domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pergunta tostines

"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música".
Nietzsche


Será que a treinadora pediu para a Orca mudar quantos capítulos?



sábado, 27 de fevereiro de 2010

Joana: uma mulher sagrada

Em visita ao Louvre deparei-me com uma cadeira, cujo assento parecia um vaso sanitário. Arte ou técnica? Como não estava assinada por Duchamp, optei pela técnica perguntando qual sua função. Para minha surpresa, o monitor respondeu: “habet duos testiculos et bene pendentes.” Não acredito. Por que submeter um papa a essa verificação? Começou com São Pedro? Não, o trono passou a ser usado bem depois. Como diria Caetano “inscrevo assim minhas palavras/na voz de uma mulher sagrada.” Só pode ser isso. Houve uma mulher que foi papa! Curiosa, busquei por informações.
No século IX imperavam as trevas da idade média. Frase horrorosa, hein? Em parte a afirmação é verdadeira, então fica assim. Após o reinado de Carlos Magno, que morreu em 814, deixando o sacro império romano órfão e os herdeiros em pé de guerra, os vikings e os sarracenos tentaram saquear Roma. Nada de história, os fatos descritos aqui estão relacionados a uma mulher que nasceu, exatamente, no ano da morte de Carlos Magno, Joana. Ela derramou seu leite bom na cara do Caetano e “o leite mau na cara dos caretas.” Não poderia aprender ler, nem escrever. Mulheres letradas eram consideradas aberrações, naquela época e hoje em dia também! Mas, enquanto o mestre ensinava João, ela não só aprendeu a ler as escrituras em latim, como iniciou seu estudo dos clássicos com o professor, de origem grega. A morte do irmão deu a ela a oportunidade de assumir sua identidade e ingressar em um mosteiro, destacando-se em teologia e medicina.
Como padre acabou vivendo em Roma, onde encontrou um mundo de oportunidades na Schola Anglorum. Tinha uma vida ativa, podia usufruir da pequena biblioteca, bem como entrar e sair à vontade desse local. Sua única obrigação era celebrar uma missa toda manhã. Tornou-se intelectual respeitada. Quando Leão IV assumiu o trono de São Pedro convidou João, o inglês, como era chamado, para notário na Cúria. Oito anos depois, com a morte de Leão, foi aclamado papa, numa cidade dominada por poderosas famílias romanas justamente por não estar ligado a nenhum grupo político, talvez até por ser estrangeiro. Era o ano santo de 853. Ela governou a cristandade por dois anos com o nome de João VIII, antes de Bento III. Teve um reinado discreto, com muitas obras, mas sem aparições públicas. Porém, acontecimentos desastrosos começaram a afligir a população e como pontífice: a ponte entre a humanidade e Deus, precisava intervir. Os cardeais e colaboradores mais próximos do papa programaram uma procissão. Paramentada e de baixo de um sol escaldante, ela sentiu-se mal. Ao prestarem socorro a João perceberam que o papa não só era uma mulher como estava grávida. A noticia se espalhou e Joana foi linchada pelos fiéis como culpada pelos desastres abatidos sobre a cidade. O mistério da gravidez nunca foi desvendado, mas numa cidade devassa como Roma, qualquer um que conhecesse a real condição de Joana poderia ter feito chantagem e conseguido usufruir da situação. Nisso tudo um acontecimento é verdadeiro: a partir de um dado momento, o Vaticano passou a submeter o eleito ao ritual de certificação de seu sexo usando a tal cadeira. Incrível, não é? Acho que Caetano pensou nela quando escreveu os versos “Vaca profana, põe teus cornos/para fora e acima da manada/dona das divinas tetas/derrama o leite bom na minha cara/e o leite mau na cara dos caretas.” Amém!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

