quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Por email

Fala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

novidade é o que não falta em terras paulistanas. Seja nas artes plásticas, no cinema - sobretudo ao longo do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, que acaba na próxima sexta -, no teatro ou na música. E, na próxima quinta-feira e no sábado, dia 10, dois novos nomes da música popular brasileira se apresentam, gratuitamente, na capital.

Amanhã, o alagoano Wado sobe ao palco do Centro Universitário Maria Antonia, a partir do meio-dia, para um show rápido, mas que deve ser muito bom. Não tenho os dois últimos dele - "Atlântico Negro" e Terceiro Mundo Festivo" -, porém garanto que o disco "A Farsa do Samba Nublado" é um dos melhores da primeira década dos anos 2000. No dia 10, é a vez da comentada banda Eddie tocar em São Paulo: ela se apresenta no palco da praça Victor Civita, às 17h40... Quem costuma ir aos shows deles no Studio SP diz que a apresentação é animadíssima...

na área teatral, vale ficar atento às peças "A Sessãoda Tarde ou Você Não Soube Me Amar" (CCSP), "Ciranda" (Livraria Cultura), "A Ilusão Cômica" (CCBB), "O Contrato" (teatro Cultura Inglesa), "O Casamento Suspeitoso" (Centro Cultural Fiesp), "A Casa Amarela" (Tucarena) e "Macumba Antropófaga Urbana de Sampã" (Oficina). Amanhã, se tudo der certo, devo assistir à montagem "As Três Velhas", no Galpão do Folias. E, falando em dança, tente assistir ao espetáculo "Lugar do Outro", em cartaz no Sesc Pinheiros - uma crítica do Estadão falou muito bem da proposta da coreografia.

no cinema, continuam em cartaz o premiado em Cannes "Árvore da Vida" (e quem tem dividido a opinião de quem o assiste), "Onde Está a Felicidade?", "Amor a Toda Prova", "Esses Amores", "Mamute", "Harry Potter" e outros. Na sexta, estreia a comédia "O Homem do Futuro", com Wagner Moraes e Alinne Moraes, que está mais linda do que nunca no filme.

nas artes plásticas, boas opções não faltam. "Retratos do Império e do Exílio", no Instituto Moreira Salles, "Bom Retiro e Luz", no Centro da Cultura Judaica, "Warhol TV", no Sesc Pinheiros, e "A Rua É Nossa... É de Todos Nós", no MAC. Fique atento: muitas delas acabam em setembro!

e o melhor da semana passada foi a exposição "USAnatomy - Steven Klein", no MuBe. O hypado fotógrafo fez imagens de Angelina Jolie, Madonna, Brad Pitt, Britney Spears, Edward Norton, Tom Ford e outros astros... No entanto, longe de posarem de maneira estonteante, aparecem com a imagem de celebridades deturpadas. Em algumas delas, de maneira bizarra, diria.

é isso
até mais
se cuidem!
alan

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mistério à Beiramar - final


Primeiro preciso me desculpar por não ter postado ontem, um computador travado prejudica muito a gente, mas, enfim, eis o fim...

Para alegrar Baptista, imagino, Azevedo pediu-lhe que levasse o laptop. Veríamos um DVD que trouxera. O rapaz do hotel perguntou se gostaríamos que montasse o gazebo perto do mar, a manhã estava clara e fresca. Aceitamos. Acomodados, eu, curiosa como sempre, perguntei sobre o DVD.
Eram vistas maravilhosas da Noruega e da Finlândia ao som de Grieg, Azevedo brincou dizendo que o compositor não era finlandês mas a Noruega estava quase lá. Baptista contou-nos ser Grieg o mais forte expoente da música escandinava e a conversa agradável ocupou-nos por algumas horas com outras confissões e constantes olhares de minha parte para ver se meus amigos não se emocionavam demais.
Eu nunca pensara quão agradável poderia ser conversar com pessoas mais idosas. A severidade de meus pais e avós fazia-me imaginar todos os que tivessem ultrapassado a barreira dos 70 como intragáveis. Felizmente meu trabalho era no meio de jovens e eu não tinha tios.
- Estive na Dinamarca e na Suécia mas não conheço a Finlândia nem a Noruega - aparteou Azevedo.
- Ah, eu não gostaria de ir para lá, não, faz muito frio. Sempre começo minhas viagens por Paris... um de vocês disse que visitou o Hermitage? Fica na Rússia, não fica?
- Sim, fica na Rússia, tem um acervo fantástico.
- Preciso viajar mais, ir mais a museus. Estava até em dúvida se confessava a vocês minha ignorância, mas não posso mentir... adoro ir às compras, fazer os roteiros básicos que todo turista faz, visitar os monumentos e ficar à tôa nos barzinhos, nos cafés... e visitar livrarias. Sempre carrego peso demais por causa dos livros.
Os dias passaram, precisamos voltar para casa, continuei apaixonada por Baptista, mas era um amor impossível, entendi bem o que é um amor platônico... continuamos amigos por muitos anos, Azevedo adorava cinema e passamos a frequentá-los juntos. De vez em quando Baptista nos acompanhava. Ìamos com ele a todos os concertos e apresentações de corais. De vez em quando eles vêm jantar na minha casa, rimos, conversamos e cuidamos uns dos outros.
Minha família não compreende como posso dizer que meus melhores amigos são dois idosos mas são os melhores amigos que alguém poderia ter. Em março iremos os três para a Finlândia. Baptista concordou em tentar espantar seus fantasmas, enfrentar os casos mal resolvidos de sua vida. Diz que já não pensa diariamente em Inkeri, e que eu sou responsável por isso.
Há uma senhora, de nome Rosa Bertoldi, que ainda não conheço mas que está muito apaixonada por Baptista. Ele também está entusiasmado. É bem mais nova que ele mas gosta de arte, viaja muito, tem prazer em conversar, é muito bem relacionada e eles têm se encontrado. Na semana que vem virão aqui. Espero que nos tornemos amigas, passaremos a ser um quarteto.
Esqueci de Roberto, que mandei à puta que pariu num telefonema e que ficou boquiaberto com meu repente, chegando a me repreender pelo uso de palavras inadequadas. Morri de rir e falei que ele era um palhaço de ótima qualidade pois conseguia sempre me fazer rir. Depois disso não tenho me sentido triste. Foi muito bom.
Se mais alguma coisa acontecer eu contarei para vocês, inclusive o lance com a tal Rosa.

