quarta-feira, 31 de março de 2010

Do JC

31/03/2010
Valei-me, meu Padim Ciço!

“Aqueles que foram vistos dançando acabaram julgados insanos pelos que não escutaram a música.” Parafraseando Nietzsche, eu diria: quem acreditou no milagre foi considerado louco... Embora Padre Cícero tenha sido beatificado em 1977, só ouvi falar dele em 1980, em visita ao Recife, para encontrar-me com Cícero Dias.

Padim Ciço era meu padrinho. Sem acreditar na história, fui conferir. Verdade, Dias teve como testemunha de batismo o homem louro de olhos azuis, descrito pelos fieis como Cristo ressuscitado. Descobri, também, que metade das crianças nordestinas possuiam seu apadrinhamento. “Nesta semana, recebi vinte assentos de batizados e apenas dez mil-réis, sendo que de dez meninos foi o Cícero patrono - e nada pagou” lamuriava-se padre Alexandrino ao bispo.

Pouco sabia sobre Cícero Romão Batista assim como nada conhecia sobre a vida de Joseph Ratzinger. Comecei a pensar em acaso e na sua presença no cotidiano da humanidade, para explicar a relação entre os Cíceros nordestinos, Ratzinger e a antiga Inquisição Romana, hoje Doutrina da Fé. A visão que tenho dele - um sacerdote moralizador e austero que deu alento à comunidade pobre do sertão - é a mesma de seu afilhado pintor, um homem culto que viveu na Paris das luzes, e ao mesmo tempo, carregava consigo a bagagem cultural e religiosa de sua região. Alguém se encarregou de falar-me dos boatos sobre como o padre nasceu pobre e morreu rico tendo pactuado até com Lampião. Onde estaria a verdade? Talvez nos arquivos do cardeal, pois o nordestino confrontou-se com o Santo Oficio em duas ocasiões.

Tudo começou ao dar a hóstia para Maria de Araújo. Ela sangrou na boca da mulher. O fato ocorreu diversas vezes, então pediram uma comissão para averiguar o caso. Por dois anos o grupo, formado por dois teólogos, dois médicos e um farmacêutico, analisou a história deduzindo que não havia explicação natural para a ocorrência. Só podia ser milagre. Contra as evidências foram classificados de insanos. Uma comitiva, formada pelo bispo local, esteve em Juazeiro, com Maria, por três dias. Conclusão: embuste. O capelão acabou excomungado, mesmo tendo visitado o Vaticano para se explicar. A mulher afastada de Juazeiro permaneceu enclausurada. Parece que o bispo do Ceará não ouviu a música... “Podiam estar revidando por causa dos conflitos com seus superiores,” diria o pintor. É provável... Havia até uma circular do bispo de Olinda, dom Luís de Brito, para sacerdotes da região recomendando que “não aceitem para batismo o nome Cícero, sinal de arraigado fanatismo.”

Em 2001, Padre Cícero foi eleito o cearense do século XX. Nesse momento, Ratzinger, presidente da Doutrina da Fé, tinha nas mãos o seu processo de reabilitação. Não se sabe o veredicto, pois logo depois foi eleito chefe da Igreja Católica. De novo o Abraão da caatinga ficou frente a frente com um papa. Primeiro era Leão XIII e agora Bento XVI. De novo nenhuma resposta. De concreto só os romeiros subindo à colina do Horto para agradecer auxilio recebido ou para pedir alguma graça ao padre, cuja estátua abençoa Juazeiro desde 1969, como o próprio Cícero fazia até 1934, quando morreu. Porém, a questão continua em pauta: seria santo ou embusteiro o homem que tocou o coração de grande parte dos brasileiros do Norte?


A autora, Janira Fainer Bastos, é articulista do JC

terça-feira, 30 de março de 2010

Texto pirata

Texto de Edson Aran publicado sem prévia autorização só porque este site joga farmville e é fã do escritor.

MST INVADE FARMVILLE!
Sem-Terra montam acampamento na rede social


Facebook, urgente! – O MST, Movimento dos Sem-Terra, invadiu ontem o jogo Farmville do Facebook. Enquanto milhares de jogadores se divertiam, os sem-terra arrombaram a cerca da rede social e começaram a espalhar barracas de plástico preto entre as plantações de morangos e melancias. Os sem-Terra ainda abateram várias vacas alienígenas, patos feios, galinhas douradas, ovelhas cor-de-rosa e abusaram dos animais domésticos da Petville, que estavam ali ao lado.