sentimento

andava distraída, sob o calor moderado da estação, apenas para matar o tempo.
saiu de casa sem rumo, sem horizonte, sem destino.
apenas andar. um passo após o outro, o outro após o um.
mp3 em volume 30, fiona apple in concert.
mas não demorou para encontrar, na esquina da padaria, um sentimento perdido.
estava sujo. fedido. infestado de pulgas.
ela ficou com dó. pegou o bichinho no colo, correu pra casa.
deu banho.
deu carinho.
deu ração.
deu carinho.
deu vacinas.
deu carinho.
em pouco tempo, eram inseparáveis.
saíam pra passear juntos. dormiam juntos. assistiam aos filmes do tim burton juntos.
o sentimento cresceu. engordou. entrou no cio.
era um rapaizinho já.
um dia, o carteiro deixou o portão aberto.
sentimento não resistiu. fugiu.
dobrou a esquina.
correu feito um maluco atrás de um carro.
e se perdeu.
e não voltou.
ela chorou.
procurou na padaria.
chorou.
procurou na carrocinha.
chorou.
todos os dias, ao acordar, afastava a cortina à medida de meio rosto.
ainda sem óculos, procurava por ele no portão da casa.
nada.
sentimento tinha voltado às ruas.
podia estar lá, sujo, fedido, pulguento novamente.
ou simplesmente esperando uma nova moça, sem destino, passar por ele.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

CONTOS DE SOLIDÃO E DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Diante da falta de comentários, mudei o rumo.
Desisti de falar sobre a Índia.

Embora a Janaína diga que ninguém merece um blog tipo “meu querido diário”, hoje não dá para escapar.
Dia 4 de março será o lançamento de meu livro, às 20 horas no Luna Bar, aqui em Bauru.

É o primeiro solo, só havia publicado antes em antologias.
A Canal 6 Editora fez um trabalho muito bom. Estou feliz com o resultado. Gostei da capa, da editoração e, claro, dos meus contos. Histórias descomplicadas que vagueiam pelo universo de pessoas como a gente com altos e baixos, alegrias e tristezas, trabalho e ócio. Elas têm um eixo comum: a solidão. Daí o nome do livro: Contos de Solidão.

Se puderem apareçam.

Dia Internacional da Mulher.
Há muito para comemorar, afinal não se pode ignorar tantas conquistas e reconhecer que a mulher de nossos dias tem uma condição totalmente diferente da nossas mães e avós... mas ainda falta tanto para soltar rojões!

Enquanto houver meninas (e meninos) violentados dentro da própria casa por víboras que se intitulam pais, irmãos e padrastos, enquanto as mulheres concordarem em ser manipuladas pela mídia, enquanto as mulheres se deixarem submeter à tirania da moda com seus vestidos provocantes e tantas vezes ridículos, enquanto as mulheres aceitarem que precisam ter um corpo perfeito para serem bonitas, enfim, enquanto tanta coisa pertencer ao campo da futilidade, ainda não é hora de acender os holofotes e dizer
Feliz Dia Internacional da Mulher!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Alice

Alice no país das maravilhas de Tim Burton já era um filme rock and roll antes mesmo de ser. Burton queria Fances Bean como Alice. Ela se negou. Frances Bean, a filha única de Kurt Cobain e Courtney Love. O filme já era rock and roll antes de ser. Frances fez a campanha da Chanel ao invés, afinal, cada um sabe o que faz.
Johnny Depp, o melhor e mais original ator de sua geração, não se negou. E por que Depp se negaria? Ele nasceu para ser o Chapeleiro Maluco mesmo para uma Alice não Francis Bean.
E o filme está pronto.
E a trilha passeia feliz pela internet. D'us salve a internet. E mesmo sem Francis Bean a trilha é rock and roll. E tem Bob Smith, sóbrio, sombrio, doce e sedutor. E mal posso esperar por Alice...



sábado, 20 de fevereiro de 2010

Uma imagem vale mais do que mil palavras

Para quem duvidou, seguem as fotos do vinho Croata.




quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

4h13

um pesadelo.
ela bate friamente na porta. três socos.
ele atende. sorri ao vê-la depois de tanto tempo.
ela entra. lábios fechados, como ele nunca vira.
preferia a boca semi-aberta, pedindo outros lábios, tentando murmurar algo que a timidez insistia em sufocar.
mas não hoje.
ela se vira.
mantém distância.
suspira.
e pede: 'me esqueça'.
se despede, deixando apenas um rastro do perfume que ele adora.
ele, imóvel, tenta entender.
tenta pensar em uma maneira de esquecê-la.
de não desejá-la.
de expulsar da memória o primeiro beijo, os corpos juntos, o tesão guardado a sete chaves.
acorda.
no relógio, 4h13.
um pesadelo.
olha pro lado da cama... nada.
ninguém.
abre a janela e vê uma madrugada fria, chuvosa, solitária do lado de lá da janela.
pesadelo.
melhor aquele que teve enquanto dormia.
ao menos, ela ainda estava lá.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

VIAJANDO PELA INDIA 5 - RELIGIÕES II

1. Apenas 2% dos indianos são sikhs. Talvez haja 9 milhões de sikhs no mundo todo.

O Sikhismo foi fundado no século XV por Sri Guru Nanak Dev, no Pasquistão. Ele não fez uma tentativa de erguer uma nova religião, apenas tentou uma unidade religiosa que abraçasse tanto os hindus como os maometanos e os muçulmanos. Insistiu na adoração do Deus uno, o Criador e o Supremo Controlador, o qual é tudo, e além de quem qualquer pensamento da existência individual é somente Maya (ilusão). Guru Nanak (o primeiro de dez gurus que codificaram a religião), tentou unir todos os religiosos numa única linguagem de amor a Deus e serviço ao homem.

Os princípios do Sikhismo são a unidade de Deus e a irmandade entre os homens.
Um Sikh é admitido para o privilégio da comunidade quando é batizado. Ele passa a adotar os cinco Kakas: o “Kes”, (não cortar o cabelo), o “Kachh”, (barba crescida), o “Kara” (bracelete de ferro), o “Kirpan” (adaga de aço), e o “Kangha” (pequeno pente usado no cabelo).

(As mulheres usam essa pequena adaga pendurada numa corrente, como um pingente).

Os Sikhis dividem-se dentro de muitas sub-seitas, a saber:
- Udasis são uma ordem ascética de Nanakshahi Sikhs.
- Nirmalas são celibatários. Eles também são uma ordem de ascetas dos Nanakshahis.
- Akalis são os mais fanáticos de toda a seita Sikh; eles vestem uma roupa de tom azulado, e um turbante negro.
(Nesta viagem fiquei com uma família sikh e conheci siks bastante religiosos que não se enquadram em nenhuma dessas categorias. Vestem-se como os ocidentais mas são diferenciados pelo uso dos turbantes e barba crescida.
O que mais os diferencia dos outros religiosos indianos é que por obediência ao guru, consideram as mulheres como princesas. Essa parte eu adorei! E tratam-nos realmente com tanta deferência e delicadeza que nos sentimos a pessoa mais importante do mundo. E olhem que isso é um princípio religioso que vai contra a cultura local).

2. O Granth Sahib
O Granth Sahib é a escritura sagrada dos Sikhs. Guru Nanak inventou a linguagem Gurumukhi que contém um alfabeto com 53 letras. Todo o Granth Sahib está na lingagem Gurumukti. É uma coleção de textos traduzidos do sânscrito e hinos do décimo Guru, Govinda Singh,.
(Os sikhs, então, reverenciam o livro que nos templos ocupa o centro e é curvando-se diante dele que os religiosos -e todas as pessoas que o fizerem- são abençoados por Deus.
Na casa em que estive, Matati (avó) iniciava sempre as orações dizendo God! Oh God! Com uma entonação de súplica. O tom de voz era indescritível, completamente diferente da voz que usava para conversar. E a coisa mais linda foi ter o privilégio de subir ao templo da casa, feito sobre o telhado. Ali ela entoou as leituras numa voz que me levou ao céu, diria que vinha do fundo da alma. Naquele momento estive muito próxima de Deus, o único e verdadeiro).

