um pouco de pêlo, tenha aumentado sua estatura, mas se pensarmos na caverna de Altamira ou outra obra de arte do mesmo período, a maioria vai concordar que os seres humanos não evoluíram tanto assim. Drummond, o poeta dizia que um dia "nele seria tudo exato, medido, bem-posto: o justo formato, o standard do rosto. Quer um sábio? Peça. Quer um ministro? Encomende."

Pois é, parece que o poeta era futurólogo, porque a engenharia genética chegou lá causando nesse exato momento um abalo nas certezas religiosas e científicas relacionadas à essência da condição humana. Hoje a gente tem um novo homem produzido e manipulado em laboratório e juro que não estou falando nem de cirurgia plástica, nem dos avanços na dermatologia.

Chamo atenção de vocês para a Engenharia Genética cujo maior feito até o momento é ter conseguido o manuseio bio-molecular para obtenção de materiais orgânicos sintéticos. Esse processo facilitou a decifração do DNA facilitando a clonagem de genes. Eu não estou afirmando que isso é errado, afinal muitos sub-produtos dessas pesquisas foram empregados em tratamentos de doenças crônicas. Porém, pela sua própria natureza a essa ciência vem causando muita polêmica, embora os especialistas enumerem os benefícios que a tecnologia pode trazer em um futuro próximo. Drummond não está aqui para constatar, mas é esperar para ver!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Os fundamentalistas do lado de cá.

Esse artigo foi veiculado na midia impressa em 11/09/2010. Próxima semana eu passo a postar textos inéditos.





O nono aniversário dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos recolocou em pauta a tensão entre o ocidente e o mundo islâmico. E dois fatos centrais estão a chamar a atenção da mídia mundial e a fazer rufar os tambores de um conflito cada vez menos velado. Num primeiro momento, a declaração da comunidade muçulmana de Nova Iorque de sua intenção de construir um centro islâmico e uma mesquita a poucas quadras do local onde ficava o World Trade Center. Em seguida, a afirmação do pastor evangélico Terry Jones – líder de uma minúscula igreja da Flórida – de que iria queimar 200 exemplares do Alcorão caso a construção da mesquita realmente se iniciasse. Mesmo com o presidente Barack Obama tentando pôr panos quentes na discussão, a questão reverberou em todas as direções, trazendo à tona os preconceitos e radicalismos ocultos de ambos os lados.


Contudo, o mais curioso traço desse episódio da queda-de-braço entre a comunidade muçulmana americana e os cristãos extremistas é que, pela primeira vez, a intolerância mais profunda está contida na posição dos evangélicos. Isso porque, independentemente de ser o projeto de construção do centro islâmico uma provocação (e aparentemente é), legalmente não há que se impedir, em nenhuma situação, a construção de um templo religioso, onde quer que seja. O Estado é laico, e pretender impedir a manifestação da cultura e religião islâmicas é um risco, pois denota uma tomada de partido, uma posição confessional implícita, algo que, em si só, já é um atentado contra os pilares da cultura ocidental, calcada na liberdade de culto e de fé religiosa.


Os peregrinos fundadores dos Estados Unidos, de origem calvinista, ao migrarem para o continente americano, deixaram para trás um terrível histórico de perseguições religiosas por eles sofridas na Grã-Bretanha. Tal traço da origem da população americana fez com que – ao menos em tese - sempre se garantisse a liberdade de culto e fé como sendo a condição básica para a convivência entre os homens. A própria modelagem do sistema capitalista teve em sua base a aceitação de que o indivíduo tem uma dignidade e valor intrínsecos, independente de suas posições religiosas, o que possibilita que, ainda que a contragosto, judeus, cristãos, muçulmanos e budistas possam negociar e contratar entre si e, assim, fazer o dinheiro girar de mão em mão. Contudo, com o passar dos séculos e, principalmente, após os ataques de 11 de setembro, uma forte onda anti-islâmica acabou tomando conta dos Estados Unidos, principalmente nas regiões onde a comunidade cristã tem traços fundamentalistas, a chamada “América profunda”.


