Queridos,
tentamos mas a vida corrida não ajuda e ao final, só Rosa Bertoldi escrevia e aí quando esta me disse que quer parar com o blog é que é chegada a hora de baixar as portas.
Foi um prazer e o arquivo permanece aqui.
bj bj
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
domingo, 24 de agosto de 2014
Seria Jagger um pé frio?
Nesse ano Mick Jagger telefonou para desejar sorte a
seleção da Inglaterra. Eles ganharam e
lá estava o roqueiro no jogo seguinte torcendo pelo time. Adivinha o que
aconteceu? A Inglaterra perdeu... Em vez de voltar para a Europa mudou de
seleção passando a torcer pela Itália e três dias depois acabou voltando para
casa. Jagger tem fama de pé frio e quando assiste e torce por um time leva o
coitado para o buraco. É sabido que desde 1982, foi a todas as copas, sempre
torcendo para a seleção brasileira e nunca viu o pais ganhar o premio. O Brasil
ganhou nos Estados Unidos e Japão sem a presença do famoso simpatizante.
As gozações com o cantor devido ao seu pé frio em
relação aos times de futebol foi uma atração a parte durante a realização da
Copa do Mundo. Deveriam acrescentar a ele a senhora presidente do Brasil que
além de azarada foi inúmeras vezes vaiada. Seria esse o motivo daquela cara
feia na entrega da taça? Bom, não ser ovacionada como Mandela no último
acontecido na África deve ser mesmo frustrante, pois embora eu não entenda de
futebol parece-me que o circo foi armado para glorificar o governo, nos moldes
fascistas da década de 1930, na Europa. Aqui o negócio virou do avesso!
Durante os festejos aproveitei para ler um livro
best seller para me divertir e não é que me deparo com outro pé frio? O recruta
inglês Richard Sharpe é personagem de um romance relatando a guerra entre os
seus conterrâneos e os persas, liderados por Tipu. Eles dominaram uma região
islâmica da Índia. Ainda no Reino Unido, o jovem era constantemente perseguido
pelo sádico sargento chefe de seu regimento. Na Índia, a situação permanece a
mesma, mesmo que agora ele esteja a serviço da realeza integrando uma expedição
para derrubar o impiedoso sultão Tipu. Com ciúmes do recruta, o sargento
acusa-o de alguma falta e coloca o moço no tronco. Açoitado, aproveita a
ocasião para fingir-se de desertor para buscar informações e sondar o terreno
do inimigo. Para provar sua lealdade luta com seus camaradas e finge tão bem
que acaba ganhando uma condecoração! Uma ironia, pois de verdade, ele não
entrou na batalha. O sargento ao ser preso denuncia o recruta. Preso ele se
encontra com o chefe da expedição de espiões. Resumindo, eles fogem da
masmorra. O coronel refugia na casa de um general indiano e ele volta para o
campo de batalha. Termina tudo bem com Sharpe. Durante o último confronto ele
mata Tipu e se apodera de suas joias, como espólio de guerra. É promovido e
torna-se o novo herói literário da Inglaterra com direito a série na televisão.
Enquanto Mick Jagger continua sua carreira de sucesso... Pé frio? Sei não...
domingo, 17 de agosto de 2014
Histórias: Van Gogh e Antonin Artaud
Deveria dizer que se trata de similaridade? Não
sei... Como contei para vocês que o Baptista decidiu me transformar numa mulher
culta deu-me um catalogo da exposição que começou a ser exibida no Museu
D’Orsay (Paris) sobre a obra de Van Gogh. E daí, perguntarão alguns. O texto
relata como surgiu o nome da mostra: Van Gogh: o suicida da sociedade. Em 1947
ao reunir e classificar trabalhos do artista, o curador Pierre Loeb pediu ao
dramaturgo Antonin Artaud que escrevesse sobre Van Gogh. Seu texto foi
transformado em livro e exposição nesse ano de 2014.
Vou chover no molhado. Todos sabem quem foi Van
Gogh, pintor holandês diagnosticado como esquizofrênico. A esquizofrenia é
considerada pelos psicopatologistas como um tipo de sofrimento psíquico grave,
caracterizado pela alteração no contato com a realidade. Como eu sei disso?
Lendo a Nise da Silveira. Seu assunto era a loucura na arte. Hoje em dia os
especialistas não a consideram como doença, mas como transtorno mental. Mas,
vou falar da arte de Van Gogh, meu mais recente conhecimento e não sobre
doenças. Nas palavras do próprio artista: ele queria exprimir esperança num
punhado de estrelas... Arte é isso, não é? Ele abandonou cedo a escola e tentou
ser pastor religioso como seu pai antes de chegar a pintura, sua verdadeira
vocação. Após estudar desenho passou a representar no papel um registro
sensível e metódico do que via: fazendas, lavouras, florestas, moinhos,
carroças, camponeses, sapateiros, ferreiros, seus pais, amigos, trabalhando com
crayon, aquarela, pincel, nanquim. Convidado a viver em Paris, passou dois
meses em Antuérpia antes de chegar a cidade luz. Sua permanência no local
colocou-o em contato com a obra de Rubens, uma forte influencia em sua obra. Após
algum tempo na França, fixou residência em Artes. Nessa época empregava cores
fortes, ousadas, violentas, sua característica principal, tanto que é
considerado um precursor do expressionismo. Mas, qual seria a relação com Antonin
Artaud além do texto encomendado pelo curador, nos idos de 1940? A doença que
não é uma doença.
Artaud foi dramaturgo,
poeta, pintor, escritor, roteirista, diretor de teatro fortemente ligado ao
surrealismo. Ele é uma referencia para diretores como Peter Brook, Jerzy
Grotowski, Eugenio Barba dentre outros. Eu já vi diversas montagens de Peter
Brook tanto no Brasil como na França e considero o diretor tão clássico! Logo
se vê que não entendo nada de teatro, mesmo... Em 1937 Artaud foi considerado
louco, louco de pedra. Nossa, fiquei pasma ao ler isso. Ficou internado em
manicômio por seis anos e depois transferido para uma clinica por mais três anos
voltando à Paris somente em 1946. Mas,
não dizem que o poeta ultrapassa a lógica normal? Quem teria razão a medicina
ou a irracionalidade contida no mundo artístico? Não sei. Artaud postulava que
o grito, a respiração, o corpo do homem era o lugar primordial do ato criativo
teatral. O teatro era para ele o lugar
privilegiado da germinação de um formato que refaz o ato criador. Sua obra como
um todo era simbolista, metafórica e com experimentações linguísticas. Um
expressionista e outo surrealista, ambos considerados loucos, ambos artistas
respeitados em suas profissões. Fico pensando numa frase conhecida: de perto
ninguém é normal. Resumindo o germe da loucura deve estar em todos nós. segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Into the wild
Existem filmes, livros, músicas que mexem com o coração. Adoro algumas dessas bobagens. E o filme Na natureza selvagem é uma delas. Tudo no filme me toca. A história de Christopher McCandless e sua dificuldade de lidar com os constantes ataques da vida, seu amor pela natureza e sua vontade de experimentar a natureza.
Se a vontade de Alex Supertramp, o nome com o qual Chris sumiu no mundo, era experimentar a vida no Alasca, a minha é me perder na África. Não da mesma forma desapegada e sem volta de Alex/Chris, mas experimentar um mundo mais básico, onde as relações não sejam tão complicadas e dolorosas.
Ver Na natureza selvagem mostra que há bondade no mundo, na verdade, que o mundo é cheio de gente bacana e bonita no sentido mais básico da palavra. E a experiência de Chris, antes de ser morto pela propria a natureza, que é mais forte que todos nos e pode ser cruel, é intensa e mostra muitas portas se abrindo, muita gente de bom coração dispostas a auxiliar das maneiras mais simples. Bobas ate.
Baseado em fatos verídicos o filme mostra os dois ultimos anos na vida desse rapaz de classe média alta que abriu mão de tudo. Ha quem diga que foi por rebeldia, outros afirmam que foi por simples por vontade ou por acreditar em coisas maiores. Eu acho que ele saiu em busca dele mesmo e por um tempo se achou. Pode ser uma visao romantica da minha parte ja que para se encontrar, para encontrar a tal paz interior Alex/Chris precisou se perder e eventualmente perder a vida.
E nesse abrir mão se colocou em um mundo que nos é escondido: o mundo da natureza, onde a cadeia é seguida, onde o que se planta é o que se colhe, onde o respeito e a integração são peças essenciais à sobrevivência.
O diretor Sean Penn esperou dez anos para rodar o filme, baseado no livro reportagem de Jon Krakauer, pois queria ter a certeza da aprovação da família McCandless. Valeu a pena.
