quinta-feira, 29 de setembro de 2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Para Rosa Leda

vi e logo pensei em você...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O pré-sal, a União e a força centrífuga…

Conforme tradição consolidada, todo mês de janeiro o Presidente dos Estados Unidos realiza um pronunciamento diante das duas casas do Congresso americano – representantes e senadores – reunidas em sessão conjunta. Sua fala versa sobre o que os americanos convencionaram chamar de “estado da União”. Trata-se de um ato de deferência do Poder Executivo ao Legislativo, inequivocamente seu “chefe” nos países democráticos. Porém, mais do que isso, o discurso sobre o estado da União americana deixa bem claro a todos que a federação é uma “união voluntária de Estados” que já foram independentes (as chamadas 13 colônias que se tornaram 13 países e se uniram em um só por questões de segurança, como fazer frente ao Império Britânico da época). Essa reunião de estados cria outro ente, distinto das partes, ao qual se convencionou chamar de União. Logo, a reunião dos estados existentes anteriormente deve ser benéfica para todos, para que se mantenha o interesse – do todo e das partes – em permanecerem no mesmo barco. E é a conjuntura disso que o presidente informa ao Congresso todo começo de ano.
Pode-se dizer que os Estados Unidos foram a primeira nação inventada. Calcados em ideais iluministas, os pais fundadores norte-americanos elaboraram um conceito de nação que pretendia ter bases racionais e ser desprovido de famílias com poderes dinásticos. Isso fazia com que, ao negar a autoridade hereditária e a tradição como fundamento jurídico do poder político, eles se abrissem ao futuro, assumindo a responsabilidade da produção democrática do Direito e a legitimidade de sua unidade.


Ao olharmos hoje para a Europa o que se vê é um continente frustrado por não ter conseguido se livrar do peso do seu passado, afinal foi justamente o fardo da história – e das tradições de rivalidades seculares entre vizinhos – que impediu anos atrás um aprofundamento da União Européia: tentaram ser como os americanos, mas a força centrífuga da tradição não deixou. E a União de verdade ficou só no plano monetário. Os países europeus acreditaram que a manutenção de suas independências seria mais benéfica do que uma eventual união. E de certa forma é isso o que se percebe quando o governo alemão faz cara feia ao ter que sustentar o peso da inconsistência fiscal e o baixo desenvolvimento econômico de países como Portugal e Grécia: “não pagarei pelo seu despreparo”, o que implica dizer, “não tenho responsabilidade pelos seus atos e seu destino”.


Por aqui no Brasil, ao que tudo indica, vamos bem, obrigado. Somos um país forte e coeso. Falamos a mesma língua (o que não quer dizer nada, uma vez que a Europa tem quinze línguas e já tem moeda única, e nossos vizinhos sul-americanos falam espanhol e não se bicam muito, como Peru e Chile) e não temos grupos que reivindiquem soberania dentro do território nacional. Contudo, recentemente o tema da distribuição dos royalties do petróleo do pré-sal vem pondo na ordem do dia a discussão: qual o sacrifício que estamos dispostos a fazer para ficarmos todos juntinhos, sob a mesma bandeira e nos tornarmos cada vez mais unidos. Afinal, ainda que não pareça, somos uma Federação. Esquisita e centralizadora, mas, ainda assim, uma Federação. E somos um país continental que – segundo demonstra a história – apenas se manteve unido graças a Napoleão Bonaparte (que fez os reis portugueses saírem correndo da Europa em direção ao Rio), e por José Bonifácio de Andrada e Silva, que convenceu D. Pedro I a proclamar a independência e deixar o Brasil amarrado a um governo central forte, impedindo assim a fragmentação.


Todos os interesses e peculiaridades regionais se mostram de forma nua e crua quando se discute quem se beneficiará com os lucros da exploração do petróleo (a tal força centrífuga...). A atual divisão dos royalties não considera os estados e municípios não produtores. Contudo, com a efetiva exploração do pré-sal, e os lucros exorbitantes previstos, as vantagens econômicas desses entes da federação poderiam criar desigualdades substanciais de riqueza e qualidade de vida entre os estados e as regiões de nosso país, o que já é, por si só, um elemento desagregador em total desacordo com os objetivos da República, apontados no artigo 3º, III, da Constituição Federal. Como se vê, o tema do equilíbrio da União – ou seja, o estado da nossa União – é pouco explorado e discutido.
Que tal se a grande imprensa ensinasse a população a discutir o futuro do país?

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Final


O jantar na casa de Júlia foi um sucesso. Brindes, brincadeiras e, no final, Rosa dispensando o tio e se oferecendo para dar carona a Baptista.