Uma vez considerado esse cenário, é preciso que se note que, para que os Estados Unidos e o ocidente possam garantir a sua hegemonia cultural no mundo, é fundamental que a estrutura legal do Estado solenemente ignore a religião de cada indivíduo e jamais crie obstáculos à manifestação de sua crença (excetuadas as situações em que o culto é, em si, ilegal). Fazer o contrário é tropeçar na armadilha dos fundamentalistas religiosos – cristãos e/ou muçulmanos – que desejam fazer o ocidente cair em contradição, uma vez que o veto à um templo religioso seria a admissão de que o modelo de Estado laico tem, lá no fundo, uma base confessional. Daí para uma guerra santa é um pulo.


Tomara que o povo americano tenha a consciência dos fundadores de seu país e deixem a religião afastada das decisões de Estado, permitam a construção da mesquita e de qualquer templo religioso, deixando claro que a força do modelo ocidental e do Estado moderno reside na tolerância. E oxalá possa o ocidente como um todo, e os Estados Unidos em particular, perceber que raciocinar nos mesmos termos dos religiosos fundamentalistas é aceitar entrar numa guerra que não se pode ganhar. Afinal, como parar um inimigo que crê que sua morte é uma vitória? Impossível.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Um dos argumentos usados pelos juntadores de tralha é que as coisas têm valor sentimental. Sou do signo de Câncer – sonhadora e apegada ao passado – e venho caminhando por esta vida agregando a ela os descartes das várias ramificações familiares: os bibelôs de minha madrinha, os livros de vários tios, vestidos de seda de uma tia extravagante que só usava os ditos cujos combinando com turbantes e por aí afora.
Por causa disso, fiquei fascinada ao saber que um canal de televisão criou um tipo de reality show para os juntadores, colecionistas ou “hoaders”, acumuladores compulsivos de tralhas, pessoas incapazes de se desfazer dos objetos mais inúteis. Desde cadarços velhos a latas vazias, pedacinhos de madeira, jornais e disquetes, argolinhas de latas de bebida etc.
“Quem guarda tem?” Na coluna Vanessa Vê TV (Ilustrada/Televisão E 11) de 19/9 ela com muito humor completa: quem guarda tem... ratos.
Meus amigos moram numa cidadezinha de onde se tem uma vista magnífica do lago de Como, a poucas horas de Milão. Quando compraram o apartamento no andar térreo de um encantador prédio de três andares apaixonaram-se pela vizinha do lado – mulher de cinqüenta e poucos anos, cheia de energia, pintora nas horas vagas, dona de seu nariz, lúcida e franca. Divertida na hora certa, acabou entrando para o rol dos amigos inesquecíveis.
Filha bastarda (olhem a palavra!), seria herdeira de um grande patrimônio, mas acabou vivendo grande drama quando um dos meio-irmãos, filho legítimo, resolveu impedir que ela tomasse posse dos bens do pai. Esse foi o instante em que seu mundo começou a ruir.
Essa mulher foi ano a ano se transformando em outra pessoa. À medida que o processo caminhava ela mudava de atitude. Tornou-se avara, abandonou cuidados consigo mesma e com a casa, deixou de pintar os cabelos e as paredes, parou de tomar banho e lavar a área externa e comprava tudo o que via anunciado na televisão o que parece adverso à avareza mas não comprava comida. Minha amiga, compadecida, deixava sacolas com alimentos à porta e gravava recados em sua secretária eletrônica avisando que fizera isso. As sacolas desapareciam.
Nossos amigos vêm ao Brasil uma vez por ano e as notícias, ano a ano, deixavam-me mais curiosa pelo capítulo seguinte.
Finalmente, no ano passado, interditaram essa senhora. Os vizinhos sabiam que estava viva porque o jornal desaparecia da porta diariamente mas de vida ela não dava sinais. Como nenhum movimento havia e o mau cheiro passou a ultrapassar os limites de suas paredes resolveram chamar a polícia. A mulher foi encontrada totalmente descabelada e imunda num apartamento em que só havia uma trilha levando da porta de entrada à cozinha e outro da cozinha ao quarto. O resto do espaço era ocupado por caixas empilhadas até o teto, sacos de plástico, papel amassado, pilhas de jornais e revistas.
Os processos (de decadência física-emocional e o jurídico) demoraram quinze anos. O irmão ganancioso morreu, ela está internada num manicômio/casa de repouso geralmente sedada e a herança será recebida pelos filhos de um outro irmão assim que ela morrer.
Vanessa, na Folha de ontem, conta de um homem: Langley, que, em 1940, estocava periódicos na esperança de que um dia pudesse lê-los. Um dia tropeçou e foi soterrado pelas pilhas. Ele morava com um irmão cego e tetraplégico. Foi encontrado a três metros da cadeira de rodas de seu irmão – que morreu de fome – após retirarem 163 toneladas cúbicas de lixo de sua casa. Foram necessários dezenove dias de trabalho para chegar até ele.
Nossa!!! Vou começar a jogar meus cadernos de escola e as pulseiras que não cabem mais no meu pulso..., prometo me desfazer também de todos os pregos enferrujados e das tarrachas que não têm mais brinco.