João Pedro Stálin, líder supremo dos invadores, declarou: “Rede social tem que ter função social! Qual é a função social dessa rede social? Nenhuma!”
Stálin continuou: “Quando o Facebook pergunta ‘No que você está pensando agora?’ ninguém responde ‘Estou pensando na luta contra o capitalismo sanguinário e o agro-negócio demoníaco para acabar com a exploração do homem pelo homem e construir o socialismo castrista de inspiração cambojana’. Alguém escreve isso? Ninguém! Quer dizer, uma vez eu escrevi, mas aí todo mundo parou de me adicionar e eu removi o post.”

Os sem-terra pretendem permanecer acampados em Farmville até que as terras virtuais improdutivas sejam desapropriadas para a reforma agrária. Ou até que alguém mande um gift pra eles. O que rolar primeiro.


segunda-feira, 29 de março de 2010

VAMPIROS EMOCIONAIS


Fui vampirizada e demorei muito para reconhecer. A família alertou, outros amigos acusavam o vampiro e eu nada, jurava que aquela era uma pessoa triste, que precisava de mim. Só agora, com a fartura de informações provocadas pelo sucesso de Crepúsculo, a discussão tem sido mais aberta. Livrei-me da infeliz sem muitas perdas, há tempos. Em todo caso, gostei do que tenho lido e acabei resumindo abaixo, de repente alguém poderá precisar...

Há quem seja “vampirizado” e nem se dê conta, o meu caso. Muita gente, infelizmente, se dispõe a viver relacionamentos em que não há troca de afeto, um exige tudo mas não dá nada em troca.
Isso acontece porque o sentimento de insegurança, baixa autoestima, não merecimento, confusão afetiva e culpa faz com que a pessoa não acredite que ela pode viver a plenitude, que pode realizar os seus sonhos. Ela passa a aceitar menos, vai se habituando a viver o desamor, a se jogar para baixo, a não se valorizar. Aceita relacionamentos desequilibrados e doloridos por acreditar que o problema é ela, que a chantagem emocional e afetiva que recebe é merecida.
A dificuldade é assumir o próprio valor, a própria luz e beleza e mostrá-los ao mundo, diz Eduardo Shinyashiki, diretor da Sociedade Cre Ser Treinamentos e autor de “Viva Como Você Quer Viver” (Editora Gente).

Minimizar o impacto que as pessoas causam em nossa vida também costuma funcionar para nos livrarmos dos vampiros. No caso de amizade, vale a pena considerar se ela deve ser mantida, caso só traga prejuízos pessoais e emocionais. Manter pensamentos positivos, ter cuidado com nossos padrões cognitivos, nosso modo típico de pensar, ajuda bastante, afinal o que sentimos é fruto do que pensamos. Precisamos pensar de modo sadio, positivo, a fim de que possamos ter sentimentos também positivos que geram energia e vigor. Os pensamentos negativos, de mágoa, raiva e desgosto, fazem com que utilizemos nossa energia vital, física e emocional de forma desgastante e o resultado, a longo prazo, poderá ser uma depressão.

Ao lidar com pessoas cruéis, más e invejosas, devemos ter muita tranqüilidade e confiança em nossa própria pessoa. Não podemos nos aborrecer ou sofrer com os fuxicos e as maldades dos outros. Ignorá-los é o aconselhável.

Dificilmente alguém se reconhece vampirizado e menos ainda como vampiro emocional. Perguntas importantes devem ser feitas:
- Por que me sinto tão bem ao lado de fulano?
- Será que absorvo a energia positiva dele?
- E quanto à minha, como está?
- Por que preciso da energia do outro, de sua intensidade, de seu bem-estar, de sua capacidade de levantar e seguir em frente?
- Se me sinto incapaz, qual o motivo?

Investir no autoconhecimento é uma ótima forma para melhorar esta atitude de sugar e parasitar a vida alheia. Conhecendo-se melhor e tirando um pouco o foco do outro levamos o foco para nós mesmos e só então apresentamos crescimento e amadurecimento emocionais.

(Muitas destas informações estão em blogs sob o título Vampiros da Vida Real)

domingo, 28 de março de 2010

Salve Renato

"Nos perderemos entre monstros
Da nossa própria criação
Serão noites inteiras
Talvez por medo da escuridão
Ficaremos acordados
Imaginando alguma solução
Prá que esse nosso egoísmo
Não destrua nosso coração".


