sábado, 10 de março de 2012

É ISSO AÍ, COMO A GENTE ACHOU QUE IA SER...


Os versos são de quem? Ouvi o seo Jorge cantando e pensei que isso é exatamente o que está acontecendo comigo. Alguém além de mim ouve o antigo moço do Farofa Carioca? Não com certeza somente Rosa Bertoldi vai dele até Bob Dylan, Lennon ou Caetano sem se preocupar muito, apenas curtindo!  
“Outro tempo começou pra mim agora /Vou deixar a rua me levar/ Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar e eu vou lembrar você/ É... mas tenho ainda muitas coisas pra arrumar e promessas que fiz e ainda nem cumpri / Palavras que aguardam o tempo exato pra falar.”
Sou famosa por expressar meus pensamentos em voz alta, em bom som, para não dar margem à dupla conotação e não vou mudar agora. Porém, arquivei uma série de informações e de respostas para o tempo certo. Como diz uma amiga: as pessoas se esquecem que o mundo é redondo. Outros costumam falar: tudo que vai volta. É assim mesmo, tudo que vai volta. Para mim esse retorno está acontecendo em dobro nesse momento. Para cada boa ação, a reação chega devagar e sempre trazendo boas novas. Impressionante!
Como muito bem afirmou Lipovetsky: a humanidade está desbussolada, perdeu o rumo, está desorientada. Eu respondo que cada época tem de ser pensada pelas características do seu laço social. Retorno a Esparta, Atenas, Roma e vejo essa tal de pós-modernidade e suas regras e normas tão esgarçadas que chego a acreditar nas profecias maias: estamos vivendo o fim do mundo. Desse mundo, é claro. Felizes por não estarem mais constrangidos a nenhum padrão de comportamento? Sei... A maioria pensa que é um deus romano como Janus, o de duas caras! Atores fingindo o tempo todo. Só sei que a liberdade de escolha predominante transformou o ser humano em um angustiado. Mesmo assim, tenho amigos otimistas, embora isso seja considerado como defeito. Tenho dez dedos na mão e ali cabem os dez amigos sinceros que possuo. São minha bússola, portanto desbussolada não sou, viu seu Lipovetsky! Recebo carinho, atenção deles como um bálsamo curando feridas provocadas pelos desprovidos de sinceridade, os janus da vida. Costumo dizer que fechei para balanço, quando na verdade estou evitando os falsos brilhantes. E não vai demorar muito vou poder pronunciar as palavras que esperam pelo tempo exato de falar...