Passados quatro meses eu soube que ontem partiram para a Finlândia. Baptista quer que Rosa conheça os lugares que tanto ama. Estão felicíssimos e como não tenho vocação para voyeuerismo vou deixá-los sossegados. Be happy!

sábado, 24 de setembro de 2011

5772: um novo ano se inicia em 29 e 30 de setembro


O Ano Novo judaico ou Rosh Hashana não tem por objetivo festejar com júbilo ou excessos essa data. Trata-se de uma ocasião para um exame aprofundado das ações e atos cometidos durante o ano. A pausa para o agradecimento por todas as boas coisas recebidas e uma preparação para o Yom Kippur, a festa mais importante do calendário hebraico festejada em 08 e 09 de outubro. São os dez dias entre uma e outra data para pedir perdão, confessar faltas cometidas e promessa de não repetir os erros passados. É o momento de esquecer as ofensas para poder constar do livro da vida no ano que começa. Talvez por isso eu tenha me lembrado de Moisés e das duas tábuas da lei com os mandamentos. Na primeira estão normas relacionadas à D’us e na segunda, as regras sobre a conduta do homem para com o homem.

1- Eu sou teu D’us, quem te tirou do Egito.
2- Não terás outros deuses. Não farás imagens.
3- Não tomarás o nome de D’us em vão.
4- Lembra-te do Sábado para santificá-lo.
5- Honrarás teu pai e tua mãe.
6- Não assassinarás.
7- Não cometerás adultério.
8- Não roubarás.
9- Não darás falso testemunho.
10- Não cobiçarás.

Rosh Hashaná é uma data simbólica. O voto de esperança para que todos os amigos tenham um ano repleto de felicidade e vida longa gerou o costume dos cartões de Shaná Tová. O pão redondo, tâmara, abóbora, grão de bico, alho poro, maçã com mel para uma vida mais doce e as romãs que são repartidas entre todos invocando a D’us que os nossos méritos se multipliquem como as sementes da fruta. Elas são 613 mesmo número das mitsvot (mandamentos) da Torah, primeiro livro da Bíblia judaica. Enfim, para expressar a importância do dia servir esses alimentos darão boa fortuna a todos.
Shaná Tová aos amigos judeus e não judeus!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Por email

Fala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

tristes por não estarem no Rio de Janeiro, onde, a partir de amanhã, acontecerá a quarta edição do Rock in Rio em terras brasileiras? Ou felizes por, sei lá, terem guardado dinheiro para os outros shows gringos que vão acontecer no país até a primeira metade do ano que vem, quando vai rolar o Lollapalooza tupiniquim, com a provável presença de Foo Fighters? Bom, nos jornais, nos sites de notícia e na TV não se fala em outra coisa a não ser no festival carioca, que reunirá cerca de 700 mil pessoas ao longo de todos os dias...

enfim, passarei longe do Rio nas próximas semanas e continuarei à caça de bons eventos culturais em São Paulo...

nos próximos dias, peças de teatro e uma exposição encerram suas atividades na capital. No campo das artes cênicas, a peça "Ciranda", dirigida por José Possi Neto, sai de cartaz do teatro da Livraria Cultura na próxima quinta. Em tempo: ao dar uma passada na livraria, aproveite a promoção de 50% de algumas obras. Nesta semana, passei por lá e comprei "O Passado", "O Leitor" e "Precisamos Falar sobre Kevin". E "Macumba Antropófoga", do Teatro Oficina, encerra temporada no dia 2 de outubro (devo assistir à montagem no último dia). Em tempo: Zé Celso Martinêz Corrêa e cia. ganharam uma verba do Ministério da Cultura para mais apresentações...

nas artes plásticas, vale um passeio pelo Sesc Pinheiros, onde está em cartaz a mostra "Warhol TV", com trabalhos do artista Andy Warhol na televisão. Posso estar enganado, mas acho que se trata de uma exposição que estava exibida no Centro Cultural de Lisboa, no ano passado. É uma chance rara de ver outro lado da obra do mestre da pop-art. A mostra acaba no domingo, dia 25. E, enquanto algumas exposições acabam, outras começam. Uma delas, intitulada "Extremos", que apresenta fotografias de nomes como Sebastião Salgado, pode ser vista no Instituto Moreira Salles. E, no dia 30, tem início a mostra "Em Nome dos Artistas", no prédio da Bienal, que reunirá nomes como Jeff Koons, Damien Hirst e Matthew Barney.

