quinta-feira, 31 de março de 2011

Rendeira israelense

Blog mostra o trabalho de Cal Lane, a rendeira israelense que invadiu a net nos ultimos dias.

quarta-feira, 30 de março de 2011

terça-feira, 29 de março de 2011

Fica a dica

E o site da Virada Cultural está no ar cheio de coisas bacanas... e não, a Janaina não tem nada a ver com a Virada Cultural na cidade de São Paulo!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Você está comendo algo delicioso e pensa que, se continuar comendo, vai ter mais e mais prazer. Então, tudo dá errado. Você se sente empanturrado, tem má digestão e o almoço se transforma no começo de uma tarde infernal.

Você toma um drinque perfeito que um amigo preparou. Pede outro, mais outro e, no final, termina a noite com náuseas e dor de cabeça. No dia seguinte, de ressaca, se pergunta por que aquilo que era puro prazer se transformou em algo tão desagradável.

Essa é a questão: a maior parte dos problemas das pessoas ocorre porque elas exageram na quantidade do que gostam. Se preocupam muito com o que querem e não com aquilo que as faz felizes... Exageram e não entendem como algo maravilhoso as levou ao inferno! Tudo na vida é questão de qualidade, e não exatamente de quantidade. Temos de pensar mais no que queremos do que em quanto queremos.

Ter poder é ótimo, mas o problema começa quando se quer ter poder demais. Ter dinheiro é ótimo, mas a escravidão começa quando se quer dinheiro demais. Ter trabalho é ótimo, mas as limitações acontecem quando só se consegue ter prazer com o trabalho. Ter uma única razão para viver também acaba criando vidas limitadas... Pensar somente em um objetivo é obsessão. Pode ser o caminho mais curto para realizar um desejo, mas certamente é uma maneira pobre de viver. Para que nossa vida seja plena, é preciso haver espaço para a diversidade.

Texto do livro " A revolução dos campeões" de Roberto Shinyashiki

domingo, 27 de março de 2011

A cidade do pecado


Aproveitando oportunidade vou dar um pulinho no tempo e falar sobre a experiência Las Vegas. Sempre tive curiosidade sobre Sin City, a cidade do pecado, mas nada a ponto de me fazer ir ate la. Essa foi a primeira vez, a decisao nao partir de mim e sim de Rogério, que tambem nunca havia visitado... e la fomos nos. De carro de Los Angeles a Las Vegas como nos filmes. Bom, para comecar a viagem é longa, coisa que nos filmes nunca é mostrada porque edição serve para isso mesmo, e incrível. O deserto é incrivel pura e simplesmente porque a paisagem é tão diferente de tudo... por quatro horas e meia! O bom de estar bem acompanhada é que rimos muito, brincamos e cantamos quase todas as canções de Glee (umas 3 vezes cada) mas sem nunca perder o humor. E a cidade? Hehehe, Las Vegas é o mundo artificial mais incrivelmente produzido. Fiquei imaginando como deve ser Dubai.
É Prada, Chanel, música e luz artificial rolando o tempo todo. Para ter uma idéia, dentro do Planet Hollywood, há mocinhas dançando em poles a qualquer hora do dia ou noite. álcool, muito álcool e luz e música... e lojas... muitas lojas...