Renato Russo faz parte da história do rock de Brasília, do Brasil. Do rock da retomada. Daquele rock que era rock, que tinha propósitos e não só pretendia vender camiseta ou passar o fim de semana na Ilha de Caras. Menino tímido, dizem, se tornou rebelde e voz de uma geração. Fez rock, amou, gravou música brega em italiano com a máxima dignidade, adotou um filho, viveu a vida... E virou ícone sem nunca fazer concessões. Salve Renato pelo seu talento brutal e pela sua integridade. Quando o ídolo se vai a música, quando boa, sempre fica. E a do Renato Russo ainda está ai pontuando a vida de muita gente.



sábado, 27 de março de 2010

Páscoa Cristã

A Páscoa cristã teve origem na festa judaica, porém seu significado é diferente. Pessach comemora a libertação do povo de Israel do jugo egípcio. No cristianismo, Páscoa representa a morte e ressurreição de Cristo, assimilando ao mesmo tempo diversos elementos alegóricos pagãos, como a transição do inverno-primavera (verão-outono no caso do hemisfério sul) que ocorre nesse período.
O domingo de Páscoa é o primeiro depois da lua cheia que ocorre no dia 21 de março, a data do equinócio. A quarta feira de cinzas acontece 46 dias antes da Páscoa e o primeiro dia da quaresma. Assim, a data pode ser calculada sem grande conhecimento da religião, da astronomia, astrologia ou do calendário solar ou lunar. A seqüência varia de ano para ano, mas acaba acontecendo sempre entre os dias 22 de março e 24 de abril. A semana santa se inicia com a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, no domingo de ramos (em 2010, dia 28 de março) e tem seu término no domingo seguinte, a Páscoa. Os leitores podem perceber as semelhanças: o cristão também festeja durante uma semana, como os judeus. O domingo é o dia da ressurreição de Jesus, e uma das datas mais importantes do cristianismo. Nesse momento eles celebram a vida, o amor e a misericórdia de D’us. Esse dia é o último dos festejos para o Brasil e Portugal. Uma exceção é Resende Costa/MG que costuma realizar uma missa às 18 horas com a imagem de “Nossa Senhora Participante da Vitória de Jesus” e uma benção especial do Santíssimo Sacramento. Outras localidades católicas comemoram também a segunda feira de Páscoa. Na Igreja Ortodoxa esse feriado encerra a semana santa, sendo conhecido por eles como “Segunda feira da Renovação.”
Existem diferentes rituais durante essa época. A quarta feira é conhecida como das trevas por anteceder a prisão de Cristo. Na quinta existe a cerimônia, muito apreciada pelos fiéis, do Lava Pés repetindo um ato de Jesus, que lavou os pés de seus seguidores mais próximos em um ato de humildade. Nesse dia é abençoado o óleo, que servirá para a crisma dos adolescentes durante o ano. Os rituais da sexta feira santa lembram à morte do Salvador. No sábado de aleluia malha-se o Judas.
Assim como as crianças judias procuram pelo pão fermentado e escondido pela casa, numa brincadeira para fazê-los participar dos preparativos de Pessach, os pequenos católicos batem no boneco de pano que representa o homem que traiu Cristo. E domingo é dia de chocolate!!!!!!!!!!! Ovos de Páscoa e coelho são símbolos desse dia delicioso.
Historiadores encontraram informações que levaram a concluir que uma solenidade de passagem era realizada entre os povos europeus na região do Mediterrâneo em comemoração a passagem do inverno para a primavera, durante o mês de março. Era realizada na primeira lua cheia da época das flores. Esse era um momento importante para eles porque depois de um inverno rigoroso haveria a maior chance de sobrevivência graças à possibilidade do clima ameno produzir quantidade grande de alimentos, ou seja, preservação da espécie. Talvez seja esse o motivo do coelho estar ligado a Páscoa, devido sua fertilidade. Um belo simbolismo!
Enfim, para judeus e cristãos essa data está relacionada à esperança de uma nova vida. Leitor seja você cristão ou judeu, uma boa Páscoa ou Pessach, sem a preocupação de como e onde surgiu a brincadeira, afinal festa é festa!

quinta-feira, 25 de março de 2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

terça-feira, 23 de março de 2010

intervalo comercial

Reestreia NuConcreto!
Inspirado nos estudos do geógrafo Milton SantosNa Caixa Cultural, pça da Sé, 111, Centro, São Paulo
Tel. 3321-4400
Ingressos gratuitos: retirar senhas com uma hora de antecedência

Somente até dia 04 de Abril (duas semanas)
Quintas a sábados, às 20h.
Domingos às 19h.
Concepção: Rodrigo Matheus
Roteiro e Direção: Alexandre Roit e Rodrigo Matheus
Com: Ana Maíra Favacho, Bruno Rudolf, Felipe Chagas, Marcella Vessichio, Mariana Duarte e Ricardo Rodrigues
Direção de Produção: Mário Lopes
Assistência de produção: Mariana Mattar
Realização: Circo Mínimo
Apoios:
Armazém da Luz
Usina Sonora
Tendal da Lapa

Financiado por:
Lei de Incentivo à Cultura
Ministério da Cultura
Caixa Cultural

segunda-feira, 22 de março de 2010


Não resisti à tentação de postar este texto de Flávio Gikovate.