domingo, 19 de setembro de 2010

Random acts of heroic love

"Entrada nº 7
Os oceanos ecoam com os chamados
de baleias enviando mensagens
embaixo d'água a seus amados
há centenas de milhas.
Venha para casa, tenho saudade"
Random acts of heroic love - Danny Scheinmann


Acordou doente e com saudade. Rouca como se houvesse gritado em show de rock quando na verdade viu um filme e dormiu. E com saudade. Saudade do abraço sempre dado da mesma forma, com um braço apertando o corpo contra o seu e o outro segurando a nuca, um abraço meio desencontrado, desproporcional. Saudade da risada absolutamente desarmada quando estavam sós, da intimidade desmesurada, das brincadeiras bobas, de atender a suas ligações sempre dizendo a mesma frase, de o ouvir chamar de um modo que apenas ele chamava. Saudade. Estranho demais ter saudade de alguém que nunca foi seu de verdade...

sábado, 18 de setembro de 2010

2.0

Não, eu não vou trocar meu Ka 1.0 por um potente carro 2.0. Estou pensando em ciência. Isso mesmo... Informática. Aquela que supostamente trata de cuidar dos nossos problemas com a comunicação. E haja falta de sintonia hoje em dia. No trabalho internet para que? Em casa internet e telefone para que mesmo? Não sei, cheguei a esquecer para que serve um teclado. É para discar e conseguir falar com alguém do outro lado da linha? Seria para se comunicar via email? Não. É simplesmente para você escrever, como diriam os mais antigos "através dessas mal traçadas linhas comunico que..." com papel colorido ou florido ou de bolinhas...
Pois é, através desse teclado voltei a me relacionar com o mundo virtual, mas mundo. Foram pelo menos 21 dias sem computador, sem internet, sem comunicação! Até o site do Aran deixei de ler. Essa semana ele fala de olho por olho, dente por dente. Lembrei-me que publiquei há algum tempo algo parecido, mas falando sério e não fazendo rir como o Aran. Como ele consegue permanecer com esse bom humor com o mundo ruindo a nossa volta? Credo eu estou doente, gravemente doente! Culpa do horário político, não é Rosa Gabrielli? Aproveito a oportunidade para contar que a carta escrita por você para sua xará foi o último texto que li no blog, depois tudo apagou, portanto não consegui nem responder.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

VMB

E mais uma vez, o Regis vai com o pé no peito... e acerta...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

bilhete

na mão direita, a caneta azul, com a tampa toda mastigada pela tensão do fim.

à frente, a folha de caderno, calma, paciente, à espera das palavras certas.

era seu passaporte do adeus.

sim, ia embora. ia não, vai embora. só quer dizer tchau.

e não consegue.

incrível como todos os motivos que o fizeram tomar a decisão de partir se escondem nessa hora. agora, que precisam ser machos, mostrar os culhões, fogem feitos ratos com medo dos gatos.

covardes. motivos são covardes. frouxos duma figa.

e quem paga o pato é a tampa da caneta.

toda mastigada. sofre mais que os amantes em questão.

poderia falar das diferenças entre eles.

ok, clichê, mas os clichês estão na moda.

poderia falar do jeito dela de implicar com o futebol, com a roupa suja jogada no quarto, com os filmes pornôs.

emendaria, na sequência, a merda da comida vegetariana que ela engolia, os incensos fedorentos, os sapatos frequentemente vomitados pelo guarda-roupa, lotado de pares e saltos e cores e modelos.

pra não ficar pesado (e para garantir a fama de bom moço), lembraria de coisas boas: do colo e cafuné ao assistir à tv, das noites de dança na sala apertada, do brinde com vinho chileno.

sentiria falta do cheiro dela no travesseiro, no jeito dela dobrar as camisetas, do beijo molhado de bom dia de segunda a sexta - sábado e domingo ela acordava mais tarde, merecido descanso...

não poderia esquecer as brincadeiras no supermercado, o jeito emburrado e divertido quando não conseguia fazer as unhas, a paixão comum pelos filmes do tarantino e pelas letras do ben harper.

engoliu seco. sentiu o peito apertar, fechar feito porta de bar.

doía.

motivos estúpidos. e mentirosos. e covardes. sim, covardes.

rasgou a folha. colocou no bolso.

pegou uma nova. branquinha, pura, virgem.

engoliu o choro. suspirou.