sábado, 26 de março de 2011

Caracteristicas gatais

Gatais, palavra que não existe em dicionário, mas como Guimarães Rosa podia inventar novos termos, Rosa Bertoldi também tem direito, obrigação, sei lá. E como Rosa Gabrielli, eu peguei gosto pela sequência. Sequencia... grifado em vermelho e não sei porque. Ponho acento, tiro acento, trema, nem pensar, não existe mais, continua vermelho. É petista. Droga, nada como ter ex-presidente analfabeto, para deixar qualquer um doido e sem chão na hora de escrever.
Viva a santa ignorância do português nosso de cada dia!
Vou voltar ao assunto. Vocês viram o coitadinho do gato? A primeira foto emprestada pela menina Janaina está ótima e verdadeira. Eu falei que o Benicio não era Del Toro. Mas, a segunda, ela passou pelo photoshop ou substituiu o gato, vira-lata tem em qualquer esquina. Qual a opinião dos amigos leitores? Conto tudo o que sei sobre gatos, afinal sou especialista no assunto, em troca vocês dão a opinião sobre os gatos, porque são dois não tenho dúvidas.
As informações começando pela orelhas, que permitem aos bichanos audição direcional têm 32 músculos,então, eles podem movê-las independentemente uma da outra.
Sem falarno corpo que pode estar virado para a esquerda, enquanto elas se movem para a esquerda. Mentira! Verdade, eu afirmo. Outra coisa estranha em gatos é a temperatura que varia entre 38 e 39 graus, porém quando penso nisso, digo: faz sentido. Tudo neles é mais. Pelos demais! Pressão: 14 por 8. Pulsação? 140 a 220 batidas por minuto naquele coração tão pequeno! São os mais sensitivos dos animais. Visão binocular altamente apurada num raio de 200 graus, maior do que a dos homens, em torno de 180. Audição e olfato sobre-humanos, 14 vezes mais potentes. Esse olfato apurado faz deles um gourmant!
São tão finos que caem sempre de pé. Durante a queda giram o corpo utilizando-se da cauda para dar equilíbrio e flexibilidade, deste modo, desde que haja tempo, são capazes de suportar altos tombos. Benicio não precisa se preocupar porque mora no segundo andar, então do chão não passa... e talvez nem quebre a costelinha, tão magrinho... Menina, gatos fazem 16 refeições ao dia. Eu não expliquei que tem de deixar a ração em lugar visível para que ele possa comer quando quiser? Tem piscina no prédio? Bem, mesmo que ele caia na água, gatos sabem nadar!!!!!!!!!!! Eles também são digitígrados, ou seja: andam sobre os dedos. São capazes de passos precisos, colocando cada pata diretamente sobre a pegada deixada pela anterior, minimizando o ruído e os trilhos. Espertos, hein?
Gatos possuem um cérebro evoluído e são capazes de sentir emoções podendo sofrer
distúrbios psicológicos, tais como depressão e estresse. Esse comportamento varia conforme a ninhada ou o grau de socialização do bichano. As meninas têm temperamento mais difícil. TPM gatal? Algumas não dão atenção para seus donos. Meu caso: a Mimi simplesmente me ignora. E eu pensando que era pela minha condição de plebéia. Às vezes, ficava imaginando porque meu avô, assim como o Conde Matarazzo, não comprara um título de nobreza para ele. Assim eu seria condessa, estando dessa maneira mais próxima da princesa jedi. Deve ser característica gatal, mesmo... pois quando ameaça chover os três, até o rueiro fica em baixo da mesa ou do sofá, outra mania dos gatos. Seria medo? Medo ancestral!! Auto defesa, afinal como nós, eles viveram as dificuldades do paleolítico. Mas, nem só de calmaria, natação forçada, tombos, pressão alta, vivem os bichanos. Eles
passam um bom tempo de seu dia cuidando da limpeza dos pelos. Deve ser para sumir de
noite e namorar. Gatas ficam no cio de 3 a 7 dias e os gatos possuem 38 cromossomos, seja lá o que isso signifique. Deve estar relacionado ao fato delas poderem ter uma ninhada com mais de dois pais. Então, Janaina, eu sinto dizer que os gatos pretos que o Ju viu junto com o Benicio eram seus irmãos. Só não me pergunte como vou dizer isso para ser politicamente correta, algo que não sou! A mãe do Benicio é parente da........., uma bisca, não é?
Um fato que sempre me incomodou. O romano daqui de casa, dito todesquini, o amarelinho inteiro, tem dente igual aos fósseis do tigre dentes de sabre. Herança genética. A Internet me contou. Agora estou mais tranquila. E pasmem, gatos brancos são surdos! Os que não são tem um olho de cada cor. E falando em cor, gatos diferenciam algumas cores quando vistas de perto e gostam de boa vida na velhice. Quem não gosta, hein? Quer saber, na próxima encarnação vou pedir a Brahma, o deus, não a cerveja, para reencarnar como gata. Dormir 20 horas por dia, passear por quatro horas toda noite tendo uma dona Janaina para cuidar de mim, levar ao cirurgião plástico, ah, então foi isso, o Benicio foi plastificado! Lindinho, minha hora ainda vai chegar.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Síntese do texto Passeio Socrático do frei Beto

No Oriente, em contato com monges, ele reparou que todos eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz.
Recentemente, observavando o movimento do aeroporto de São Paulo viu a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Então pensou: 'Qual dos dois modelo produz felicidade?'
As crianças vão para a escolinha antes da hora e a elas são dadas opções com horas marcadas e, então, correm da equitação para a natação, dali para o balé, depois informática, boas maneiras, artes, etc. Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
O número de livrarias diminui e de academias de ginástica cresce. Conclui: vamos todos morrer esbeltos mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Conhecemos alguém que vive em Londres, e conversamos diariamente com ele mas não sabemos quem é nosso vizinho. Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...
Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, ­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba­ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental, três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...
Frei Beto conta que diz aos balconistas que o cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático. Diante dos olhares espantados ele explica: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"