domingo, 28 de agosto de 2011

Da internet

Katy Perry é a grande vencedora do VMA 2011

Katy Perry é a grande vencedora do VMA 2011
A cantora norte-americana Katy Perry foi a grande vencedora da 28ª edição dos Video Music Awards (VMA) levando para casa três prêmios, incluindo o de melhor vídeo do ano por "Fireworks".

Perry, que era a favorita com nove indicações, levou também a estatueta de melhores efeitos especiais e de melhor colaboração, ambos por "E.T.", junto com Kanye West.

A britânica Adele também brilhou com três prêmios nas categorias de melhor edição, melhor direção de arte e melhor fotografia pelo vídeo de sua famosa canção, "Rolling in the Deep".

Essas três estatuetas foram anunciadas antes do começo da transmissão festa, que se estendeu por duas horas e meia no Teatro Nokia, de Los Angeles (Califórnia).

Lady Gaga, que voltou a ser o destaque ao aparecer vestida como um homem (um alter ego conhecido como Jo Calderone), obteve dois prêmios: o de melhor vídeo com mensagem e melhor vídeo feminino, ambos por "Born This Way".

Beyoncé Knowles, que no tapete vermelho do evento anunciou que está grávida, ganhou uma estatueta de melhor coreografia, por "Run the World (Girls)", enquanto Britney Spears, que foi homenageada, levou o prêmio de melhor vídeo pop, por "Till the World Ends".

Justin Bieber conseguiu o troféu de melhor vídeo masculino, por "U Smile", enquanto que Foo Fighters fizeram o mesmo com o melhor vídeo de rock, por "Walk".

Além disso, Nicki Minaj levou o prêmio de melhor vídeo de hip-hop, por "Super Bass", e Tyler, The Creator foi nomeado artista revelação.

VEJA OS VENCEDORES DO VMA 2011:

CLIPE DO ANO
Adele - "Rolling in the Deep"
Beastie Boys - "Make Some Noise"
Bruno Mars - "Grenade"
Katy Perry - "Firework"
Tyler, The Creator - "Yonkers"

MELHOR CLIPE FEMININO
Adele - "Rolling in the Deep"
Beyoncé - "Run the World (Girls)"
Katy Perry - "Firework"
Lady Gaga - "Born This Way"
Nicki Minaj - "Super Bass"

MELHOR CLIPE MASCULINO
Bruno Mars - "Grenade"
Cee Lo Green - "F* You"
Eminem feat. Rihanna - "Love the Way You Lie"
Justin Bieber - "U Smile"
Kanye West feat. Rihanna and Kid Cudi - "All Of The Lights"

MELHOR CLIPE POP
Adele - "Rolling in the Deep"
Britney Spears - "Till the World Ends"
Bruno Mars - "Grenade"
Katy Perry - "Last Friday Night (T.G.I.F.)"
Pitbull feat. Ne-Yo, Nayer, and Afrojack - "Give Me Everything"

MELHOR CLIPE DE ROCK
Cage The Elephant - "Shake Me Down"
Foo Fighters - "Walk"
Foster the People - "Pumped Up Kicks"
Mumford & Sons - "The Cave"
The Black Keys - "Howlin' For You"

MELHOR CLIPE DE HIP-HOP
Chris Brown feat. Lil Wayne and Busta Rhymes - "Look At Me Now"
Kanye West feat. Rihanna and Kid Cudi - "All Of The Lights"
Lil Wayne - "6 Foot, 7 Foot"
Lupe Fiasco - "The Show Goes On"
Nicki Minaj - "Super Bass"

MELHOR COLABORAÇÃO
Chris Brown feat. Lil Wayne and Busta Rhymes - "Look At Me Now"
Kanye West feat. Rihanna and Kid Cudi - "All Of The Lights"
Katy Perry feat. Kanye West - "E.T."
Nicki Minaj - "Moment 4 Life"
Pitbull feat. Ne-Yo, Nayer, and Afrojack - "Give Me Everything"

