segunda-feira, 31 de agosto de 2009
QUEM É LOUCO, AFINAL?
domingo, 30 de agosto de 2009
Futilidades
Watchmen, graphic novel escrita por Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons, nunca esteve entre meus favoritos. Elektra sim. Odeiei a versão cinematográfica. Vergonha alheia pela personagem. O que era a Jennifer Garner naquela roupinha? E por que, meu D'us?
Talvez por isso tenha amado o filme Watchmen. Porque não tenho apego nenhum as personagens. Adorei. Amei. Vi duas vezes e assim que sair em DVD (já sei até que vai sair uma versão dupla com duas edições diferentes) quero ver de novo. O filme é sombrio na medida certa e mostra como seria o mundo se realmente houvessem super heróis e o que seria deles nas nossas mãosinhas malignas mais cruéis que a de super vilões...
O trailer fala por si só e a música com a letra superhumorhomembombaemdiadechuva é boa e do Muse.
E quem achava que Jesus Luz (eita nominho) estava se achando demais pode se jogar da ponte porque agora o moço vai se achar podendo já que ele faz parte do elenco de estrelas do vídeo comemorativo Celebration de Madonna. Esta lá, no site da megamilionária para quem quiser ver. Sem camisa, se achando e pilotando pick ups no melhor estilo DJ latin lover. Como se isso tudo fosse surpresa para alguém! Ah, há quem diga que Lourdes também estrela o vídeo mas por enquanto eu não vi. E eu só acredito vendo.
A Katylene, a colunista mais high profile da net ainda não comentou o clipe com o Jesus Luz mas publicou quilos de fotos da equipe da novela nova e não é que a Bárbara Paz finalmente vai fazer uma novela na Globo. Nada como casar com o Hector Babenco, mas não sou eu quem está falando isso, é a Katylene, claro!
"Fotografaram bem na hora que o diretor falou “UMA SALVA DE PALMAS PRA BÁRBARA PAZ QUE FINALMENTCHY CONSEGUIU UM PAPEL DE RELEVÂNCIA NA TV BRASILAYRA.”
E nessa semana Noel Gallagher anunciou sua saída do Oasis. Demorou, né? E gostem ou não, Kurt Cobain ressuscitou bem como avatar no Guitar Hero 5. A negociação feita com Dave Grohl (por que? por que?) e a eterna viúva Courtney Love pedia que ele parecesse atlético! O avatar está bem apessoado e parece ter mais humor que o original, principalmente ao tocar Smells like teen spirit, mas daí a ser atlético... Em tempo, se a alma de Kurt Cobain não havia chegado ao purgatório agora chegou e você pode brincar com ela! Dadas as dívidas de Love, demorou, né?
sábado, 29 de agosto de 2009
Ele imaginou os tempos de Al-Andalus...
Eu não sou a única que pensa nesse acaso imprevisto sem paralelos, o argentino Jorge Luís Borges, autor de Aleph, também pensou... Leiam isso: “Escrevia com lenta segurança, da direita para a esquerda, mesmo aplicado em formar os silogismos e encadear os longos parágrafos, Ibn Rushd não deixava de sentir, sob a forma de bem-estar, a casa fresca e profunda que o cercava.” O filósofo, jurista e médico Ibn Rushd, ou Averróis, foi o principal comentarista árabe de Aristóteles, viveu e trabalhou em Córdoba. O parágrafo acima é de autoria de Borges e encontra-se A busca de Averróis. Sua produção literária é transpassada por uma circulação subterrânea de temas e figuras da cultura árabe-islâmica. Na opinião dele desenvolveu-se ali uma extraordinária aventura multicultural. Um momento de “grande abertura intelectual e respeito pela liberdade de opinião alheia.” A arte da conversação e intercâmbio são os traços dessa elite evocada por ele em sua obra. Mas, o al-Andalus de Borges não é o da história, nem o do realismo literário cujo objetivo seria a reconstituição de uma vida, uma biografia. O que está em jogo nessa ficção em primeiro lugar é a busca a que se dedica Ibn Rushd e depois, a tentativa de Borges de restaurar o filósofo em sua verdade mais profunda.
Considerando-se a época em que os fatos aconteceram, a pergunta que não cala é: será al-Andalus a terra idílica descrita por Borges? Não, pois aconteceram momentos de tensão, de perseguição, de censura. O próprio Averróis assistiu ao auto de fé de obras que tomaram parte de seu tempo, fruto de pesquisa e esforço imensos. É claro que existiam amigos fiéis, mas também o ódio tenaz dos medíocres.
No livro de Borges, Averróis tenta compreender o sentido de dois termos lidos em Aristóteles: tragédia e comédia. Como as palavras supunham o teatro, arte desconhecida na civilização árabe da época, ele como um prisioneiro de sua cultura, não poderia imaginar o significado delas, sem ter primeiro uma idéia da própria representação teatral. Talvez, Borges estivesse meditando e questionando se é possível conhecer a cultura alheia. Pois é... Toda reconstituição é alteração. Então, o significado do livro e dessa busca de Averróis é uma lição de Ética na medida em que procura o sentido da alteridade, da diferença, entender o outro, seja quem for esse outro. A ficção de Borges é uma das mais belas homenagens ao momento maravilhoso que foi al-Andalus.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
A liberdade religiosa do século XXI
Gostaria de dividir com os eventuais leitores uma impressão que aos poucos vem batendo à porta de minha nem sempre atenta consciência. É interessante e, a meu ver, digno de nota, o aumento do espaço na mídia ‘lado B’ oferecido à discussão incentivada pelo movimento ateísta, tanto no mundo desenvolvido (definição capenga, mas...), quanto aqui, no dito “em desenvolvimento” (expressão que me lembra a definição de “puberdade”). Tais temas sempre foram postos meio de escanteio pelos redatores e diretores dos meios de comunicação e, agora, começam a ganhar alguma audiência, não sei se mais pela oferta ou por pressão da demanda. O que posso apresentar, em dados objetivos é que: 1) a mais recente edição da revista Superinteressante trouxe uma matéria sobre um acampamento destinado exclusivamente a ateus de até 17 anos (não que esta seja uma idade onde se pode dizer que se acredita, ou não, em algo...); 2) a edição de agosto da já respeitada revista Piauí também trouxe uma pequena nota sobre o incremento da organização do movimento humanista secular (eufemismo para ateísmo) no Brasil, além de ressaltar os laços entre esta e outras organizações ateístas ao redor do mundo e, principalmente, na Inglaterra; 3) o canal pago de notícias GloboNews está exibindo uma série de programas gravados na Feira Literária Internacional de Paraty – FLIP – durante palestra de Richard Dawkins, biólogo queniano-britânico, autor de Best seller’s como “Deus: um delírio” e “O gene egoísta” e que é considerado referência (para não dizer um ‘messias’) entre os totalmente não-crentes; 4) o (outro) canal pago GNT exibe nos dias 24 e 31 de agosto um documentário em duas partes produzido pelo mesmo Richard Dawkins, no qual se traça um panorama dos argumentos do ateus em prol da contínua e crescente laicização das sociedades humanas.