sábado, 19 de março de 2011

Gatos

O dicionário comum define gato como animal pertencente a família dos felinos. Como sou curiosa fui lendo: gato = bichano/gato-pingado = individuo que acompanhava com archote os enterros/gatunar = roubar/gato-sapato = coisa vil, desprezível (então fazer de alguém gato-sapato é maltratar)/gatunice = ação própria do gatuno.
Abandonei o dicionário para dar asas à imaginação. Desculpe-me a esnobação abaixo ao usar o nome latino do animal, mas é uma brincadeira. Dizem que abuso do meu phd. Mas, as pessoas que repetem essa bobagem nem sabem o que significa a sigla. Em inglês, phd é doutor em filosofia, coisa que não sou. O gato ou felis silvestris catus, mais conhecido como gato caseiro é o mais popular dos animais de estimação. Seu ancestral era o Miacis que vivia no paleolítico superior e caminhava sobre galhos de árvores. Um hábito que os nossos bichanos herdaram. As noticias sobre gatos domésticos existem há 12 milhões de anos. Eles viviam em terras do atual Egito, portanto possuem sangue africano em suas veias. São gravuras, estátuas, pinturas que revelam a relação desse animal com os egípcios. Eram sagrados e venerados como deuses. Bastet, hoje no Louvre, foi considerada a deusa da felicidade e fertilidade, protegia os homens. Às vezes, aparecia representada como uma mulher com cabeça de gata. Não demorou muito e o animal foi contrabandeado para a Pérsia. Lá era venerado e tido como um espírito amigo, criado para fazer companhia aos seres humanos durante sua passagem pela Terra. Não mudou muito não é? Porém na Idade Média esse animal associado aos diferentes tipos de sortilégios acabou queimado nas fogueiras da inquisição, porque toda bruxa tinha um gato preto. Ainda hoje é comum ouvir histórias de sorte e azar associadas aos animais dessa cor. Na Renascença voltaram às residências, como animais de luxo, e aos barcos, onde os navegadores os mantinham como mascotes. Na verdade, sua função era controlar a população de roedores a bordo! Quando passo pelo estacionamento do shopping e vejo uma exposição de gatos faço as contas dos anos que essas mostras acontecem. 1871, em Londres, apareceram as primeiras.
Eu tenho três gatos e um cachorro em casa. Uma siamesa perto dos 15 anos, mas que se bem tratada poderá viver até os 20, dizem os veterinários. Pensando bem, acho que ela passará disso, apesar de estar cada vez mais ranheta! Porém a gente respeita a idosa. Ela chegou aqui em um momento especial. Minha filha havia perdido sua gata de raça, mas uma "bisca" que pegava cria com qualquer um, então era um parto atrás do outro. Acabou ficando com anemia profunda e morreu ao dar cria em lindos gatinhos que morreram junto com ela. Logo depois apareceu o Leo, o protótipo do gato de rua que acabou atropelado em frente nossa casa. Foi aí que a família ganhou a gatinha, hoje nossa velhinha. Depois veio um novo Leo, quer dizer um gato parecido com o antigo e com o mesmo temperamento, fazendo juz ao refrão: nós gatos já nascemos livres... Hoje ele está próximo dos seis anos. Um ano depois ganhei Mimi, a mais bela gata do pedaço. Metida a besta, porque é neta do mestre Yoda. Quem mora nas redondezas da cidade sabe que o velho jedi de vez em quando passa com sua nave espacial a procura de um encontro com ela. Nesse dia eu guardo a Mimi embaixo de sete chaves! Afinal, mestre Yoda, um cenveriano (do planeta Cenvera/República Galáctica) famoso pela sua enorme sabedoria, um profundo conhecedor da Força e possuidor de habilidade com o sabre de luz, em Star Wars, pode desejar transformar sua neta em princesa jedi e eu vou ficar desolada sem minha gatinha. Ela é diferente em tudo. Gatos costumam dormir durante a maior parte do dia para conservar sua energia, mas Mimi dorme a noite. Gatos ronronam, miam e ela nada, nem um piu, digo miu. Gatos quase não bebem água, ela parece de ressaca, toma água toda hora. Gosta de banho e não de colo. Gatos adoram um chamego!
Então, eu vi no Facebook uma série de fotos do gato da Janaina, nossa parceira no setegraus e resolvi dar alguns conselhos a ela. Não dê ração molinha para ele, não tem "sustância" e seu gatinho vai ficar fraco e doente. Ração, só durinha! O meio de alimentação mais recomendado para gatos é o consumo livre, deve-se deixar a ração em local de fácil acesso e ele come quando tem fome. Gatos diferem na maneira de se alimentar, alguns ficam magros sempre (os de pelagem curta) outros engordam (os de pêlos longos), porém todos partilham de uma característica comum: serem curiosos. Não é por acaso que existe o provérbio: a curiosidade matou o gato. A expectativa de vida de um gato de rua é de 3 anos, enquanto um gato doméstico pode viver até 20. Cuide bem do seu.Vi que ele é feinho, mas não fique triste, isso muda: criança nasce feia mesmo... Despenteado, um horror! Coitado, talvez um gelzinho resolva essa questão. Raspar todo pêlo, talvez... Pode ser que cresça um pêlo bonito. Ele deve miar e bem alto, pois não é descendente da nobreza como a princesa jedi que eu tenho, mas ele pode ser treinado e tornar-se um cavalheiro. Para que os leitores não digam que estou mentindo vou ilustrar o texto com as fotos do Benicio. Vou logo avisando que Del Toro ele não tem nada. Sei não, isso está parecendo inveja... e nem é da boa. Dá um banho de sabonete que tenha sal grosso e arruda no bicho!


sexta-feira, 18 de março de 2011

Os Domingos Precisam de Feriados

O texto abaixo é atribuído ao grande Rabino Nilton Bonder. Leiam, releiam e releiam novamente. Absorver a imensa sabedoria deste texto é essencial não apenas para quem quer se livrar da enxaqueca, mas para todos nós, que desejamos viver com saúde plena!