3. Princípios fundamentais do Sikhismo
I) Crença no Verdadeiro Deus Uno;
II) Rendição implícita à vontade de Deus;
III) A prática da retidão e da honra;
IV) Fraternidade de Deus e irmandade do homem;
V) Não adorar senão a Deus;
VI) Trabalhar na boa fé é uma obrigação imposta por Deus; abandonando o medo por um mau resultado e ter sempre a esperança de um bom resultado.

O sikhismo não possui sacerdotes ou clero, apenas guardiões do livro sagrado, entretanto a leitura do Granth Sahib não é privilégio de uma casta, todos têm acesso a ele e podem conhecer seu conteúdo, inclusive pessoas que seguem outras religiões, e todos são bem vindos aos templos (Gurdwaras).

A meta de um sikh é atravessar cinco estágios espirituais para alcançar uma reencarnação favorável ou a libertação do ciclo da reencarnação (Samsara). Os estágios são: Dharam Khand (viver segundo a lei de Deus); Saram Khand (autodisciplina); Karam Khand (graça); Gian Khand (conhecimento); e Sach Khand (verdade).

Segundo a crença sikh ao nascer cada homem tem nova oportunidade de escapar deste ciclo reencarnatório, isto só é possível através do amor a Deus associado ao amor por todos. Esta visão é semelhante ao “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo” pregada pelo cristianismo. Por isso os sikhs também aprendem a ajudar qualquer necessitado, seja qual for a sua fé, e servir à comunidade é considerado um caminho para aproximar-se de Deus. Os seguidores do sikhismo acreditam ainda que o homem se realiza abolindo o egoísmo e o orgulho.
Observamos na filosofia sikh uma universalidade que não é comum nas religiões orientais. O respeito e o incentivo à solidariedade e ao amor para com todos os homens, independente de qualquer característica, serve de exemplo para que as religiões voltem suas atenção para o objetivo maior de levar o homem a Deus (independente do nome pelo qual o chamem) e de propiciar a criação de um mundo onde todos vivam como irmãos sem excluir ninguém do divino Amor.

Fontes:
www.terraespiritual.locaweb.com.br
e www.gita.ddns.com.br/religioes/sikhismo
As observações entre parênteses são minhas.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Divagando

Ontem tive um dia infernal. E mais uma vez parei para ver Amor e inocência (Becoming Jane, 2007). Jane Austen em toda e qualquer forma é meu remédio em muitas situações. Exatamente quando as pessoas deixaram de ser dignas, gentis, os amores grandiosos? Eu acho que foi com a invensão da TV. Todo mundo passou a ser paranóico. Ninguém mais é feliz o suficiente. Sempre quer mais, espera mais, deseja mais, busca mais... o BBB sempre é mais divertido que a vida, as mulheres incríveis, as casas imensas... e todo mundo infeliz.
Em tempos de Austen, ser feliz era sobreviver, ter porcos e batatas e a sorte de casar bem. E se de repente o amor cruzasse o seu caminho e fosse bem provido de dote, tanto melhor.
Tenho trabalhado muito ultimamente. Tenho esse defeito. Me afundo nas coisas. Para não pensar o quanto estou infeliz. Terapêutico, não?
Um amigo querido me diz que a culpa todo é dos filmes e que a única maneira e encontrarmos alguém e sermos felizes é encontrando alguém com as mesmas referências que você. Ou seja, se apaixonar por um cara que gosta de Vitor e Leo se suas idéia de amor é Jane Austen com Morrisey. Não existe meio do caminho e a vida, meu bem, não anda.
Mas voltando a encontros inacreditáveis, tenho essa amiga vegetariana que estranhamente não gosto muito de salada. E não come manjericão mas sempre pede pizza margarita e retira com todo o cuidado o manjericão. Não é que ela achou um moço carnívoro que tira o manjericão e o tomate da pizza margarita mas se recusa a pedir a mussarela pelo mesmo motivo que ela. Porque não gosta de comer a folha do manjericão mas adora o gostinho que deixa no queijo!



sábado, 13 de fevereiro de 2010

Lucy, de novo...