Desde o ano de 2005 estudo o problema da Liberdade Religiosa e suas relações com as ciências sociais aplicadas e, dentre elas, mais especificamente o direito (foi este o meu trabalho de iniciação científica na área jurídica). Dos frutos desse trabalho posso oferecer aos leitores algumas conclusões no mínimo curiosas (todas amplamente abertas à discussão). Em primeiro lugar é uma ilusão acreditar que as sociedades ocidentais não sejam fortemente sustentadas por argumentos (de base) religiosos. Um exemplo nítido disso é a dificuldade que alguns membros do Ministério Público estão tendo para remover das salas de audiências de fóruns e tribunais os símbolos ostensivos da religião católica, como crucifixos. O argumento dos promotores é que, sendo o Brasil uma nação laica (sem religião oficialmente declarada), a presença de símbolos de uma determinada confissão religiosa pretere os fiéis das demais religiões, bem como os sem confissão alguma.
Outra questão interessante é a velada guerra religiosa que algumas confissões neo-pentecostais movem contra as confissões religiosas de matriz africana, como o candomblé e a umbanda. Rituais de “expulsão de demônios” têm sido considerados como ofensivos por vincular religiões afro à “maldade” e “energias negativas”, características veementemente negadas pelos adeptos destas. Até mesmo ataques violentos contra “pais-de-santo” já foram noticiados à polícia em comunidades do subúrbio carioca, áreas em que a presença do Estado, como sabido, é mínima (quando não totalmente inexistente).
Inegável ainda a pressão que muitos ateus sofrem ao manifestar sua descrença, num fenômeno pós-moderno, mas que repete, na essência, as perseguições religiosas da idade média. Algumas pesquisas sugerem que a rejeição a ateus é percentualmente muito maior (e bem menos noticiada pela mídia) do que a sofrida por homossexuais e transexuais, havendo relatos de perseguição no ambiente de trabalho e rompantes de violência psíquica e física. Em virtude destas opressões, parcela do movimento ateísta britânico lançou uma campanha nos moldes do “saia do armário”, buscando incentivar ateus ‘retraídos’ a manifestarem sua descrença em qualquer entidade(s) ou consciência(s) superiores.
Não obstante tais informações, e independentemente das convicções religiosas de cada um, é preciso que se considere que a crença em qualquer ou quaisquer forma(s) de deus(es) não é condição necessária da dignidade dos homens e mulheres. O debate, como sabido, é muito difícil, pois acaba muito próximo das discussões sobre arte, nas quais a subjetividade do observador fala mais alto do que nossa capacidade de expressão. Todavia, a liberdade de manifestação respeitosa é elemento da civilização em seu estágio atual. E deve ser mantida a todo custo, sendo digna de aplauso a iniciativa dos meios de comunicação anteriormente citados. Afinal, a perseguição religiosa contra não-crentes se mostra um dos maiores absurdos da humanidade deste inicio de século XXI.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
QUEM É LOUCO, AFINAL?
Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.
Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, dentro do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski. E logo me assustei.
Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh matou-se. Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de depressão crônica. Maiakovski suicidou-se. Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos. Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, previsíveis, sempre iguais, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado; nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, bastar fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou.
Pensar é uma coisa muito perigosa... Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental.
Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outro lado, nunca ouvi falar de político que tivesse estresse ou depressão. Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.
Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos. Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todos sabem, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente "equipamento duro", e a outra se denomina software, "equipamento macio". O hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. O software é constituído por entidades "espirituais" - símbolos que formam os programas e são gravados nos disquetes.
Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória.
Do mesmo jeito, como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo "espirituais", e o programa mais importante é a linguagem. Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco faz-se necessário chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. (continua na próxima semana)
domingo, 23 de agosto de 2009
As boas vindas
sábado, 22 de agosto de 2009
Al-Andalus: uma trama social original
Em 711, Tarique ibn Ziyad conquistou a península ibérica chamando-a de al-Garb-al-Andalus. Fixaram-se na região tribos muçulmanas. Em 754 foram expulsos e passaram a viver no sul de Portugal e parte da Espanha onde deixaram marcas profundas que podem ser comparadas à presença romana. Apesar das constantes tensões estabeleceu-se um misterioso acordo entre o ambiente local, aberto e caloroso, e homens de culturas diferentes tentando viver juntos, escutando uns aos outros, o que passou para a história como o prodígio andaluz. O convívio social e cultural entre as três religiões monoteístas na península ibérica atingiu o apogeu entre os anos de 711 e 1086 nos territórios islâmicos e de 1085 e 1370 nos cristãos.
Essa forma de coexistência teve conseqüências, cujo alcance ainda não foi de todo reconhecido e enriqueceu não só a região, mas toda a Europa. Por intermédio de al-Andalus foram transmitidos os fundamentos da cultura grega, assim como as contribuições filosóficas e cientificas da Índia, as relíquias da Pérsia e muito da misteriosa China. Nas cidades dominadas, aceitavam a igreja dos cristãos e as sinagogas dos judeus fundando a mais elevada e opulenta civilização da Idade Média. O Oriente que assimilara o melhor do judaísmo e da cultura bizantina entrava na Europa trazendo os princípios da liberdade religiosa. Assim, a Espanha serviu de elo entre o passado e o futuro, entre a Antiguidade e a Renascença. O contato entre essas culturas ocorreu de diversas formas: mestiçagem étnica, intercâmbios intelectuais, costumes e festividades comuns. Trata-se de um dos fenômenos mais admirados pelos historiadores modernos e da indiscutível influência exercida pela península ibérica muçulmana sobre a cristandade européia quando mais de oito gerações de judeus se beneficiaram da tolerância desses soberanos e puderam viver sem contratempos. Na área cultural o intercâmbio foi contínuo, não houve ruptura, pois desde o início, árabes e cristãos, membros de classes sociais diversas formaram um todo homogêneo. Os jovens entusiasmados aprenderam à língua do invasor e os conquistadores utilizaram o romano, um dialeto derivado do latim e falado na região, no seu dia a dia.