Os Domingos Precisam de Feriados

Toda sexta-feira à noite começa o shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino, no sétimo dia da Criação.
Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo. A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é
pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.
Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.
Hoje, o tempo de ‘pausa’ é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações ‘para não nos ocuparmos’. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão.
O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo.
Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim.
Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente. As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado…
Nossos namorados querem ‘ficar’, trocando o ‘ser’ pelo ‘estar’. Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI – um dia seremos nossos?
Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos…
Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair – literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida. A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é ‘o que vamos fazer hoje?’ – já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de Domingo.
Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande ‘radical livre’ que envelhece nossa alegria – o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.
Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.
Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Fica a dica

Sabadão tem uma lua incrível...

bom não perder


segunda-feira, 14 de março de 2011

Continuando, falarei de Sara Maitland, a escritora inglesa que deixou tudo para unir-se ao seu grande amor: o silêncio.
Nascida numa família de muitos filhos onde todos falavam muito, alto e ao mesmo tempo, ela passou por longos períodos de solidão e introspecção. Isolou-se em vales no interior da Inglaterra, nas colinas escocesas e no deserto do Sinai. Durante esse tempo pesquisou e escreveu seu livro “The Book of Silence” (Granta Books), um livro delicioso (segundo Marília de Camargo César, que escreve no suplemento Eu do Valor Econômico) para quem quiser conhecer o que a literatura, a poesia e a ciência registram sobre o poder da quietude.
Sara tem um blog: http://www.saramaitland.com/ e nele encontrei:
"It is difficult to give any impression of that beautiful and almost quite solitary stretch of moorland which lies between Newton Stewart and the bleak village of Barrhill in the south of Ayrshire. For about twenty miles I can remember seeing only two houses. On every side the moorland flowed away in low waves to the horizon, except where it was broken, far away in the east, by the dark mountains of Galloway. There was no sign of life, except for a few distant sheep nibbling the harsh tufts of grass that grew here and there among the heather; even the birds did not seem to come here, and the only sound I heard was one of a lark singing high up.”
Confesso sentir um pouco de inveja.
Em tempo de tanta badalação literária muitos escritores têm defendido seu ritual de reclusão e inspiração no silêncio como fundamentais para a criação. Achei fantásticas as palavras de Miguel Sousa Tavares, o autor de Equador: “Escrever é usar palavras que se pouparam”

PS -Peço desculpas à amiga Rosa Bertoldi por dar a impressão de que estou fazendo suspense, é que o texto muito longo acaba sendo inapropriado para o blog, parece, mas agora contei tudinho.

domingo, 13 de março de 2011

Cabeça gira gira gira

"Pára tudo. Gênios não se acham gênios e, quando acham são muito chatos. Qualquer um é genial as vezes, eu e você também, não somos gênios e tenho certeza de que você tem certeza de que é. Pára de me julgar, menino. Porque você é um menino igual a mim. E quanto mais tenta me mostrar que não tem o que provar e que só quer o fácil, mais se enrola. E não adianta ficar bravo com o mundo, ele te leva pra onde quiser."
Máquina de pinball - Clarah Averbuck


Aparentemente o mundo chegou a conclusão que sou ácida, azeda ou amarga, não sei ao certo qual das opções, mas decidiram que meu gosto não é bom.
Ok, então se isso sou eu, me divirto sendo ácida. Sou ácida mesmo.
Se não fosse não teria feito metade das coisas que já fiz nessa vida e nem estaria cavando meu espaço com muita luta e horas de trabalho.
Não sou uma moça fácil, sei disso. Mas também não sou necessariamente difícil.
Certa vez, em uma festa, após cinco minutos e dois goles de cerveja fui pedida em casamento por um autor dessa geração que saiu da net para invadir o mundo, e este mesmo moço, após cinco minutos de conversa e dois goles de cerveja, foi capaz de me denifir melhor do que muita gente que convive comigo há anos:
- Você é páreo para a Clarah Averbuck, ele disse.
E é isso, sim, eu sou páreo para Lady Murphy e com orgulho. Não sou fácil, não senhor. Mas também não sou de se jogar fora. Sou chatinha mas inteligente, gente boa, capaz de entreter pessoas (desde que com boa vontade), discutir qualquer coisa (desde que não seja relativo a novela das oito ou a vida de ex-BBBs), tenho senso de estilo (sei que todos acreditam ter senso de estilo e de humor), no trabalho, giro aproximadamente 23 pratinhos no ar sem nenhuma perda... mas não levo desaforo para casa.
E por que toda esta propaganda gratuita, vocês devem estar se perguntando, e a resposta é muito simples.
O mundo dá voltas mesmo que girando ao redor de si mesmo. E tudo muda. O que ontem era possibilidade hoje já não é mais. O que antes era vontade poder virar rancor. E que bom que a fila anda e o mundo gira, não é mesmo?

sábado, 12 de março de 2011

Fausto, um marginal de caráter meio suspeito...