Ah, e quem se empolgar em assistir, presta bem atencao na trilha que eh um show a parte.
Se a vontade de Alex Supertramp, o nome com o qual Chris sumiu no mundo, era experimentar a vida no Alasca, a minha é me perder na África. Não da mesma forma desapegada e sem volta de Alex/Chris, mas experimentar um mundo mais básico, onde as relações não sejam tão complicadas e dolorosas.
Ver Na natureza selvagem mostra que há bondade no mundo, na verdade, que o mundo é cheio de gente bacana e bonita no sentido mais básico da palavra. E a experiência de Chris, antes de ser morto pela propria a natureza, que é mais forte que todos nos e pode ser cruel, é intensa e mostra muitas portas se abrindo, muita gente de bom coração dispostas a auxiliar das maneiras mais simples. Bobas ate.
Baseado em fatos verídicos o filme mostra os dois ultimos anos na vida desse rapaz de classe média alta que abriu mão de tudo. Ha quem diga que foi por rebeldia, outros afirmam que foi por simples por vontade ou por acreditar em coisas maiores. Eu acho que ele saiu em busca dele mesmo e por um tempo se achou. Pode ser uma visao romantica da minha parte ja que para se encontrar, para encontrar a tal paz interior Alex/Chris precisou se perder e eventualmente perder a vida.
E nesse abrir mão se colocou em um mundo que nos é escondido: o mundo da natureza, onde a cadeia é seguida, onde o que se planta é o que se colhe, onde o respeito e a integração são peças essenciais à sobrevivência.
O diretor Sean Penn esperou dez anos para rodar o filme, baseado no livro reportagem de Jon Krakauer, pois queria ter a certeza da aprovação da família McCandless. Valeu a pena.
Ah, e quem se empolgar em assistir, presta bem atencao na trilha que eh um show a parte.
domingo, 10 de agosto de 2014
Tomar o mundo como se fosse coca cola...
A frase é bonita, mas não é minha. O autor é Caetano
Veloso. Pensei nela depois das trapalhadas diplomáticas do governo brasileiro
em relação a botar sua colher de pau no caldeirão fervente da guerra milenar
entre os povos do Oriente Médio. No caso, a gafe foi com Israel e sendo o povo
hebreu conhecido pelo senso de humor exacerbado aqueles que deram resposta ao
anão diplomático usaram e abusaram desse refinado jeito de fazer piadas na hora
exata por motivos certos, aproveitando-se da saia justa e do ridículo da
história. Estariam eles debochando da gente? Tenho culpa dos repentes de uma
presidente mal assessorada? A chancelaria precisou de acento mais forte com
relação à Gaza... foi uma das respostas dadas por alguns envolvidos, ou não no
caso, completando: a situação é tão grave quanto na Ucrânia. Ué, por que não
retiraram o embaixador da Ucrânia e deram um acento mais forte por lá também? O
partido do governo tem uma simpatia exagerada por alguns países fomentadores de
guerrilhas e brigas justas ou injustas na região. Pensei na Nice, uma arquiteta
que trabalhava comigo no Fundusp que apregoava que óleo e água não se misturam.
Frase mais sem sentido não é? Mas, ela queria dizer que as pessoas/políticos/países
que se juntavam eram farinhas do mesmo saco. Voltando ao assunto, no Oriente
todos têm razão. No Oriente ninguém tem razão... Aquela faixa de terra foi o
corredor para diferentes culturas e povos desde que o mundo é mundo para comercializar
seus produtos via mar. Portanto as brigas eram permanentes. Com a descoberta de petróleo, o caminho
tornou-se mais precioso e mais perigoso. Quando da criação do estado de Israel,
em 1947, o local ficou dividido em Israel e Palestina. Como os palestinos não
assinaram o acordo o mapa se delineou aleatoriamente transformando-se na
confusão atual. Gaza foi tomada pelo Egito e o que sobrou ficou com a
Cisjordânia. Hoje a Autoridade Nacional Palestina controla Gaza e 20% do
território da Cisjordânia, onde os israelenses são proibidos de entrar. O
anunciado pela mídia foi que o Brasil havia retirado o embaixador brasileiro de
Israel. Os entendidos no assunto disseram tratar-se de um insulto grave essa
coisa de recolher funcionário diplomático de países tidos como amigos. Tá certo
vai ter sempre alguém dizendo que o Brasil é amigo da onça de Israel e fiel
escudeiro para o Irã, por exemplo.
Meditando sobre o ocorrido rememorei um fato
ocorrido há pouco tempo. Fernando Henrique Cardoso recebeu o título de Doctor
Philosophae Honoris Causa, uma das maiores honras concedidas a personalidades
internacionais. Pensei em como o ex- presidente, do alto de seus 80 anos e de
toda sua bagagem cultural toma o mundo, como os jovens bebem coca cola,
acreditando que ele jamais se envolveria em um escândalo desses.
Na troca de farpas, respondendo ao quesito
proporcionalidade houve referencia até aos 7x1. Ri sozinha considerando que o
chute foi tão forte quanto o tal acento. Um pé no saco e outro na canela, pois
7x1 mexeu com os brios futebolísticos da nação que possuía o melhor futebol do
planeta, depois da Alemanha e Argentina e mais uma dúzia de outros países. A
estocada israelense repetiu nas entrelinhas algo dito por Charles De Gaulle:
esse não é um país sério.
domingo, 3 de agosto de 2014
Histórias: Jackie Onassis
Jacqueline Kennedy Onassis trabalhava como editora
de livros. O que me fez relembrar o fato foi um comentário sobre editores em
uma palestra recente, onde fui ouvir um jovem escritor falar de sua obra. Jackie,
como era conhecida a primeira dama americana, era uma mulher emblemática e um
modelo de elegância copiado por milhares de mulheres. Possuía uma inteligência
acima da média, embora – estranhamente – tenha permanecido em um casamento
infeliz. Sou infeliz, mas tenho marido... Seria ela uma dessas mulheres? Sei
não. Talvez, tivesse mais a perder do que a ganhar com uma separação naquele
momento. John Kennedy tinha fama de mulherengo e ela de aristocrática. Era uma
companhia agradável e paciente, diziam.
Isso ajudou muito, pois o marido foi submetido a duas dolorosas
cirurgias na tentativa de sanar as dores nas costas, uma sequela da guerra. Foi
quando ela encorajou John a escrever um livro. Ele recebeu um prêmio Pulitzer
com a obra, em 1957. Arte em geral e a restauração da Casa Branca em particular
lembram Jackie. Eu penso no Egito e em Assuã. Ao saber das esculturas e obras
de arte que seriam engolidas pelas águas da futura represa saiu em busca de
patrocínio para transportar as estátuas milenares de Ramsés para outro local e
salvá-las de morrerem afogadas! Costumo lembrar também de suas tentativas
frustradas para gerar filhos. Teve um aborto espontâneo logo após o casamento.
Um ano depois perdeu outro bebê. Na época do prêmio ela deu a luz a Caroline e
depois nasceu John Jr. Quando primeira dama perdeu mais uma criança. Logo
depois ficou viúva e tornou-se a senhora Onassis.
Como cheguei aqui? Divagando, é claro, como diz o
Baptista. Ele é o grande culpado. Quer
me ver como intelectual e coloca livros e mais livros na minha estante. Tudo
junto e misturado, plagiando a frase de Regina Casé dá nisso. O assunto era
Jackie editora. Nessa profissão, como em todas as outras atividades, ela foi um
sucesso! Sua decisão de começar a trabalhar aos 45 anos de idade causou furor.
Rica, bonita, inteligente, não posso esconder a admiração por ela e por mulheres
independentes e dispostas a buscar o reconhecimento profissional. Explicando o
subtexto desse texto diria que a palavra é recomeçar. Como? Ah, não sabem?
Aprendi na palestra: todo conto tem de ter um subtexto, pois bem, nesse caso, a
ideia é recomeço... Jackie O. recomeça da estaca zero uma nova vida. Bonito,
não é? Anteriormente, como primeira dama fez contribuições valiosas para a arte
e preservação da arquitetura americana. Como mulher era dona de um estilo
inconfundível e uma mania: andar descalça. Pés eram mais bonitos que mãos,
afirmava. Frase repetida por mim até a exaustão, também sou dona do mesmo
defeito. O guarda roupas recheado de
peças Chanel e seu colar de pérolas falsas eram famosos. Adoro essa parte, pois passeando pelas ruas de
Praga parava em cada camelô onde tivesse um colar de cristal ou pérola para
vender... tudo tão bonito e tão duvidoso!
domingo, 27 de julho de 2014
Rose is a rose is a rose is a rose...