Certas pessoas têm o dom de se tornarem conhecidas sem levantar um dedo. Lucy é uma delas. Estou lendo Rimbaud na África e de repente quem aparece livre e solta? Lucy. Alguns vão dizer: ela bebeu. Afinal é carnaval, não importa! Mas, eu juro de pés juntos que me deparei com ela. Duvidam? Como alguns não acreditaram no vinho croata? Vou provar em ambos os casos. O autor do livro está contando sobre a viagem da caravana do Rimbaud à Afar, literalmente, o fim do mundo. Sua descrição é dramática. Fala de um lago Assal, cujas margens de coral são fossilizadas. Para ele é uma paisagem lunar com dunas negras e penhascos ardentes. O vento que sopra em seu rosto parece o ar de um secador de cabelos! Não estou inventando nada, foram palavras do moço... e nem era o Rimbaud, que afinal tem um passado condenável!!!!!!!!!!!!!!! É aquela história: não me lembro direito se para ser vidente ou ser moderno era necessário um total desregramento de todos os sentidos. Sei, e depois vocês ficam dizendo que bebi. Rimbaud fez o que? Pensando bem fumou, porque todos os desenhos da sua época em Paris traziam sempre um cachimbo. Mas, Magritte disse que isso não era um cachimbo. Credo pirei... chega de intelectuais. Todos malucos.
Eu falei em fim de mundo, ele afirma que é o começo dele, pois lá viveram homens que antecederam o homo erectus. Quando o esqueleto foi encontrado os arqueólogos estavam ouvindo músicas dos Beatles. Ano: 1974. Qual foi o nome dado ao australopithecus afarensis? Acertaram. Foi Lucy, por causa de Lucy in the sky with diamonds. Essa nova…acho que antiga mulher, pois viveu há cerca de 3.200 anos atrás, também ficou famosa. Dizem que o cérebro pesava 450 cm cúbicos, pouco maior do que o cérebro de um chimpanzé, mas caminhava ereta e tinha mais ou menos 1,50 cm de altura. Vou examinar meu cérebro, pois a altura corresponde. Quer dizer sou cinco cm. mais alta, provavelmente, meu cérebro deve pesar umas gramas mais!!! Ou não??? Os etíopes a chamam de Dinkenesh, que significa maravilhosa. Afirmam que foi o primeiro ancestral do homem. Mas, não é incrível que sem saber essa tal de Lucy tornou-se uma celebridade em pleno século XX? Será loura? Quanto pesa? Qual sua altura? Casada ou solteira? Eu não sei nada sobre ela e vocês?
Acho que conheço a austrolopithecus afarensis bem melhor do que a verdadeira Lucy, a Lucy do Lennon. Mas, vou descobrir tudo sobre ela e depois conto para vocês.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

VIAJANDO PELA INDIA 4 - AS RELIGIÕES 1

81% dos indianos são hinduístas, 12% muçulmanos, 2% cristãos, 2% sikhs, 4% membros das outras centenas de seitas, práticas religiosas ou sub ramos do hinduísmo (Rosa Bertoldi mencionou sua incompetência para escrever, após a reforma ortográfica eu só digo IDEM! não sei escrever sub ramos...).

O aparentemente enorme respeito entre as pessoas religiosas me surpreendeu. Uso a expressão aparentemente porque os olhos de um turista não veem “a verdade” apenas a “verdade aparente” do país visitado. Portanto darei minha versão particular, se estiver enganada corrijam-me, por favor.