A transmissão da ciência helenística e grega aconteceu através de traduções para o latim de obras de astronomia, medicina, física, história natural e filosofia difundindo dessa forma os trabalhos de Aristóteles, Galeno, Hipócrates, além de obras de Avicena e Averróis. O apreço da elite de Castela e de Aragão pela cultura judaica era evidente, enquanto o cardápio se inspirava na cozinha árabe. Alguns jogos, como o xadrez ou a justa, eram populares em ambas as comunidades, além das festas estabelecidas no calendário juliano, como o ano novo cristão e a quinta feira santa, sempre comemoradas por todos. Artesões, comerciantes, mercadores e proprietários de terras regiam-se por normas baseadas no direito romano e princípios canônicos do Islã. Os grupos conservaram seus hábitos e costumes tradicionais, conforme provam documentos da época. Essa convivência foi possível graças a certos princípios religiosos e jurídicos e pode parecer pouco, mas menos se fez em outros lugares, inclusive nos dias atuais.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
tudo junto misturado... assim é a cultura em SP
Espero que sim...
satisfeitos com a lei antifumo? Respeitando a lei antifumo? Parece que os estabelecimentos têm aderido à lei... se estão todos contentes, isso já é um outro assunto. Mas, como essa discussão já está se tornando "velha", vamos adiante... Tem muita coisa boa acontecendo, graças a Deus, em São Paulo...
para começar, o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo começou ontem. Dicaça para quem gosta de assistir às experimentações de autores consagrados ou iniciantes. Como a Zita Carvalhosa, diretora do festival costuma dizer, são nos curtas que os diretores aproveitam para experimentar linguagens e temas. Visto que são cerca de 400 filmes, difícil elencar uma dezena. Parafraseando novamente a Zita, vá assistir, não importa a sessão: se for ruim, o filme, é bom que acaba rápido... risos. O festival está rolando no Esp. Unibanco, no MIS, no Cinesesc e em outras salas de cinema da cidade.
ainda na área cinematográfica, estrearam o uruguaio "Gigante" (não sei se o filme é bom ou não, mas, como gosto de cinema uruguaio... basta lembrar o bacana "Whiski"... fica a dica!) e o alemão "A Onda", cuja história parece ser bem interessante: para ensinar o que foi o fascismo, um professor propõe ensiná-lo na prática... o problema é que os alunos começam a propagar o movimento. Ainda em cartaz estão "Desejo e Perigo", "Almoço em Agosto", "Tempos de Paz" e "Enquanto o Sol no Vem". No bacana Cine Segall (já falei o quanto gosto desta sala de cinema) fica em cartaz hoje, sábado, e amanhã, domingo, o filmo "O Filho", dos irmãos Dardenne, que são sempre uma boa pedida!
no teatro, a dica é assistir neste sábado à peça "A Inveja dos Anjos", do grupo Armazém, no Sesc Consolação. Na terça, "Foi Carmen", também em cartaz no Sesc Consolação. E, na próxima sexta, vale dar uma passada no Satyros para assistir à "A Filosofia na Alcova", primeira parte das montagens baseadas nos contos de Marques de Sadê feitas pelo grupo Satyros.
Por fim, para musicar a semana, nada como um bom jazz. No domingo, rolam shows gratuitos na rua do Bourbon Street (rua dos Chanés) - espero que esteja calor no dia!. Durante a semana, no Studio SP tem Iara Rennó e sua influência macunaímica, na terça (grátis), e os "modernos" Copacabana Club, na quarta (R$ 25). Na quinta, se quiser mais novidade, vale dar uma passada no Sesc Pinheiros para ouvir Diogo Poças (ah, ele é irmão da Céu!).
e o melhor da semana retrasada foi o show da cantora Daniela Mercury. Rainha do axé, no show de lançamento da turnê Canibália, a baiana mostrou toda a diversidade de sua carreira. Além dos hits "Ilê Pérola Negra", "A Cor da Cidade" e "Romeu e Julieta", Daniela prestou homenagens a Michael Jackson, Elis Regina, Carmen Miranda e Renato Russo (ok, esta parte poderia ter deixado de lado). O cenário é lindo (assinado por Gringo Cardia) e o corpo de bailarinos de Dani dá um show à parte.
e o melhor da semana passada foi o filme "Bruno". Mas, aviso: "Borat" é bem mais engraçado! Em "Bruno", de alguma forma, Sacha Baron Coen volta a focar a "ignorância" do americano médio. Talvez, se continuasse explorando as bizarrices do mundo fashion, como faz no início do filme, "Bruno" seria, de fato, melhor. De qualquer maneira, vale assistir ao filme e rir das esquisitices do "Bruno".
espero encontrá-los nessas andanças culturais...
é isso
até mais
se cuidem!
alan
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
biográfico
aquela coisa da primeira palavra, da primeira vez em pé, do primeiro dente, sabe?
pra ele, nunca existiu.
sua primeira lembrança é um dia de chuva. o chinelo indo embora com a correnteza que lavava o meio-fio.
sua primeira perda.
sua primeira bronca também.
até sentia falta das broncas...
já às perdas, se acostumou. o tempo, professor dedicado, ensinou bem.
da partida de futebol ao primeiro amor, tudo se perde.
campeão mundial das derrotas do sentir.
título passado de pai para filho. gerações e gerações.
tudo era efêmero, feito suspiro de poeta.
como mecanismo de compensação (afinal, evoluídos somos), aprendeu a sonhar.
coisas pequenas, coisas grandes.
ei-lo, um sonhador.
escrevia canções tolas para aquecer noites de inverno.
imaginava rimas pobres para arrancar sorrisos de um amor de salvação.
abria a porta do carro. não destratava o garçom. elogiava o cabelo dela.
mas sonho abre o apetite, não mata a fome.