segunda-feira, 5 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher

O senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; vou lhe dar uma auxiliar que lhe seja semelhante” (.....) Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher... (Gn 2, 18 e 23).
E todo homem passou a procurar uma mulher, o osso de seus ossos.
A mulher escolhida era atacada, derrubada com uma cacetada e arrastada para seu “lar”. Submetida sexualmente procriava, arrumava, e cuidava da cria enquanto manipulava a caça (também escolhida, derrubada com uma cacetada e arrastada até o “lar” do caçador para que a mulher dele tomasse providências).
O tempo passou, a mulher refletiu sobre sua situação e a história mudou.
A fêmea escolhida, conforme a classe social, passou a receber um anel e era arrastada para seu “lar”. Entregava-se sexualmente, procriava, arrumava a casa e cuidava dos rebentos enquanto manipulava os alimentos – comprados com o dinheiro do homem e este exigia que ela administrasse bem o “castelo” dele.
O tempo passou, a mulher refletiu sobre sua situação e a história mudou.
Para falar a verdade o homem inventou máquinas, motores, produção, livre mercado, e descobriu que havia pouca mão de obra, e muita produção, e era necessário ampliar o mercado consumidor, e era premente aumentar a mão de obra na indústria... então “permitiu” que a mulher saísse de casa e fosse trabalhar fora, autorizou que ela recebesse um salário, aceitou que ela passasse a fazer parte do mercado consumidor... desde que cuidasse dos filhos e mantivesse o lar funcionando, providenciasse boa comida, a roupa estivesse limpa e organizada e que ela o recebesse em seus braços quando ele chegasse em casa.
O tempo passou, a mulher refletiu sobre sua situação e a história mudou.
A mulher percebeu que podia estudar e ganhar mais, que poderia pagar para alguém cuidar de seus filhos e de seu lar, que não era obrigada a fazer sexo com seu marido e até que poderia ter filhos sem ter marido, então os homens decidiram que era hora de permitir à mulher viver sozinha. Ela votava, trabalhava, viajava, competia...
O tempo passou, a mulher refletiu sobre a situação... e os homens começaram a largar a família. As mulheres tinham seus direitos e começaram a exigir respeito, mas seus filhos não as conheciam mais, pouco se encontravam... e os filhos desistiram de suas mães. Então esses filhos começaram a fazer coisas para chamar a atenção, queriam dizer: Mãe, preciso de você! Mas, em vez disso, faziam coisas erradas, desrespeitavam os adultos, agrediam bens públicos, buscavam alegria em lugares diferentes, com produtos diferentes, e chegamos aos dias atuais.
Palavras catastróficas? Não, apenas um painel aproximado do que pode ter acontecido.
Sem dúvida a luta pela emancipação feminina deu às mulheres direitos que não possuía: respeito e valorização, mas os deveres não diminuíram por serem essenciais! O que fazer? Esses deveres precisavam, paulatinamente, ser diluídos, ser assumidos pela outra parte da sociedade, o elemento masculino. O que se observa hoje é que alguns homens assumiram novos papeis com as responsabilidades inerentes a eles, outros não. Há muitas cobranças sendo feitas sobre essa nova marcação no palco da vida, há espaços abertos, falas esquecidas... Estamos numa nova estrutura social, a sociedade do descartável. Coisas muito sérias, como maternidade e paternidade, são vistas como descartáveis. O matrimônio é descartável... Se não der certo eu caso outra vez... se não for bom eu deixo... filhos são abandonados, abandonam-se os pais, abandona-se a fé, muda-se de religião, e assim muitos sentem-se modernos, inseridos nos novos padrões.
Mulheres queridas, parabéns pelos direitos conquistados, pela maravilha que é a maternidade, pelo sucesso profissional, pela fibra com que encaram desafios, pela quebra de paradigmas... mas a luta continua, não podemos nos deixar levar pela mídia, pela moda e pelos modos, é preciso encontrar o ponto de equilíbrio.
Que tenhamos força para continuar na luta, na conquista, na reivindicação e tenhamos também aliados, nossos homens para complementarem nossas funções.

domingo, 4 de março de 2012

Detox

A última vez que estive na California comprei um livro chamado Clean que estava entre os mais vendidos em todas as listas de todos os jornais. Li. Trata-se de uma proposta de desintoxicação física através de uma diciplina específica de dieta, meditação e exercícios.
O autor, além do livro, coloca a dieta e planos personificados na internet a venda por preços razoáveis e abriu um spa detox no deserto. Mas calma que já chego onde eu quero.
Não fiz a dieta (até porque o livro dá ideias mas não uma dieta específica - esta deve ser adquirida pelo site porque afinal, o moço tem contas a pagar), não fui ao spa no deserto (embora adoraria passar uma semana num spa no deserto) e bem, quanto aos exercícios...
O livro trata da desintoxicação do corpo para que este funcione perfeitamente, ou o mais perto disso possível, e embora eu tenha entrado num processo de detox com uma nutricionista (não como mais gluten nem laticínios e em breve pretendo abolir carnes da vida), o verdadeiro processo de detox que estou me propondo neste momento é outro.
Se quatro dias de abuso de álcool, açucares e porcarias em geral fazem o corpo produzir toxinas suficientes para matar um hamster, quantas palavras precisam ser ditas para o mesmo bichinho cair duro?
Qual o toxicidade real das palavras? Alguém já propos uma dieta e spa?
Lembrei que em Comer, rezar e amar, quando a protagonista vai para a Índia um de seus desafios é ficar calada e pensei que talvez um detox de palavras fosse o que eu realmente esteja precisando e de agora em diante faço como os aquarianos e só comento o essencial.