REVELAÇÃO
Big Sean feat. Chris Brown - "My Last"
Foster The People - "Pumped Up Kicks"
Kreayshawn - "Gucci Gucci"
Tyler, The Creator - "Yonkers"
Wiz Khalifa - "Black and Yellow"

MELHOR CLIPE COM MENSAGEM
Eminem feat. Rihanna - "Love the Way You Lie"
Katy Perry - "Firework"
Lady Gaga - "Born This Way"
P!nk - "F**** Perfect"
Rise Against - "Make it Stop (September's Children)"
Taylor Swift - "Mean"

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Adele - "Rolling in the Deep"
Death Cab For Cutie - "You Are A Tourist"
Kanye West feat. Dwele - "Power"
Katy Perry feat. Kanye West - "E.T."
Lady Gaga - "Judas"

MELHOR COREOGRAFIA
Beyoncé - "Run the World (Girls)"
Britney Spears - "Till the World Ends"
Bruno Mars - "The Lazy Song"
Lady Gaga - "Judas"
LMFAO feat. Lauren Bennett & Goon - "Party Rock Anthem"

MELHOR FOTOGRAFIA
Thirty Seconds To Mars - "Hurricane"
Adele - "Rolling in the Deep"
Beyoncé - "Run the World (Girls)"
Eminem feat. Rihanna - "Love the Way You Lie"
Katy Perry - "Teenage Dream"

MELHOR DIREÇÃO
Thirty Seconds To Mars - "Hurricane"
Adele - "Rolling in the Deep"
Beastie Boys - "Make Some Noise"
Eminem feat. Rihanna - "Love the Way You Lie"
Katy Perry feat. Kanye West - "E.T."

MELHOR EDIÇÃO
Thirty Seconds To Mars - "Hurricane"
Adele - "Rolling in the Deep"
Kanye West feat. Rihanna and Kid Cudi - "All Of The Lights"
Katy Perry feat. Kanye West - "E.T."
Manchester Orchestra - "Simple Math"

MELHOR EFEITOS ESPECIAIS
Chromeo - "Don't Turn The Lights On"
Kanye West feat. Dwele - "Power"
Katy Perry feat. Kanye West - "E.T."
Linkin Park - "Waiting For The End"
Manchester Orchestra - "Simple Math"

sábado, 27 de agosto de 2011

Alfabeto

Falei que o alfabeto teve sua origem na Mesopotâmia e Egito. No México elementos gráficos já existiam desde a época olmeca, bem antes da era cristã. Os suportes dessa escrita são variados. Em entalhes, alto relevo em pedra ou madeira e pintados, recipientes de cerâmica serviam para transportar mensagens religiosas numa escrita muito colorida, que cobria muros, edifícios e monumentos. Eram relativos à observação de fenômenos naturais astronômicos ou marcavam o início e fim de governos. Havia diferenças entre a escrita maia linear e a asteca. Existem ainda manuscritos ditos pictográficos que são verdadeiros quadros-textos onde um mesmo elemento tem um significado e um significante, então o sentido é dado pelo próprio desenho. Tlacuiloa significa escrever pintando e designava a arte do escriba. Havia uma convenção plástica com um simbolismo forte, onde a ordem e o sentido da leitura eram determinados pelo pintor-escritor. As cores constituem peças fundamentais, pois cada uma tinha um valor fonético. Requintado, não é? Mesmo assim, o esporte preferido dos astecas era jogar uma espécie de futebol com a cabeça dos inimigos.
Com exceção da ilha de Creta, a maioria, das construções, está arruinada, seja no Oriente, seja no Ocidente, impossibilitando imagens para constatação das verdades relacionadas à arquitetura antiga. Existem algumas pinturas e referências de historiadores, como Heródoto, ou filósofos, como Platão, que relataram suas viagens e descreveram essas civilizações. O historiador bateu tanta perna que acabou chegando ao acampamento dos citas, os ouvires-ciganos da antiguidade, que vivam onde hoje está a Russia. Suas jóias são verdadeiras obras de arte! Quem nunca ouviu dizer que os prédios e as estátuas gregas eram todas coloridas? Essa brancura clássica é algo recente, mas mesmo assim, se eu topasse com a estátua da Venus de Milo colorida desmaiaria de susto!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Era Baptista. Sorriu ao nos ver. Segurei sua mão e disse que iríamos ao hospital. Em poucos minutos estávamos lá. O diagnóstico veio logo depois: colapso nervoso. Pensei imediatamente que seria resultado de mágoa crônica e não resolvida. Minhas leituras nos sites de psicologia e psicanálise ajudam quando decido fazer pequenos diagnósticos. O médico nos tranquilizou. Ele ficaria em repouso por algumas horas. Receberia a visita de uma psicóloga e teria alta antes do anoitecer.
Passamos a tarde ali, mimando nosso amigo e deixando-o dormitar quase todo o tempo. O médico perguntou se ele não gostaria de passar a noite ali, mais tranquilo. Categoricamente respondeu que não. Voltaria conosco para o hotel.
Eu me propus a ficar com ele durante a noite. Brinquei dizendo que sendo a mais nova do grupo a mim competiria essa “missão”. Azevedo concordou, como usuário conformado do Lexotan, sem o qual as noites eram para ele verdadeiras tragédias, não seria a companhia ideal pois dormiria profundamente. Baptista se opôs, disse que não se sentiria à vontade mas fui assertiva: iria, com sua aprovação ou não.
Ainda sob o efeito de alguma coisa que lhe fora ministrada no hospital, ele adormeceu em poucos minutos. Fiquei lendo até mais tarde e acabei dormindo no sofá, com o abajur aceso. Ainda com os olhos fechados pressenti alguma coisa e senti um arrepio. Levantei lentamente as pálpebras com medo do que poderia ver. Felizmente Baptista continuava na mesma posição ressonando levemente. Apaguei o abajur e deitei. Já clareava quando abri os olhos, totalmente desperta. Batista estava à janela. Olhava o mar. Levantei silenciosamente e me aproximei colocando meu braço em sua cintura. Ele chorava.
- Quantos anos ainda viverei tão sozinho, minha querida?
- Todos somos sozinhos, Baptista, às vezes também sinto-me num túnel sem a tal luz lá no fundo... A vida é assim. Esta noite, antes de adormecer, fiquei matutando sobre nosso encontro. Temos nos sentido tão bem e tão amorosos, não? Se continuarmos nos encontrado poderemos até montar uma “república”. Só precisaremos nos conhecer um pouco mais.
- Você sabe, minha querida Júlia, que o termo estresse foi emprestado da física? Designa a tensão e o desgaste a que estão expostos os materiais, foi usado pela primeira vez no sentido hodierno, em 1936, pelo médico Hans Selye. O stress pode ser causado pela ansiedade e pela depressão devido à mudança brusca no estilo de vida e à exposição a um determinado ambiente, o que leva a pessoa a sentir um determinado tipo de angústia. Quando os sintomas de estresse persistem por um longo intervalo de tempo, podem ocorrer sentimentos de evasão (ligados à ansiedade e depressão). Os nossos mecanismos de defesa passam a não responder de uma forma eficaz, aumentando assim a possibilidade de ocorrerem doenças, especialmente cardiovasculares. Felizmente fui tomado apenas por este colapso, poderia ter sido mais grave. Sinto que uma mudança imediata se faz necessária.
Azevedo chegou, com um cesto cheio de flores. Tomamos o café da manhã juntos, evitando falar sobre o dia anterior.