os amores não vieram.
o violão ficou encostado no quarto.
o caderno pintava as folhas de branco tipo sem inspiração.
vieram os anos.
a barba, branca, denunciava a esperança na uti.
visitas eram raras.
sorrisos, mais ainda.
até que, um dia, percebeu.
tinha pena dele.
não sentiam amor, tesão, simpatia, alegria, paz ao lado dele.
sentiam pena.
desse dia, ele se recorda.
bem demais até.
os sonhos tornaram-se esquizofrênicos, dignos de internação.
lembranças se embaralhavam, misturavam-se em sincronia mais-que-perfeita com o caos.
os olhos, opacos, fitavam o além-nada, logo ali, na esquina, perto do bar.
a boca seca perdeu-se pra sempre das palavras, elas que tanta companhia fizeram.
mas partiram.
subiram na boléia do caminhão com outros tantos.
procurando emprego em outras almas solitárias.
como a dele um dia foi.
sim, foi.
hoje, era uma alma esquecida.
deixada pra trás.
sobra de liquidação.
bons tempos aqueles da solidão.
regados ao gosto das lágrimas, ao sabor das paixões vencidas e ao cheiro forte da ilusão.
hoje, nos dias de esquecimento, o que restam são as silhuetas escuras manchando a parede verde-claro.
indecifráveis.
incompreensíveis.
indiferentes.
todas dele.
apenas dele.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Humanitas...
Inevitável voltar às questões surgidas no ultimo post. Se tenho alguns argumentos em meu acanhado repertório até aqui angariado, sinto que é momento de dividi-los. E no começo (vez que o começo é sempre imprescindível, ainda que tendencioso) faço uso de Aldous Huxley. Lembrei-me do dialogo em que John, o selvagem, interpela (ou é interpelado) pelo chefe, Mustafá Mond. Nesta passagem, o selvagem, após ouvir as inúmeras qualidades e vantagens do mundo criado pelos e para os alphas, afirma: “eu quero sofrer!!!”.
Pergunto: Haveria, ou ao menos persistiria, a condição humana se estivéssemos desprovidos do sofrimento. Se estivéssemos totalmente protegidos, controlados e tutelados por uma superestrutura (cacoetes marxistas!) que nos impedisse de desobedecer e, conseqüentemente, de sofrer e de existir. Haveria o homem, o Don Quixote, o Bardo Shakespeariano, a Verônica de Paulo Coelho, ou o Santo Cristo de Renato Russo? Brecht, Becket, Tenesse Willians, Freud e Hanna Arendt?
Se me é facultado dividir uma impressão, é a de que duas coisas definem o humano: a dor e a incompletude. A dor é a conseqüência inevitável de nossa finitude, de nossa não-onisciência e da relação do homem com o imponderável. E é essa mescla com o imponderável que nos faz humanos. Portanto, a tentativa do controle não nos retira a angústia. Apenas gera a opressão. Jamais satisfação, desejo humano irmão da fome.
A confusão deste escrito não é intencional, não sendo todavia algo que me considero capaz de evitar. É fruto da mesma angústia (desejada e deliciosamente sorvida) de minha condição humana. E para completar a confusão, lanço mão de uma letra que parece condensar o sentimento de ser sufocado por algo maior e incontrolavel.
“Como beber Dessa bebida amarga
Tragar a dor Engolir a labuta
Mesmo calada a boca Resta o peito
Silêncio na cidade Não se escuta
De que me vale Ser filho da santa
Melhor seria Ser filho da outra
Outra realidade Menos morta
Tanta mentira Tanta força bruta...
Como é difícil Acordar calado
Se na calada da noite Eu me dano
Quero lançar Um grito desumano
Que é uma maneira De ser escutado
Esse silêncio todo Me atordoa
Atordoado Eu permaneço atento
Na arquibancada Prá a qualquer momento
Ver emergir O monstro da lagoa...
De muito gorda A porca já não anda
De muito usada A faca já não corta
Como é difícil Pai, abrir a porta
Essa palavra Presa na garganta
Esse pileque Homérico no mundo
De que adianta Ter boa vontade
Mesmo calado o peito Resta a cuca
Dos bêbados Do centro da cidade...
Talvez o mundo Não seja pequeno
Nem seja a vida Um fato consumado
Quero inventar O meu próprio pecado
Quero morrer Do meu próprio veneno
Quero perder de vez Tua cabeça
Minha cabeça Perder teu juízo
Quero cheirar fumaça De óleo diesel
Me embriagar Até que alguém me esqueça”
Esta, talvez, nossa síntese tupiniquim. E com méritos!
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Fingi que sou milhonário e fui passar o final de semana em SP... fui sexta voltei domingo... Só prá passar meu aniversário por aí... Valeu cada minuto de voo...
Vou ter de deixar prá escrever algo mais denso depois porque meus olhos nao conseguem mais olhar prá tela nehuma...
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Nélida Piñon declarou, em entrevista na televisão mais ou menos isto: qualquer um pode escrever. Você sai de casa e não consegue voltar sem uma boa história, basta querer contá-la. Difícil é escrever de forma a não ofender quem está lendo. O escritor não deve tomar o tempo do leitor recheando seu texto com adjetivos, nem escrever de forma tão difícil que poucos o compreendam não pode contar histórias óbvias demais, citar nomes que só ele e uns poucos amigos conhecem menos ainda publicar o que não for necessário.
Edu Lobo diz que só produz sob pressão. Precisa de um prazo e entrega nos últimos segundos, mas nunca perde prazos.
Chico Buarque não consegue escrever sob pressão. Precisa estar amorosamente envolvido com alguma coisa e só. Se marcarem data fica estéril.
Uma amiga, revisora de textos, diz que poderia ter lido 50% do que leu e teria 100% do conteúdo. Metade deveria ser jogado fora.
Um amigo, nos tempos de faculdade, conjeturou: “O que é escrever? É excluir. É reescrever para reexcluir. Na escrita só há a exclusão. Só há a reescrita. (.......................................................) Não há tentativas. Há produções e reproduções, na reprodução se reescreve. O texto é sempre definitivo e nunca pode ser definitivo".
domingo, 16 de agosto de 2009
Mona Lisa
sábado, 15 de agosto de 2009
DARWIN
Quanto a Darwin, ou a evolução, trata-se de uma teoria aberta à crítica e não um dogma inquestionável. Toda idéia científica deve estar apoiada em evidências ou descartada. O material pesquisado por ele está sendo posto à prova constantemente e tem causado polêmicas por discordar do dogma católico. Isso aconteceu em outros momentos: Kepler e as formas elípticas, Copérnico e o sistema heliocêntrico, isso sem citar Galileu.