A frase foi escrita por Gertrude Stein em 1913 no poema
Sacred Emily. A autora reconhecida por
uma biografia longa, por uma frase curta e pelo maior acervo de Picassos e
Matisses do inicio do século XX era inteligente, amiga de escritores e
pintores, crítica feroz por natureza. Leu quase todos os originais do começo do
século e deu palpites até em obras primas das artes plásticas. Como todo ser
humano além de seu tempo, ela era considerada uma velha gaga. Escrevia no
presente continuo característica moderna demais para a época. Sua maneira de se
expressar estava em Joyce e outros autores. Isso os deixou famosos, mas não a
própria, não sei se por preconceito ou má vontade. O mesmo aconteceu com uma
conhecida primeira ministra da Inglaterra. Há mais de duas décadas não entrou
na fria que se tornou o mercado comum europeu. Bateu o pé e ficou fora dele
assim como, também, do governo. Mesmo com o fracasso do projeto de uma Europa
unificada, ela continuou odiada em sua pátria.
Rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa tem diversos
significados. O literal é as coisas são o que são. Seu verso tornou-se
apreciado por sintetizar a modernidade através de dois níveis, o sintático e o semântico,
afirmando a autonomia do verbo. A arte moderna tem por objeto ela mesma. A
avaliação mais feroz que recebeu é ser sua própria metalinguagem. Bobagem, cada
época possui características próprias e a modernidade reuniu em seu tempo o
maior número de gênios por metro quadrado. Lembre-se leitor que idade moderna,
historicamente falando começou com a queda de Constantinopla. Então, Leonardo,
Alberti, Miguelangelo, Rafael, Botticelli, Vermeer, Shakespeare, Van Gogh, os
impressionistas, Cézanne, Rimbaud, Verlaine, Valéry, Baudelaire, Magritte,
Picasso, Duchamp, etc, etc, estão todos dentro do pacote. Está certo que os
críticos consideram como arte moderna a ruptura ocorrida com o simbolismo.
Então, em literatura o começo estaria em Poe e na perda da ingenuidade pura.
Quando, alguém perguntou a Gertrude Stein o significado de
Rose is a rose is a rose is a rose ela respondeu: poetas usam palavras
arquivadas na memória. “Eu acho que nessa linha uma rosa é vermelha pela
primeira vez em muitos anos.” Rose is red... sua imaginação e sua emoção reveladas
através da cor, cujo símbolo é amor,
respeito, adoração. Acredito que a arte só é arte se por uma competência mágica,
um talento inexplicável, um artista leva o leitor/observador a filosofar
despreocupadamente transformando aquilo que vê em conceitos, palavras, ideias,
algo que a “velha gaga” conseguiu com muita classe!
segunda-feira, 21 de julho de 2014
"Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar"
A moça dos sonhos Chico Buarque
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar"
A moça dos sonhos Chico Buarque
Tudo tem um
tempo. E tem gente que entra na nossa vida na hora errada e de repente volta na
certa... ou vira nostalgia para as horas escuras. Tem gente que a gente tem
certeza na primeira troca de olhares ou no primeiro toque de que será alguém
importante. Às vezes mais, outras menos.
É engraçado como nos meus 30 e tantos hoje sou capaz de perceber que tem gente que não é. Tem gente que entra na vida para o futuro ou para o nunca. Para viver em uma casa de sonhos perdidos como naquela música do Chico.
É engraçado como nos meus 30 e tantos hoje sou capaz de perceber que tem gente que não é. Tem gente que entra na vida para o futuro ou para o nunca. Para viver em uma casa de sonhos perdidos como naquela música do Chico.
domingo, 20 de julho de 2014
Ancestralidade: Rosa e seus antepassados...
Ao falar sobre a visita de Nilza, minha amiga
mineira, comentei a questão da ancestralidade da maioria dos brasileiros. A
maior parte do tempo, eu ajo e penso como Rosa Bertoldi II, bisneta de Rosa
Bertoldi, porém tenho um lado brasileiro muito forte. Meu avô materno nasceu na
Bahia. Isso lembra meu rei? João Gilberto canta “eu vim da Bahia...” Eu também?
A família de minha mãe é mineira e hoje encontra-se espalhada por diferentes
estados por conta de seus negócios. Mas, quando Cabral chegou uma rede complexa
de povos indígenas, em estágio neolítico, vivia aqui. Acredito em pelo menos
uns cem grupos linguísticos, dos quais se conhece atualmente o tupi e o
guarani. Diferentes das sociedades organizadas do México e dos Andes, os locais
não possuíam exércitos e aceitaram a colonização e cristianização. O tal
espírito pacífico é bem antigo. Depois vieram os africanos. Da mistura de
brancos, índios e afros surgiram os caboclos e mestiços. No século XIX
juntaram-se aos portugueses, imigrantes de todo mundo, meu bisavô, inclusive.
Quem era Giuseppe... e Rosa?
Meu avô morreu no dia 25 de dezembro de 1943, eu nem
havia nascido. Cresci sem ver a família comemorar a data. Acreditava ser pelo
luto. Não era. Vamos às histórias...
Trieste fica plantada na encosta de uma montanha
imponente de onde se avista o mar Adriático. Seu clima é ameno. Do norte chega
uma brisa leve deixando a cidade constantemente fresca no verão. Esse era o
pano de fundo durante o ano de 1866, quando Franz Joseph uniu a Áustria e o
reino da Hungria transformando o império constitucionalista da família Hasburg
no mais vasto e multiétnico Estado europeu, composto de 13 países e 52 milhões
de habitantes.
Rosa nasceu e viveu em Trieste habitada por 160 mil
pessoas, cujo porto tornara-se o mais importante do império. Seus pais
pertenciam à burguesia local e tinham grandes planos para a jovem de 17 anos, que
nas noites claras de verão deitava-se nas areias mornas da praia sonhando com
um príncipe encantado... Ela bem podia ter-se apaixonado por um marinheiro.
Dessa maneira seria fácil descrever a moça de olhar tristonho chorando pelo
amado no cais. Rosa ficou a ver navios. Um bom começo para a história não é? Ou
então, como na música Gesùbambino: ele vinha sem muita conversa, sem muito
explicar/eu só sei que falava e cheirava e gostava do mar/ele assim como veio
partiu não se sabe pra onde/e deixou minha mãe com o olhar cada dia mais
longe...
Giuseppe morava em Viena, onde o caldeirão da
modernidade fervilhava com movimentos nacionalistas proliferando, ciência e
arte rompendo com vários conceitos numa fragmentação geral. Sigmund Freud,
Gustav Klimt, Oscar Kokoschka e Otto Wagner viviam em conexão direta com a
decadência moral e social, da capital imperial. Mesmo assim ali estava uma
verdadeira usina cultural balançando entre um período de crise aliada a um
nível de produção nunca visto. O jovem,
como todo vienense, possuía a personalidade vazia característica da sociedade
austríaca, que para fugir ao tédio e ao frio dos apartamentos vivia
perambulando de café em café. Giuseppe, como a maioria dos varões de sua
família, entrara para o Exército muito jovem e aos 27 anos era coronel. Estava
em Trieste como comandante do 9º Regimento de Hussardos, sob as ordens do
imperador para investigar todos os aspectos dos serviços e agências militares.
Apesar dessa pesada carga encontrava tempo para
viagens de lazer e expedições de caça, tanto aos animais quanto as beldades da
cidade. Durante um baile aproximou-se de Rosa e a atração entre ambos foi
mutua. No começo eram somente olhares furtivos que depois se transformaram em
frases curtas. Filho mais velho do conde de Chotek, tradicional família de
Praga, embora tivesse entre seus antepassados, os príncipes de Baden e
Liechtenstein, essa bagagem não satisfazia as exigências necessárias para o
moço casar-se com uma prima afastada, a duquesa Maria Cristina, pois a nobreza
dos Chotek vinha através da linhagem feminina.
Rosa e Giuseppe passaram a se encontrar diariamente
no recanto mais bonito e exclusivo da cidade, o Castelo de Miramare, construído
para ser residência do irmão do imperador austríaco, inaugurado no Natal de
1860. Ferdinand Maximilian, especialista em botânica, cuidou pessoalmente da escolha
do local de sua residência, um promontório rochoso de origem calcária dentro de
um parque de 22 hectares com árvores do mundo todo, inclusive cítricas da
América do Sul, daí seu ar impregnado da fragrância de flores de laranjeiras. O
castelo de estilo eclético está rodeado por canteiros de flores e muita grama. O
deserto transformado em um jardim verde e idílico.
Teria o novo Éden inspirado o romance? A ordem
divina para crescer e multiplicar foi levada ao pé da letra. Coisas da Bíblia,
da Torá ou de algum outro livro sagrado. Minha imaginação é fértil, porém não
seria capaz de colocar palavras na boca de Deus!