sábado, 20 de agosto de 2011

O Egito e as cores fortes nas artes industriais

Atualmente sabe-se que a civilização técnica do Egito teve influência da vizinha Mesopotâmia em um fluxo mais ou menos assim: historicamente tudo teve inicio na Suméria, passando para o Egito, depois voltou para a região alta da Mesopotâmia refinando-se e retornando as terras do Nilo. Sem dúvida nenhuma os egípcios foram os melhores decoradores da antiguidade. Em nenhum outro período os monumentos arquitetônicos, incluindo-se aqui os da ilha de Creta, foram tão nossos contemporâneos, basta pensar na pirâmide de vidro do Louvre ou nas cores fortes das casas coloniais mexicanas ou brasileiras: como Pelourinho/Salvador ou a Rua dos Judeus/Recife. No México de hoje verificar a combinação do estilo tradicional e do modernismo europeu na obra do arquiteto Luis Barragán. Suas cores são vibrantes e diferentes da produção brasileira influenciada por Le Corbusier, como Brasília e a frieza do concreto aparente de Oscar Niemeyer. Barragán sempre esteve próximo de suas raízes, daí sua arquitetura tão colorida. Em relação à América, os historiadores falavam em herança da cultura espanhola, portuguesa e depois mourisca, devido ao tempo que os mouros permaneceram na península ibérica. Não que isso não seja verdade. No Nordeste é só olhar para os pátios das igrejas e casas antigas e seus arcos ou na decoração rendilhada de prédios e capelas para constatar que aquilo é árabe, sem dúvida nenhuma. Porém, o olhar dos artistas e restaurados vai muito além desse período chegando à pré-história e a memória coletiva das populações idem. Após a segunda guerra mundial, esses olhares se voltaram para o começo da civilização e estava tudo lá.
Embora ditas em outros termos, às características egípcias e mesopotâmicas são semelhantes e possivelmente foram levadas para o México: predomínio da horizontalidade; grandes massas com fachadas plenas ou cegas, isto é, sem janelas; construções com tijolos ou pedras; casas quadradas ou retangulares com pátio interno com arcos plenos e cor, muita cor!Não vou falar em palácios, templos ou pirâmides, construções conhecidas demais. Vou comentar o cotidiano da vida dos moradores das margens do Nilo e dessa forma vocês poderão fazer os paralelos entre as cores orientais e americanas. Os egípcios acreditavam na vida após a morte e dessa maneira passavam grande parte de seu tempo decorando as paredes dos túmulos com a biografia do futuro morador do local. As pinturas são coloridas e executadas com uma técnica conhecida como encaustica. O artista misturava pigmentos em cera quente, então a durabilidade e brilho. A maioria das pessoas era mumificada e enterrada em sarcófagos acompanhados por 365 uchebtis, pequenas estatuetas que tinham como função trabalhar no lugar do morto!
Porém, bom mesmo era fazer compras. Tudo que você possa imaginar existia no Egito. Camisinha feita com crina de mula, cama, mesa, cadeira, cerâmica, porcelana, vidro, espelho, taças de ouro ou outro metal, esmalte, perucas, jóias, algodão fino, usado até hoje nos famosos jogos de cama de algodão egípcio... A economia estava baseada na agricultura, então a feira estava recheada de bons frutos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mistério à Beiramar VII