PS:
E por falar em fechar a boca, meus caros colegas blogueiros, considem aqui encerradas minhas atividades de crítica de coisa nenhuma e palpiteira da vida alheia. Desejo a vocês queridos o melhor, sempre.



sábado, 3 de março de 2012

EU VI DE NOVO: MARIA ANTONIETA

Ontem tentando esquecer as reações de uma dose única de homeopatia que me deixou um caco, acabei por rever o filme de Sofia Coppola vaiado no Festival de Cannes. A história não era bem assim, alegaram. A história... nunca é bem assim, mesmo.
Visitei Paris com minha filha e ela voltou encantada com as vitrines das confeitarias. Do bolinho ao bolão... tudo cor de rosa. Sofia transpôs para a tela uma metáfora, a mania francesa pelo doce cor de rosa. Uma alegoria sobre a França e sobre Maria Antonieta Josefa Joana de Habsburgo-Lorena, arquiduquesa da Áustria e rainha da França entre os anos de 1774-89. Foi deposta, e guilhotinada quatro anos depois. A diretora conta corretamente a vida de Versailles intra-muros, mas não mostrou como Antonieta tinha poder de decisão nas questões políticas e sobre o rei Luis XVI. Afinal, a filha da imperatriz da Áustria tinha sido educada para ser rainha. A futilidade da aristocracia local não foi imposta por ela. Aconteceu o contrário: uma moça austera “caindo na real” devido às circunstâncias, e ao modo de vida da corte onde vivia. Sofia se propôs falar de Antonieta e isso ela fez. E para transformar tudo em rosa, nem precisou andar muito, bastou dar uma volta pelos jardins do palácio para chegar a uma das mais famosas confeitarias da França e lá estavam os doces e bolos, tudo cor de rosa!!!!! Achei a idéia formidável, como ninguém havia pensado nisso antes? Tudo tão antigo e ao mesmo tempo tão atual como o tênis All Star, daí o conteúdo do filme ser a superficialidade das sociedades francesa do século XVIII e da pós-moderna.
O que estava acontecendo fora dos muros?
A burguesia ascendente estava ávida pelo poder. Num primeiro momento eles se contentaram em unir-se com a aristocracia através de casamentos. Isso acabou se tornando pouco para eles. Aspiravam ao governo. As monarquias absolutistas estavam com a corda no pescoço. A França detinha metade do dinheiro europeu. Tratava-se de um Estado pobre (o reinado de Luis XVI) dentro de um país rico. Existia uma burguesia endinheirada e uma indústria reclamando de falta de mão de obra qualificada, então, por que os camponeses e o povo das cidades estavam passando fome? Por que em vez de enviar dinheiro para os americanos fazerem sua revolução, não tiveram a ideia de distribuir pão aos franceses, em vez de brioche? Por que a rainha não se defendeu das tolas acusações? Nesse contexto aconteceu uma revolução alterando o quadro político e social do mundo. Na França era o princípio de uma época de convulsões resultando em república, ditadura, monarquia e dois impérios. Os motins culminaram com a tomada da Bastilha, onde estavam sete presos, um deles o marquês de Sade.