Vou falar de Goethe vivendo uma era desenvolvimentista que acabou com a frase de um oficial do exército americano após a explosão da primeira bomba atômica: "Meu Deus!... Os garotões cabeludos perderam o controle!" Eu completaria: e puseram um ponto final na modernidade. Os historiadores colocam o início da época moderna em 1453, quando da tomada de Constantinopla e seu término em 1945. São quase quinhentos anos de evolução e nesse período estão invenções, descobertas, guerras e revoluções que mudaram a face do mundo. Goethe participou de um momento crucial durante o século XIX, em uma Alemanha estagnada, em comparação com países desenvolvidos como França e Inglaterra. Fausto estava inserido nesse contexto, quando o pensamento moderno vigorava plenamente, mas as condições alemãs de vida continuavam medievais e por conta desse estado de coisas, o país vai provocar em breve as duas grandes guerras mundiais.
Goethe fez do personagem um marginal de caráter um tanto suspeito. Um sujeito indiferente à vida, o retrato do político irresponsável, que lamentavelmente permanece até a atualidade. Porém, quando se pensa em modernidade, a figura de Fausto torna-se o protótipo do herói cultural e suas transformações acontecem paralelas as mudanças da sociedade como um todo. Ele expressa o processo pelo qual um novo sistema mundial aflorou na Belle Époque e está se repetindo hoje, daí a semelhança. Um fim de século levando ao outro, como um espelho refletindo transformações...
O herói de Goethe teve seu aparecimento literário em 1587, em um livro narrando a vida de um médico, alquimista e teólogo que vendeu sua alma ao demônio em troca de 24 anos de não envelhecimento. Seria esse o trato? Alguns autores postulam que o tema do livro é o novo homem dividido entre a religiosidade medieval e o humanismo renascentista. Depois desse texto apareceram outros com o mesmo conteúdo, sempre adaptado ao momento histórico em que era escrito. O romantismo explorou a figura de Fausto em diferentes estilos e técnicas. Seu mito nunca se esgotou, tanto que Paul Valéry, Fernando Pessoa e Thomas Mann retomaram a questão, pois se o leitor prestar atenção, Fausto é - na verdade - o arquétipo da alma humana.
Goethe fala da afinidade entre o ideal cultural do crescimento individual e do movimento social em direção ao desenvolvimento econômico, são as ideias soltas no ar do seu tempo. Tempo de Freud, de Marx, das Comunas. O autor alemão acreditava que para o progresso acontecer, o individual e o econômico caminharia lado a lado fundindo-se em uma coisa só. Isso não aconteceu. Tudo parece continuar igual. Fico imaginando que transposto para os dias de hoje Fausto ainda é de uma atualidade impressionante. O que dizer sobre isso? Talvez, que, o pano de fundo não tenha mudado muito...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Por email

Fala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

como foi o Carnaval? Trabalharam? Sambaram? Jogaram-se nas pistas? Descansaram? Independentemente da resposta, espero que tenham curtido os dias de folia... e que, acima de tudo, tenham se preparado para o que vem pela frente, afinal de contas o ano de 2011 só está começando.

e, na semana em que a colombiana Shakira se apresenta no Brasil, três novos nomes do cenário musical paulistano fazem show na cidade. Trata-se de Blubell (dia 16, quarta, na Casa de Francisca), Lurdez da Luz (dia 17, quinta, na Casa de Francisca) e Emicida (dia 17, quinta, no Studio SP). Enquanto a primeira faz um som sofisticado, mesclando o pop e o jazz com uma voz bastante particular, os dois últimos são as novas vozes do rap de São Paulo... Já fui a dois shows da Blubell e garanto que vale muito a pena vê-la em cena - ainda mais agora que ela lançou o seu primeiro CD, o bacana "Eu Sou do Tempo em que a Gente se Telefonava" (fofo demais esse título!). Porém, nunca vi em cena a Lurdez e o Emicida, fato que espero fazer na quinta - o show da moça começa às 22h, e o do rapaz, à meia-noite. Ou seja, rola de pegar os dois...

no teatro, o povo do Satyros volta a encenar as montagens que o recolocaram no mapa teatral paulistano e que fizeram as pessoas lotarem as calçadas da praça Roosevelt. Falo de "Justine", "Os 120 Dias de Sodoma" e "A Filosofia na Alcova" - por lá, ainda estão em cartaz a mais nova montagem deles, a elogiada "Roberto Zucco", e "Hipóteses para o Amor e a Verdade" (incrível!). Outras montagens bacanas em cartaz são "Antes da Coisa Toda Começar", da cia. Armazém, "Do Jeito que Você Gosta", da cia. Elevador de Teatro Panorâmico, e o musical "Nara", que volta ao cartaz na cidade depois de um bem-sucedida temporada no Rio.

passada a temporada pré-Oscar, filmes mais comerciais começam a estrear nos cinemas... Porém, fãs de produções mais "cult" não precisam ficar desesperados, o que é ótimo. Em cartaz, "Lope" (entrevistei o protagonista Alberto Ammann - gente boníssima!!!!), "O Mágico", "Poesia" e "Trabalho Interno", entre outros.

nas artes plásticas, o destaque fica por conta da mostra "Sob o Peso dos Meus Amores", maior exposição a respeito do cearense José Leonilson, no Itaú Cultural. O artista morreu aos 36 anos, vítima da Aids...