“vou porque te amo demais”, escreveu - em letra de mão, devagar, bem legível.

sorriu. outro clichê, claro.

assim como ele.

ao fechar a porta, entendeu porque os motivos são covardes.

e também porque os clichês estão de volta.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

E na contagem falta bem pouco para a 29º Bienal de São Paulo e Paralela.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ainda do filme de Joaquim Phoenix... um ator tão talentoso que teve uma crise de retardo...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

POLUIÇÃO EM AMBIENTES INTERNOS

Existem várias substâncias voláteis químicas capazes de fazer com que o ar que se respira em casa ou no escritório seja até dez vezes mais poluído do que o ar externo. Especialistas afirmam que nesses locais há uma forte concentração de elementos altamente poluentes, o que pode ser a causa de alergias e asma, entre outras patologias mais graves.
O engenheiro ambiental Bill Wolverton, ex-pesquisador da Nasa, e autor do livro "Plants: how they contribute to human health and well-being" ("Plantas, como elas contribuem para a saúde e o bem-estar"), explica que durante as missões da base espacial Skylab, mais de 100 tipos de substâncias poluidoras foram encontradas dentro das naves espaciais. Constatado o fato, cientistas e pesquisadores da Nasa mobilizaram-se para descobrir soluções para o controle do problema antes que as missões de longo prazo iniciassem.
A partir dessa descoberta foram identificados mais de 900 poluentes transportados pelo ar. O elemento prevalecente era o formaldeído (formol). Altamente tóxico, esse composto tido como cancerígeno é utilizado em vários materiais de construção e também em móveis, vidros, espelhos, roupas e até no papel higiênico. Além desse gás, as pesquisas revelaram a presença de benzeno, xileno e tricloroetileno, (componentes de tintas, monitores, tapeçarias, fotocopiadoras e cigarros), bem como do clorofórmio (encontrado na água potável), amoníaco, álcool e acetona (carpetes e cosméticos), todos nocivos à saúde.
Filtros naturais
A solução foi encontrada na própria natureza. Os pesquisadores identificaram várias plantas de fácil cultivo em locais com pouca luz, cujos filtros naturais são capazes de neutralizar a poluição interna. Muitas espécies podem ser utilizadas para esse fim, como a dracena, a samambaia e a babosa, mas as mais eficientes entre as plantas são as palmeiras areca e ráfis, de baixo custo e muito conhecidas por suas qualidades ornamentais. Embora essas duas espécies se destaquem, o engenheiro americano esclarece que todas as plantas são capazes de remover poluentes transportados pelo ar. E isso ocorre porque "as folhas das plantas podem absorver certas substâncias químicas orgânicas, destruindo-as por meio de um processo chamado colapso metabólico, o que foi provado por um grupo de cientistas alemães que testou o formaldeído com o carbono-14, observando sua absorção e destruição metabólica dentro do clorófito (pigmentação verde)". "O formaldeído é metabolizado e convertido em ácidos orgânicos, açúcares e ácidos de amido: quando as plantas transpiram vapor de água por meio de suas folhas, elas puxam o ar para as raízes. Isso nutre os micróbios com oxigênio, que consomem as substâncias químicas tóxicas contidas no ar, que lhes servem como fonte de alimento e energia", esclarece.
Vasos de água
Para melhorar a qualidade do ar em casas e escritórios, Wolverton sugere a utilização do maior número de plantas que um determinado espaço permita. Ele recomenda que as plantas sejam cultivadas por meio da hidrocultura (hidroponia). "Nossos estudos revelaram que plantas cultivadas na água são mais eficientes na redução do transporte de fungos e bactérias do que as cultivadas em terra". O ideal, segundo o especialista, é ter uma planta para cada 9,29 m² quando cultivadas em hidrocultura, e duas no mesmo espaço, quando se utilizam vasos de terra.
A preocupação com a qualidade do ar nos ambientes profissionais coincide com a preocupação crescente em melhorar a qualidade do ar nos grandes centros. Por esse motivo, ele comenta, jardins nas coberturas dos prédios estão se tornando muito populares na Europa e na Ásia. "No Japão, 20% de todos os novos prédios de Tóquio já possuem coberturas verdes. Na Índia, onde o ar é extremamente poluído, há um projeto que prevê a construção de várias estufas nas coberturas de um grande complexo de prédios. O ar do interior desses edifícios circulará pelas estufas para ser purificado antes de retornar para os escritórios. Em essência, as plantas cultivadas na estufa funcionarão como se fossem os pulmões de cada prédio."
Transcrição parcial de texto de Cristina Almeida
Fonte:www.redeambiente.org.br