Foram só quatro taças de vinho mas sinto que estou bêbada. Após o primeiro Asti veio o segundo, o terceiro não acabamos e o garçom prometeu guardar para o dia seguinte. Tenho a sensação de estar apaixonada por Baptista. Não tem sentido, ele é um velho... Sinto uma ternura tão grande por eles! Azevedo é mais conservado mas parece também mais conservador. O que é isto que estou sentindo? Tenho vontade de resolver umas coisas mal resolvidas. Direi àquele desgraçado daquele psicanalista que ele atrasou minha vida em pelo menos dez anos. Se ele fosse meu terapeuta tudo bem, mas eu o amava, ou eu o amo? Hoje acho que resolvi. Não o amo, tenho vontade de mandá-lo para a ... para perto de sua mãe. Na última vez que eu telefonei tratou-me com tal desprezo que afundei completamente. Foi ele o responsável e não o meu trabalho. Bandido, esnobe, pseudo intelectual! Vou escrever para ele agora e dizer que consegui me livrar da assombração de sua presença em minha história... Abri o laptop mas não consegui escrever nada. Iniciei uma série de e-mails mas apaguei sem mandar.
O rosto plácido de Baptista esteve comigo até que eu adormecesse abraçada ao travesseiro, com o laptop aberto, imaginando palavras desaforadas para escrever a Roberto.
O dia amanheceu chuvoso. Desci pronta para devorar o Buffet todo, ainda com raiva de Roberto.
Dois enfermeiros passaram por mim apressados, carregando uma maca. Vi Azevedo junto à porta. Ao me aproximar percebi que observava uma ambulância.
- Bom dia, Azevedo! Que terá havido?
- Não sei, acabei de descer, algum hóspede estará sentindo uma indisposição. Lugar de velhos...
À aproximação dos enfermeiros nos afastamos, abrindo espaço para a passagem da maca.

sábado, 13 de agosto de 2011

O belo é difícil, dizia Platão...

Quando a Janaina sugeriu que uma das Rosas falasse sobre arquitetura, comecei quase que imediatamente puxar pela memória em busca de informações e paralelos contemporâneos para justificar as construções mexicanas tão coloridas. Lembrei-me, também, das revistas de arquitetura e artes decorativas publicadas durante a década de 1930, presente do senhor Gabriel Pelegrina. Isso para historiadores é um achado e tanto. Em uma delas tem até um guia com dispositivos do Código Civil sobre propriedade e construção. As reproduções vão desde casas simples até residências enormes com áreas para serviço e “lugar para engommar”. Imagine só, um local para passar e engomar roupas! Ah, velhos e bons tempos aqueles. O fato fez-me lembrar de um texto de título Soft city, de Jonathan Raban escrito nos anos 1970 pressagiando as mudanças na vida das cidades. Ele também deveria ter pensado em um código de estilo para residências e de boas maneiras para vizinhos, isso para falar só na invasão de privacidade de algumas torres, do barulho, do circular com cachorros sem os cuidados necessários, etc, etc. Mas, deixa para lá...
Nesse texto, Raban usou pela primeira vez o termo yuppie. Ele referia-se aos jovens profissionais urbanos, tão conhecidos hoje em dia. Dentro suas ideias, uma delas, na contra mão da história, dizia que as cidades não estavam sendo devoradas pelos planejadores, como diziam alguns entendidos, pois elas são extremamente complexas. Ao mesmo tempo, ele comparava-as aos labirintos, enciclopédias, empórios e teatros. Uma povoação, afirmava o citado autor, convida o habitante a refazê-la amoldando-se sem resistência quando existe tentativa de impor-lhe uma nova forma. Acreditava que toda cidade é plástica – ele usa o termo com sentido de maleável – por natureza e o seu morador não é alguém dedicado à racionalidade matemática como supõem os sociólogos. Daí ela ser como um labirinto, formada por colméias, por redes tão diversas de interação social e orientada por diferentes metas transformando-se em “um livro de rabiscos de um maníaco, cheio de itens coloridos sem nenhuma relação entre si, nenhum esquema determinante racional ou econômico.” A idéia é interessante. Enciclopédia é uma obra de referência em todos os campos do conhecimento tratando de forma alargada um assunto específico. Empório, no mundo antigo, era uma colônia comercial internacional e hoje é um estabelecimento onde são vendidos vários tipos de mercadoria. A analogia é clara. Pensem em um local como Bauru e sua diversidade enorme de preferências. Dá para perceber que a homogeneidade de valores está em dissolução. Meu propósito não é criticar, pois o velho provérbio popular diz: gosto não se discute, e não se discute mesmo.
Essas diferenças existiram sempre e as reproduções das revistas confirmam a idéia de uma localidade ser demasiado complexa para ser disciplinada. Arte e estilo são as palavras para descrever a relação peculiar entre o homem e o material construtivo existente na contínua interação criativa da vida urbana. A Brasília ideal imaginada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer não existe. Ela tornou-se real demais, próxima de um pesadelo, embora diga em seu favor que outras localidades não planejadas, também, perderam o rumo. Toda cidade pode ser um teatro, embora isso queira dizer a presença de vilões e tolos, com os quais nem sempre se quer conviver. Sem falar na mistura de tendências e modas reduzindo empreendimentos a fantasias e disfarces como cenários de peças fantásticas. Jonathan Raban estava certo. Um local pode ser uma enciclopédia, um labirinto e um teatro, tudo ao mesmo tempo. Então, como a característica da pós-modernidade é a citação, não está na hora de contrariando Platão, começar a reeditar revistas antigas e de boa qualidade em busca de um empório de estilos simples e bonitos de se ver?