(...)

estou de molho até segunda, quando volto à rotina de trabalho, casa, academia e, claro, vida cultural... afinal de contas, apesar da correria insana do dia a dia, temos de aproveitar boa parte de nosso tempo para reencontrar amigos e aprender, seja com bons ou ruins espetáculos, filmes e exposições... espero encontrá-lo(a) por aí...

até mais
se cuidem!
alan

quarta-feira, 9 de março de 2011

Quarta feira de Cinzas

Para os católicos ortodoxos a quaresma começou na segunda feira, dia 07 de março. Para os ocidentais ela teve início na quarta feira, conhecida como o dia de cinzas, ou seja, um dia após o carnaval.
O que é uma quarta feira de cinzas? Uma boa descrição pode ser encontrada na Marcha De Quarta-Feira De Cinzas, de Vinicius e Toquinho. Não, eu não vou colocar a letra toda, somente um verso.
Acabou nosso carnaval/ninguém ouve cantar canções/ninguém passa mais brincando feliz/saudades e cinzas foi o que restou...
Cínica, eu digo que agora os brasileiros vão começar a trabalhar, embora eu tenha feito o dever de casa direitinho e trabalhado os dois primeiros meses feito camelo. Portanto, ao contrário da maioria paguei dois meses de imposto para o governo e minha alforria será em maio. Dizem as más línguas que a gente labuta os cinco primeiros meses para o governo, escravidão... Não, eu não coloquei no papel o quanto deverei pagar de imposto de renda, ainda!
Cinzas... quarta feira de cinzas... ou dia das cinzas é o princípio da quaresma e tempo de atividades e hábitos menos pecaminosos, talvez para purgar o carnaval. A maioria, dos católicos, recebe cinza em forma de cruz na testa. O simbolismo disso é a transitoriedade de vida. Tudo é efêmero e vai virar cinzas. Elas são obtidas com a queima dos ramos no domingo que antecede a semana santa ficando guardada para ser usada no ano seguinte, no dia das cinzas. Para quem não sabe a quaresma dura quarenta e seis dias e depois vem a semana santa e a páscoa católica. Enquanto o próximo carnaval não chega "a tristeza que a gente tem qualquer dia vai se acabar..."

terça-feira, 8 de março de 2011

Revolução da Alma – Aristóteles

emprestado daqui

“Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregue sua alegria, sua paz sua vida nas mãos de ninguém, absolutamente ninguém. Somos livres, não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja. A razão da sua vida é você mesmo. A tua paz interior é a tua meta de vida. Quando sentires um vazio na alma, quando acreditares que ainda está faltando algo, mesmo tendo tudo, remete teu pensamento para os teus desejos mais íntimos e busque a divindade que existe em você. Pare de colocar sua felicidade cada dia mais distante de você. Não coloque o objetivo longe demais de suas mãos: abrace os que estão ao seu alcance hoje. Se andas desesperado por problemas financeiros, amorosos, ou de relacionamentos familiares, busca em teu interior a resposta para acalmar-te, você é reflexo do que pensas diariamente. Pare de pensar mal de você mesmo, e seja seu melhor amigo sempre. Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar. Então abra um sorriso para aprovar o mundo que te quer oferecer o melhor. Com um sorriso no rosto as pessoas terão as melhores impressões de você, e você estará afirmando para você mesmo que está “pronto“ para ser feliz. Trabalhe, trabalhe muito a seu favor. Pare de esperar a felicidade sem esforços. Pare de exigir das pessoas aquilo que nem você conquistou ainda. Critique menos, trabalhe mais. E não se esqueça nunca de agradecer. Agradeça tudo que está em sua vida nesse momento (…) Nossa compreensão do universo ainda é muito pequena para julgar o que quer que seja na nossa vida. A grandeza da vida não consiste em receber honras, mas em merecê-las.”

segunda-feira, 7 de março de 2011

Não vou falar sobre o Dia Internacional da Mulher

O desejo de silêncio tem sido considerado coisa de gente rabugenta ou excêntrica neste nosso mundo tão ruidoso. Lembro-me dos retiros espirituais a que fui obrigada há muitas décadas. O primeiro, durou um dia, o último durou quatro. Praticava-se o silêncio absoluto por quatro horas sucessivas, depois vinha um intervalo de quinze minutos. Das sete da manhã até a hora de dormir, para refletir e entrar em contato com Deus. Mas havia sempre uma freira às nossas costas para “pegar” as infratoras.
Depois do segundo dia os intervalos eram bem silenciosos, não mais havia necessidade de tagarelar, curiosamente só percebo isso hoje, mas, voltando aos intervalos acredito que seja prova de que estar em silêncio é questão de treino.
Em sociedade não conseguimos estar calados sem escapar à pergunta - o que você tem?
Nosso tempo transborda de comunicação. Nem o silêncio para leitura chega a ser unanimidade, há escolas que têm som nas classes e uma sala de espera sem um televisor ligado ou som ambiente chega a ser constrangedora com seus ruídos inesperados – portas em movimento, saltos altos, pigarros, celulares e mais uma centena deles.
O escritor português Miguel Sousa Tavares afirma que todas as pessoas deveriam ser obrigadas a ficar pelo menos meia hora em silêncio diariamente, com todos os aparelhos desligados. Pensando. Essa meia hora poderá ser torturante para alguns.
“O barulho é a fuga de si. Ninguém quer tomar consciência das próprias limitações” diz o padre Jesus Hortal, teólogo e doutor em filosofia. Ele considera, no entanto, que o silêncio pode levar à melancolia e conta que o Papa determinou que religiosos, com voto de silêncio, devem sair uma vez por semana para conversar.
A verdade é que filmes e programas de televisão estão cada vez mais barulhentos e os silêncios provocam incômodo e estranhamento.
A escritora inglesa Sara Maitland deixou tudo para unir-se ao seu grande amor: o silêncio. Na semana que vem conto o resto.
Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é Carnaval!