Em relação à Antonieta havia a antipatia dos franceses pelos austríacos, embora a família Habsburgo seja uma das mais tradicionais e ricas da Europa. Ao mesmo tempo, o príncipe e cardeal de Rohan, capelão real e prior da Sorbonne estava apaixonado pela rainha. Sua mãe Maria Teresa denunciara Rohan por sua vida dissoluta e gastos. Ele perdera o cargo de embaixador da Áustria. Dizem que era vaidoso e imbecil. Acreditava ser correspondido pela rainha, em sua paixão. Aproveitando-se disso, o casal Jeanne de Valois e Caglioto, convenceu-o a comprar um colar avaliado em milhões para Antonieta. Os aventureiros foram ajudados na trama por uma prostituta parecida com a rainha. O grupo pedia dinheiro emprestado de Rohan dizendo ser para ela pagar a tal jóia. Quando o escândalo veio à tona o rei mandou prender umas quinze pessoas, colocando o Parlamento para julgar o caso. Antonieta era inocente, mas as injurias e intrigas fervilhavam contra ela. Rohan pertencia a um clã influente e os inimigos de Antonieta se aproveitaram para humilhá-la na corte. A Sorbonne, pasmem, posicionou-se a favor dele, que acabou sendo inocentado. Havia ainda a questão do adultério. Quem era Hans Axel Fersen?
Filho de um senador sueco, aos 15 anos foi enviado a uma universidade alemã para aprender ciência militar, depois permaneceu na Itália onde estudou medicina e música. Aos 18 anos, chegou a Paris. De porte musculoso e aspecto viril, tinha um rosto regular complementado por olhos azuis e boca sensual. Possuía coração de fogo por baixo da aparência de gelo, diziam os freqüentadores da sociedade e da corte parisienses.
Em um baile à fantasia conheceu uma jovem de elegância excepcional com quem teve uma conversa galante. De repente, damas e cavalheiros fizeram um circulo em volta deles, com a intenção de protegê-la. A desconhecida tirou a máscara e para sua surpresa estava frente a frente com a delfina. Antonieta havia fugido do palácio para ir à festa e escolhera o jovem para uma brincadeira. Desde esse encontro uniu-os uma terna simpatia. Quando ela subiu ao trono, Fersen voltou à Suécia retornando quatro anos depois, sendo recebido pela rainha de maneira carinhosa. Ambos estavam com 22 anos. Como ela era casada desde os 15 anos e continuava virgem, corriam boatos de que Luís XVI era impotente. Não demorou e a amizade transformou-se em maledicência.
O jovem partiu para evitar danos à rainha. Após esse exílio voluntário voltou a Versailles para ficar. Antonieta e Axel se amavam e decidiram viver essa paixão. Mesmo assim, fizeram de tudo para conservar escondida do mundo essa afeição. Além de seus amigos íntimos, três testemunhas tinham conhecimento da situação: Talleyrand, a eminência parda do governo; Saint-Priest, um ministro do delfim e Bonaparte. Recentemente encontrou-se uma carta de Antonieta para Axel. Nela pode-se ler “adeus, a ti o mais amante e o mais amado dos homens...” Uma única linha ressuscitada atestando o sentimento de ambos, pois a história confirma: Fersen permaneceu ao lado dela durante sua prisão até ser decapitada. Viva a república, a igualdade, a liberdade e a fraternidade! Pena o lema não ter sido posto em prática e a tal da república durado tão pouco... Após seis anos a França tornou-se de novo uma monarquia, agora com Napoleão, tendo ao lado Josefina, uma mulher que vai fomentar muitas intrigas na corte mais sofisticada da época.
No Congresso de Rastatt, Fersen representando a Suécia, é vetado pelo imperador. “Não quero tratar com ele”. Em tom de desafio Bonaparte completou: “dormiu com a rainha.” Qual foi à atitude dele? Calou-se. O silêncio era mais eloqüente que qualquer palavra. Maria Antonieta não precisava de um defensor. Uma mulher é mais digna de admiração quando íntegra e livre obedece aos seus sentimentos e uma rainha é mais soberana ao agir com humana sinceridade.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Oscar 2012