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Por email

ala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

e o teatro antropofágico, polêmico, sem-vergonha e "brasyleyro" de José Celso Martinez Corrêa celebra 50 anos de existência. Com peças antológicas no currículo, como "O Rei da Vela" e "Cacilda!", o grupo Uzyna Uzona comemora a data com o espetáculo "Macumba Antropófaga Urbana de Sampã", que estreia na próxima terça-feira. Neste dia, ainda vai acontecer uma caminhada - não sei se ela vai acontecer nos outros dias em que a peça será encenada - pelo Bexiga, bairro onde está localizada a sede da cia., que sonha em construir o Anhagabaú da Feliz Cidade. Hora de celebrar esses 50 anos de luta, de resistência e de muita história para contar. A peça fica em cartaz até 2 de outubro...

dito isso, São Paulo mantém a tendência de abrir espaço para novos e tradicionais grupos de teatro. Em cartaz na capital ainda estão "Ópera dos Vivos", a elogiada nova montagem da cia. do Latão - no CCSP -, "Roberto Zucco", dos Satyros - no Satyros -, e "As Três Velhas", que tem no elenco a veterana atriz Maria Alice Vergueiro - no Galpão do Folias. Novos nomes se fazem presentes por meio de "Breviário - Gota d'Água", com a ótima Georgette Fadel no elenco - no Teatro Coletivo -, "O Fio das Missangas", na sede da premiada cia. XIX de Teatro, e "Jogando no Quintal", apresentada por uma excelente trupe de clowns - no CCSP.

novos nomes da música também pedem passagem... Na quarta, dia 17, Bruna Caram sobe ao palco do Teatro das Artes. No mesmo dia, o rapper Emicida, que acaba de lançar o EP "DooZicaBraba e a Revolução Silenciosa", recebe convidados no estúdio Emme. Na quinta, a Banda Mais Bonita da Cidade (alguém ainda se lembra dela?), no Studio SP, e a cantora Ceumar apresenta o seu novo disco, "Live in Amsterdam", no Sesc Vila Mariana. A ideia é assistir ao show da Ceumar e, se der tempo, ver qual é, ao vivo, da Banda Mais Bonita da Cidade...

ainda falando sobre música, no sábado, dia 20, há dois bons shows. À tarde, a partir das 16h, o Copacabana Club (vocês já devem ter percebido o quanto eu sou fã desses curitibanos) invade a praça Victor Civita, em Pinheiros, para uma apresentação gratuita. À noite, no auditório Ibirapuera, Zélia Duncan mostra o show da turnê "Pelo Sabor do Gesto - em Cena".

apesar da invasão dos "blockbusters", as salas de cinema de São Paulo ainda reservam espaços para filmes menos comerciais. As dicas são a considerada obra-prima de Terrence Malick, "A Árvore da Vida", e o polêmico "Melancolia", de Lars von Trier. Fãs de documentários brasileiros não têm do que reclamar: estão em cartaz "Ex Isto", "Solidão e Fé" e "Filhos de João, Admirável Mundo Novo Baiano". Atenção: voltou a ser exibido o filme "Namorados para Sempre", que ficou muito tempo em cartaz - o longa pode ser visto no bacana Cine Segall...

entre as exposições, todo mundo comentou, nesta semana, sobre "USAnatomy", que reúne algumas imagens feitas pelo fotógrafo Steven Klein. A mostra está em cartaz no Mube (até o dia 28/8). Vale ainda uma passada por "Louise Bourgeois", no Tomie Ohtake, e por "A Rua É Nossa... É de Todos Nós", no MAC.

e o melhor da semana passada foi o filme "Super 8". Dirigido por J.J. Abrams, homem por trás do sucesso "Lost", o filme é uma clara homenagem a Steven Spielberg. Portanto, é um prato cheio para quem gosta de "Os Goonies", "E.T. - o Extraterrestre" e até mesmo "Jurassic Park".