A teoria da evolução causa mal-estar em muitas pessoas. Mas, Darwin nunca afirmou que somos derivados de macacos. Ele disse: homens e macacos compartilham um ancestral comum. Os boatos ficam por conta dos fofoqueiros de plantão. Após a publicação da Evolução das Espécies, grande parte dos cientistas passou a aceitar as modificações em plantas e animais. Mendel e suas ervilhas não me deixam mentir.
A noção de que essa progressão se dá por seleção natural é uma idéia original de Charles Darwin, mas só foi aceita após a descoberta da estrutura do DNA, em 1953.
A natureza sofre modificações graduais ao longo de gerações opondo-se ao criacionismo, afirmam os cientistas. Em linhas gerais, o mecanismo da formação de uma espécie acontece da seguinte maneira: alguns seres humanos ou animais de uma classe ancestral passavam a viver em um ambiente diferente criando necessidades que antes não existiam. Dessa forma, o organismo desenvolvia novas características hereditárias. Os seus portadores passavam a formar uma outra raça diversa da primeira. Isso gerou uma crise filosófica e religiosa. Penso em Bergson e na filosofia da mudança, em Freud e em outros intelectuais do final do século XIX e na influência das idéias de Darwin em suas teorias.
Porém, toda essa confusão e discussão sobre evolução ou criação é uma bobagem. Seres humanos deveriam ser mais racionais. Por que não ensinar as duas versões e deixar o aprendiz decidir em qual acreditar? Por que não em ambas?
Quem melhor explicou a dicotomia da mente humana foi o astrônomo francês Bigourdan. Ele descreveu de forma poética quando o homo sapiens viu uma lua cheia pela primeira vez e terminou comparando-o ao homem da atualidade. “Por maior que seja sua educação e treino científico, por mais exata sua noção das distâncias e dos formatos das órbitas, sua experiência ainda assim será sublime, inexplicável, superior, poderosa, acachapante, religiosa.” Esse pensamento revela o lado místico e o científico convivendo sem conflitos na mente humana e demonstra que alguns fanáticos estão fazendo muito barulho por nada, como disse Shakespeare.
Abaixo, o trailer do filme Creation, sobre a vida de Darwin que estréia ainda este ano.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
tédio
tinha enjoado da hipnótica programação da tv na madrugada.
bocejava com os dramas hollywoodianos - piratas e originais.
cansou do prazer solitário que se autooferecia nas noites de insônia.
tinha cansado do chá para dormir bem.
das vitaminas para a academia no dia seguinte.
dos lençóis que, cada vez mais, só tinham o cheiro dela.
estava cansada de se equilibrar nos saltos pela manhã.
de trazer os saltos na mão no fim de noite.
das estrelas brincando de esconde-esconde em suas madrugadas.
cansou. tadinha.
tava de saco cheio dos recados da irmã na secretária eletrônica.
do motel barato no qual procurava diversão gratuita.
nos drinks que prometiam fôlego com os dias contados.
fugia da promoção dos sentimentos: leve 2, pague 1.
contava as horas para o vizinho baixar o volume da novela.
os intervalos das trepadas.
as celebridades em decadência.
as lápides das alegrias que perdia pelo caminho - aqui jaz, aqui jazz.
se irritava com as letras do chico.
com a surdez de deus.
com o protesto silencioso das lágrimas que, militantes e barbudas, escorriam pelo rosto em dias alternados.
incorporou à rotina o trânsito, o cheiro do restaurante chinês.
a sinfonia dos ventos, a fumaça do cigarro.
o andar de miss, os olhares ao redor.
acostumou-se às bocas baratas que percorriam seu tesão.
a pagar pelas calcinhas lavadas.
à alma pálida, desbotada, manchada de molho inglês.
não ligava para os dias de chuva.
para a canção favorita que visitava o rádio.
para a dor que dilacerava o dia-a-dia.
cansou.
de esperar a bicicleta aos 7 anos.
o príncipe aos 14.
o sexo oral aos 21.
não ouvia o tique-taque silencioso do relógio da cozinha.
não ouvia o toque diário do desespero.
não tinha mais cócegas no pé.
ao acordar, não se olhava no espelho.
não pensava em frases de autoajuda.
não regava as plantas, nem as esperanças.
mentira: um dia, sentiu que precisava mudar.
fazer alguma coisa por si mesma.
flertar com a vida que cochilava no quarto de hóspedes.
teve preguiça.
mudou de idéia.
saiu pra dançar.
quando voltou, com o batom borrando a boca, não encontrou ninguém.
o quarto estava pequeno, repleto de ausência.
não havia bilhete de despedida.
nem cheiro no lençol.
nada. ninguém.
suspirou, aliviada.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Panopticon...
A velhice se mostrou para mim, ali escancarada, na capa de uma revista semanal. Não que houvesse uma foto de uma casa de repouso, nem senhorinhas tomando sol matutino defronte suas residências, guardadas pelo olhar zeloso de um enfermeiro mal remunerado. Nem mesmo uma única palavra sobre Alzheimer. A velhice se mostrou pra mim fazendo-me sentir medo do futuro, talvez não do meu, mas do da humanidade. A imagem da manchete principal da revista Veja gelou-me a espinha. O conteúdo da reportagem, me fez ter certeza de que, como disse Goya há mais de duzentos anos, “El sueño de La razón produce monstruos”.
A matéria previa um futuro (ansiado, desejado e sentenciado como inescapável por parte da revista) em que a tecnologia – essa ferramenta que usamos aqui, para nossa comunicação e deleite – estaria em todos os lugares de nossa vida, nas roupas, relógios, tênis, nas embalagens dos produtos dentro de nossa geladeira. Estaria em nossos órgãos, em nosso fígado biônico comprado à prestações e capaz de não sintetizar alguma substancias conforme indica o manual, estaria em nosso olho scanner marca Carl Zeiss que, além de ver, tira fotos, filma e já vem com Photoshop. Enfim, em absolutamente tudo. Todos estes aparelhos/acessórios/brinquedinhos de Belzebu seriam inteligentes, e capazes de níveis incipientes de raciocínio.
