O governador de província de São
Paulo, Morgado de Matheus, em 1769, designou o sargento-mor Theotônio José
Juzarte, para conduzir uma expedição
até atingir Iguatemi, em Goiás,
onde existia o Forte e Presídio de Nossa Senhora dos Prazeres. Ali tinha por missão substituir a guarda desse forte e alojar naquela região, povoadores com o propósito de
consolidar a presença brasileira naquela área, que vivia em turbulência com
vizinhos sul-americanos. Theotônio se incumbiu por recomendação do Morgado, de
elaborar um diário que serviria de informações para futuros navegantes àquela
região, quando usassem os rios Tietê, Paraná e Iguatemi.
Partiram de Araritaguaba (atual
Porto Feliz), às margens do Rio Tietê. O visconde de Taunay no livro “Diário de
Navegação”, elaborado pela Unicamp informou que
“a 13 de abril desse ano, ... é que partiu de
Porto Feliz a grande
monção, com trinta e seis grandes embarcações em que se aboletavam quase
oitocentas pessoas, das quais setecentas e tantas ‘povoadoras’ com homens,
mulheres, rapazes e crianças de todas as idades, trinta soldados de linha,
gente de mareação e equipagem”.
No dia 20 de abril, registra o
diário: “... depois passamos por uma cachoeira chamada Putunduva que quer dizer
em Português onde a vista se faz escura, é muito perigosa, e medonha esta
cachoeira, se metem as embarcações por ela com gente dentro a Deus e à ventura,
daí, mais abaixo passamos pela cachoeira de Ibauru-guassu (g.n.) e foi preciso
saltar gente em terra, aliviar as embarcações de alguma carga para poderem
passar por cima das Pedras, e a gente, e carga abrindo-se picada pelo mato para
ir sair abaixo da dita cachoeira, sofrendo muito trabalho e incômodo,
carregando-se doentes sofrendo-se muitas mordidelas de mosquitos, e Bernes na
passagem pelo mato: embarcamos outra vez, e daí mais abaixo passamos a
cachoeira de Ibauru-mirim (g.n.), esta se passou pela sua madre indo tudo embarcado,
e daí fomos seguindo viagem...” Na língua tupi-guarani Ibauru significa águas
tortuosas, correnteza. Nas imediações dessas cachoeiras desaguava o Rio Bauru,
sugerindo que ela emprestou seu nome para o rio e este para o Município criado em 1896.
No primeiro dia, depois de muito
navegar, surgiu a primeira cachoeira, Abaramanduaba; depois outra, Piraporá.
Vencidas no final da tarde, embicadas as canoas nas margens do rio, abriu-se
uma clareira para alojar o pessoal, lugar comum a se repetir nas noites seguintes: matança de jacarés e
cobras corais, ladainhas entoadas à Nossa Senhora e rezas ao santo protetor.
Dourados e pintados apressados e comidos, veados pardos abatidos para servir nas
refeições.
Cachoeiras, correntezas e saltos
seriam vencidos nos dias seguintes. Haveria transporte de carga por terra, para
que as canoas pudessem sobrepujá-los... um cenário redundante numa longa
jornada desenrolada no século 18. No trajeto, contato com carrapatos que feriam
a pele dos viajantes, doenças grassando, alguns perecendo no percurso.
E a viagem, com todas as
dificuldades que a época ensejava, prosseguiu e chegou às barras dos rios Capivari e
Sorocaba, remos avançando no rio indomável e ficaram para trás o ribeirão
Icoacatu e a barra do rio Piracicaba.
3 comentários:
Fernando Azevedo:
Parabéns pela lição de história de Bauru. Rosa Bertoldi
Fernando,
estou adorando sua participação no blog
bj bj
Fernando,
estou adorando sua participação no blog
bj bj
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