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei.
Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo.

Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado.

Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade..
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.

Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.

Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não à partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação,há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...


domingo, 21 de março de 2010

Wish me luck

"Depois daquele baile eu disse a ele que nunca mais dançaríamos juntos. Ele disse que não acreditava."
Camilla Tebet


As coisas, pessoas, emoções, tudo tem um tempo útil. Prazo de validade. É o tal ditado que diz que tudo passa, o tempo tudo cura. É o tempo cura tudo mesmo. E o que poderia ser tempestade vira chuva de verão ou gente lavando a calçada com mangueira. Foi importante, ou melhor, teve uma importância que hoje já não mais existe. Foi bom, não por vingança ou algo assim, mas para que eu mesma tivesse certeza de que não é isso, não é essa pessoa, não é isso que eu quero, preciso, mereço... Voltando a Bethânia e seus berros, "mais quero mais". Preciso, mereço e felizmente busco e estou encontrando muito mais. Há algum tempo decidi não ser tão pessoal ou superexposta... hoje não teve como. Só digo que não podia estar mais feliz. Ontem alguém me disse que nosso maior problema é que a linguagem, um código relativamente simples e comum, não é suficiente para que sejamos capazes de nos entender. Verdade. O meu elefante nunca será igual ao do outro. E ao mesmo tempo em que essa é a beleza da coisa, também é essa diferença que torna a comunicação impossível.

sábado, 20 de março de 2010

Sobre saberes...

Não sei se a palavras existe, saberes para mim seria o plural de saber. Ando com mania de dicionário com essa história de mudança nas regras do jogo, opa, da ortografia portuguesa mundial. Chic, não é? Como se desde que o homem é homem não existissem dialetos. Vou ao dicionário confirmar dialeto. O “pai” está dizendo que dialeto é a variedade regional de uma língua. Ah, bom! Então, o português de Portugal pode ser diferente do português da esquina... ou “do cu do mundo” (frase do Caetano Veloso, não minha....) o ( não o ... mas, o português do Brasil.
Vocês já perceberam que estou com raiva. Raiva do metalúrgico. Se vivesse no Irã, aliás, um ótimo lugar para ele ir viver depois dessa maravilhosa temporada brasileira, ele ia descobrir o que é bom para a tosse. Raiva de gente metida a besta, como ele (nasceu de mãe analfabeta) que veio ao mundo de mãe ou avó lavadeira e chegou à professora universitária e depois fica descontando nas pessoas sua insatisfação com aszelites. Aquelas democráticas que deram oportunidade para que torneiros fossem presidentes e pobres de espírito chegassem a bons cargos nas universidades destilando ódio para todo lado. Não está gostando, cai fora que tem gente melhor em todos os sentidos para ocupar o lugar.
Mas, vamos ao saber: conhecer, ser informado, ter conhecimento, ter certeza... viu só? Saber é isso é ter certeza do que está fazendo, do que está corrigindo, do que está falando. É sabendo que o ser humano consegue ser verdadeiramente consciente daquilo que pensa e faz. Esse não foi o caso, mas enfim parece que chegou ao fim. Como uma boa judia acreditei até em reencarnação. A Maria seria a Madalena aos pés da santa cruz e eu, bem que poderia ter sido o romano que furou o homem pregado na cruz.
E por falar nisso tem um piadinha que fala de um garoto que ia muito mal da matemática à educação física em uma escola judaica. Os pais em desespero mudaram o pequeno para uma escola católica e a mudança foi radical. Curiosos, perguntaram ao garoto o que ele achava do novo colégio, e como os professores eram de uma didática impressionante, pois ele estava com notas altíssimas. O menino respondeu: bom, eu estudo muito porque no primeiro dia a freira me mostrou um homem pregado na cruz. Considerei como um aviso: “se você não estudar, farei com você a mesma coisa, entendeu?”
É isso, ela queria pregar minha filha na cruz!!!!!!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Extraordinário - 194

roubado de Alan de Faria e publicado sem prévia autorização...

"O amor acabou. Quando ele realmente começou? Quando ele chegou a um ponto final? Ele desconhecia as respostas para essas perguntas difíceis. E, mesmo ao tentar desvendá-las, teve de escrevê-las duas vezes. Ele tinha certeza de que não as faria jamais. O amor acabou. O encanto sumiu. Ele já não espera ansiosamente a ligação. Ele já não procura o orelhão mais próximo para ligar. Ele já não escreve cartas. Ele já não chora sobre as cartas. O coração não acelera mais... A vida continua. O amor acabou. Extraordinário. Ele decreta o fim dos clichês. Ao menos por enquanto, enquanto isso durar..."

quinta-feira, 18 de março de 2010

Do Canal Contemporâneo

Matéria de Fernanda Ezabella originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 16 de março de 2010.