é isso
até mais
se cuidem!
alan

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Mistério à beiramar VI


- Sou calígrafo.
Esta intervenção de Azevedo nos pegou desprevenidos. Eu tivera a sensação de que o tempo seria meu. Já ouvíramos Baptista com suas memórias, seu doce amor, sua dor e questionamentos. No momento em que pediram que eu contasse sobre mim comecei a organizar meus arquivos para selecionar o que deveria ser contado e agora isso... Voltamo-nos para ele.
- Que maravilha! Sempre fiquei fascinada com aquelas volutas, nem sei se é possível usar “voluta” para aquelas curvas que vocês fazem, mas adoro essa palavra e a definição, que decorei ainda menina: ornato espiralado de um capitel de coluna. Acho isso lindo!
Ambos sorriram ternamente para mim, como dois pais compassivos ante uma menina sapeca.
- É realmente uma bela palavra e nós, calígrafos, usamos volutas, sim. Dedico-me à caligrafia há mais de setenta anos. Hoje tenho pouco a fazer. Acreditam que computadores têm letras cursivas e muito da pompa de convites manuscritos perdeu-se pela praticidade da opção?
- Quando me casei pela primeira vez paguei uma fortuna ao calígrafo, mas achei necessário, dá outra impressão, quer dizer, impressiona mais, não impressão do computador, ou melhor, ah, vocês entenderam, não?
Novamente sorriram.
- Sim, minha querida, entendemos, causa boa impressão a não impressão do convite, coroado pelo capricho de um calígrafo, não é isso? Disse Baptista sorrindo, esquecido de suas dores.
- Chego a despender vinte minutos por convite, você não gastou uma fortuna, Júlia, pagou o preço justo.
- Desculpe-me, sou impetuosa, vou falando e às vezes falo demais. Sabem que esse é meu pior defeito? Segundo minha avó sou estabanada.
- Uma linda e jovem estouvada, de que mais precisamos, Baptista?
- De um jantar condigno – disse, levantando-se – Vamos?
À beiramar comem-se camarões e foi isso que pedimos. Embora tenham afirmado que já não bebiam, acabamos com um Asti em pouco tempo. Contei-lhes de meu insucesso como esposa, dos meus sucessos profissionais, da minha dedicação ao trabalho e da minha estafa.
Azevedo declarou seu amor à arte antiga, contou-nos de suas viagens ao Egito, à Índia e à China, falou de Valentina, sua esposa por cinqüenta anos, das tentativas de encontrar outra companhia após sua morte e da tristeza sentida por não ter tido filhos. Como um jogador que vê a bola vir em sua direção Baptista rebateu. Disse que a maioria das pessoas idealiza os laços entre pais e filhos.
Alguns pares dançavam ao som de orquestras americanas dos anos 1940-1950. Continuamos conversando até por volta de onze horas quando nos despedimos prometendo nos procurarmos no dia seguinte.

domingo, 7 de agosto de 2011

Vergonha alheia

Imagine um filme com orçamento inicial de R$ 6.5 milhões (não achei dados sobre o número real fechado), um elenco com Lima Duarte, Giulia Gam, Eriberto Leão, Hermila Guedes, Tonico Pereira, Gero Camilo, Vinícius de Oliveira, Heitor Martinez Mello e Milhem Cortaz, um diretor de mercado conhecido por seu profissionalismo, um roteirista experiente e autor de um dos filmes de maior bilheteria do país. Imagine! Isso é Assalto ao Banco Central e é um fato inegável. No entanto o resultado... Impressionante como uma superprodução baseada em uma história que parece ter sido feita por Hollywood, o maior roubo, de R$ 164 milhões, realizado em Fortaleza, sem uso de nenhuma violência e ainda não completamente resolvido.
Após pouco mais de dez minutos sentada na cadeira, o que impressiona é o quanto Daniel Filho e Renê Belmonte erraram. Nada funciona, grandes atores soltam frases pessimamente acabadas seguidas de outras pouco críveis transformando-se em grandes canastrões dignos de vergonha alheia. A direção de fotografia não existe, tudo se passa em cenários óbvios e horrorosos, a continuidade deixa a desejar e a linha narrativa se perde várias vezes deixando lacunas de conteúdo para a compreenção da história. Afinal, quem são todos aqueles personagens? A única coisa que por horas funciona é a trilha sonora bem realizada por André Moraes e Chris Pittman (da banda Guns 'N" Roses) e mesmo essa não empolga ao ponto de virar produto de consumo como aconteceu com a de Cidade de Deus.
A sensação após apenas uma hora de filme (e ele tem intermináveis 104 minutos) é a de que apagar a luz do projetor seria a melhor solução para a melhora do filme.
Sim, é fato, Daniel Filho nunca havia dirigido para cinema mas então que idéia de girico dar este projeto a ele?
A esperança? Já que Hollywood adora um remake, alguém bem que podia refilmar e transformar essa atrocidade em um filme digno de história tão interessante.



O site vale uma visintinha só pela ironia da coisa como por exemplo:
"222 Latas filmadas
57 Atores
366 Figurantes
20 Dublês de ação
10 Diretores de ação
84 cenários e locações
396 horas trabalhadas por pessoa
362.060 Km rodados
2.805 km aéreos rodados
30 veículos utilizados"
E aí fica a pergunta: por que mesmo?