Como todos teriam, além da inteligência, capacidade de comunicação numa rede de informações (todos os microprocessadores destes aparelhos seriam conectados à uma internet sem fio e sem fim), todos os nossos dados, de pressão sanguínea a posicionamento em latitude e longitude no globo, seriam monitorados por esta “matrix light”, e reduziríamos o acaso e o imponderável a níveis nunca dantes imaginados e, portanto, não humanos (ao menos de acordo com a concepção de humanidade que carrego para mim). Estaríamos, enfim, controlados, selecionados, catalogados, e encaixotados (socialmente). A revista, por mais bizarro que isso possa parecer, aprova e incentiva esta “evolução”.
Lembro que o medo do novo, o descontentamento com os rumos que a humanidade passa a percorrer, foram sintomas da quase imperceptível senescência de meu pai. Ao ver coisas banais, vituperava sobre tudo- de modo discreto -, da moda das garotas ao formato abaulado dos carros de hoje em dia, sem caudas em forma de peixe nem “personalidade”. E creio que domingo, tive essa mesma sensação, acrescida da impressão de que poderei ver e ser vítima desta ditadura tecnológica que se nos começa a avizinhar.
Aos que assim como eu se sentirem aterrorizados por tais possibilidades, gostaria de indicar o novo ciclo de palestras “Mutações”, que ocorrerá em São Paulo, entre os dias 19 de agosto e 09 de outubro, no Sesc Paulista. O ciclo pretende analisar o lugar da experiência do pensamento num mundo conduzido à força da tecnociência, e que tornou as categorias do pensamento obsoletas. Como se faz, então, a experiência do pensamento no mundo dominado pela performance e pela tecnologia? Vale a pena.
Até breve.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
TÃO JOVEM E TÃO...
Com intenção de comprar um presente entrei na melhor livraria da cidade. Em dúvida sobre uma caneta tinteiro ou um vale-livro, parei frente às canetas quando aproximou-se uma mocinha com o elegante uniforme da loja, o que lhe dava um carimbo de eficiência e perguntou se poderia me ajudar.
No rosto jovem estampava agradável sorriso e os óculos de aro grosso davam-lhe ares intelectuais. Coisas arquetípicas mas que atingem as pessoas normais. Sorri confiante
- Não sei se levo um vale livro ou uma caneta tinteiro, eu adoro canetas tinteiro... mas vamos ver...quanto custa o vale livro?
- Um momento, por favor. Foi a deixa para afastar-se.. Voltou em segundos.
- Depende de quanto a senhora quer gastar.
- Isso é claro, meu bem, mas quais são as alternativas?
- Um momento, por favor...(vários minutos)...Temos de 30, 50 e 100 reais.
- Ótimo. Se eu levar o de 100 a pessoa poderá fazer opção pela caneta, ou o vale livro só vale livro?
- Como assim?
Expliquei pacientemente.
- Um momento, por favor.... (vários minutos)...Bom a senhora pode levar um objeto mas se for de valor menor a gente não pode devolver o dinheiro...
- Ok, isso parece normal embora não seja justo, e se for de valor maior é só pagar a diferença, certo?
- Um momento,por favor
- Você não sabe nada?
- A senhora quer saber o quê?
- Quero saber se você pode me mostrar as canetas.
- Que caneta a senhora quer?
- Essas que estou olhando do outro lado do vidro... você poderia me deixar examiná-las?
- Mas a senhora quer dessa ou de outra marca?
- Estou vendo só Crown. Que outra marca tem?
- Um momento, por favor.
- Temos Shaffers e Parker. Qual a senhora quer?
- Minha filha, eu quero ver alguma caneta. Aquela xadrez, mostre-me aquela.
- Tem xadrez da Mont Blanc, uma marca muito boa, a senhora quer?
Saí da livraria furiosa levando um saco prateado e um lacinho na mão, um vale livro desembrulhado e outro livro também desembrulhado porque o rapaz dos pacotes tinha ido ao banheiro.
Alguns quarteirões depois entrei na locadora pisando duro, irritada. Perguntei secamente:
- Tem algum “Visitante”?
- No momento não temos mas deve voltar às 18 horas. Caso a senhora queira poderemos lhe telefonar quando chegar, mas a senhora já viu Operação Valquíria? Tem sido muito bem qualificado. Se gostar mais de romance, tem um francês, Amar Não tem Preço com a Audrey Tautou...
- Não sei, não conheço. Operação Valquíria já vi.
- Ah! A Audrey além de ser bonita é ótima atriz , é a Amelie Poulain, lembra? A história não é boba, o tema é adocicado mas sem subestimar o bom gosto e a inteligência do público, isso se a senhora for romântica. Senão.....
Não trouxe o filme romântico mas às 22 horas tocou o telefone da minha casa:
- É o Ricardo, da locadora. O filme acabou de chegar.
- Mas eu nem deixei meu número!
- A gente tem no arquivo..
Sou uma esnobe mas esnobe simples...Ah, como seria bom se todos tivessem o nível deste rapaz. Acabei trazendo também a Troca, com a Angelina Jolie de quem nem gosto tanto e mais quatro outros filmes porque estavam na promoção, só para agradar o moço e parecer inteligente.
domingo, 9 de agosto de 2009
Saudades
Experiencia que doi mas tem que ser feita afinal, a unica maneira de evitar que outras atrocidades sejamm cometidas, segundo Primo Levi, eh mantendo a lembranca viva.
Bom, dentro do possivel vou dando noticias e a todos uma semana genial.
Saudades brasileiras e beijos a todos.
sábado, 8 de agosto de 2009
FRANÇA-BRASIL
Durante os anos 60 Charles de Gaulle visitou o Brasil, pois havia um desejo da França de se reaproximar das nações em desenvolvimento.