De tímidos abraços e beijos passaram para
intimidades maiores. Meses depois Rosa estava grávida! Portanto, a Vila acabou
sendo a primeira residência do filho ainda não nascido. Lá a jovem caminhava
por belas veredas na contra mão da vida, livre de códigos e convenções, como
sua contestadora bisneta que vive buscando um mundo baseado no amor, na paz e
na arte para resolver as diferenças ideológicas entre os povos...
Rosa acreditava numa união que não aconteceu, pois
“não é permitido um hebreu se casar com membros de nações pagãs.” Estava
escrito nas estrelas. Brincadeira trata-se do Deuteronômio. Judeus não se
casavam com gentios naquela época. Mesmo hoje Baptista e eu somos uma exceção.
Rosa, mais corajosa que romântica decidiu ter o bebê. Chotek permaneceu ao seu
lado dando ao filho seu nome e sobrenome. Giuseppe, por coincidência, nasceu no
dia 25 de dezembro de 1867.
A vida continuou para todos. Giuseppe pai voltou
para Viena. Rosa desapareceu para reaparecer – irreverente – cento e cinqüenta
anos depois (re)encarnada em uma de suas bisnetas: eu!
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Dados quantitativos
"David: BERN, CADE TODO MUNDO?
Bern: QUEM?
David: TODO MUNDO QUE CONHECÍAMOS. ONDE ESTÃO?
Bern: SEI LÁ, CARA. SUMIRAM.
David: ENGRAÇADO COMO AS PESSOAS DESAPARECEM.
AMOR
E RESTOS HUMANOS - Brad Fraser
335 amigos no facebook
1 presente de aniversario
a impressao de que a vida ja foi menos solitaria
a certeza de que nao tende a melhorar
domingo, 13 de julho de 2014
A visita
Minha mãe nasceu em Minas Gerais, numa região de
montanhas e serrado, perto de Salinas uma cidade conhecida pela sua boa
cachaça. Igual a Santo Amaro da Purificação de Caetano Veloso, não é? Estive em Santo Amaro uma vez, e também em Salinas quando jovem acompanhando
minha mãe em retorno a sua cidade natal.
Ela e sua melhor amiga Lia se encontravam anualmente. Lia vinha e ficava
em Bauru por um mês. Elas nunca perderam contato. Amizade, amizade mesmo! De
uns cinco anos para cá, após o falecimento de minha mãe perdemos o contato com
esses amigos e só conseguimos o reencontro devido à força de vontade de Nilza,
filha de Lia, que não sossegou enquanto não teve noticias nossas. Bons tempos
aqueles e esses. Foi através do Facebook que fui resgatada. A partir desse fato
minha vontade de voltar à cidade natal de minha mãe não me saia da cabeça.
Porém a vida moderna impõe obrigações e restrições, em vez de liberdade, e enquanto
eu patinava ao redor de meu trabalho, Nilza chegou. A mulher corajosa que veio
de longe! Por incrível coincidência chegaram também os meus parentes mineiros
que foram viver no Paraná. Foi uma festa o encontro de todos, pois alguns dos
meus primos fizeram o caminho inverso dos avós e estão vivendo em Montes Claros
e Uberlândia. Endereços trocados e lá
vai Nilza conhecer a nova geração.
Não sei como descrever Nilza. Acho que ela lembra a
mãe, se você imaginar o físico, um retrato, então... Interiormente ela me faz
recordar Rosa Bertoldi, minha famosa bisavó italiana de Trieste. Mesma
fortaleza, mesma história, mesma sinceridade. Amor exalando pelos poros. Eu sou
vaidosa, pinto os cabelos, vivo comprando cremes, fiz plástica no pescoço, daí
vem uma famosa gozação de Rosa Leda sobre a amiga que tem fixação em pescoços,
não de aves, mas de mitos como Nefertite ou Afrodite, ou mesmo da minha outra
amiga bauruense a Marilena... É o mundo moderno se desmanchando e a gente
brincando. Mas, como dizem que rir é o melhor remédio. Nilza não é assim, é a
autenticidade em pessoa, com seu excesso de peso e seus lindos cabelos
grisalhos, uma joia rara nesse mundo tão conturbado. Contou sobre a família,
suas idas e vindas entre a pequena cidade e Montes Claros, suas permanências
com as irmãs e com o filho Juliano. Agora mesmo, eu esperando uma longa estadia
e ela sai como um corisco para Campinas e depois para São Paulo para estar
junto do Juliano. Me aguarde, Nilza, eu vou...Enquanto planejo a ida penso numa música que ouvi dias desse, dizendo:
“vou te fazer uma visita/mas não fique assim aflita/que eu não vou reparar/não
precisa de baquete/nem se preocupe com enfeite....” Pense só naquele pão de queijo
de dar água na boca e no pão caseiro quentinho que eu adoro tanto! Bom, se
tiver berinjela temperada pra rechear, melhor ainda...
sexta-feira, 11 de julho de 2014
Um estudo feito nos Estados Unidos concluiu que a teoria dos seis graus de separação - segundo a qual apenas seis pessoas separam você de qualquer indivíduo no mundo - pode estar correta, embora talvez sete graus seja um número mais exato.
Pesquisadores da Microsoft estudaram os endereços de pessoas que enviaram 30 bilhões de mensagens instantâneas usando o programa MSN Messenger durante um único mês em 2006.
Quaisquer duas pessoas estão conectadas por, em média, sete ou menos conhecidos - dizem os especialistas.
A teoria dos seis graus de separação, criada na década de 1960, exerce fascínio sobre muitos, e inspirou um filme homônimo, dirigido por Fred Schepisi e lançado em 1993. Em 2006, no entanto, foi questionada por uma especialista e caiu em descrédito.
Em entrevista ao jornal americano Washington Post, um dos pesquisadores envolvidos no projeto Messenger, Eric Horvitz, disse que ele próprio tinha ficado chocado com os resultados.
"O que nós estamos vendo indica que talvez exista uma constante de conectividade social para a humanidade", disse Horvitz.
"As pessoas já suspeitavam de que nós todos somos realmente muito próximos. Mas estamos mostrando em grande escala que esta ideia vai além do folclore".
Mito
O banco de dados usado por Horvitz e seu colega Jure Leskovec envolveu toda a rede de mensagens instantâneas da Microsoft - cerca de metade de todo o tráfego de mensagens instantâneas do mundo - enviadas em junho de 2006.
Para o estudo, duas pessoas foram consideradas conhecidas se tinham enviado ao menos uma mensagem instantânea uma à outra.
Tentando chegar ao menor número de elos da corrente necessários para conectar todos os usuários incluídos no banco de dados, os pesquisadores concluíram que a média era de 6,6 elos e que 78% dos pares poderiam ser conectados por sete ou menos pessoas.
A teoria dos seis graus de separação foi criada pelo psicólogo americano Stanley Milgram após uma série de experimentos conhecida como Small World (mundo pequeno) onde ele pedia a uma pessoa que passasse uma carta a outra, desde que essa outra pessoa fosse conhecida.
O objetivo era que a carta chegasse a uma determinada pessoa, desconhecida da primeira, que vivia em uma outra cidade.
Segundo Milgram, o número médio de vezes que a carta foi passada foi seis - daí a teoria dos seis graus de separação.
Em julho de 2006, entretanto, a psicóloga Judith Kleinfeld, da Alaska Fairbanks University, analisou as anotações da pesquisa original de Milgram e verificou que 95% das cartas não haviam chegado ao seu destinatário final.
Ela concluiu que a teoria dos seis graus não passava de um mito. Mas a equipe da Microsoft disse que seu estudo valida pela primeira vez, em escala planetária, a teoria de Milgram.
domingo, 6 de julho de 2014
Os seres humanos devem aprender a se adaptar ao inevitável...
A frase está no I Ching e no Velho Testamento. Os
cristãos consideram o antigo e o novo testamento como um único volume, a
Bíblia, palavra derivada do grego, livros. O termo no judaísmo é sefarim e
tanakh, lei entendida como guia, ajudando a lembrar seu conteúdo: Torah. A
formação da Bíblia, uma compilação de escritos em hebraico e aramaico no
Gênesis, é controversa. Antes da era cristã existia uma tradução para a Grécia
destinada aos judeus ali residentes conhecida como Vulgata. Os primórdios do
cristianismo são obscuros, pois os seus seguidores suprimiram textos que seriam
de importância para a pesquisa atual. O cristianismo é uma reinterpretação do
judaísmo. Sua pedra basilar, o Pentateuco, encontra-se no livro cristão aliás
todo texto atribuído a Moisés nunca foi rejeitado pelo cristianismo, embora haja
um abismo separando a crença moderna daquela praticada na forma primitiva.
