Dan Greenburg escreveu um livro, O Manual da Mãe Judia, que se tornou
famoso para mães de todas as idades ou religiões. Um clássico do humor judaico.
Lá estão listadas as técnicas que qualquer filho necessita para se proteger de
sua mãe, pois o exercício adequado da condição de mãe judia é uma forma de arte
com articulações sofisticadas. Agora imagine essa loucura misturada em uma mãe
judia hippie. Sorte deles que a experiência da maternidade se dá na convivência
com os filhos. Hipster, termo pejorativo cunhado por Norman Mailer para se
referir aos brancos de classe média frequentadores de bares, onde músicos
tocavam jazz, em bairros negros na cidade de New York, daí hippie. Em 1970, a
filosofia hippie pregava o culto ao prazer livre – seja ele físico, sexual ou
intelectual – o repúdio à ganância, à falsidade, a discriminação racial, e o
respeito ao meio ambiente. Frase como
paz e amor, faça amor não faça a guerra, são evidencias do caráter pacifista do
movimento. O incenso e a meditação faziam parte integrante da vida de um
hippie, sem esquecer o forte misticismo. Seguindo as ideias dos beats e de
Tomothy Leary consideravam o cigarro prejudicial à saúde, mas exaltavam a
maconha pelos seus benefícios espirituais ou terapêuticos. Não viam com bons
olhos as novas tecnologias, nem os produtos industrializados, então eles se
voltaram para a medicina homeopática e os produtos orgânicos.
Primeiro tive um menino. Dele recebo
constantemente o desafio de modernizar meus valores sociais e culturais.
Conforme ele foi crescendo tento entender o seu jeito, pois meu aquariano de
risada gostosa e contagiante tem fixação em inovação e acompanhá-lo em sua
infindável tarefa de atualização tecnológica não é fácil! Certa vez perdi o
garoto no Shopping Iguatemi. Foi um Deus nos acuda. E por falar nisso, homens
sempre pensam que são melhores, mais inteligentes, etc, etc... Certa vez ambos
participaram de um concurso nesse local e a menina ganhou o prêmio! Foi outro
Deus nos acuda! E quando ele franze a testa olhando para mim e dizendo: mãe...
lá vem chumbo grosso. Essa deve ser a razão dele ter trazido sais do Mar Morto
para mim.
A minha filha chegou branquinha e cabeluda. É
sensível e criativa tendo como característica a inteligência e comunicação. Ah,
ela vale por duas como toda geminiana. Tem gênio forte e coração mole. Se ela
ficar brava saí de perto... Adora animais e quando pequena colecionava bichos
de pelúcia. Possuía um galo de cobalto. Este sal reage às moléculas de água no
ar. O galo ficava azul quando o tempo estava seco e rosa nos dias úmidos. Hoje
faz trabalho voluntário numa Ong. Com ela aprendi a palavra compaixão, além de
dividir as dificuldades e alegrias de cada dia. Não saí de casa sem passar
batom e adora esmaltes! Se você está pensando numa patricinha, esquece. Quem
corrige todos os meus textos? Ela, sim senhores. Arte contemporânea, eu aprendi
com quem? Com ela.
É claro que herdaram muitas manias da mãe:
comida natural e homeopatia são algumas delas. Outra é viveram com as malas nas
costas. Acho que se somadas às viagens, daria para visitar a lua de São Jorge e
voltar. E eu aprendi o que com eles? Viver
o presente, além de ter-me tornando um ser humano melhor.
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