O touro Bandido, famoso pela aparição em novela e morto há um ano, voltou em forma de projeto artístico para uma manifestação contra as vacas da CowParade, evento importado da Suíça que acontece em São Paulo.
Dois touros feitos de isopor, semelhantes a Bandido, foram montados em duas vacas de resina na madrugada de ontem, uma delas entre a av. Faria Lima e a av. Cidade Jardim, num posto de gasolina que é o principal patrocinador da parada bovina, e outra na avenida Paulista.
"Os organizadores vendem essas vacas como arte pública e eu quero discutir isso", disse o artista por trás da intervenção, Eduardo Srur, 36, conhecido pelas garrafas plásticas gigantescas instaladas no rio Tietê. "O Bandido representa o imaginário brasileiro, é indomável. É como uma inseminação artística nessas vacas, objetos estéreis, sem relação com o Brasil."
Ao contrário do trabalho no rio, os touros não eram autorizados e foram retirados de manhã pela CowParade. As vacas não foram danificadas, segundo a assessora de imprensa.
Cada uma das mais de 70 vacas custa cerca de R$ 40 mil e será leiloada em abril para entidades beneficentes. Vinte vacas tiveram de sair das ruas na semana passada por fazerem alusão direta a marcas patrocinadoras.

Fotografia: Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem

quarta-feira, 17 de março de 2010

terça-feira, 16 de março de 2010

A lista

A Rolling Stone americana chamou um monte de gente e isso rendeu a lista dos 100 melhores discos da década.
Dá gosto de ver.

segunda-feira, 15 de março de 2010

MENINAS CHINESAS

Na Folha, há alguns dias, li sobre o lançamento nos próximos meses, do livro Message from an Unknown Chinese Mother, que no Brasil terá o título de As Filhas sem Nome, da escritora chinesa: Xinran Xue.

Confesso não conhecê-la, pura ignorância, pois, segundo a resenhista, trata-se da escritora mais declaradamente oposta à política chinesa do filho único, que valoriza quem tem um filho homem e inferniza quem insiste em criar uma menina. Devido à restrição, milhões de garotas são abortadas, outras são afogadas em penicos, e cerca de 120 mil são adotadas anualmente mundo afora, enquanto mães biológicas tentam o suicídio para sufocar o remorso.

Curiosamente, em minha recente viagem à Índia, descobri que lá o ultrassom em mulheres grávidas foi proibido há alguns anos pois as mulheres abortavam suas meninas. Por quê? Porque acham que a situação das mulheres lá é tão triste, tão dolorosamente infeliz, que preferem evitar seu nascimento. Algumas se suicidam depois. A situação no campo é mais grave do que nas cidades. Xinran diz o mesmo em relação à China. Ela pretende mudar a História dando voz às vítimas, aos perdedores e às mulheres.

A autora, que foi deixada pela família e adotada, na entrevista fala de sua mãe, uma mulher culta que falava quatro línguas que, membro do partido, foi doutrinada para colocar o partido em primeiro lugar, o país em segundo e, então, as pessoas. Qualquer um que valorizasse primeiramente os próprios filhos era considerado capitalista.

Quando, já adulta, procurou a mãe, perguntou-lhe se concordava com a hierarquia imposta pelo sistema e se realmente se importava com o que tivesse acontecido com ela. A mãe ficou brava com as perguntas, então a autora achou melhor não insistir mas acredita que todas as meninas abandonadas sintam falta dessas respostas. Quando viaja, é comum encontrar chinesas adotadas que querem ter notícias de suas mães. Não importa a idade ou a língua que falem, sempre perguntam a mesma coisa: "Por que minha mãe não me quis?"

OBSERVAÇÃO - no fim de 2005, na China, havia 32 milhões de homens a mais que mulheres, segundo pesquisa divulgada em março de 2009 e publicada na Folha em 10/04/2009

domingo, 14 de março de 2010

Banho de sal grosso

Muito muito muito tempo atrás participei de uma vivência na qual se cortava uma pessoa de papel e mostrava que ao longo de um dia essa pessoa é tão bombardeada com palavras ásperas que nada sobraria. Nunca esqueci essa idéia. De como as palavras podem ser tão pequenininhas e tão destruidoras. De como pequenas coisas podem ser mortalmente destruidoras.
Essa foi uma semana de delícias e conflitos. Por mais que eu pise em ovos preciso me lembrar que uma cara bonitinha pode esconder um desejo Cérebro de dominação do mundo a qualquer custo... e que inveja é mesmo uma merda.

sábado, 13 de março de 2010

sexta-feira, 12 de março de 2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

82º Oscar

E domingo teve Oscar... e a melhor tirada que li sobre o assunto foi do Thiago Roque sobre os prêmios de Guerra ao Terror... mas se ele quiser ele que conte.


