domingo, 13 de julho de 2014

A visita

Minha mãe nasceu em Minas Gerais, numa região de montanhas e serrado, perto de Salinas uma cidade conhecida pela sua boa cachaça. Igual a Santo Amaro da Purificação de Caetano Veloso, não é?  Estive em Santo Amaro uma vez,  e também em Salinas quando jovem acompanhando minha mãe em retorno a sua cidade natal.  Ela e sua melhor amiga Lia se encontravam anualmente. Lia vinha e ficava em Bauru por um mês. Elas nunca perderam contato. Amizade, amizade mesmo! De uns cinco anos para cá, após o falecimento de minha mãe perdemos o contato com esses amigos e só conseguimos o reencontro devido à força de vontade de Nilza, filha de Lia, que não sossegou enquanto não teve noticias nossas. Bons tempos aqueles e esses. Foi através do Facebook que fui resgatada. A partir desse fato minha vontade de voltar à cidade natal de minha mãe não me saia da cabeça. Porém a vida moderna impõe obrigações e restrições, em vez de liberdade, e enquanto eu patinava ao redor de meu trabalho, Nilza chegou. A mulher corajosa que veio de longe! Por incrível coincidência chegaram também os meus parentes mineiros que foram viver no Paraná. Foi uma festa o encontro de todos, pois alguns dos meus primos fizeram o caminho inverso dos avós e estão vivendo em Montes Claros e Uberlândia.  Endereços trocados e lá vai Nilza conhecer a nova geração.
Não sei como descrever Nilza. Acho que ela lembra a mãe, se você imaginar o físico, um retrato, então... Interiormente ela me faz recordar Rosa Bertoldi, minha famosa bisavó italiana de Trieste. Mesma fortaleza, mesma história, mesma sinceridade. Amor exalando pelos poros. Eu sou vaidosa, pinto os cabelos, vivo comprando cremes, fiz plástica no pescoço, daí vem uma famosa gozação de Rosa Leda sobre a amiga que tem fixação em pescoços, não de aves, mas de mitos como Nefertite ou Afrodite, ou mesmo da minha outra amiga bauruense a Marilena... É o mundo moderno se desmanchando e a gente brincando. Mas, como dizem que rir é o melhor remédio. Nilza não é assim, é a autenticidade em pessoa, com seu excesso de peso e seus lindos cabelos grisalhos, uma joia rara nesse mundo tão conturbado. Contou sobre a família, suas idas e vindas entre a pequena cidade e Montes Claros, suas permanências com as irmãs e com o filho Juliano. Agora mesmo, eu esperando uma longa estadia e ela sai como um corisco para Campinas e depois para São Paulo para estar junto do Juliano. Me aguarde, Nilza, eu vou...Enquanto planejo a ida  penso numa música que ouvi dias desse, dizendo: “vou te fazer uma visita/mas não fique assim aflita/que eu não vou reparar/não precisa de baquete/nem se preocupe com enfeite....” Pense só naquele pão de queijo de dar água na boca e no pão caseiro quentinho que eu adoro tanto! Bom, se tiver berinjela temperada pra rechear, melhor ainda...

   

Um comentário:

Unknown disse...

Leiam e vejam o quanto eh bom reecontrarmos e nao deixarmos que o tempo apague as lembranças