Pois bem, embora eu tenha sido recebida por uma família sikh, na véspera do Natal eles montaram uma árvore com luzinhas e tudo, prepararam uma ceia do jeito que a gente faz e fizeram votos à meia noite. No dia 25 manifestei desejo de ir à missa. Imediatamente colocaram-se à disposição para me levar. Após telefonemas para cá e para lá, pois que não tinham a mínima noção de onde havia uma igreja católica nem como conseguir o horário da cerimônia, enfim fui conduzida, com toda honra, ao meu “templo”, assim se referiam à paróquia São Francisco Xavier onde fomos.

Infelizmente as informações estavam erradas e chegamos lá após o término da única celebração do dia. Mesmo assim entrei para fazer orações.Ainda havia um número razoável de pessoas por ali. Vendo-me, indisfarçavelmente ocidental, começaram a me rodear, dizendo com todo o carinho “Merry Christmas! Happy New Year!”. Muitos beijaram minha mão, pediram para tirar fotos comigo, e olhem que não sou uma top model, apenas uma avó (bem apanhada como diriam os antigos, mas uma avó)... Faziam isso simplesmente pela alegria de ver um estrangeiro ali ou pela fraternidade que une as minorias ou os que têm a mesma fé. Uma senhora aparentemente (again!...) bem idosa me abençoou e fez o sinal da cruz em minha testa.
Usavam roupas bem coloridas, novas, como manda a antiga tradição do Natal mas muito, muito simples.

Gente, não há coração que resista... olhos cheios de lágrimas saí da igreja em paz com o mundo. Foi um belíssimo Natal.

JAINISMO
Fundado na Índia no século VI a.C. é uma religião que não reconhece a autoridade dos brâmanes nem dos textos Vedas. Nos dias de hoje, está presente nas regiões oriental, central e meridional. Tem por volta de 4 milhões de seguidores. Em número de fiéis, é a sétima das religiões da Índia, ou seja, 0,4% da população indiana é jainista.
Acreditam em 4 grandes princípios: não-violência, evitar a mentira, não se apropriar do que não foi dado e não se apegar às posses materiais, para os guias ou jinas (sacerdotes ou orientadores dos fiéis), há ainda o princípio da castidade.

O Jina repudiou os interesses mundanos para alcançar um grau supremo de conhecimento. Ensinam seus seguidores a libertarem-se do ciclo da reencarnação ao atingir as três jóias: Conhecimento Justo, Fé Correta e Boa Conduta, o que implica em abandonar a violência, a cobiça, o artifício, manter-se castos e obedecer aos doze votos, divididos em três classes:
1) ANUVRATAS - abster-se de atos violentos, não mentir, não roubar, não cobiçar o parceiro de outra pessoa e limitar as possessões pessoais;
2) GUNAVRATAS - restringir as atividades pessoais a uma área concreta, restringir práticas que proporcionam prazer e evitar atos que causam sofrimento 3) SIKSAVRATAS - votos de disciplina espiritual: meditar, limitar determinadas atividades a certos momentos, adotar a vida de um monge por um dia, fazer donativos aos monges ou aos pobres.
Além dos doze votos, seguem ainda algumas regras de comportamento, tais como: Não comer durante a noite, não comer carne, não beber vinho e não comer certos vegetais nos quais se acredita que vivam determinados seres.
KARMAÀ semelhança do hinduísmo e do budismo, o jainismo partilha da crença no karma, embora de uma forma diferente. O karma no jainismo não é apenas um processo em que determinadas ações produzem reações, mas também uma substância física que se agrega a uma alma. As partículas de karma existem no universo e associam-se a uma alma devido às ações dessa alma (por exemplo, quando uma alma mente, rouba ou mata esta provoca a agregação de karma na sua alma). A quantidade e qualidade destas partículas determinam a existência que a alma terá, a sua felicidade ou infelicidade. Só é possível a uma alma alcançar a libertação quando desta se retirarem todas as partículas de karma. O processo que permite a libertação das partículas de karma de uma alma denomina-se "Nirjara" e inclui práticas como o jejum, o retiro para locais isolados, a mortificação do corpo e a meditação.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