Confira a lista completa dos vencedores:

Melhor filme: "Guerra ao terror"
Melhor direção: Kathryn Bigelow, “Guerra ao terror”
Melhor atriz: Sandra Bullock, "Um sonho possível"
Melhor ator: Jeff Bridges, “Coração louco”
Melhor filme estrangeiro: “O segredo dos seus olhos” (Argentina)
Melhor edição (montagem): “Guerra ao terror”
Melhor documentário: “The cove”
Melhores efeitos visuais: “Avatar”
Melhor trilha sonora: “Up – Altas aventuras”
Melhor cinematografia (fotografia): “Avatar”
Melhor mixagem de som: “Guerra ao terror”
Melhor edição de som: “Guerra ao terror”
Melhor figurino: “The young Victoria”
Melhor direção de arte: “Avatar”
Melhor atriz coadjuvante: Mo’Nique, “Preciosa”
Melhor roteiro adaptado: “Preciosa”
Melhor maquiagem: “Star trek”
Melhor curta-metragem: “The new tenants”
Melhor documentário em curta-metragem “Music by Prudence”
Melhor curta-metragem de animação: “Logorama”
Melhor roteiro original: “Guerra ao terror”
Melhor canção: “The weary kind”, de “Coração louco"
Melhor animação: “Up – Altas aventuras”
Melhor ator coadjuvante: Christoph Waltz, “Bastardos inglórios”

segunda-feira, 8 de março de 2010

ESCREVER, ESCREVER...


O lançamento do meu livro Contos de Solidão foi um sucesso. Gente alegre, conversa animada, família em volta, eu felicíssima. Obrigada, pessoal!

Criei um e-mail especial para os comentários: rgabrielli2010@gmail.com

Andei pensando que escrever é fácil, difícil é terem interesse no seu escrito.
Uma história não basta, precisa ser boa e bem contada, sem detalhes demais, nem de menos.
Nem o samba do crioulo doido, nem plácida, sonolenta ou tediosa.
Qual o tempero da estória?
Muito disto deixa-a ácida..., muito daquilo provoca diabetes de tanto mel.
Se amarga demais engole-se fel.
Estórias da história? Só para alguns.
Estórias do outro mundo? Para poucos.
Estórias rimadas? Se for rima rica. Nada de escada, sacada, levada, mascarada,
...fácil demais.
Estória assanhada? E a menina bem comportada?
Estória inventada? Fantasia revelada?
Estórias sensatas? Com nomes e datas?
Estórias vazias?
Que falem de mim? Tão fácil assim?
Que falem de ti? O mim do outro lado...
Que falem de nós? Que sejam minha voz?
De amor opressor?
De mulher sem liberdade?
De fraternidade,... saudade,... amizade... ?
Que estórias são essas, que triste me fazem?
De hoje,
de falta,
de tempos passados,
de encantos do mundo,
são contos de encontros, ou desencontros?
São contos de pranto,
...de solidão.