Queiram ou não, a religião deveria ser a busca da verdade, da qual ninguém
deveria ter medo. Cristo, um dos poucos homens extraordinários, um incomodo
para Zaratustra, Gautama, Buda ou Maomé não está morto, embora um pesquisador
sério devesse fazer distinção entre ele e o que se pratica em seu nome. Jesus
era judeu e possivelmente um gnóstico. Seria essa a razão do sumiço de
documentos tão importantes, como os Códices, encontrados em Nag Hammadi? Teriam
sido documentos enterrados por membros da antiga seita cristã? Talvez, ao
sentirem o perigo, na medida em que a visão católica associava a Igreja a uma
instituição triunfante. Por isso a descoberta tem uma importância vital para
todas as religiões. O conteúdo do achado é gnóstico e impulsionou as pesquisas
no século XX. O engraçado nisso tudo é o fato da nova religião ter-se
apropriado do deus judeu dizendo o contrário. Na Idade Média tentaram uma
interpretação mais real do judaísmo, através da Cabala, que é gnóstica, porém
os estudiosos acabaram desacreditados. Para vocês sentirem que não são somente
os católicos que desejam permanecer no escuro.
Gnosticismo era um conjunto de correntes religiosas e filosóficas sintetizadas, cuja presença é percebida nos primeiros escritos do cristianismo. Essas ideias foram consideradas heréticas por volta do ano de 130 começando pelo Egito. A palavra significa conhecimento divino tendo como base as filosofias da Babilônia combinadas com elementos da astrologia. Os gnósticos mesmo perseguidos aparecem na evolução cultural da humanidade: no começo no Egito, depois com os cátaros e templários, nos rosa-cruzes e academia platônica chegando ao século XIX através da sociedade teosófica.
Gnosticismo era um conjunto de correntes religiosas e filosóficas sintetizadas, cuja presença é percebida nos primeiros escritos do cristianismo. Essas ideias foram consideradas heréticas por volta do ano de 130 começando pelo Egito. A palavra significa conhecimento divino tendo como base as filosofias da Babilônia combinadas com elementos da astrologia. Os gnósticos mesmo perseguidos aparecem na evolução cultural da humanidade: no começo no Egito, depois com os cátaros e templários, nos rosa-cruzes e academia platônica chegando ao século XIX através da sociedade teosófica.
Quando li a frase que dá título a crônica pensei
nisso tudo imaginando a inevitabilidade de uma ruptura profunda na
interpretação do cristianismo. Hoje existe um conceito universal de religião
articulando um esquema baseado na evolução como um processo que tem por
objetivo a realização efetiva da essência universal de qualquer crença, talvez
isso aconteça em breve. Falam em profecias sobre o último papa, sobre o
anticristo, enfim sobre o final dos tempos... Esse anunciado término pode ser
uma reviravolta cultural, histórica e religiosa sem precedentes na história da
humanidade.
domingo, 29 de junho de 2014
Então, use criminosos ou judeus...
Frase
atribuída a Hitler, após ouvir as explicações de seu ministro sobre a prisão de
oito agentes alemães em missão de espionagem no território norte americano.
Todos foram condenados à morte. De
acordo com o ajudante de ordens do Fürher, em vez de se sentir humilhado pelo
tratamento descortês Canaris sorriu e repetiu a frase... use criminosos ou judeus... A partir daí
começou a organizar uma operação para salvar judeus, através da ABWEHT, algo
correspondente ao serviço de espionagem britânico. Se o assunto não fosse tão
sério a vontade é de rir. Afinal ele estava seguindo literalmente sugestões de
seu chefe maior. Acabei de ler Guerreiros de Hitler, um presente do Baptista.
Não, não sou uma neonazista. Gosto de História Moderna. O autor Guido Knopp vem
trabalhando com acontecimentos referentes aos anos de 1940 e publicando com
frequência suas descobertas. Nesse caso, ele conta o desempenho de seis
importantes lideres de alta patente do exército alemão durante a segunda
guerra. Começando por Rommel, o ídolo e seu cúmplice Keitel passando pelo maior
estrategista de todos os tempos: o marechal de campo Erich von Meinstein relata
fatos e boatos dos homens relacionados a Hitler, fala de virtudes e defeitos.
Um deles Friedrich
Paulus, o conquistador de Stalingrado foi
transformado em lenda. Mas, após cinco meses cercado pelos russos acabou
por se render para salvar seus soldados. Motivo? Foi abandonado à própria sorte
pelo ditador. Permaneceu na Russia por muitos anos. Depois foi viver na
Alemanha Oriental ministrando cursos e fazendo palestras. O aviador e ator de
cinema Ernst Udet, filho de um rico empresário estava acostumado a uma vida boa
e por conta de sua paixão: voar, acabou sendo um dos homens mais próximos de
Hitler. Ele acreditou no discurso do sujeito e ao saber das atrocidades
cometidas pelo regime deu um tiro na cabeça. Mesmo assim Hitler montou um circo
e fez um enterro de herói para o jovem. A triste noticia veiculada pelos meios
de comunicação da época era que ele havia morrido testando um novo avião! E por
último o conspirador Wilhelm Canaris, aquele que salvou famílias inteiras de
judeus por sugestão de Hitler. O livro me parece tendencioso, todos muito
bonzinhos para meu gosto, mas vale a pena conferir...
domingo, 15 de junho de 2014
Assassinos....
O homicídio
é tão velho quanto o homem. A Bíblia relata diversos fatos e o primeiro
assassino foi Caim, que matou seu irmão Abel.
Contei a vocês alguns fatos relacionados ao livro sobre os ajudantes de
Hitler. Passei dias pensando como seria a Alemanha ou o mundo não sei, caso as
tentativas de assassinato do Fürher tivessem sido bem sucedidas. Existiam espiões dos dois lados, pois foram tantas as vezes que se considerou o tiranicídio e ele sempre saiu ileso. Sorte? Seria preciso muita sorte, se tivesse a vitória na guerra era da Alemanha... Mas, voltando ao assunto: existe um perfil de assassino político? O que aproxima Brutus de Lee Oswald? Pirou... a mulher é maluca e a gente não sabia. Só pode... Nada disso. Pensem comigo. O homicídio político está sempre associado ao poder. A maneira mais rápida de mudança em um governo é a eliminação do detentor desse poder, que passa para outro individuo, outro partido ou família. Em geral quem mata um político sente-se no dever de fazê-lo. Muitas vezes é transformado em herói, através desse ato. Na Grécia do século VI a.c. Harmódio e Aristogitão mataram Hiparco que partilhava o governo com Hípias. Depois de algum tempo foram modelos para estátuas gregas, como heróis de Atenas. Imagine Julio César, um homem moderno para o tempo dele mudando o curso do governo romano, executando as reformas necessárias. Teria o sucesso lhe subido a cabeça? Governava sentado em trono de ouro fazendo com que os senadores da república assinassem leis sem ler. Bom, para dizer a verdade não mudou muito. A diferença é o trono: não é de ouro e os políticos recebem propinas! Foram 23 facadas. Dentre os assassinos estava o filho de César com Servilia, amante do ditador. Caio Júnio Brutus. que era também sobrinho de Catão. César foi morto por desprezar a opinião de seus adversários. Além de motivos políticos tinha orgulho ferido e inveja nessa história, vocês não acham? Vamos partir do pressuposto que Julio César mereceu. Mas, e Gandhi? O homem santo da Índia queria o bem de todos e a independência de um país. Como alguém poderia pensar em matar Bapu? Um fanático religioso de nome Naturam Vinayak Gopal e seu grupo queriam os mulçumanos fora da Índia e assassinaram Gandhi sem dó nem piedade! A ironia do destino é que os mulçumanos continuam lá...
tentativas de assassinato do Fürher tivessem sido bem sucedidas. Existiam espiões dos dois lados, pois foram tantas as vezes que se considerou o tiranicídio e ele sempre saiu ileso. Sorte? Seria preciso muita sorte, se tivesse a vitória na guerra era da Alemanha... Mas, voltando ao assunto: existe um perfil de assassino político? O que aproxima Brutus de Lee Oswald? Pirou... a mulher é maluca e a gente não sabia. Só pode... Nada disso. Pensem comigo. O homicídio político está sempre associado ao poder. A maneira mais rápida de mudança em um governo é a eliminação do detentor desse poder, que passa para outro individuo, outro partido ou família. Em geral quem mata um político sente-se no dever de fazê-lo. Muitas vezes é transformado em herói, através desse ato. Na Grécia do século VI a.c. Harmódio e Aristogitão mataram Hiparco que partilhava o governo com Hípias. Depois de algum tempo foram modelos para estátuas gregas, como heróis de Atenas. Imagine Julio César, um homem moderno para o tempo dele mudando o curso do governo romano, executando as reformas necessárias. Teria o sucesso lhe subido a cabeça? Governava sentado em trono de ouro fazendo com que os senadores da república assinassem leis sem ler. Bom, para dizer a verdade não mudou muito. A diferença é o trono: não é de ouro e os políticos recebem propinas! Foram 23 facadas. Dentre os assassinos estava o filho de César com Servilia, amante do ditador. Caio Júnio Brutus. que era também sobrinho de Catão. César foi morto por desprezar a opinião de seus adversários. Além de motivos políticos tinha orgulho ferido e inveja nessa história, vocês não acham? Vamos partir do pressuposto que Julio César mereceu. Mas, e Gandhi? O homem santo da Índia queria o bem de todos e a independência de um país. Como alguém poderia pensar em matar Bapu? Um fanático religioso de nome Naturam Vinayak Gopal e seu grupo queriam os mulçumanos fora da Índia e assassinaram Gandhi sem dó nem piedade! A ironia do destino é que os mulçumanos continuam lá...