E o domingo foi de chandon e samba. Samba e chandon. E quem achar que samba não combina com chandon está enganado. E lá fui eu e o Ju seguindo os blocos na Vila Madalena e acabamos até seguindo a Pérola Negra... domingo de samba e chandon.


sábado, 6 de fevereiro de 2010

Como Lucy tornou-se famosa sem saber

Se fosse Umberto Eco a escrever, o texto começaria assim: era o ano da graça de 1967. Como sou eu, vou direto ao assunto. Era o ano de 1967 e Lucy freqüentava a Heath House, uma escolinha perto de sua casa. Tinha como vizinho e colega Julien. Diziam as diretoras do local que ambos foram duas pestes.
Um dia o menino mostrou um desenho para o pai dizendo: olha a Lucy no céu com diamantes. Lucy in the sky with diamonds foi inspirada na pintura de Julien. O pai? Lennon. A Lucy, de verdade, só ficou sabendo que era famosa e fora imortalizada através da composição, aos 13 anos, ao descobrir que o tal colega era filho de um dos Beatles. Simples assim, embora na época, a maioria, dos jornalistas e críticos, tenha noticiado que o título se referia à droga LSD. De acordo com Lennon, a canção tinha sido inspirada na frase e desenho do filho e no Alice, de Lewis Carrol. “Surrealismo para mim é realidade” declarou na época. Para mim também, John!
Duas coisas me fizeram lembrar dessa história. Adulta, Lucy passou a trabalhar junto a crianças com necessidades especiais. Em seguida eu li que estava cega. Julien também soube da doença e se prontificou a pagar pela cirurgia. A moça, pelo que sei ficou recuperada. E Julien provavelmente feliz por poder fazer algo por ela.
O outro fato é mais recente. Ganhei um livro The Beatles – A história por trás de todas as canções e de repente me deparei com a conhecida história sobre como Lennon compôs a música, algo que contei em algum outro lugar, acho que em artigo para o jornal. Lembrei: está no livro Com Textos, uma seleção de artigos escritos para Ju Machado – escritório de arte, e publicados inicialmente no Jornal da Cidade. Pronto, feito o comercial, vamos continuar.
O autor explica o que os compositores das canções queriam dizer, de verdade. É bem engraçado, pois tem coisas que a gente realmente imaginava mirabolantes e acabam sendo simples. Penso que um livro definitivo será escrito quando pesquisadores e autores tiverem em mãos os arquivos de Lennon, George, Paul ou Ringo... Mas, por hora a explicação para grande parte das letras convence. E como tive filhos pequenos um dia – hoje eles estão crescidinhos – nunca duvidei da história de John, porque pai e mãe são bobos e iguais, só mudam de endereço!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Semana de Beyonce no Brasil...



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Semana de estréia da temporada final de LOST...



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

VIAJANDO PELA INDIA (3)

Essas maravilhas da humanidade ficam no estado de Maharashtra (Índia), mais ou menos perto de Pune, a cidade onde fiquei primeiro.

Cabe aqui um esclarecimento sobre “mais ou menos perto”. É que para nós, com o nível de estradas e o tipo de trânsito que temos em SP, 140 km é pouco e pensa-se em termos de uma hora e meia de viagem no máximo. Lá na Índia gasta-se uma hora e meia para percorrer 40 km. Os 160 km que separam esses dois pontos exigiram quase seis horas de viagem.
Ajanta e Ellora são dois conjuntos de cavernas escavadas em montanhas de basalto. A maior cidade próxima é Aurangabad que deve seu nome ao último dos grandes imperadores Mughais, Aurangzeb.


