Jacqueline Kennedy Onassis trabalhava como editora
de livros. O que me fez relembrar o fato foi um comentário sobre editores em
uma palestra recente, onde fui ouvir um jovem escritor falar de sua obra. Jackie,
como era conhecida a primeira dama americana, era uma mulher emblemática e um
modelo de elegância copiado por milhares de mulheres. Possuía uma inteligência
acima da média, embora – estranhamente – tenha permanecido em um casamento
infeliz. Sou infeliz, mas tenho marido... Seria ela uma dessas mulheres? Sei
não. Talvez, tivesse mais a perder do que a ganhar com uma separação naquele
momento. John Kennedy tinha fama de mulherengo e ela de aristocrática. Era uma
companhia agradável e paciente, diziam.
Isso ajudou muito, pois o marido foi submetido a duas dolorosas
cirurgias na tentativa de sanar as dores nas costas, uma sequela da guerra. Foi
quando ela encorajou John a escrever um livro. Ele recebeu um prêmio Pulitzer
com a obra, em 1957. Arte em geral e a restauração da Casa Branca em particular
lembram Jackie. Eu penso no Egito e em Assuã. Ao saber das esculturas e obras
de arte que seriam engolidas pelas águas da futura represa saiu em busca de
patrocínio para transportar as estátuas milenares de Ramsés para outro local e
salvá-las de morrerem afogadas! Costumo lembrar também de suas tentativas
frustradas para gerar filhos. Teve um aborto espontâneo logo após o casamento.
Um ano depois perdeu outro bebê. Na época do prêmio ela deu a luz a Caroline e
depois nasceu John Jr. Quando primeira dama perdeu mais uma criança. Logo
depois ficou viúva e tornou-se a senhora Onassis.
Como cheguei aqui? Divagando, é claro, como diz o
Baptista. Ele é o grande culpado. Quer
me ver como intelectual e coloca livros e mais livros na minha estante. Tudo
junto e misturado, plagiando a frase de Regina Casé dá nisso. O assunto era
Jackie editora. Nessa profissão, como em todas as outras atividades, ela foi um
sucesso! Sua decisão de começar a trabalhar aos 45 anos de idade causou furor.
Rica, bonita, inteligente, não posso esconder a admiração por ela e por mulheres
independentes e dispostas a buscar o reconhecimento profissional. Explicando o
subtexto desse texto diria que a palavra é recomeçar. Como? Ah, não sabem?
Aprendi na palestra: todo conto tem de ter um subtexto, pois bem, nesse caso, a
ideia é recomeço... Jackie O. recomeça da estaca zero uma nova vida. Bonito,
não é? Anteriormente, como primeira dama fez contribuições valiosas para a arte
e preservação da arquitetura americana. Como mulher era dona de um estilo
inconfundível e uma mania: andar descalça. Pés eram mais bonitos que mãos,
afirmava. Frase repetida por mim até a exaustão, também sou dona do mesmo
defeito. O guarda roupas recheado de
peças Chanel e seu colar de pérolas falsas eram famosos. Adoro essa parte, pois passeando pelas ruas de
Praga parava em cada camelô onde tivesse um colar de cristal ou pérola para
vender... tudo tão bonito e tão duvidoso!
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