Como se isso importasse qualquer coisa...

Melhor Filme –  O Artista
Melhor Diretor –  Michel Hazavinicius (O Artista)
Melhor Ator – Jean Dujardin (O Artista)
Melhor Atriz – Meryl Streep (A Dama de Ferro)
Melhor Ator Coadjuvante – Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)
Melhor Atriz  Coadjuvante – Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)
Melhor Roteiro Original – Meia-Noite em Paris, Woody Allen
Melhor Roteiro Adaptado – Os Descendentes, Alexander Payne
Melhor Filme de Animação – Rango
Melhor Curta de Animação – The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore
Melhor Direção de Arte – A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Fotografia – A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Figurino – O Artista
Melhor Documentário – Undefeated
Melhor Documentário Curta-Metragem – Saving Face
Melhor Edição/Montagem – Milleniun: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Melhor Filme Estrangeiro –  Separação
Melhor Curta-Metragem – The Shore
Melhor Maquiagem – A Dama de Ferro
Melhor Trilha Sonora – O Artista
Melhor Canção – Man or Muppet
Melhor Edição de Som – A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Mixagem – A Invenção de Hugo Cabret
Melhores Efeitos Visuais –  A Invenção de Hugo Cabret

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

COISAS DO AMOR


- Não olhe,... não olhe!!!!!!!
Fechei os olhos. O que ele estaria escondendo?
- Agora olhe e me diga...
Ó céus, o que está diferente? Não vejo nada mudado, nem nele nem na sala. Que terá feito que o levou a imaginar que este suspense me divertiria? Tenho medo de perguntar e também de afirmar que não vejo nada novo. O que devo dizer?
- E então?
O que falar ou fazer para não decepcioná-lo?
- Putz, como você teve essa ideia?
- A gente já havia pensado nisso, lembra?
- Quando falamos sobre isso?
- Quando paramos para tomar sorvete,lembra?
- Não, não lembro de termos conversado. Como surgiu o assunto? - Precisava desesperadamente de uma pista.
- A Solange disse que havia conseguido inquilino para o apartamento e você, então comentou.
- Ah!..... (que será que comentei? Droga! Essa minha memória anda aprontando...)
- Mas, fale, você gostou?
- Como poderia não ter gostado?
- É que eu mudei um pouquinho o projeto inicial, lembra? Falamos em usar dois mas eu usei quatro, achei que ficaria bom.
- E ficou, mesmo.
- Fiquei preocupado com sua reação.
- Você fez bem.
- Vamos sair, para comemorar?
- Claro! Deixa só eu trocar de sapato. Meus pés estão moídos.
- Onde você vai? Tem que acostumar que agora ela vai ficar aqui.
Vi os quatro módulos da sapateira escondidos entre os dois braços dos sofás. Ah... foi isso...
Sorri, tímida.
- É duro ser loira, somos distraídas.
Ele sorriu e me abraçou carinhosamente.
- Você é tão linda, e eu te amo tanto!
Nunca diria a ele que estava horrível.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Eterno retorno

e o mundo é um lugar mais feio porque Kurt Cobain foi atropelado... ele estava conosco desde outubro de 2005 e foi M U I T O  A M A D O e nos fez muito feliz...

sei que não devemos nutrir inimizades ou desejar mal aos outros, mas à pessoa desalmada que dentro de um condomínio fechado atropelou e matou um bichinho inocente sem prestar socorros ou se dar ao trabalho de contatar a família, deixo as sábias palavras de Shakespeare, "uma praga sob sua casa".


sábado, 25 de fevereiro de 2012

Kurt Cobain: o todesquini de dente de sabre


Infelizmente hoje pedimos licença a Rosa Bertoldi para ocupar seu espaço com um texto escrito pela minha mãe, Janira Fainer Bastos

A família chamava-o amarelinho de nariz rosa... Embora com dentes de sabre, nunca usou a não ser para brincar. Era conhecido no condomínio até pelos pedreiros. Como todo bom gato dormia durante o dia e andava a noite. Somente o frio intenso fazia com que permanecesse dentro de casa enroladinho em cobertor, pois ele procurava uma boa cama sempre. Dificilmente brigava com os outros animais, só com a Juju, mas ela é brava pra xuxu. A velha siamesa vai sentir falta dessas rosnadas, a confusão não passava disso.
Meigo, educado, carinhoso, ele chegou pequenino viu e venceu o lugar, quase uma floresta. Brigou com gatos selvagens e não selvagens, com furão, brincou com galinha de angola e toda a bicharada solta por aí. A última arte foi juntar-se ao cachorro para caçar um passarinho no quintal, que foi salvo dos dois pelas mãos da minha filha. O dia parecia normal. Café sendo coado, as frutas batidas numa gostosa vitamina, a mesa posta para o café da manhã. Um vizinho chamando...
Kurt comendo e depois miando na porta de entrada. A bronca: você já vai sair rueiro?  Meu marido entrando e gritando alto, o Kurt, o gato, ele foi atropelado... Não deu muitos passos, aconteceu em frente à casa vizinha. Perguntei quem foi? Ele disse não importa, está morto. Eu pensei e meu coração aos pedaços.


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Extremamente...

Há algum tempo havia lido que Extremante alto e incrivelmente perto de Jonathan Safran Foer viraria filme...
o trailer de "Tão forte e tão perto" me deixa na dúvida, mas quero muito ver porque o livro é um dos mais tocantes que já li na vida...





terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Oscar 2012

E em semana de Oscar segue a lista dos indicados para quem, como eu, está completamente por fora...