Ajanta tem pinturas rupestres de inspiração
budista que remontam ao século II a.C. As grutas são um testemunho sem interrupção da história religiosa do budismo, durante um período de 700 anos. O Budismo, filosofia de vida baseada integralmente nos profundos ensinamentos do Buda para todos os seres, revela a verdadeira face da vida e do universo.
No
século XVII começou a desaparecer, e lentamente Ajanta foi esquecida. As grutas foram redescobertas por um oficial da Companhia das Índias Orientais (uma organização formada por mercadores londrinos e durante dois séculos e meio transformou os privilégios comerciais na Ásia em um império centrado na Índia) em 1819, depois de vários séculos. Intrigado pelo visual de uma formação fora do comum, o seu grupo aventurou-se a ir mais baixo para descobrir Ajanta. Desde então tem havido muitos esforços de restauração para conservar as grutas especialmente as pinturas.
Através de Ajanta nós podemos aprender sobre as várias facetas da vida antiga na
Índia – desde os trajes do povo, o trabalho artístico dos artesãos e as crenças religiosas daquela época até à posição política e econômica dos governantes.
Hoje, as grutas de Ajanta são um dos principais destinos turísticos da
Índia e foram declaradas Património Mundial da Unesco em 1983.
Ellora, chamada localmente de Verul, tem 34 cavernas artificiais escavadas ao longo de 2 km nas montanhas Charanandri para criação de templos e mosteiros Budistas, Hinduístas e Jainistas.
O grupo de templos foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1983, e representa a epítome deste estilo de arquitetura na Índia. A construção ocorreu entre os séculos V e XIII, e compreende 12 grutas Budistas, 17 Hinduístas e 5 Jainistas. Mas o templo mais impressionante e famoso de Ellora é o Kailasanatha Temple.

Todos os templos dedicados ao deus Shiva foram cavados de cima para baixo e de lá foram retirados mais ou menos 85 mil metros cúbicos de rocha. Fico imaginando o seguinte: uma pessoa em pé em cima de uma montanha de pedra, olha para baixo e diz "Hmmm... ótimo lugar para construir um templo de 81 metros de altura... legal!", daí essa mesma pessoa pega uns amigos que começam com algumas rudimentares ferramentas a cavar o chão de pedra. Não dá para saber como a coisa toda aconteceu mas o resultado foi maravilhoso!

O Budismo, filosofia de vida baseada integralmente nos profundos ensinamentos do Buda para todos os seres, revela a verdadeira face da vida e do universo. Lentamente Ajanta foi esquecida. As grutas foram redescobertas por um oficial da Companhia das Índias Orientais (uma organização formada por mercadores londrinos que durante dois séculos e meio transformou os privilégios comerciais na Ásia em um império centrado na Índia) em 1819, depois de vários séculos. Intrigado pelo visual de uma formação fora do comum, o seu grupo aventurou-se a ir mais baixo para descobrir Ajanta. Desde então tem havido muitos esforços de restauração para conservar as grutas especialmente as pinturas.

Hoje, as grutas de Ajanta são um dos principais destinos turísticos da Índia e foram declaradas Património Mundial da Unesco em 1983.

As grutas Budistas são as mais antigas, tendo sido escavadas entre os séculos V e VIII, quando a seita Mahayana floresceu na região. As Hinduístas foram criadas entre os séculos VII e X, e incluem o famoso templo Kailasa, cuja construção se deve possivelmente ao Rei Krishna I. Por fim, as Jainistas datam de entre os séculos X e XIII. Ao longo do tempo a região caiu em relativa obscuridade, embora haja relatos históricos de viajantes mencionando a magnificência do conjunto. A proximidade de tantos templos pertencentes a religiões diversas atesta a harmonia e tolerância religiosa que reinava na época de sua construção.

Atualmente o sítio é administrado e protegido pelo governo da Índia, que executa ações periódicas de preservação no patrimônio arquitetônico e artístico do sítio arqueológico, bem como subsidia diversos projetos de pesquisa em várias especialidades científicas de interesse para a sua conservação e programas de educação para estudantes.