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Momentos Decisivos
No dia seguinte despertou com o
pensamento martelando. A ansiedade quase fez com que fosse direto ao computador,
mas não, continuaria aguardando, afinal seriam só mais vinte e quatro horas,
eles estipularam a data.
Depois da sesta, seu impulso era
fazer uma discreta consulta, porém, o
dia já estava na metade, resistiria. Resistiu até à noite mas deitou nervosa prevendo
uma insônia.
Acordou mais cedo do que de
costume. Foi à caixa do correio, encontrou dois ou três folhetos que informavam
sobre a inacreditável promoção feita pelo supermercado que, naquele dia,
venderia bananas a dezenove centavos o quilo, e da loja de colchões oferecendo o super resistente modelo Nimbus,
com molas ensacadas, recobertas pela espuma de resistência quarenta e revestido
por tecido de algodão indiano com elastano que não enrugava, acompanhado do box, com pés de madeira maciça e gavetões
onde poder-se-ia acomodar os lençóis e cobertores confortavelmente, ganhando como
brinde dois travesseiros de espuma da NASA, tudo isso pelo valor simbólico de dois mil e
quatrocentos reais e com a vantagem de, na segunda compra, o cliente receber de
presente um jogo de cama da mais pura malha, do designer Lamberto Meirelles. No final informavam que ela iria se
arrepender muito se não fizesse a compra, pois
nunca mais encontraria promoção igual.
Sentou-se na poltrona, com a
cortina e o vitrô abertos, aproveitando o Sol para fixar a vitamina D, que
repunha há alguns meses, e esperou. O
Sedex passaria logo.
Ao meio dia desistiu da poltrona,
preparou um macarrão instantâneo, que comeu sem prazer algum, abriu uma caixa
de bombons e subiu para o quarto. O relógio já marcava cinco horas quando
despertou, enregelada. Impossível que não houvesse notícia! Haviam
prometido procura-la! Organizou melhor seus pensamentos e chegou à frase mais
adequada: o resultado seria divulgado naquela quinta-feira. Os vencedores
seriam avisados antecipadamente. Conclusão: não era uma das vencedoras. Entrou
no site, e respirou aliviada: por
problemas técnicos fora necessário adiar para sábado a divulgação do resultado.
Sorrindo, fez suas orações e
pediu a Deus que, se ainda desse tempo, Ele a fizesse vencedora. Talvez fosse
sua última chance de receber louros nesta vida. Embora houvesse muita gente na sua
situação, pedindo o mesmo, que Ele olhasse para ela: nunca cometera um
pecado mortal, sempre se mostrara devota e fizera uma bela caminhada pelos
trilhos da espiritualidade. Sabia-se bondosa, generosa, atenta às necessidades
dos outros... mas nada disso lhe trouxera louros e ela os queria, ah, como os
desejava! Ao final da oração ainda explicou a Deus que não era por vaidade,
Ele, que conhece cada fio de nosso cabelo, já saberia disso, dispensável lembra-lo.
Dormiu imediatamente. Ao som do
despertador saltou da cama tão rapidamente que perdeu o equilíbrio ao pisar nos
chinelos. Não era o despertador! A campainha soava, em repetidos toques que,
pela primeira vez, não a irritavam, esperara tanto por eles! Um moto-boy a aguardava no portão com uma
caixa nas mãos. Sentiu vontade de pisar no presente enviado por sua tia. Justo
naquele dia? Que ódio! Nem se alegrou com a echarpe de tricô feita pela
madrinha, a irmã mais velha de sua mãe que, aos 98 anos, ainda estava lúcida e
fazia peças fantásticas com suas agulhas. Já passava das onze quando a
campainha tocou novamente e ela viu a perua do Sedex à sua porta, seria deles?
Já olhara no site e o resultado ainda não fora divulgado.
Olhou para o jovem entregador,
examinou as mãos dele, estendeu as suas para pegar o envelope e percebeu que
adiava a hora da revelação. Antes de assinar conferiu o remetente, e, sim, era
deles. Assinou trêmula, tentou rasgar o plástico resistente mas não conseguiu,
apressadamente subiu os degraus e entrou na casa, enfiou uma faca no envelope
e, abraçou-o ao ler: Srta. Letícia Spinelli, temos o prazer de lhe comunicar
que seu trabalho foi selecionado e, após criterioso exame da comissão composta
pelos senhores fulano, fulano e fulano, foi considerado o melhor, sendo
atribuído a ele o primeiro lugar.
Lágrimas, vontade de contar para
todos, pequenos pulos, por temor de escorregar, embora desejasse dar saltos mortais
e fazer estrela, com as mãos no chão e as pernas para o ar, e o peito cheio de
alegria, de vigor, de vontade de prosseguir, acompanharam-na por todo o dia.
Imprimiu, copiou, colou, arquivou páginas e páginas do computador, com seu nome
e a declaração de que era, efetivamente, a melhor pintora entre os idosos que
competiram. Nunca tivera certeza mas dessa vez, desde o início, soubera que havia
possibilidade de se projetar, tornar-se um nome, ser alguém.
domingo, 8 de junho de 2014
Antes do início da copa...
O boato: tudo estava bem. Os parceiros na empreitada
juntos, falando a língua da copa das copas. O fato: tudo estava mal. Os
companheiros na empreitada brigando por
espaços na mídia e nas outras coisas menos nobres. De repente Ronaldo, o
robusto da campanha Fiat, abre a boca envergonhado e despeja parte da verdade.
Nada estava bem, dos estádios aos aeroportos chegando aos hospitais, com
reformas atrasadas e pior ainda, alguns prédios nem saíram do papel. Tudo
errado! Que vergonha, diria o craque. A presidente deu uma denta-da no moço
usando a famosa frase de Nelson Rodrigues “não temos complexo de vira-lata”...
Todos riram menos eu que não entendi a piada. Riram de alegria ou de tristeza?
Somente agora o Ronaldo descobriu que estava tudo atrasado?Os estrangeiros
perceberam antes e preferiram ficar concentrados nos Estados Unidos, onde a
estrutura era muito melhor. Fico imaginando se houve esperteza da parte
daqueles que negociaram a vinda do mundial de futebol para o país e ingenuidade
por parte do povo que comemorou, acreditando que dessa vez “como nunca na
história deste país” a coisa ia funcionar!!!!!!!!
O Brasil vai ter duas copas. Uma para a mídia mostrar ao
mundo que nunca na história deste país...
Essa é de mentirinha, com segurança e conforto para turista ver. A outra
o caos prometido pelos grupos de oposição com polícia sendo obrigada a ir por
cima dos manifestantes, mesmo. Em tempo: nem Gilberto Freyre, nem Sergio
Buarque de Holanda, nem Caio Prado, nem sociólogos ou antropólogos atuais
descreveram o caráter do brasileiro como Nelson Rodrigues, o dramaturgo
realista que apontava defeitos e qualidades desse povo. Acho que ele diria:
mesmo com o desgoverno da capitã do time o Brasil foi campeão, embora a taça
tenha sido comprada. Mas, isso não importa, não foi sempre assim? O que conta
nesse ano eleitoral é o circo montado para alegria do povo! E os votos, esses
sim de importância vital.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Problemas com aves?
- Duas coisas me
incomodam muito: os pés de galinha e o bico de papagaio.
- Você tem problema de relacionamento ou algum tipo de alergia a aves?
- Não entendi. O que
o senhor quer saber?
Ele riu.
- Ah, é uma
piadinha?
O humor inglês do
médico a irrita.
- Não tem graça
nenhuma, doutor!