Melhor filme
"Cavalo de guerra"
"O artista"
"O homem que mudou o jogo"
"Os descendentes"
"A árvore da vida"
"Meia-noite em Paris" √
"História cruzadas" √
"A invenção de Hugo Cabret" √
"Tão forte e tão perto"

   
Melhor ator
Demián Bichir - "A better life"
George Clooney - "Os descendentes"
Jean Dujardin - "O artista"
Gary Oldman - "O espião que sabia demais"
Brad Pitt - "O homem que mudou o jogo"


Ator coadjuvante
Kenneth Branagh - "Sete dias com Marilyn"
Jonah Hill - "O homem que mudou o jogo"
Nick Nolte - "Warrior"
Max Von Sydow - "Tão forte e tão perto"
Christopher Plummer - "Beginners"

Melhor animação
"A Cat in Paris"
"Chico & Rita"
"Kung Fu Panda 2"
"Gato de Botas" √
"Rango"

Melhor atriz
Glenn Close - "Albert Nobbs"
Viola Davis - "Histórias cruzadas" √
Rooney Mara - "Os homens que não amavam as mulheres" √
Meryl Streep - "A dama de ferro"
Michelle Williams -"Sete dias com Marilyn"

Melhor atriz coadjuvante
Octavia Spencer - "Histórias cruzadas" √
Bérénice Bejo - "O artista"
Jessica Chastain - "Histórias cruzadas" √
Janet McTeer - "Albert Nobbs"
Melissa McCarthy - "Missão madrinha de casamento"

Melhor roteiro original
"O artista"
"Missão madrinha de casamento"
"Margin Call"
"Meia-noite em Paris" √
"A separação"

Trilha sonora original
"As aventura de Tintim" - John Williams
"O Artista" - Ludovic Bource
"A invenção de Hugo Cabret" - Howard Shore √
"O espião que sabia demais" - Alberto Iglesias
"Cavalo de guerra" - John Williams

Canção original
"Man or Muppet", de "Os Muppets", música e letra de Bret McKenzie
"Real in Rio", de "Rio", música de Sergio Mendes e Carlinhos Brown, letra de Siedah Garrett

Maquiagem
"Albert Nobbs"
"Harry Potter"
"A dama de ferro"

Direção de arte

"O artista"
"Harry Potter"
"A invenção de Hugo Cabret" √
"Meia-noite em Paris √
"Cavalo de guerra"

Fotografia
"O artista"
"Os homens que não amavam as mulheres" √
"A invenção de Hugo Cabret" √
"A árvore da vida"
"Cavalo de guerra"

Figurino
"Anonymous"
"O artista"
"A invenção de Hugo Cabret" √
"Jane Eyre"
"W.E."

Diretor
Michel Hazanavicius - "O artista"
Alexander Payne - "Os descendentes"
Martin Scorsese - "A invenção de Hugo Cabret" √
Woody Allen - "Meia-noite em Paris" √
Terrence Malick - "A árvore da vida"

Documentário (longa-metragem)
"Hell and Back Again"
"If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front"
"Paradise Lost 3: Purgatory" √
"Pina"
"Undefeated"

Documentário (curta-metragem)
"The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement"
"God Is the Bigger Elvis"
"Incident in New Baghdad"
"Saving Face"
"The Tsunami and the Cherry Blossom"

Edição
"O artista"
"Os descendentes"
"Os homens que não amavam as mulheres" √
"A invenção de Hugo Cabret" √
"O homem que mudou o jogo"

Melhor filme em língua estrangeira
"Bullhead" - Bélgica
"Footnote" - Israel
"In Darkness" - Polônia
"Monsieur Lazhar" - Canadá
"Separação" - Irã

Curta-metragem de animação
"Dimanche"
"The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore"
"La Luna"
"A Morning Stroll"
"Wild Life"

Curta-metragem
"Pentecost"
"Raju"
"The Shore"
"Time Freak"
"Tuba Atlantic"

Edição de som
"Drive"
"Os homens que não amavam as mulheres" √
"A invenção de Hugo Cabret" √
"Transformers: o lado oculto da lua"
"Cavalo de guerra"