domingo, 7 de março de 2010

Um café de negócios

Uhu, uhu, 'cause life's like this. That's the way it is. É a música que tocava dentro da sua cabeça ao entrar no carro e antes mesmo de ligar o rádo. Feito. Mais uma vez estava feito. Mais uma vez ele a havia encontrado. Ela que era uma das poucas pessoas capazes de desestabilizar sua vida. Se ela sabia desse poder? Provavelmente.
Quando ele atendeu o telefone e era sua secretária ele já sabia. O circo está na cidade. E depois de uma sucessão de fugas desenfreadas era hora de mais uma vez a enfrentar.
E foi até o café combinado para as palavras curtas e polidas perto de pessoas conhecidas. Ao todo o encontro durou 20 minutos ou menos. E não foi dos piores.
Afinal, é o que diz o senso comum. O tempo cura tudo. E a medida que a distância entre seu encontro aumentava os detalhes deixavam de ser dolorosos.
O encontro de alguns meses atrás não havia sido um encontro de palavras polidas e amigos em comum. Havia sido uma trombada. Um acidente. Literalmente. Sem nada marcado, o dia em que se encontraram na rua sozinhos por acaso e o dia virou noite e dia mais uma vez e eles se deixaram ser humanos e não colegas de trabalho com interesses comuns. Seres humanos mutuamente interessados. Esse encontro onde os muros cairam e além de beijos deram muitas risadas de suas diferenças e lembranças em comum. Se conheciam há tanto tempo e já haviam estado nessa posição algumas vezes. Incomodo do desejo um pelo outro que a vida fazia questão de relembrar afastando-os e colocando-os de volta um no caminho do outro. Dessa vez, no entanto, não seriam eles a não querer e sim suas escolhas de vida a proibir. E declarou seu amor. E a porta se fechou assim que sairam daquela bolha.
E desde então a vida não tem sido fácil. Sua saída? A mesma de sempre, desdém mesclado de muito trabalho. E quando se encontravam formalmente por força da necessidade, um desconforto não de vergonha das palavras ditas. Mas da vontade de beijá-la de outra forma mesmo na frente de amigos em comum ou estranhos completos. Mas a vida não é filme e as pessoas não agem de acordo com suas vontades. Ele ao menos não. E estranhamente ela era muito mais controlada. Ou tinha muito mais a perder. Ele sabia que não era o que ela precisava para realizar suas ambições.
E lá estava ele com respostas prontas a perguntas óbvias. Negou o café. Conversou um pouco e saiu. Na saída o beijo de até logo foi torto. Naqueles três segundos casuais eles se deixaram trair e uma troca fugaz de um olhar talvez tenha sido um pouco doce. E tocou seu cabelo.
Saiu. De volta a vida. E sem expectativa para um próximo encontro mas com o coração aos pulos. Esperando que o corpo e o coração fossem logo capazes de voltar a agir como se essa moça fosse somente uma colega, amiga de amigos que ele havia conhecido há muitos anos.

sábado, 6 de março de 2010

Nunca esqueça de desconfiar......

Dizia Stendhal. A inveja é uma merda cantou o Ultraje a Rigor. Quem pode falar sobre isso é Otelo, o mouro de Veneza.Toda história de Shakespeare gira em torno da traição e inveja de Iago quando Cássio é nomeado tenente e homem de confiança do general.Ele considerava-se qualificado para o posto e invejou o amigo a ponto de provocar uma tragédia. Mesmo estando mais para Nilton Bonder do que para psicóloga tenho observado as pessoas com uma atenção redobrada desde a publicação de “A cabala da inveja” do referido rabino. A inveja não é um sentimento bom e não é ruim só para o invejoso. Não foi a toa que o Concilio de Trento (1545-1563) colocou-a entre os sete pecados capitais. A reunião dos prelados católicos tinha por objetivo combater o crescimento do protestantismo. Quase vinte anos para escrever os objetivos! Estariam eles com inveja do aumento exagerado de adeptos das novas religiões? Eu nunca tinha pensado nisso... De qualquer forma o rabino Bonder afirma: a inveja nasce do desejo de ter o que o outro tem. Esse sentimento “se transforma em inveja quando, em vez de querer algo, você quer evitar que o outro consiga qualquer coisa.” Atitude de Iago em relação ao cargo no exército veneziano. O negócio está ficando cada vez mais enrolado. Onde estava com a cabeça para pensar em escrever sobre tal assunto? O invejoso se sente frustrado em determinadas áreas e para não sentir raiva de si mesmo, transfere o sentimento, culpando o próximo por não estar conseguindo atingir sua meta na vida. A Psicologia alerta quanto à inveja, pois ela indica um desejo reprimido e acreditar no refrão os invejosos são vitimas, é um erro. Eles sentem raiva de alguém que irradia conquistas. Essa pessoa pode estar inconscientemente provocando esse sentimento. Fui ao dicionário. Lá estava escrito: invejar é desejar ter as qualidades inerentes ao outro. Algo originário nos tempos antigos e muito foi escrito em versos e textos sobre a questão. Inveja é a última palavra de Os Lusíadas, de Camões. A origem latina da palavra “invidere” era “não ver.” Com o tempo foi perdendo esse significado e culminou em cobiça, sentido atual de inveja.
O ciúme e a inveja mataram Desdêmona pelas mãos de Otelo. A “mocinha” vivida pela Malu Mader quase foi destruída durante a novela Celebridade pela personagem de Claudia de Abreu, portanto nunca esqueça de desconfiar... O único cuidado é não inventar inimigos, pois quando a insegurança bate a porta, a gente tem a impressão que todos percebem. Isso é paranóia. Assunto para outro post.

sexta-feira, 5 de março de 2010

quinta-feira, 4 de março de 2010

quarta-feira, 3 de março de 2010

Uma de nossas Rosas lança um livro

E a gente se orgulha muitoooooooooo... mesmo nem todos podendo comparecer.