Nessa época, Henri Doublier veio ao Brasil a convite de Person de Mattos para um trabalho no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Encantou-se com o país. O Ministério da Cultura e a Association d’Action Artistique iniciaram um intercâmbio cultural entre os dois países. O fato permitiu que o jovem diretor pudesse concretizar a descoberta, pelo público carioca, de obras consagradas ou inéditas do teatro lírico francês. Em contrapartida autores brasileiros foram divulgados por Doublier na Franca, entre eles Manuel Bandeira e Dias Gomes. Traduziu O pagador de promessas (1973) em forma radiofônica e em forma teatral. Durante sua permanência no Brasil, trabalhou também com o compositor José de Almeida Prado e dirigiu Procópio Ferreira em O avarento. São fatos históricos e parece-me relevante salvar do esquecimento essas experiências de intercâmbio França/Brasil. Interessante ressaltar em relação aos anos 1960/70 que quase toda produção era uma visitação a textos clássicos e sua tradição formalista. Viviam-se os anos de chumbo dentro do Brasil e os a maioria dos artistas preferia não ousar, sendo uma das exceções à peça teatral Roda Viva. Após a ditadura o país iniciou um período de efervescência cultural que permanece até os nossos dias.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Politica???
Os últimos dias tem sido de alguma meditação e muita ação. Ação numa dissertação de mestrado que não sai do lugar. A impressão de dizermos sempre coisas já ditas provoca tormentos...mas, segundo alguns, esta sensação é inevitável.
Tenho, na condição de advogado e mestrando na área de direitos humanos e processo, buscado entender e reinterpretar coisas, propor soluções para conflitos, e questionar até que ponto processos pré-estabelecidos são tendenciosos. Tudo muito vago e abstrato para os leigos...e até para os que se julgam especialistas na área.
Considerando esta desconexão com os objetivos desta ferramenta (vulgo blog), venho hoje aqui trazer-lhes um vídeo. Mas creio não se tratar de um vídeo comum. Trata-se de um trecho (de extras e, portanto, excluído da edição final) do documentário “Janela da alma”, no qual o consagrado José Saramago expõe algumas de suas convicções políticas, as quais, creio, são interessantes e lúcidas para qualquer pessoa, que exerçam atividade em qualquer área do conhecimento.
As conclusões, como sempre deve ser, ficam a cargo dos espectadores...
terça-feira, 4 de agosto de 2009
O tempo passa... Mas o discurso é sempre o mesmo
Uma coisa que notei é que as músicas se repetem, e o que muda é a frequencia das pessoas entre uma balada e outra...
Outra coisa que notei é que música Dance - não sei se o termo é esse - é sempre cantada por mulheres... Beyoncé, Kat Perry, Pink, Gloria Trevi (ok, aqui no México), Madonna, Britney Spears.
Notei ainda que TODAS as músicas que tocam - porque todos sabemos que é um single de cada somente - tratam da bendita questão do casamento ou do relacionamento. Todas de alguma forma são as mulheres dando a volta "por cima" enquanto na verdade, mantém-se na mesma posição.
Vou colocar o refrão de cada música para que comprovem...
Tenho de admitir que do lado masculino, as poucas que têm também são bem ordinárias, plagiando propaganda de cerveja... onde o homem explora a mulherada, vide Pitbull em seu vídeo.
Isso não desmerece ninguém...mas foi algo que comecei a pensar... E que apesar dos tempos, é sempre a mesma historiazinha... E que podem notar que a balada não está tão boa, porque prá ficar pensando em letra de música durante a noite, só eu mesmo...
Beyoncé - Single Ladies
All the single ladies
All the single ladies
All the single ladies
All the single ladies
All the single ladies
All the single ladies
Cuz if you liked it then you should have put a ring on it
If you liked it then you should have put a ring on it
Don't be mad once you see that he want it
If you liked it then you should have put a ring on it
Cuz if you liked it then you should have put a ring on it
If you liked it then you should have put a ring on it
Don't be mad once you see that he want it
If you liked it then you should have put a ring on it
http://www.mtv.com/videos/beyonce/288546/single-ladies-put-a-ring-on-it.jhtml
Britney Spears - Womanizer
Womanizer, woman-womanizer, you're a womanizer
Oh, womanizer
Oh, you're a womanizer, baby
You, You, You are; You, you, you are
Womanizer, Womanizer, Womanizer (Womanizer)
Boy, don't try to front
I, I know just what you a-a-are
Boy, don't try to front
I, I know just what you a-a-are
You got me going
You're also charming
But I can't do it
You womanizer
http://www.youtube.com/watch?v=mCaEVBIDGuI
Gloria Trevi - 5 minutos
¿Qué quieres decir?
Te doy cinco minutos desahógate
No pienses que no tengo nada más que hacer
Y si te salude fue pura cortesía
La última vez estabas tan feliz
Hoy no te ves muy bien
La vida da mil vueltas yo te lo aviseAhora estas abajo y yo estoy arriba"
http://www.youtube.com/watch?v=TMv1GMAGIX4
Katy Perry - Hot'n Cold
Cause you're hot then you're cold
You're yes then you're no
You're in and you're out
You're up and you're down
You're wrong when it's right
It's black and it's white
We fight, we break up
We kiss, we make up
You, You don't really want to stay, no
You, but you don't really want to go-o
You're hot then you're cold
You're yes then you're no
You're in and you're out
You're up and you're down
http://www.youtube.com/watch?v=yY3CehyfUko
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
CONTINUANDO A REVELAR DESCOBERTAS
Os primeiros relógios mecânicos não marcavam as horas, eram mecanismos projetados para acionar um despertador em momentos determinados (como chegar a esses momentos se o mecanismo não marcava tempo, não sei). Tornaram-se imprescindíveis nos monastérios medievais onde os frades seguiam uma rígida rotina de atividades e não podiam perder a hora das orações. No final do século XIX já eram comuns relógios de bolso e de móvel com despertadores
Quase em desuso os despertadores tradicionais cederam lugar aos celulares ou telemóveis como dizem nossos colonizadores. Aparelho de comunicação por ondas eletromagnéticas, permite a transmissão bidirecional em uma área geográfica dividida em células (de onde provém a nomenclatura celular), cada uma delas servida por um transmissor/receptor. Em 1956, foi dado à luz o primeiro celular, conhecido na época como sistema automático de telefonia móvel ou MTA O equipamento, inventado pela Ericsson, possuía a mesma funcionalidade dos aparelhos de hoje embora pesasse 40 quilos! De início, a telefonia móvel era feita por meio de rádios, operando na faixa dos 160MHz. Outra versão diz que a invenção ocorreu em 1947 pelo laboratório Bell nos EUA e uma terceira, mais romântica, diz que a idéia partiu da cabecinha platinada de uma atriz que fez à pessoa certa a seguinte pergunta: por que vocês não inventam um telefone que se possa levar na bolsa? O interlocutor perguntou: como assim? Ela respondeu – em vez de ter as torres tão longe umas das outras, vocês constroem muuuuuitas torres.
