Em grande parte do mundo o ano novo se consolidou há uns 500
anos. Desde o Egito Antigo de 3.750
a .C. quando Orion/Sirius alinhava-se com a estrela
Canopus ao centro da Via Láctea, exatamente à zero-hora sobre as pirâmides de
Gizé, passando pelo calendário babilônico de 2.800 a .C. chegando ao
gregoriano, o reveillon mudou de data diversas vezes. A celebração na
Mesopotâmia começava na lua nova do equinócio da primavera. Atualmente isso
seria em 19 de março. Nessa data os espiritualistas comemoram o ano novo
esotérico. Desde meados de dezembro com o tumulto das festas venho pensando no
assunto. E para cada Feliz Ano que eu desejei, pensava: mas, qual? O gregoriano
é claro! Esse calendário é uma herança
do império romano. De Numa Pompilius até Julio César reinava uma confusão só,
pois os anos não eram contados e sim nomeados em homenagem aos cônsules.
Enquanto, os assírios e persas festejavam essa passagem no dia 23 de setembro e
os gregos em 21 de dezembro para os romanos o ano principiava em 1º de março.
Com o calendário de Júlio César passou a ser celebrado em 1º de janeiro, dia
dedicado a Jano, deus dos portões. A reforma do papa Gregório III, em 1582,
consolidou a data. Então está tudo certo. Será? Alguns povos ainda comemoram em
datas diferentes. Na China, a festa acontece em fins de janeiro e início de
fevereiro. No Japão e na Índia apesar das diferenças de calendários o apelo
comercial está alterando muitas solenidades tradicionais e o ano novo está
sendo festejado junto com o Ocidente. A comunidade judaica tem um calendário
próprio, assim como os islâmicos.
Recentemente comemorei com minha filha o Rosh Hashaná. Considerado
como o ano novo, começa no primeiro dia do sétimo mês do calendário judaico: Tishrei
(set/out). Ele é oficial em Israel e vale para os judeus em todo o mundo sendo
contado a partir do sexto dia da criação, quando Adão e Eva surgem no paraíso,
portanto este é o ano 5772/5773. Está baseado no sol e na lua, enquanto o
gregoriano tem como suporte o sol e o islâmico à lua. Em vez de feliz ano novo,
a saudação é “que você seja inscrito e selado no Livro da Vida”. O período do
grande feriado torna-se a escolha entre a virtude e o pecado e aqueles que se
arrependem estão no caminho certo para serem inscritos no Livro da Vida, daí a
saudação trazendo consigo a promessa de um ano bom. Na tradição judaica o livro
é fechado no Yom Kipur. Os dez dias entre as duas datas são conhecidos como os
dias de temor. O Rosh Hashaná é também de lembrança, rememorando a história de
Isaac.
No islamismo o ano novo é celebrado na metade do mês de
maio. A contagem corresponde a Hégira, em árabe, emigração, cujo ano zero é
622, data em que o profeta Maomé deixou a cidade de Meca estabelecendo-se em
Medina.
Isso sem falar no calendário republicano francês de 1772. O
ano teve início em 22 de novembro, data em que foi instaurada a República
principiando a meia-noite no equinócio de outono. A eliminação das festas
religiosas, dos nomes dos santos e do domingo indispôs a população contra ele.
Teve curta duração e em 1806 o gregoriano voltou a vigorar. O reveillon que em
francês significa despertar voltou ao 1º de janeiro. Então... Feliz Año Nuevo! Heureuse
Nouvelle Année! Buon Anno! Happy New Year! Shaná Tová! Feliz Ano Novo! São os
meus votos sinceros aos leitores do blog.
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