domingo, 12 de setembro de 2010

Replay


Em funçao da minha situçao atual, ser humano sem internet em casa, segue um post requentado... mas que eu gosto...

“Uma rachadura não precisa pedir permissão para existir.”
Doris Salcedo


Há pouco mais de um ano uma ferida foi britada na Tate. Britada é a única hipótese possível se bem que a britadeira e seu piloto deviam ser muito sensíveis para atingir traços tão bem definidos e doces. A obra nunca foi muito explicada tecnicamente. Seu impacto era muito maior. Abertas ficaram as entranhas do museu. Belas, expostas ao prazer da artista e de seus visitantes. Cheias de sinuâncias e significados intrínsecos. Eu tive o prazer de ver Shibboleth enquanto obra presente. Em meus dias de frio londrino, caminhei a beira do rio e voltei algumas vezes para ver essa obra somente. A cicatriz fechada, pleonasmicamente, cicatrizada está lá ainda para ser vista. A ferida aberta fechou regenerando a ordem. Tudo na vida é assim. Feridas que se abrem e fecham e cicatrizes. Por vezes externas e outras não.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

medo

sabe um cara fodão? este é o medo.

sempre fez sucesso com as mulheres. namorou a confiança, foi capaz de dar um fora na alegria (cara, quem em sã consciência dispensaria a alegria?) e dizem por aí que ele comeu a coragem de jeito - ela não teve tempo nem de tirar o salto alto...

fora isso, medo sempre foi bonitão, corpo malhado, roupa da moda, descolado - dica de um bom som, de uma boa balada e até de uma viagem para as férias? fale com ele.

as mulheres pagam pau para o medo. os homens pagam pau para o medo. as bichinhas, então... se bobear, sua mãe gosta mais dele do que de você.

medo é o cara.

mas, qual é o segredo do medo?

acredite: medo se dá bem na vida porque ele não sabe dançar.

é isso mesmo.

começou naqueles bailinhos nos quais os meninos, adolescentes em busca de sua primeira espinha, seu primeiro fio de barba e, claro, primeira trepada, faziam fila para tirar as meninas para dançar.

medo ficava sempre por último. ele não dominava a arte do dois pra lá, dois pra cá, mão na cintura ou mão no ombro, pés invisíveis para não esmagar o pisante alheio.

muitas vezes, medo fugia. muitas vezes, nem ia.

chorava na cama feito uma garotinha, abraçando o travesseiro como confidente e melhor amigo.

cresceu. nas baladas, era seguir o ritmo com as mãos no bolso e o pé direito marcando a batida. o visual nerd fazia o resto.

um derrotado, cara.

mas medo não queria ser um derrotado, que não mija em banheiro público ou desconhece cantadas prontas de nível pedreiro para falar para mulheres desconhecidas.

uma bela tarde, chegou em casa cedo com trocentos discos a tiracolo. bowie a tears for fears. living colour a the cure. rolling stones a peter gabriel.

ele não confirma, mas falam também em cindy lauper.

sofá de um lado, mesa de centro de outro, bibelôs de anjo (uma mania da mãe) escondidos.

cortinas cerradas, telefone fora do gancho, respiração ofegante.

não tinha mais volta. e não teve.

play. volume máximo.

cara, medo dançou. de forma ridícula, claro.

os braços balançavam feito uma aranha epilética. ele pulava tanto que parecia viver numa cama elástica. e os pés? meu deus, os pés...

sofrível. na escola arnaldo antunes de dança, medo seria reprovado e expulso. baixo nível.

mas sabe do melhor? medo ria. gargalhava. aprendeu a se divertir com seu jeito patético de rebolar, com sua coordenação de um troglodita bêbado, com sua não-dança.

agora, que ele sabia rir de si mesmo, por que não poderia rir dos outros?