voltando a falar, rapidinho, de teatro, o monólogo de Caco Ciocler, "45 Minutos", está de volta ao cartaz. Desta vez, no espaço Parlapatões. O melhor é o horário da montagem: 0h (ótimo para quem tem de ficar até altas horas no trabalho, como eu - tentarei assistir à peça no sábado).

na música, as dicas são os shows de Katy Perry, na chácara do Jockey (ahhhhhhhhh acho que não vai dar para eu ir!), no domingo, e da galera bacana do rap Pentágono e Ras Bernardo, no Studio SP, na terça.

filmes mais alternativos não faltam nas salas de cinema de São Paulo - hora de aproveitar o fato de os blockbusters norte-americanos terem dado uma trégua. Assim, é bom correr e assistir aos filmes "Medianeras" (vários amigos meus falaram bem dessa produção argentina), "Elvis & Madonna" (com Simone Spaladore na pele de uma mulher homossexual que se apaixona por uma travesti), "O Homem do Futuro" (Wagner Moura vale ser visto na telona), "Além da Estrada" (produção brasileira e uruguaia) e "Confiar" (dirigido pelo eterno Ross de "Friends").

e os melhores da semana passada foram o espetáculo "Tatyana", da cia. de dança Deborah Colker, e a diversão promovida pela cantora Rihanna em seu show. "Tatyana", assim como os outros espetáculos de Deborah Colker, a cia. mostrou vigor físico e delicadeza em dois atos muito bem encenados (a segunda parte é emocionante!). Já Rihanna mostrou que, no palco, quer mais é se divertir e mostrar os seus inúmeros hits. O pouco público que esteve na arena Anhembi gostou!

espero encontrá-lo(a) por aí...
até mais
se cuida!
alan

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Hehehehehe

Recebi por email e achei bem bacana

Geração X com Alma de Geração Y



Por Flavia Vianna*
Nova ilustração criada e meu estagiário faz um sinal com a mão pra mim. Tira o fone de ouvido e, com um estilo pessoal todo próprio, pede para eu dar uma olhada na tela.

“Aê…(mascando chiclete)… dá um looks pra ver se rola.”

Bom, levantei e fui na tela dele dar o tal do looks. Não pude resistir ao MSN aberto com uma conversa que me parecia aramaico criptografado. Quase nenhuma vogal. Na barra inferior do Windows eu contei… eram 16 janelas abertas ao mesmo tempo. E quatro delas estavam piscando. A gente sabe que alguém é da geração X ou da Y pelo número de janelas abertas ao mesmo tempo na barra inferior do Windows. Não tinha nem dois minutos que eu tinha minimizado meu MSN porque mais de quatro janelinhas já me estressam. Piscando então…

“E aê… rola ou num rola?”

Ah, a ilustração. Sim, claro. Essa é mais uma das características dessa geração. Eles têm a compreensão do mundo em bloco, e acham que o universo funciona assim. Vai explicar que quem tem mais de 30 olha o MSN, depois olha as janelas da barra do Windows, depois vê que tem quatro piscando e, aí sim, consegue se concentrar no tal do looks solicitado.

“A ilustração está ótima. Adorei. Pode só colocar os traços mais colori…” Fui interrompida. O celular dele… tocou… tocou? Mas eu não escutei nada… Como é que é? Existe um ringtone que só quem tem menos de 25 anos escuta? #comoassim?

E o outro Y que senta na frente dele começa a rir … Hauiahuaihauia… sim, porque quem ri “hahaha” “hehehe” ou “rsrsrs” é totalmente Geração X. Eles riem com umas vogais desconexas intercaladas com o “h”.

Meu ilustrador favorito desliga o celular e me explica sobre o ringtone misterioso. O som é emitido em uma freqüência que, conforme o tímpano vai envelhecendo, não consegue mais perceber. Eles usam direto porque, em sala de aula, os professores não escutam os celulares tocando. Sim, a tecnologia pode ser cruel.

Enfim, aceito que meu tímpano já envelheceu, mas gostaria de deixar claro que minha alma é totalmente Geração Y. Peterpanizada pelo encantamento e constante curiosidade de saber como que essas criaturas pós 1980 funcionam. Seu constante interesse pelo novo e pela experimentação. E, de preferência, o maior número de experimentos ao mesmo tempo, por favor.

Outro dia me peguei em casa com a TV ligada, notebook no colo, MSN com duas janelas, skype com uma, mandando torpedo do celular e, pra completar o cenário nerd/geek, Twittando. Quando tocou o telefone, eu quase chorei. De emoção. A gente acaba tomando gosto pela coisa.