94 FM

Bauru de Bau

Jornal da Cidade

Bom Dia

Boa sorte e sucesso, Rosa Leda Gabrielli!!!!!!!

terça-feira, 2 de março de 2010

Coldplay

E em semana de Colplay no Brasil, o episódio em que a banda participa do desenho vai ao ar...



segunda-feira, 1 de março de 2010

UMA FAMÍLIA INDIANA

A experiência de estar numa casa de família em outro país, é riquíssima e única.

Tivemos essa oportunidade. Fomos recebidos pela família Singh Kholi. A palavra "Singh" significa "leão" e todos os homens sikhs adotam como sobrenome. Para as mulheres o sobrenome equivalente é "Kaur" que significa "princesa".

A obrigatoriedade do seu uso foi decretada pelo décimo guru do sikhismo, o Guru Gobind Singh, em 1699 quando se fez pela primeira vez a cerimónia de iniciação na Khalsa*. A adoção de um nome único visava fomentar um espírito de união entre os sikhs perante as perseguições que estes atravessavam na época por parte do Império Mogol, bem como abolir os nomes que, de acordo com o sistema de castas da Índia, estavam associados a determinada casta (sistema esse que foi rejeitado pelo sikhismo).

*Khalsa ou Khalasa, que significa "Puros", é a comunidade composta por todos os sikhs que passaram por uma cerimónia de iniciação que consiste na realização de leituras e na ingestão de uma bebida açucarada chamada amrit (preparada com o uso de uma espada). Algumas gotas deste líquido são também espalhadas no cabelo e olhos do iniciado. É obrigatória a presença de cinco testemunhas, que devem ser sikhs já iniciados. Os iniciados passam a usar os Cinco K (ver postagens anteriores). Os iniciados são denominados Amritdhari ("portador de néctar"). Os membros da Khalsa prometem levar vida pura, seguindo o código de ética sikh, chamado Rahit Maryada. Este código estabelece, entre outras coisas, adorar um único deus, acreditar no Guru Granth Sahib (o livro sagrado do sikhismo), rejeitar práticas como a astrologia e as superstições (embora adorem numerologia porque afirmam ser uma ciência matemática), não cometer adultério, não fumar ou roubar.

Harpal, o pai da família tem 50 anos. Sua mulher Dolly, 46. Mataji, a avó 69 e os três jovens Pavandeep, Avneet e Harleene, 28, 25 e 19. A geração anterior, que vivia há milhares de anos no Punjab, foi obrigada a sair da terra quando formou-se o atual Paquistão. O Paquistão surgiu como país independente em agosto de 1947 (data da independência da Índia). A idéia de se criar o Paquistão esteve ligada à oposição dos muçulmanos do subcontinente indiano em passarem a integrar uma Índia plurireligiosa e laica. Radicais, queriam uma religião única e impuseram aos velhos moradores do Punjab que não querendo converter-se, fossem embora do país. Com sacos, malas e o que puderam recolher partiram a pé em direção à Índia.
Mataji fica com os olhos cheios de lágrimas ao falar de sua terra e suas mãos, que tão docemente acariciam o livro sagrado, se movimentam no ar com a mesma delicadeza quando ela diz “Ah, como lá é bonito!” O avô era professor de urdu, jornalista e escritor. Ao se instalarem na Índia optaram pela compra e venda e tornaram-se comerciantes para sobreviver.
O nome do país foi “inventado” por jovens intelectuais muçulmanos que estudavam na Grã Bretanha durante a década de 1930. O termo Paquistão, cujo significado é “ o país dos puros”, tem uma origem singular. Cada letra que compõe o nome do país - Pakistan em inglês - tem um significado geográfico: cada uma delas refere-se a uma das regiões que integram o país. Assim, a letra P é de Punjab, o A é de Afegânia, o K é de Kachemira, o S é de Sind e as três últimas letras (TAN) referem-se à área meridional do país, conhecida como Baluquistan.

O urdu (اردو) é uma língua indo-européia da família indo-ariana que se formou sob influência persa, turca e árabe no sul da Ásia durante a época do sultanato de Deli e do Império Mogol (1200-1800). Isoladamente, urdu é o 19º idioma mais falado do mundo como idioma nativo, sendo o idioma nacional do Paquistão, e um dos 24 idiomas nacionais da Índia. Entretanto, muitas vezes é considerado - assim como o hindi - como sendo parte do idioma hindustânil, o que no caso a torna o segundo idioma mais falado do mundo. O urdu é escrito em um alfabeto árabe modificado.
Aguardem o próximo capítulo.