domingo, 6 de março de 2011

De amor


"Sentia que mesmo então, eu ainda poderia encontrá-la uma vez mais, algum dia, em algum lugar, e talvez discutir sensatamente sobre toda aquela loucura por que tinhamos passado e, nesse caso, eu provavelmente me apaixonaria de novo por ela."
Arthur Miller

Dizem que Marilyn Monroe amou muito Arthur Miller e dizem que Miller a amou de volta loucamente. Mas quem sabe com certeza? E afinal, o que é ou não amor? E como funciona? Tem gente que sofre por amor em teoria mas tem medo de amar na prática. Tem gente que é feliz sem usar o peso da palavra amor. Só sabendo que é feliz de estar junto...

Vendo Closer pela quarta ou quinta vez, não tenho certeza, ainda tenho certeza de que o filme de Mike Nichols baseado na peça de Patrick Marber é um dos melhores filmes sobre as pessoas e o amor que já vi.
Assim como O brilho eterno de uma mente sem lembranças, Closer não é uma historinha de amor com diálogos meigos, pessoas honradas e finais felizes. Closer vai além ao retratar o amor como a maior parte dos mortais o vive, como algo instável, transitório, incorreto, sujo, quase perverso. É como o trailer, se você acredita em amor à primeira vista você nunca parará de olhar a sua volta, e a vida é isso, mesmo amando você pode se interessar por outras pessoas e ir ou não em frente com a traição. E o amor pode ir e vir, a sua própria vontade. E desejo quase nunca é amor. E você nem sempre tem coragem de encarar e assumir o amor. Por vezes, assim como em Closer, o melhor a fazer é fugir e voltar para o que é certo e estável. Closer é cruel e brutal, poético e lindo naquilo que o amor tem de mais real, sua instabilidade, sua insanidade, sua irracionalidade.

sábado, 5 de março de 2011

HOJE É CARNAVAL...

Quem não se lembra da frase de Zé Keti? Ou melhor, quem não se lembra da mais famosa marchinha carnavalesca, a Máscara Negra? Quer relembrar para não fazer feio nesse carnaval?
Tanto riso, oh quanta alegria/mais de mil palhaços no salão/Arlequim está chorando pelo amor da Colombina/no meio da multidão
Foi bom te ver outra vez/tá fazendo um ano/foi no carnaval que passou/eu sou aquele pierrot/que te abraçou/que te beijou meu amor/a mesma máscara negra/que envolve o teu rosto/eu quero matar a saudade/vou beijar-te agora/ não me leve a mal/ hoje é carnaval...
Sua marcha-rancho foi o surpreendente sucesso carnavalesco de 1967, quando Zé Keti prestigiado pelo show Opinião, acabou ganhado o prêmio em um momento em que a folia do rei Momo estava entrando em decadência. Sua letra traduziu o lirismo suave que caracterizava o gênero. E contrariando os personagens da commedia dell' arte, onde o Pierrot sofre pela Colombina, aqui é Arlequim o preterido da dama.
Deve ter gente torcendo o nariz pelo saudosismo e outros sorrindo ao se lembrar de confetes, serpentinas, lança-perfume e por que não até de um Pierrot apaixonado que abraçou e beijou no meio de um salão com mais de mil palhaços? Ou seria um Arlequim, aquele falso senhor? Ah, bons tempos aqueles, quando a gente olhava para o hoje modesto prédio do BTC e imaginava-o um palácio de cristal como nos contos de fadas! Enfim, são os novos tempos, novas formas de olhar, mas de qualquer maneira ainda deve ter muito romântico por aí em busca de um local onde possa chorar pela sua Colombina!