A verdade é que eu aprendo horrores nesse laboratório diário de convivência com criaturas Y super especiais e seus mundos tudoaomesmotempoagora. Só no meu trabalho são sete figuras dessas. Pra mim, eles já vieram com um chip que entende todas as informações disponíveis ao redor no melhor estilo Neo de Matrix: download em banda larga multimegabits e, em 20 segundos… “eu sei kungfu”. É mais ou menos assim que funciona. Pra eles.

Paralelamente a esta capacidade peculiar, vejo também muito profissionalismo, ética, comprometimento e criatividade no trabalho. E a vontade de saber cada vez mais sobre eles só aumenta. Bom, eu já tomei a #pílulavermelha. E vc?

Flavia Vianna é carioca, publicitária, sócia da agência Trafor Comunicação e, atualmente investe 2/3 do seu dia tentando acompanhar e entender o comportamento humano. No resto do tempo, ela dorme. Ou tenta. Recentemente iniciada no mundo 2.0, já descobriu que esse é um caminho sem volta. É Geração X porque nasceu na época errada. Totalmente encantada com a eumatia e modus operandi da Geração Y. Por filosofia de vida, uma eterna reaprendente.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Hannah, a linguagem contemporânea de um romance...


Às vezes sou Fainer e outras Bastos, isso me dá dupla personalidade. Esquisita, dizem meus amigos. A razão desse juízo é que costumo ler livros mais de uma vez, comprar dois pares de sapatos iguais, três vestidos da mesma renda em cores diferentes, ter um cachorro de nome David Bowie, não ele não fala inglês e nem usa roupa de mulher... O bichano atende por Kurt Cobain e a gata chama-se Mimi Yoda. Acredito que um dia verei viajantes de ovins descendo no meu quintal e de quebra costumo adquirir todos os discos, em dobro, do Caetano Veloso. Jóia são três cópias, mas fazer o que? Eu me considero absolutamente normal, mas tem gente olhando torto para mim. De tanto ouvir que sou desligada decidi tomar uma atitude. O vestido, de renda vermelho, virou uma saia, o azul, um tubo e o preto dei para minha irmã. Mas, ninguém pode me acusar de falta de gosto, pois tenho faro para bons livros. Se forem bem humorados, e esse humor for judeu, melhor ainda.
Traduzindo Hannah caiu no meu colo, na verdade foi um presente. Nós pensamos meu marido e eu em Arendt, talvez por estarmos lendo “Eichmann em Jerusalém”. Depois prestei atenção na capa. Linda! As palavras impressas eram em iídiche? Li, não, devorei as páginas bem escritas e fundamentadas corretamente na história de um Brasil tentando ser moderno, embora às vezes congelasse uma imagem em busca de seu efeito poético, ou quem sabe para ter um desenho nítido de Hannah, a mulher pela qual Kutner estava apaixonado. Sua maneira de se expressar me deixava com a impressão que ele permanecia acordado, não dormia nunca, e seus olhos eram relógios, parecendo sempre abertos. Hannah não seria uma fantasia de Max? Eu queria uma prova dessa existência. Gostaria de ter posto a nu – como os celibatários de Duchamp fizeram – o conteúdo emocional, esvaziado a obra para entender a lógica impecável delineada no romance, como faço com cores e linhas na pintura ao analisar uma tela. Porém, Hannah apesar de sua clareza absoluta permaneceu nas sombras para mim. O autor retratou o período Vargas com uma leveza de dar inveja. O tom é tranqüilo, meditativo e os argumentos são bem trabalhados. Pensava em Getúlio como um demagogo repressor, embora tenha iniciado uma insípida modernização no país. Essa dualidade me incomodava, como quando algum amigo referia-se as proezas das prostitutas polacas, mesmo que brincando. Como se eu fosse uma reencarnação delas, aquilo me ofendia. Agradeço a Ronaldo Wrobel, ou ao Traduzindo Hannah, o fato de ter olhado para a situação com naturalidade. Nossa, veja a importância da linguagem. Deve ser verdadeira a frase: a arte pensa com palavras. É mais fácil entender a vida através da arte? Pode ser, pois vocábulos são signos pouco pesados, que a comunicação faz circular com sutileza. O autor tem talento, o verdadeiro dom artístico. Possui um bom olho para criar personagens evitando o julgamento moral e o desconforto acarretado por ele. Ao terminar a leitura perguntei: onde estará a verdade quando dois espelhos como Hannah e Guita ficam frente a frente?