Estarei melhor do que ontem? A resposta, dada pelo espelho, nem sempre agrada mas é fundamental saber (rssssss....) que a manufatura de uma superfície capaz de refletir imagens começou na Idade do Bronze (3000 a.C.) embora os antigos sumerianos polissem o bronze com areia sem conseguir imagens muito nítidas. Os primeiros espelhos de vidro com uma fina camada metálica refletora apareceram em Veneza, no ano de 1300, obra de um artesão desconhecido. Mais do que imagem, os venezianos valorizavam o brilho do espelho como jóia ou peça de decoração. Só com a melhoria do método de fabricação, a partir do século XIX, é que seu uso se popularizou e espalhou pelo mundo.
O sabão foi inventado pelos fenícios que ferviam água com banha de cabra e cinzas de madeira, obtendo um sabão pastoso, seiscentos anos aC. O sabão sólido só apareceu no século VII DC, quando os árabes descobriram o processo de saponificação – mistura de óleos naturais, gordura animal e soda cáustica, que depois de fervida endurece. Os espanhóis, tendo aprendido a lição com os árabes, acrescentaram-lhe óleo de oliva, para dar um cheirinho melhor. Nos séculos XV e XVI, enfim várias cidades européias tornaram-se centros produtores de sabão – entre elas, Marselha, na França, e Savona, na Itália. Foi da cidade de Savona que os franceses tiraram a palavra Savon, sabão, e o diminutivo Savonnette, sabão ao qual são acrescidas essências perfumadas
E o creme dental?
Há aproximadamente 4 mil anos, no Egito já era usado um creme altamente abrasivo e adstringente, à base de pedra-pomes pulverizada e vinagre. O preparado era esfregado nos dentes com um pequeno ramo de árvore. Os romanos, no século I, acrescentaram um insólito anti-séptico na sua fórmula: urina - para deixar os dentes mais brancos. Isso ocorria devido à ação detergente da amônia (NH3). Hoje em dia, as pastas contêm basicamente uma substância aromática, uma substância abrasiva e, evidentemente, sabão.
A primeira escova de dentes foi usada na China, em 1498, mas suas cerdas eram feitas com pêlos de porco. As famílias dividiam o uso de uma única escova entre todos os membros. Os pelos acumulavam umidade e mofavam, originando doenças bucais que eram passadas para toda a família. Além disso, as extremidades pontiagudas das cerdas feriam as gengivas.
A escova com cerdas de nylon foi criada em 1938, nos Estados Unidos.
Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 1997 mostrou que metade da população brasileira, na época, cerca de 85 milhões de pessoas, não tinha escova de dentes.
domingo, 2 de agosto de 2009
Novidades
Por aqui calor, sol, ceu azul e anos 80. Juro que a Europa foi invadida de vez pelo look anos 80, sao saias de tule verde limao, saias de tule rosa e preta, oculos bicolores, leggings rosa com saia de malha azul, so nao vi ombreira no mais, o ceu eh o limite. E tudo com a cara mais seria do mundo. Eu por exemplo, comprei um oculos vermelho de coracao e uso com a cara mais seria e ninguem me leva menos a serio por causa dele.
Bom, vou nessa, passear por ai.
sábado, 1 de agosto de 2009
Barack Hussein Obama II
Meus poetas prediletos são William Blake, Rimbaud e Mallarmé. Todos visionários, se é que algum poeta não o seja. Isso acaba me traindo não é? Melhor deixar o assunto para outra ocasião. Como o mundo se voltou para as eleições americanas fiz o mesmo, me perguntando quem seria esse senhor que estava mexendo com o imaginário da humanidade.
Barack Hussein Obama II nasceu em 04 de agosto de 1961 no Havaí, de pai negro e africano. Foi educado pelos avós maternos. Seu avô paterno Hussein Onyango Obama, muçulmano com poder de cura e imerso nas tradições da cultura local, era curandeiro no Quênia. Recentemente, li na Internet uma declaração interessante de Obama: “em nossa casa, a Bíblia, o Alcorão e o Blagavad Gita ficavam na prateleira com os livros de mitologia grega, norueguesa e africana. Na Páscoa ou no Natal minha mãe me arrastava para a igreja, assim como para templos budistas, para a celebração do Ano Novo chinês, para santuários xintoístas, ou para antigos locais de rituais havaianos.” A mãe branca e norte-americana transmitiu-lhe a autodisciplina e a inter-religiosidade. Via a religião como um fenômeno a ser tratado com respeito e desapego. Trata-se do olhar de uma antropóloga sobre o assunto. Construiu a vida sobre um alicerce filosófico e emocional, mas possui um lado prático e concreto. Esses são os antecedentes do atual presidente dos Estados Unidos da América, um homem com visão ampla dos problemas futuros. Ao examinar fragmentos de sua mensagem durante a campanha, pode-se afirmar que está afinado com a ética e a sabedoria universais. Fala como cidadão do mundo. Para o novo presidente “a solidariedade e a cooperação entre as nações não é uma escolha, é o único caminho para proteger a nossa segurança comum e fazer avançar a nossa humanidade comum.” Os americanos estão depositando sua confiança nas mãos dele. Obama prega a paz usando como exemplos a queda do muro em Berlim, Belfast e a união entre católicos e protestantes ou a África do Sul e a derrota do apartheid.
O discurso nas entrelinhas é que muros podem ser derrubados, mas a responsabilidade pelo progresso e pela paz é de todos. Pensando bem, ele poderia ser classificado de visionário, vocês não acham? Poetas possuem o dom da vidência, políticos também? Barack se tornou profeta de uma nova ordem mundial mergulhando em idéias inomináveis, como legalizar os doze milhões de imigrantes e tirar os americanos do buraco negro para onde estão sendo sugados. Deus o ajude na hora de passar do sonho à realidade. Vou colocá-lo entre meus visionários prediletos se realizar a metade de suas promessas.