Ele, sorrindo,
justifica:
- Os pés de galinha
atestam, que você já sorriu muito na vida, e uma porção de gente deve agradecer
por ter recebido seu sorriso, que, ressalte-se, até hoje é bem bonito. Se
quiser diminuir as marcas desse humor, há procedimentos dermatológicos e a
plástica... quanto ao bico de papagaio sugiro atividades físicas e mudança de
hábitos. Está disposta?
Será que
estaria disposta a correr o risco de ver seu rosto deformado, transfigurado ou
sei lá o quê? Pensou e repensou. Os pés
de galinha realmente estavam incomodando, mas mais do que eles a dor
provocada pela osteofitose, nome que ele deu ao que ela e todos que conhecemos chamam de bico-de-papagaio é que incomodava mesmo. Nesse momento começou a relacionar as duas coisas, a osteofitose é uma patologia que se caracteriza pelo crescimento anormal
de tecido ósseo em torno de uma articulação das vértebras cujo disco
intervertebral, que deveria funcionar como amortecedor entre os ossos, está
comprometida e qual a razão??? O médico explicou: surgem como consequência da desidratação do disco intervertebral, geralmente
nas pessoas com mais de cinquenta anos.
Era isso! Ostentava aquelas rugas nos olhos não por ser risonha mas porque já estava com mais de cinquenta e o bico-de-papagaio também. Simplificando e chegando à conclusão final: não tinha alergia a aves
mas estava velha.
Caminhou mais um pouco pela calçada e, de repente, tomou consciência de sua realidade: era uma velha!!!! Como estaria sendo vista pelos outros? Voltou correndo para o prédio, por sorte o elevador estava no térreo, o paciente ainda não entrara, pediu urgência para seu atendimento.
Saiu do consultório
com a data marcada para fazer um preenchimento e acabar com os pés de galinha,
o endereço de uma especialista em reeducação postural, e a promessa de enfrentar
a academia no dia seguinte.
Efetivamente nunca tivera alergia a aves, apenas profunda aversão àquelas manifestações ovíparas que acontecem
no nosso corpo.
domingo, 1 de junho de 2014
A filha do Baptista...
Tá certo a moça é bonita, culta, inteligente,
mas trabalhar com produtora cultural não parece um negócio estranho? Bom, acho
que estou ficando conservadora como ele. Isso não pode acontecer, não com meu
curriculum... Freelancer... Qual o
sentido disso? Independente, talvez. Ela fica no telefone, no Skype ou no
computador e diz que está trabalhando. Não posso duvidar, faço isso também, só
que é para uma editora. De repente entra na sala e anuncia: vou para o Rio de
Janeiro amanhã fazer uma visita técnica. Visita técnica no Rio? Um sol
maravilhoso, as praias deslumbrantes, o restaurante do Copacabana Palace: um
sonho. A moça fala em visita técnica?
Bem, ela
explicou que o tal passeio conhecido como V.T. é um recurso metodológico
aplicado ao turismo. Foi conhecer os lugares, a estrutura espacial para ter uma
visão holística do local que será o palco onde se desenvolverão as atividades
culturais dos estrangeiros que vão participar da copa do mundo. Ah, bom... como
diria o padre Beto.
Deve ter gente se perguntando por que? Eu disse
no começo a filha do Baptista é produtora cultural. Ah, bom... Sou atrapalhada
não é? A menina vai acompanhar uma seleção no torneio mundial, daí a tal da
visita técnica. O proposito da viagem era aperfeiçoar a teoria através da
prática profissional e trocar experiências com os participantes do projeto para
integração de todos. Na dúvida houve distribuição da oração de Santo Expedito
para todos rezarem muito para tudo correr bem. Mas, mesmo assim o Baptista está
com a pulga atrás da orelha. Uma jovem ao lado daquela quantidade enorme de
homens bonitos? Expliquei a ele que os moços ficam confinados em um local para
descansar e treinar. Os acompanhantes
europeus desses jogadores mais os brasileiros dessa comitiva ficam separados em
um hotel e só vão se encontrar quando houver eventos culturais, festas, etc.
Pra dizer a verdade inventei essa história, pois não sei como as coisas
funcionam, só quis deixar o pai mais tranquilo. Mesmo não professando a fé católica
vou fazer a tal oração do Santo Milagreiro todo dia e torcer os dedinhos
dizendo vai dar certo...vai dar certo...
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Por que o Haiti está aqui?
Por Laís Azeredo Alves*, no Gusmão
A vinda de centenas de haitianos do Acre para São Paulo, nas últimas
semanas, gerou tensões sobre a questão da imigração na cidade e no país. As
discussões envolvendo os políticos dos dois estados com acusações de racismo e
irresponsabilidade não serviram para uma compreensão plena da situação, muito
menos para sua solução. O governo federal, por sua vez, permanece concedendo
vistos humanitários para os haitianos que chegam, mesmo na ausência de uma
política nacional para as migrações que reflita as necessidades atuais.
Em janeiro de 2010, um terremoto de sete graus atingiu a região de Porto
Príncipe, capital do país mais pobre das Américas. A tragédia levou à morte
mais de 300 mil pessoas e forçou outras 1,5 milhão ao deslocamento nacional e
internacional. Em 2012, um furacão atingiu novamente o Haiti, causando
mais destruição e miséria em um país cuja vulnerabilidade ambiental é reforçada
pela frágil economia, pela política instável e por números de pobreza absurdos.
O Haiti tem sua história marcada pela violência nas lutas
pela independência e pela vitória de ter sido o primeiro país do continente
americano a alcançá-la, em 1804, pelas mãos de líderes negros. A independência,
todavia, não cessou outros inúmeros problemas enfrentados pelo país, como a
instabilidade política e a luta de grupos pelo poder. Assim, a situação
econômica como país periférico tampouco foi modificada.
Entre 1915 e 1934, os Estados Unidos intervieram militarmente para
defender seus interesses. Nos anos seguintes, a instabilidade política, com a
disputa política entre diferentes grupos que gerava violência, legitimou mais
intervenções externas no país. Foram totalizadas cinco intervenções
internacionais sob os auspícios da Organização das Nações Unida (ONU) só na
década de 1990[1].
Desde 2004, o Brasil lidera uma força multinacional da ONU no país,
denominada Minustah – Mission des Nations
Unies pour la Stabilization en Haiti (Missão das Nações Unidas para a
Estabilização do Haiti). A função da Minustah é de ajudar na reconstrução e na
estabilização do Haiti, por meio da reestruturação e reforma da polícia
haitiana, do auxílio no Programa de Desarmamento, Desmobilização e
Reintegração, da restauração do Estado de direito e do restabelecimento da
segurança pública no país. Além disso, à missão cabe ainda a proteção aos
civis, ao staff da ONU, o apoio aos processos políticos e a
garantia do cumprimento dos direitos humanos no país. No entanto, é necessário
questionar se o que é colocado no papel se assemelha ao que é posto em
prática. Estudos críticos apontam que os
verdadeiros objetivos da Minustah estão voltados para um projeto de
“recolonização” do país por parte do capital transnacional, e que a ajuda
humanitária é uma grande farsa.
A vulnerabilidade do Haiti é geral: inexiste estabilidade política e
segurança pública e há crise de alimentos, escassez de água potável, falta de
infraestrutura e saneamento básico. Gabriel Godoy, oficial de proteção do
escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) no
Brasil afirma que “cerca de 55% dos haitianos viviam com menos de 1,25 dólar
por dia, por volta de 58% da população não tinha acesso à água limpa e em 40%
dos lares faltava alimentação adequada” [2].
No ano de 2012, ficou mais uma vez comprovada a instabilidade ambiental
do país: o furacão Sandy chegou no mês de outubro e provocou inundações em
áreas com esgoto a céu aberto, o que, evidentemente, facilitou a transmissão de
doenças, como o cólera[3].
Muitos haitianos permanecem no país como deslocados internos. De acordo
com a Relief Web (2014) são 172 mil pessoas,
até o final de 2013, vivendo em mais de 300 campos pelo país. Serviços básicos
nos campos – como acesso à água encanada e saúde básica [4] – não acompanham.
Portanto, se medidas de integração local, retorno ou transferência não se
intensificarem este ano, um alto número de deslocados corre o risco de
continuar vivendo em condições insalubres.
Para evitar essa situação, milhares de haitianos decidem migrar para
outras partes do mundo. Países como República Dominicana e Guiana Francesa já
faziam parte da rota de destinos frequentes dos haitianos, outros como Equador,
Colômbia, Peru, Bolívia, Chile e Argentina também se transformaram em
possibilidades para o deslocamento[5]. O Brasil também foi um destino
escolhido. A ideia de país em ascensão e hospitaleiro, além da proximidade
entre os dois povos que ocorreu com a participação de soldados brasileiros na
missão da ONU no Haiti, são alguns fatores explicativos. Outra razão são as
parcerias entre o governo, ONGs e empresas brasileiras no Haiti voltadas para o
desenvolvimento[6]. Além disso, a partir da crise econômica de 2008, os países
desenvolvidos endureceram o controle migratório, dificultando a entrada de
imigrantes[7]. É por isso que o Haiti está aqui.