Janira Fainer Bastos é doutora em Estética e História da Arte pela ECA-USP.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O caso de Rosa e Baptista

Rosa encantou-se com Baptista. Sensível, educado, perfumado, bem vestido, culto, atualizado, gentil... Essas as qualidade que ela inseriu na lista dos Pró e Contra. Na coluna dos contra estava uma única palavra: idoso e, entre parêntesis: muito mais velho do que eu gostaria que fosse.
Naquela noite teve sono agitado, os lençóis revoltos mostraram, na manhã seguinte, que se mexera muito. Passou o dia todo indo do computador para a janela e fazendo o caminho inverso. Tivera todos os homens pelos quais se interessara. Miúda, de sorriso amplo, cabelos curtos e encaracolados não aparentava os cinquenta e poucos anos marcados no RG. Agora pensava se deveria ou não atacar o velhote simpático com quem tio Adelmo tivera contato na praia. Quando soube do amor dele por Sibelius ficou alerta. Tão raro encontrar quem conhecesse o compositor! Depois viu as fotos... depois ouviu as histórias... depois encontrou com ele no lanche que o tio oferecera... agora não conseguia decidir e não conseguia deixar de pensar nele. Sentia o aroma agradável de seu perfume, lembrava da pele rosada de seu rosto, das mãos bem cuidadas e buscava mais palavras para desqualificá-lo, andou até a escrivaninha e escreveu na lista dos contra: viúvo com filhos mais velhos do que eu.
Olhava para a folha quando o telefone tocou.
- Rosa? Meu nome é Júlia, estive com seu tio, o Azevedo, na praia, acredito que ele tenha falado com você. Gostaria que viesse com ele a um jantarzinho aqui em casa. Você vem?
- Será um prazer. Pegou o endereço e o horário. Alea jacta est. Sabia ser coisa armada e embarcara nessa.
Escolheu um vestido curto com flores miúdas, as pérolas que tanto ama, saltos bem altos para disfarçar um pouco os tornozelos grossos, blush rosado e os cabelos bem naturais. Aparentava frescor e descompromisso.Divorciada já há seis anos até hoje não conseguira um relacionamento que preenchesse suas expectativas. Com o passar das semanas os homens com quem saía revelavam-se típicas criaturas de Marte e sua busca era por alguém que vivesse entre Marte e Vênus.
Seria Baptista essa pessoa?

domingo, 18 de setembro de 2011

Correndo

Desculpa o sumiço, minha gente. Estou parecendo o Coelho da Alice e muito muito muito atrasada... além de produzindo um festival que não para de crescer (felizmente), sou comissão de um prIemio para o qual estou lendo 380 projetos... CORRENDO... prometo, prometo que volto logo. Enquanto isso, deixo a dica de um filme que vi em uma dessas madrugadas de insônia e morri de rir, Santa Paciência.

sábado, 17 de setembro de 2011

Máquina fotográfica...

Ganhei uma máquina fotográfica da minha filha. Vermelha e digital. Embora a cor lembre as calçinhas da Marta, juro que não faço parte do time. Vou retratar flores e quando souber manejar a máquina com mais destreza talvez até faça um curso, pode ser que o povo do Focopoint me aceite. Será? Sei que o horário não é bom, são 11 horas da manhã, mas fotografei toda e qualquer flor que encontrei pelo caminho. Agora preciso descobrir como transferir as mesmas para o computador sem ler o manual. Se conseguir, vou ilustrar o texto com algumas. Incrível!! Não só fiz as fotos como levei o material para o computador. Vou repetir a façanha? Não sei. Foi na base da tentativa/ erro/acerto. Empírico. Método usado pelos pintores holandeses para pinturas maravilhosas. Em ambos os casos, o processo passou longe da perspectiva renascentista. Guardada à devida distância, pois não sou nenhum Van Eyck da fotografia, o jeito de fazer foi o mesmo. E depois dizem que a teoria na prática é outra... não é!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A guerra dos sexos