sábado, 6 de agosto de 2011

Arquitetura colorida

Os leitores não acostumados com história antiga ou teorias malucas precisam saber da existência de uma crença, não comprovada, que os americanos são descendentes dos povos caldeus e egípcios e atravessaram o estreito de Bering - liga América do Norte/Ásia - para se instalarem no novo mundo. Verdade ou não, a arquitetura mexicana possui características de ambas.
Primeiro o homem inventou a mão! A partir daí seus utensílios, com técnica e estética. Os monumentos arquitetônicos são exemplos da criatividade humana desde os primórdios da civilização. Arquitetura vem do grego archos (primeiro) e tekton (pedreiro). Em latim o termo era magister operis, traduzindo pode-se dizer que seria o mestre de obras ou arquiteto. A arquitetura nasceu como ciência, indústria e arte na Mesopotâmia. As construções eram de alvenaria, sem fundações, com escadarias, rampas, paredes aparelhadas na vertical, colunas, ausência de janelas no primeiro pavimento, pátios internos. Arcos e abóbada são as características mais fortes desses edifícios e estão presentes no México, somente na arquitetura dos maias. Eles são abundantes também na arte romana (Coliseu) e românica (catedrais da Idade Média). Hoje nos edifícios novos ou reformados, classificados de pós-modernos, como o shopping Iguatemi/São Paulo ou a Rua Batista de Carvalho, em Bauru.
Além dos palácios e templos, a pirâmide truncada, conhecida como zigurat compõem as ruínas mexicanas. Na Mesopotâmia ela era composta de sete andares e cada um tinha o nome e a cor de um planeta. De baixo para cima: Saturno/negro; Vênus/branco; Júpiter/púrpura; Mercúrio/azul; Marte/vermelho; Lua/prata e Sol/ouro. No último andar estava o observatório astrológico. Quanta cor! E repare leitor que embora a modernidade se vanglorie de suas descobertas, eles conheciam praticamente todos os planetas. Progressão ou regressão? A astrologia e astronomia nasceram aí. A título de curiosidade, nessa região ficavam os famosos jardins suspensos da Babilônia e daí saiu também um dos primeiros textos escrito há mais de 6.000 anos: Gilgamesh, rei de Uruk, obra mais difundida por volta de 2.340 a. C.
Embora, alguns historiadores afirmem que a civilização egípcia foi a mais avançada da antiguidade, a Mesopotâmia chegou à escrita 200 anos antes dela, além de ter criado o primeiro sistema bancário. Isso bem antes dos templários!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Mãe é mãe

Homenagem a todas as mães do mundo... de todas as espécies!



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

terça-feira, 2 de agosto de 2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Mistério à beiramar V

* Sorry... semana passada escrevi Beira Mar... um lapso.

Baptista, como se não tivesse ouvido minha intervenção continuou sem sequer nos olhar.
-...Je meurs à l'instant mon amour
Je ne serai plus là à ton réveil
Mon destin s'accomplit - Déjà
Le rêve s'assombrit à l'exemple
Du ciel à la tombée du jour, déjà
L'aigle de feu disparaît au loin
Seul sans toi au bout du monde.
Azevedo e eu nos olhamos, cúmplices. Mantivemos o silêncio respeitando aquelas dolorosas lembranças. O poente vermelho fez com que olhássemos as nuvens que filtravam a despedida daquele dia.
- Desculpem-me! Por instantes deixei-me levar por pensamentos dolorosos que tenho alojados no fundo da alma e dos quais não consigo livrar-me.
- Caro amigo, companheiro, que magnífica oportunidade para falar... de nada adianta alojarmos tristes memórias no fundo d´alma, importante é livrarmo-nos delas, aproveitarmos com humor os dias que ainda temos à frente.
Senti que precisava dizer alguma coisa mas nada me ocorreu. Não entendi muito bem o poema mas percebi que falava em solidão. Pobre homem! Três filhos, ser um estrangeiro em sua própria terra já que viveu tantos anos fora, certamente deve ter se afastado dos amigos e com tantas mudanças de telefones é impossível encontrar alguém a não ser usando recursos modernos. E se eu lhe falasse do Facebook? Em seguida me censurei: cala a boca, a conversa está num nível tão elevado e você quer estragar tudo?
- Inkeri se enforcou e eu me sinto culpado, não deveria tê-la deixado só.
Os soluços vieram antes do final da frase.
- Depressões – disse Azevedo. Com o desaparecimento das figuras do médico de família e do padre que visitava seus paroquianos tudo se agravou... O médico de família conhecia as mazelas de todos e diagnosticava com facilidade embora os remédios fossem limitados. O padre confessor sabia das preocupações e dores de cada um... Para que psicólogos, psicanalistas e psiquiatras? Desculpem, as depressões me indignam!

Baptista acalmara-se um pouco. Chegáramos ao hotel e nos sentamos no lounge. Um pianista tocava uma música que imediatamente identifiquei: I cried for you, pois adoro Billie Holiday, então eu cantei baixinho, apertando a mão de Baptista:
And when you went
I became a hopeless drifter
But this life was not for you
Though I learned from you
That beauty need only be a whisper

I'll cross the sea for a different world
With your treasure, a secret for me to hold
………………………………
Ambos sorriram e eu, empolgada, continuei. Ouvimos e cantei mais duas ou três músicas e ao final recebi aplausos carinhosos.
- Inkeri e eu gostávamos muito de Billie. Todos têm livros de cabeceira, tínhamos discos. Ouvíamos à noite, deitados, de mãos dadas. Sinto muita falta dela mas, enfim, nada há que se possa fazer. Obrigado pelos ouvidos - Sorriu mais relaxado – ocupei-os com minha tristeza. Falem-me de vocês.
- Diga-nos, Júlia, mais alguma coisa sobre você. É tão nova, ainda, e conhece músicas antigas de cor, que história é essa?
- Quando mocinha fiz intercâmbio. Passei um ano nos Estados Unidos. Meu pai, de lá, adorava a Billie. Como veem, não é tão misterioso assim.