Deveria dizer que se trata de similaridade? Não
sei... Como contei para vocês que o Baptista decidiu me transformar numa mulher
culta deu-me um catalogo da exposição que começou a ser exibida no Museu
D’Orsay (Paris) sobre a obra de Van Gogh. E daí, perguntarão alguns. O texto
relata como surgiu o nome da mostra: Van Gogh: o suicida da sociedade. Em 1947
ao reunir e classificar trabalhos do artista, o curador Pierre Loeb pediu ao
dramaturgo Antonin Artaud que escrevesse sobre Van Gogh. Seu texto foi
transformado em livro e exposição nesse ano de 2014.
Vou chover no molhado. Todos sabem quem foi Van
Gogh, pintor holandês diagnosticado como esquizofrênico. A esquizofrenia é
considerada pelos psicopatologistas como um tipo de sofrimento psíquico grave,
caracterizado pela alteração no contato com a realidade. Como eu sei disso?
Lendo a Nise da Silveira. Seu assunto era a loucura na arte. Hoje em dia os
especialistas não a consideram como doença, mas como transtorno mental. Mas,
vou falar da arte de Van Gogh, meu mais recente conhecimento e não sobre
doenças. Nas palavras do próprio artista: ele queria exprimir esperança num
punhado de estrelas... Arte é isso, não é? Ele abandonou cedo a escola e tentou
ser pastor religioso como seu pai antes de chegar a pintura, sua verdadeira
vocação. Após estudar desenho passou a representar no papel um registro
sensível e metódico do que via: fazendas, lavouras, florestas, moinhos,
carroças, camponeses, sapateiros, ferreiros, seus pais, amigos, trabalhando com
crayon, aquarela, pincel, nanquim. Convidado a viver em Paris, passou dois
meses em Antuérpia antes de chegar a cidade luz. Sua permanência no local
colocou-o em contato com a obra de Rubens, uma forte influencia em sua obra. Após
algum tempo na França, fixou residência em Artes. Nessa época empregava cores
fortes, ousadas, violentas, sua característica principal, tanto que é
considerado um precursor do expressionismo. Mas, qual seria a relação com Antonin
Artaud além do texto encomendado pelo curador, nos idos de 1940? A doença que
não é uma doença.
Artaud foi dramaturgo,
poeta, pintor, escritor, roteirista, diretor de teatro fortemente ligado ao
surrealismo. Ele é uma referencia para diretores como Peter Brook, Jerzy
Grotowski, Eugenio Barba dentre outros. Eu já vi diversas montagens de Peter
Brook tanto no Brasil como na França e considero o diretor tão clássico! Logo
se vê que não entendo nada de teatro, mesmo... Em 1937 Artaud foi considerado
louco, louco de pedra. Nossa, fiquei pasma ao ler isso. Ficou internado em
manicômio por seis anos e depois transferido para uma clinica por mais três anos
voltando à Paris somente em 1946. Mas,
não dizem que o poeta ultrapassa a lógica normal? Quem teria razão a medicina
ou a irracionalidade contida no mundo artístico? Não sei. Artaud postulava que
o grito, a respiração, o corpo do homem era o lugar primordial do ato criativo
teatral. O teatro era para ele o lugar
privilegiado da germinação de um formato que refaz o ato criador. Sua obra como
um todo era simbolista, metafórica e com experimentações linguísticas. Um
expressionista e outo surrealista, ambos considerados loucos, ambos artistas
respeitados em suas profissões. Fico pensando numa frase conhecida: de perto
ninguém é normal. Resumindo o germe da loucura deve estar em todos nós.
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