Mirian Goldenberg diz que nós, mulheres, estamos presas a chavões e escancara o pensamento feminino ao dizer que “vira e mexe” alguma mulher diz:
- Homem só quer sexo, mulher quer amor.
- Todos os homens são galinhas, além disso, são machistas e infiéis.
- Os homens têm medo das mulheres bem sucedidas.
- Homens ficam inseguros quando o salário da mulher é maior.
- Homens são infantis, bobos e imaturos.
- Homens odeiam discutir a relação.
- Eles detestam mulheres inteligentes.
Bom, eu não sei que tipo de mulher diz isso (embora já tenha ouvido todas essas frases infindável número de vezes).
Em meu novo livro – que será lançado em outubro e tem o título de Encontros Paralelos – num dos contos o personagem homem discute a relação da primeira à última linha. Poucos homens são tolos o suficiente para preferirem a linda burra à linda inteligente. Claro que entre uma medonha inteligente e chata e uma bonitinha que embora inculta seja engraçada e companheira eles optarão pela bonitinha, isso é tão lógico!
Tenho uma amiga que sofre de TOC. A cada vinte e quatro horas tira todos os móveis do lugar, varre, encera, esfrega, lustra, troca lençóis a cada 48 horas e toalhas de rosto todos os dias. Será que se o marido encontrar uma feinha menos obcecada não a trocará? E será porque ela tem 60?
Outro dia ouvi alguém dizendo que trocar uma de cinqüenta por duas de vinte e cinco é o maior clichê. E olhe que quem falou é um homem interessantíssimo. Ele até confessou ter tido uma namorada de vinte e poucos... mas ficou desencantado quando ela dormiu ouvindo sopranos magníficas entoarem o Va Pensiero e a mais conhecida passagem de Madame Butterfly. Ah, coitada, não conhecia as óperas e nem todo mundo gosta muito de ópera, mesmo – eu intercedi.
- Mas ela queria sair às onze da noite e voltar às 5 da manhã!
É, se quiser trocar por alguém mais jovem o homem terá que pagar pela diferença.
Mirian conta de um jornalista, seu conhecido, que disse: “é até engraçado, as mulheres se consideram únicas, especiais, diferentes. Já nós, os homens seríamos todos iguais. É como se elas fossem de uma espécie mais civilizada, superior e nós os primitivos, seres inferiores”.
Bom, tem hora que a gente acha isso, mesmo (rssssss...) mas é só de vez em quando. Geralmente amamos os homens e os vemos com os olhos mais complacentes deste mundo, vejam o caso de Rosa e Baptista.
Na próxima semana outro ponto de vista. Aguardem.

domingo, 11 de setembro de 2011

Chateau Marmont

A Sunset Boulevard, rua de 39 KM que passa por inúmeros bairros de Los Angeles, é aquela mesma do Crepúsculo dos Deuses, onde ficava a casa da ex-diva decadente Gloria Swansone, no filme vítima dos encantos de William Holden. Depois do filme, a Sunset voltou a ser foco quando os clubs foram para lá. A Sunset Strip é lar do Whiskie A Go Go, onde os Doors gravaram aquela famosa introdução "from Los Angeles, California, The Doors" que todos ouvimos tantas e tantas vezes, The Rainbow, The Roxy, o infame The Viper Room, então casa de Johnny Deep onde River Phoenix morreu de overdose na calçada na companhia de Martha Plimpton e Joaquin Phoenix, e terminando na curvinha fátidica do Chateau, onde a entrada quase nunca é pela frente.
Eu entrei pela parte de trás mesmo sem ser celebridade. Nada como encostar o carro, descer batendo cabelo e com cara de habituê, sem reserva, fiz happy hour na beira da piscina apinhada da geração gravadora e indie losangelense e jantei no quadrado mais exclusivo. Exclusivo na verdade nem tanto. O Chateau é conhecido como refúgio de celebridades rebeldes, Greta Garbo passava meses sem sair do seu bangalo, John Belushi morreu de overdose no jardim, Benício Del Toro e Scarlett Johansan foram transando da garagem ao quarto dele sem nenhuma interrupção, Keanu Reeves se mudou de vez no auge dos 90, quando montou uma banda, os membros do Led Zepellin entraram de moto no lobby, um dos bangalos serviu de cenário para a cena da jabela de Rebelde sem causa, Elizabeth Taylor cuidou de Mantgomery Clift após seu acidente em seu quarto, Lindsay Lohan se mudou por um breve período após usa primeira prisão, John Frusciante deu uma entrevista a Rolling Stone que fez com que fosse convidado a ser retirar, Britney Spears foi banida do recinto quando teve uma crise histérica dentro do restaurante e Sofia Copolla rodou seu quarto longa no espaço... E essas são apenas algumas das histórias. Dividido em "castas" o hotel, que tem lá seu ar de mansão mal assombrada, possui suites, quartos e bangalos variados chegando a custar U$ 4 mil a noite. A área dos bangalos é a mais exclusiva e inatingível, só sendo hóspede ou groopie de muito gabarito, dá para passar pelo portãozinho branco.

sábado, 10 de setembro de 2011

Sobre os horrores de mudar para a NET....