quinta-feira, 3 de março de 2011

67: e foi de cinzas seu enxoval...viveu apenas um carnaval

Ganhei um documentário de título 67. Trata-se de um dos festivais de Record. Lindo, lindo! Mas, o que chamou atenção, além do Caetano ser tão jovem naquela época, na verdade, todos eram, foi o Roberto Carlos.
A minha geração preconceituosa não apreciava o moço. O único de cabeça boa era Caetano, chamado de Veloso o tempo todo, e que nunca torceu o nariz para nada. Ele contou que quando inscreveu sua música (Alegria, Alegria) avisou que ia usar guitarra elétrica, algo considerado uma heresia naquele momento, quase ficando fora do festival por conta disso. Falou de como ele imaginava uma nova música popular brasileira, com cara mais internacional, embora ela também nacional. Tão própria dele essa oposição bom/ruim, nacional/internacional, quente/frio... enfim é Caetano com sua eterna inteligência dual. Contou também que no Rio, os músicos diziam que quando ele voltasse para Salvador iria apanhar de birimbau. Os baianos aplaudiram. O comentário dele foi: eles estavam na vanguarda! Quem também contou piadas foi Roberto. "O Edu Lobo e sua melodia Ponteio foram desclassificados, pois o Sergio Ricardo jogou a viola nos espectadores." Quem se lembra da letra do Edu? Ela dizia "quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar... ponteio..." Não foi, pois acabou sendo a vencedora, embora eu ainda acredite até hoje que as vencedoras foram Roda Viva e Alegria, Alegria.
Acho que estou falando disso por duas razões. A primeira: Roberto Carlos cantando Maria, Carnaval e Cinzas. Não vou resistir e transcrever a letra para quem estiver lendo, afinal é carnaval.
Nasceu Maria quando a folia/Perdia a noite, ganhava o dia
Foi fantasia seu enxoval/Nasceu Maria no Carnaval
E não lhe chamaram assim/Como tantas Marias de santas
Maria de flor, seria Maria/Maria somente, Maria semente
De samba e de amor/Não era noite não era dia
Só madrugada, só fantasia/Só morro e samba
Viva Maria/Quem sabe a sorte
lhe sorriria e um dia viria/De porta estandarte
Sambando com arte/Puxando cordões e em plena
Folia de certo estaria/Nos olhos e sonhos de mil foliões
Morreu Maria quando a folia/Na quarta feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval/Viveu apenas um Carnaval
Que fosse chamada/Então de tantas Maias de santas
Maria de flor, em vez de Maria/Maria somente, Maria semente
De samba e de dor/Não era noite, não era dia
Somente restos de fantasia/Somente cinzas, pobre Maria
Jamais a vida lhe sorriria/E nunca viria de porta-estandarte
Sambando com arte puxando cordões/E não estaria em plena folia
Nos olhos e sonhos de mil foliões.
A segunda: no dia 26 de fevereiro houve um ensaio aberto da Escola de Samba Pérola Negra, da Vila Madalena, de São Paulo, no Centro de Cultura Judaica. O tema desse ano é Abraão, o patriarca da fé. Portanto, uma escola de samba com um tema que interessa às três grandes religiões monoteístas. Bonito, não é?

quarta-feira, 2 de março de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

Intromissão

Hoje encontrei este texto do Walcyr Carrasco, como o nome de Natalie está em todo lugar por causa do Oscar, achei oportuno colar, mesmo não sendo meu dia.


REPULSA AO SEXO E CISNE NEGRO: AULAS DE INTERPRETAÇÃO
Walcyr Carrasco

Muitos atores acham que interpretação é gritar, berrar, se arranhar e eventualmente quebrar o cenário. Não nego que grandes cenas foram obtidas através desse paroxismo de emoção. Mas tenho paixão por atores e atrizes que conseguem, com menos, fazer mais. É o caso de Natalie Portman em “Cisne Negro”. Bem que mereceu o Oscar. A personagem vai surtando e a gente percebe através de olhares, intenções. Mas, o que é importante, o trabalho é sutil. Torna-se crível que suas colegas e o personagem do coreógrafo não percebam que ela está pirando. Nós percebemos, e sabemos que isso vai terminar mal. Mas quem trabalha com ela vê uma bailarina dedicada diante do seu primeiro papel estelar.
A interpretação de Natalie Portman me remeteu a outra grande interpretação do gênero: Catherine Deneuve em “Repulsa ao Sexo”, de 1965. (O título original do filme é “Repulsion”, mas na época o tradutor brasileiro achou mais vendável “Repulsa ao Sexo”. Coisa ridícula que se faz ainda hoje em dia. Como ficaria “Black Swan” se traduzissem desse jeito? Talvez ” O Cisne Erótico”.)
Em “Repulsa” Catherine Deneuve, novinha (o filme é em preto e branco) também surta. E constrói o papel milimetricamente, como Natalie. São os olhares, os gestos controlados que vão dando a dimensão da loucura da personagem. Catherine Deneuve tornou-se uma estrela com uma interpretação mínima e intensa, em todos os filmes subsequentes. Natalie ganhou o Oscar.
Vale a pena assistir a “Repulsa”, hoje um filme quase esquecido. E comparar as interpretações. Mesmo porque o mote que leva ambas as personagens à loucura é o mesmo: a confrontação com a própria sexualidade. Acho legal para atores, atrizes, ou candidatos a. Ou para quem ama grandes interpretações como eu.
Ah, sim, a direção de “Repulsa” é de Roman Polanski, antes de seu sucesso nos Estados Unidos, dos processos, etc etc.
E ninguém ache que é uma crítica pessoal, já que, como autor, vivo mergulhado no universo de atores e atrizes. Nós, latinos, gostamos de abrir um berreiro, puxar os cabelos, dar bofetadas e tudo mais nas grandes cenas. É legal descobrir como se pode fazer o contrário e conseguir uma interpretação absolutamente emocionante.