é isso que ele faz hoje. ri de mim, de você, até da sua mãe, que gosta tanto dele.

o segredo do medo? é isso: ele não sabe dançar.

mas ri como ninguém.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

VOCÊ SABIA?

QUE a moderna historiografia afirma que o início do processo de independência de nosso país foi a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808, fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte?

QUE o regente Dom João VI abriu os portos do país, permitiu o funcionamento de fábricas e fundou o Banco do Brasil?

QUE o país tornou-se, em 1815, Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves?

QUE em 1818, Dom João VI foi coroado rei de Portugal, três anos depois voltou para Portugal, deixando seu filho mais velho, Dom Pedro, como regente do país?

QUE D. Pedro, o então príncipe regente, recebeu uma carta da Corte de Lisboa exigindo sua volta para Portugal pois queriam recolonizar o Brasil e a presença de D. Pedro impediria essa façanha?

QUE D. Pedro não concordando com a atitude de Portugal assim que recebeu a carta disse: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico"? que isso aconteceu em 9/01/1922?

QUE depois do dia do Fico D. Pedro começou a tomar providências para que a Independência de fato acontecesse e convocou a Assembléia Constituinte, organizou a Marinha de Guerra, obrigou as tropas de Portugal a voltarem para o reino, determinou que nenhuma Lei de Portugal seria colocada em vigor no Brasil e que o povo também lutava por Independência em vários pontos do país?

QUE após várias medidas, D. Pedro viajou para Minas e São Paulo, acalmando a sociedade, preocupada com os novos acontecimentos que poderiam causar alguma instabilidade social?

QUE durante essa viagem, recebeu nova carta que anulava a Assembléia e exigia a volta imediata do príncipe e que ao receber essas notícias D. Pedro estava indo para são Paulo, encontrando-se próximo às margens do riacho do Ipiranga?

QUE após ler as notícias, no dia 7 de setembro de 1822 ele levantou a espada e gritou: “Independência ou Morte!”?

QUE em dezembro do mesmo ano, D. Pedro foi declarado Imperador do Brasil livre e que Portugal, para reconhecer o Brasil como país independente e não mais como sua ex-colônia, exigiu um pagamento de 2 milhões de libras?

QUE como o Brasil não tinha este dinheiro, D. Pedro pediu um empréstimo para a Inglaterra?

QUE os primeiros países a reconhecerem nossa independência foram os Estados Unidos e o México?

QUE apesar de tanta luta e movimentação, a Independência do Brasil não trouxe grandes mudanças sociais e que o povo continuou pobre e muitos nem sequer entenderam o que significava estar livre de Portugal?

QUE, enfim, a libertação foi somente no papel?

domingo, 5 de setembro de 2010

Os meios

"Quando a gente quer muito que alguma coisa dê certo, é preciso, sim, como todos dizem: paciência, perseverança, determinação. mas, acima de tudo, uma coisa é indispensável: distração."
Noemi Jaffe


Sim, sim, estou atrasada. Este é um post publicado magicamente no domingo quando na verdade já é madrugada de quarta feira. Atrasada é um adjetivo que está sendo muito usado por mim ultimamente. Estou sempre atrasada, correndo e pedindo desculpas. As maiores tem sido para meus amigos. Correndo demais para ver amigos. Sim, sim, eu sei que é triste. E fico bem triste mesmo quando não consigo ver meus amigos. Mas é que de repente a vida esta mudando mais uma vez e de forma radical. Lembra da parede que a Ellen Paige faz ficar na vertical em A Origem? Mais ou menos isso.
Se vai dar certo? Humm, só o tempo dirá. Assim como só o tempo dirá se estou certa ou errada. O tempo, tempo, tempo... aquele contra quem travo batalhas diárias na tentativa vã de fazer tudo o que eu preciso caber em 24 horas.
Bom, mais um feriado já passou e o ano está quase de final e só posso dizer, boa semana a todos.