A Telefônica oferece um serviço muito ruim principalmente em condomínios. Recebi há umas três semanas um telefonema de um vendedor da Net oferecendo um pacote com tv digital, internet, wifi e telefone por um preço razoável e aceitei. Esperei uma semana pelos técnicos. Um belo dia, uma força de expressão, pois chovia torrencialmente eles apareceram, olharam e disseram que não poderia trabalhar devido a chuva. Tudo bem, marcamos outro dia. Veio outro técnico e disse que não dava para executar o serviço por causa da tubulação. Chamei o eletricista e o pedreiro e eles garantiram que estava tudo bem. Liguei para o vendedor e veio outro técnico. Ele fez o escritório, mas não ligou a internet, pois precisava esperar alguém fazer a parte da tv, afinal era um pacote. Veio outro senhor e fez o serviço.A Internet continuou parada e eu sem telefone. Reclamei. Isso era na terceira semana.Veio um outro técnico que passou a amanhã aqui para colocar um fio de extensão para o telefone e por volta de 12:30 horas deu um papel que eu assinei e ele foi embora. A noite o telefone tocou e eu ao lado da extensão não ouvi barulho nenhum. Desci as escadas e atendi no escritório. Tenho seis pontos de extensão, e o sujeito mexeu em todos e não conseguiu colocar a extensão em nenhum. O fio simplesmente camuflado na tomada, ao pegá-lo soltou na minha mão, pode um negócio desses. Surtei. Liguei para o vendedor que não atendeu, é claro (ele nunca atende depois que vende o tal pacote...) e deixei um recado mal-educado na caixa. Liguei também para o coronel, meu vizinho que comentou: se você tivesse conversado comigo não teria feito, a reclamação no condomínio é constante. Logo depois o vendedor ligou e eu contei-lhe a conversa. Ele garante que o serviço é ótimo. Duvido, por experiência própria. Se você mora em Bauru e vive no Lago Sul, não cometa o mesmo erro que eu. Não assine a Net. Existe um provérbio antigo que diz ruim com ele pior sem ele. Isso pode ser aplicado a telefônica, embora eu sem internet e sem telefone quero tentar uma terceira alternativa, senão terei de voltar para a Telefônica. Ah, eles fizeram a portabilidade, só que agora como vou cancelar a Net, ele me disse que terei que ligar e falar com o pessoal da outra empresa. É ser fino demais!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Confissão

Não tenho inveja de quem é bonito... nem de quem é rico... dos inteligentes tenho um pouco, dos lógicos um pouco mais, mas dos que viajam eu morro de inveja. Sinto vergonha de contar isso mas neste grupo fechado chamado Internet sei que ninguém irá me julgar, rotular ou crucificar.

A gula só me pega de vez em quando. Sou complacente e não me considero gulosa, mas uma mulher forte com bom apetite, pois não chego à intoxicação nunca, e como esse pecado está relacionado ao egoismo e à cobiça, não me enquadro. Aliás, preciso rever A Comilança, lembram que foi proibido durante a ditadura militar?

Avareza? A Avareza é o apego excessivo e descontrolado aos bens materiais e ao dinheiro, priorizando-os e deixando o espiritual em segundo plano. Nada a ver comigo. O avarento prefere os bens materiais, trata algo, que não é Deus, como se fosse Deus. Vontade exagerada, desejo descontrolado de possuir qualquer coisa? Nunca, sou super desligada e exceto uma certa bolsa que acabei não comprando - e essa é uma história ridícula que um dia ainda contarei - não me lembro de ter desejado algo desse jeito.

A Luxúria, o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material? Uau, nem quando mocinha, nem quando adulta e muito menos agora na maturidade. A luxúria também pode ser entendida em seu sentido original: “deixar-se dominar pelas paixões” aí talvez, mas não paixão carnal, só intelectual, aquelas obsessões para fazer uma coisa, terminar uma pesquisa, saber mais e mais... Será que encaixa? Não, não encaixa. Luxúria consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes; sexualidade extrema, lascívia e sensualidade... tenho certeza de que não.

A Ira,o intenso e descontrolado sentimento de raiva, ódio, rancor que pode ou não gerar sentimento de vingança. É um sentimento mental que conflita o agente causador da ira e o irado. A ira torna a pessoa furiosa e descontrolada com o desejo de destruir aquilo que provocou sua ira.Educada em colégio de freiras belgas, ex aluna do colégio Bandeirantes e da PUC, não, não sou possuída pela ira. Uma raivinha de vez em quando isso não posso negar, mas essa coisa violenta e incontrolável? Não.