Mas como o Brasil, candidato a uma cadeira permanente no Conselho de
Segurança das Nações Unidas, lida com essa nova realidade de país “em ascensão”
e destino de imigrantes que buscam melhores perspectivas de vida?
Um primeiro ponto a ser destacado é que os haitianos não são
considerados indivíduos em situação de refúgio porque, de forma geral, não se
enquadram nos pré-requisitos estabelecidos pela Convenção de 1951 e pelo
Protocolo de 1967, ou seja: indivíduos que sofrem perseguição ou fundado temor
de perseguição, violência generalizada e desrespeito aos direitos humanos. No
entanto, por se tratar de uma situação inegavelmente calamitosa e diante da
ausência de um dispositivo específico que proteja indivíduos forçados a migrar
em razão de desastres ambientais, o Brasil optou por um novo mecanismo de
acolhida, estabelecido na Resolução nº 97, de janeiro de 2012: visto
por razões humanitárias. Assim, a concessão desses vistos possibilita aos
haitianos residir legalmente no país e ter acesso a serviços públicos e ao
mercado de trabalho.
As cidades brasileiras que mais receberam imigrantes haitianos foram
Tabatinga e Manaus (ambas no Amazonas) e Brasileia e Epitaciolândia (ambas no
Acre). O caminho percorrido é, geralmente, semelhante: os haitianos passam por
países andinos, como Equador, Colômbia e Peru, até chegar ao Brasil. Em muitos
casos contam com a ajuda de atravessadores (também chamados coiotes) que cobram
para auxiliar na travessia. Os custos da viagem chegam a três mil dólares e
durante o percurso são extorquidos por policiais, roubados e sofrem violência
física, como estupros e até assassinatos[8].
A pequena cidade acreana de Brasileia encontrou-se diante de uma
situação caótica, sem infraestrutura e sem preparo, e teve que lidar com o alto
fluxo de haitianos chegando em seu território. O abrigo disponibilizado pela prefeitura da cidade enfrenta
superlotação: com capacidade para até 400 pessoas, mais de 1.240 disputam o
espaço exíguo. Sem condições de arcar com os custos dessa situação, com ajuda
insuficiente do governo nacional ( cerca de 4,2 milhões de reais foram
repassados para os serviços de assistência 1.300.000 milhão para a saúde e o
auxílio na documentação, segundo nota oficial do Ministério da Justiça), que ainda
parece não assumir sua responsabilidade, e
diante da circunstância de calamidade pública causada pela cheia do rio
Madeira, que impedia a saída de qualquer pessoa da região, o governo do Acre
fechou o abrigo de Brasileia, instalou outro em Rio Branco e encaminhou 2.200
haitianos documentados para o sul e sudeste do país. São Paulo esteve entre os principais
destinos
fonte: outras - palavras.net
domingo, 25 de maio de 2014
Anos platônicos...
“O que está em cima é como o que
está embaixo
E o que esta embaixo é como o que está em cima
Perfazendo o equilíbrio da
natureza”
Se Jung acreditava, eu também creio que a astrologia rege a
vida dos seres humanos. De repente
alguém falou em ascendente. Pensei em um livro que li nos meus tempos de
ativista hippie, no inicio da era de aquário, e lembrei-me dos anos platônicos.
Sim, Platão dizia que o mundo fundava-se na natureza do universo. O Timeu fala
da ordem do cosmos. O personagem narra aos filósofos Sócrates, Crítias e
Hermócrates, como a terra, os astros e os seres vivos surgiram. Segundo Timeu, o demiurgo criou o mundo
empírico a partir de um modelo ideal, ressaltando que essa ação foi a de
colocar o caos em ordem. Pode-se dizer
que a astrologia é um campo do saber humano e muitos sistemas filosóficos
contribuíram para dar fundamento a essa atividade. Mas, o assunto não era o
ascendente? Por que anos platônicos? Acho que pensei em épocas de transição
como a nossa. Vou começar do começo... A idade platônica tem 25.920 anos. Nesse
tempo, o ponto vernal atravessa as constelações zodiacais por um período de
2.160 anos. Para os leigos esse “curto” espaço de tempo é conhecido como uma
era, cuja transição de uma para a seguinte torna-se sempre um momento
conturbado. Platão começou sua
retrospecção mais de 10.000 anos atrás, quando o continente de Atlântida
submergiu. Segundo cálculos a
catástrofe ocorreu no apogeu da civilização com o sol no signo de leão. Essa
posição deu aos seres humanos um excesso de autoconsciência transformada em
petulância. Portanto, a destruição veio pela própria hybris/descomedimento do
povo e não por vontade de Deus. De modo que a Atlântida aniquilou-se a si
mesma.
A uns 4.000 anos atrás,
a batalha entre a ideologia da era de touro e a de carneiro mostrou a
Pérsia em estado de guerra, com Mitra lutando contra esse animal e
transformando-se em deus guerreiro na era de carneiro. A memória dessas lutas
encontra-se nas touradas da Espanha atual. Carneiro significou o momento mais
importante na evolução humana. Em seguida o mundo entrou na era de peixes, a
mais espiritualizada de todas, porém essa evolução não se concretizou,
transformando o período em fracasso. A impressão foi que os demônios estavam
soltos. A juventude seduzida por Netuno produziu um misticismo confuso ajudado
por elementos tóxicos ou entorpecentes. De acordo com alguns autores a era de
aquário teve inicio em 5 de fevereiro de 1962, da mesma forma que a de peixes
não começou com o ano 1 de nossa era. Para os astrólogos isso não corresponde à
realidade, pois Cristo nasceu pelo menos cem anos antes... Como não tenho
certidão de nascimento, nem cópia de documentos não posso provar. As pesquisas
estão baseadas nos Manuscritos do Mar Morto e em material arqueológico. Tudo
por causa do tal ascendente. Bem, o do aquariano em questão é Aries, com sol em
Virgem. Para quem não sabe o ascendente carrega a tarefa dessa vida tornando-se
mais importante do que a posição solar na segunda metade da existência. Então,
nesse caso está valendo o revolucionário signo de aquário, com as
características da flexibilidade, inteligência e diplomacia. O sol dá a
conhecer as aquisições das vidas passadas e a lua informa sobre a vida
pregressa, assim como percepções da vida atual, experiências acumuladas no
inconsciente. Espero que o próximo pedido de informação não seja um mapa astral,
pois sou incapaz de confeccioná-lo e vou ter que apelar para profissionais.
Socorro! O Baptista vai querer me internar... não é Rosa Leda?
sexta-feira, 23 de maio de 2014
A gente pensa que está comendo bem mas...
Quase um terço dos vegetais mais consumidos pelos brasileiros apresentam resíduos de agrotóxicos em níveis inaceitáveis, de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O que vem do campo pode não ter apenas nutrientes, mas também resíduos dos produtos usados para proteger as plantações. Agrotóxico em excesso ninguém quer.
A ingestão de comida com excesso de agrotóxicos de forma prolongada pode causar problemas neurológicos e malformação fetal. Pesquisas recentes mostram a relação da exposição a essas substâncias com doenças do sistema nervoso.
Em 2010, a Academia Americana de Pediatria fez uma pesquisa com 1.100 crianças e constatou que as 119 que apresentaram transtorno de déficit de atenção tinham resíduo de organofosforado (molécula usada em agrotóxicos) na urina acima da média de outras crianças. Em 2010, foi usado 1 milhão de toneladas de agrotóxicos em lavouras do país. Ou seja, 5 kg por brasileiro.
Veja baixo a quantidade em porcentagem que cada alimento contém de contaminação.
1 Pimentão 91,8%
2 Morango 63,4%
3 Pepino 57,4%
4 Alface 54,2%
5 Cenoura 49,6%
6 Abacaxi 32,8%
7 Beterraba 32,6%
8 Couve 31,9%
9 Mamão 30,4%
10 Tomate 16,3%
11 Laranja 12,2%
12 Maçã 8,9%
13 Arroz 7,4%
14 Feijão 6,5%
15 Repolho 6,3%
16 Manga 4%
17 Cebola 3,1%
18 Batata 0%
Eu adoraria publicar só coisas otimistas mas a conscientização talvez prolongue nossa vida por alguns anos.
PS- Camilla, quem falou da ala jovem foi a Rosa Bertoldi e não a Leda Bertolli(rsss)
quinta-feira, 22 de maio de 2014
terça-feira, 20 de maio de 2014
segunda-feira, 19 de maio de 2014
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