A Preguiça, o preguiçoso vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva à inatividade acentuada. Aversão ao trabalho, frequentemente associada ao ócio, vadiagem. Nunca! Chego a ser hiperativa. Não sou preguiçosa, mesmo.Procrastinadora, isso em certas épocas eu sou. Procrastinação também é pecado e ligado à preguiça mas como fugir ao ditado - sabedoria popular - "por que fazer hoje se posso fazer amanhã"?

A Soberba é associada ao orgulho excessivo, arrogância e vaidade. Segundo São Tomás de Aquino, a soberba é um pecado tão grandioso que deveria ser tratada em separado do resto e merecer uma atenção especial. Não, não sou soberba, não me orgulho de quase nada (exceto de meu neto que é o neto mais bonito deste mundo) e das minhas filhas, do meu marido, da minha casa, mas, bom, isso é porque sou de Câncer e os cancerianos adoram sua família.

Então chegamos à inveja. O invejoso ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio crescimento espiritual. O invejoso deseja as posses, o status, as habilidades e tudo que outras pessoas têm e conseguem. O invejoso ignora tudo o que é para cobiçar o que é do próximo. A inveja é freqüentemente confundida com a avareza, o desejo por riqueza material, a qual pode ou não pertencer a outros.

Acho que não, não sou invejosa, reconheço minhas bênçãos, gosto da minha vida. Não cobiço tudo dos outros... só as viagens... se cobiço então sou invejosa... Sou? Ou não sou? Agora me sinto shakespeariana:
"To be, or not to be, that is the question:
Whether 'tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing end them?"

domingo, 4 de setembro de 2011

LAX

Quem nunca foi a Los Angeles não é capaz de mensurar o quão a cidade é incrível. Não exala glamour ou história como Paris ou modernidade como Londres ou a doçura de Praga. Mas é incrível e só quem esteve é capaz de entender. Começando pelo aeroporto deliciosamente colocado no centro do cidade e charmosamente chamado LAX, passando pelas freeways e caindo em Malibu, Los Angeles é Hollywood de ponta a ponta. Cheguei a conclusão de que o romance Uma linda mulher não poderia acontecer em outro lugar senão em Los Angeles, a cidade da Sunset Strip com o Chateau Marmont cravado em desgraças, contraversões e muito rock 'n' roll, da Rodeo Drive que não consta em nenhum GPS e de Malibu, bem, Malibu. De gente bonita e segregada, cada um dentro do seu carro, com o seu copinho da Starbucks, a caminho da sua academia ou pet shop. Hoje, se ganhasse na Mega Sena não teria nenhum dúvida: alugaria um bangalo no Chateau e tomaria sol com espumante do Napa, intercalando com dias na praia em Santa Monica, é claro.








sábado, 3 de setembro de 2011

Mirra...commiphora myrrha!!!!

Imaginem que ganhei a muda de uma planta bem bonita. Perguntei se crescia, a resposta foi não: tem tamanho pequeno. Coloquei perto de uma escada e ela foi crescendo devagar. Hoje descobri que dá flores. Como agora sou uma fotógrafa amadora, mas fotógrafa, lá estava eu transformando a planta em imagens eternas. As flores são levemente perfumadas e a árvore deve estar com um metro de altura. Então, lembrei-me que o doador havia comentado qualquer coisa sobre a essência ter sido ofertada ao menino Jesus juntamente com o ouro e incenso. Pensei: impossível, dizem que a mirra cresce até 5 metros de altura sendo bastante espinhosa. A minha é delicada, cheirosa, não, não pode ser... Uma rápida pesquisa e descubro que é mirra, mesmo. A palavra, de origem hebraica, significa amargo. As folhas são iguais e as características descritas, no livro sobre plantas, correspondem aquilo que tenho no quintal. As flores são lindas. Dela extrai-se uma resina por destilação a vapor, cuja seiva tem propriedades medicinais servindo como anti séptico, anti inflamatório, desodorante, desinfetante, diurético, dentre outras finalidades, além disso, protege os pés contra as rachaduras de inverno, sendo remédio para resfriados, bronquites, gengivas sangrentas. Enfim, um óleo santo, ou um santo remédio, sei lá.
Os egípcios, sempre eles, empregavam a mirra no culto ao deus Sol( alô, alô Akenathon, meu faraó preferido)) e como ingrediente na mumificação. Hoje é usado como incenso em missa e outras celebrações religiosas, como na umbanda. Sua origem? O nordeste da África, mas vai bem, em locais ensolarados e terrenos bem drenados. Floresce na primavera. Embora seja outono (inverno?) a minha está carregada de flores. Não procuro entender a natureza, ela se vira sozinha. Olho para o quintal pensando: mirra, quem diria!