Mixagem de som
"Os homens que não amavam as mulheres" √
"A invenção de Hugo Cabret" √
"O homem que mudou o jogo"
"Transformers: o lado oculto da lua"
"Cavalo de guerra"

Efeitos visuais
"Harry Potter"
"A invenção de Hugo Cabret" √
"Gigantes de aço"
"Planeta do macacos" √
"Transformers: o lado oculto da lua"

Roteiro adaptado
"Os descendentes"
"A invenção de Hugo Cabret" √
"Tudo pelo poder"
"O homem que mudou o jogo"
"O espião que sabia demais"

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

UBUNTU


A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz, Florianópolis 2006, contou um caso sobre a tribo Ubuntu, da África.
Um antropólogo estudando os usos e costumes da tribo, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Sobrava muito tempo,então, se propôs a fazer uma brincadeira com as crianças, que considerou inofensiva.

Comprou uma porção de doces, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e celofane, e colocou debaixo de uma árvore. Aí chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto, a que chegasse primeiro ganharia todos os doces.

As crianças se posicionaram e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", todas se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só, a mais rápida, poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.

Elas responderam: "Ubuntu, senhor. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"

Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso,pesquisando, analisando, estudando a tribo, e não havia compreendido a essência daquele povo, a ausência de competição... Ou jamais teria proposto tal brincadeira.

Ubuntu significa: "Sou quem sou, porque somos todos nós e somos um!"

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Não sou muito de Carnaval. Já fui, não vou negar, mas essa fase passou e a cada ano a chegada do Carnaval sempre significa: se houver sol, piscina e a chance de ver muitos filmes.
Bom, em função disso, decidi fazer uma lista dos últimos filmes que ci sempre dando a minha super opinião:

Sentidos do amor (Perfect Sense, 2011).
Sou fã seguidora de Ewan McGregor e sou capaz de ver qualquer coisa que ele faça não interessa quão bizarra ou ruim seja.
Nome, capinha e sinopse duvidosas, etiquetado com Aventura pela distibuidora e como Romance pela locadora, o filme tinha tudo para ser a bomba do ano, mas nem é.
O roteiro esbarra em Ensaio sobre a cegueira mas decide que desgraça pouca é bobagem e aos poucos, os humanos se vêem (e juro que não há ironia na frase) gradualmente acometidos por uma epidemia que os deixa sem olfato...
Mesmo abusando um pouco do exagero e tendo um pesinho forte na pretensão para o meu gosto, a mensagem é bonita e cheia de simbolismo e a dobradinha Mcgregor/Eva Green funciona.

A Conspiração (The contender, 2000)
Elencão encabeçado por Joan Allen, Gary Oldman, Jeff Bridges e Christian Slater o drama político vai de cabeça em uma questão pesada nos EUA e que felizmente por enquanto ainda não é febre nas campanhas brasileiras: character debate,  quando a integridade e competencia de um candidato é colocada a prova através da exposição de fatos de sua vida. E afinal, qual o limite entre a vida pessoal e o caráter de um candidato? Até que ponto um erro cometido na juventude abala a competência de um político?
Bom, se aqui as campanhas fossem tão a fundo, com certeza não teríamos tantos palhaços no Congresso, mas vou me ater ao filme.
O presidente dos EUA decide não seguir a opção óbvia e nomear para ser sua vice uma senadora liberal e relativamente jovem que vê sua vida pessoal vasculhada e exibida em horário nobre em todos os canais de TV.
O final dá aquela escorregada básica porque americano sempre tem que afirmar ao mundo sua superioridade mas o filme é muito bom e vale ser visto. Aula de boa e má política aos crentes e descrentes nessa "arte".




O triunfo (The Ron Clark Story, 2006)
Se não fosse verdade seria somente mais um filme feito para TV mas por ser baseado em fatos verídicos, é um filme feito para TV que mostra como existem pessoas incríveis e únicas em todos os lugares e que talvez (eu disse talvez) o mundo ainda tenha chance de não acabar em 2012 justamente porque ainda tem gente bacana nessa Terra.
Bonito e com um bom trabalho de Mathew Perry.


sábado, 18 de fevereiro de 2012

domingo, 12 de fevereiro de 2012

De Glee

E como homenagem a morte da musa do R&B, Whitney Houston, segue Mercedes de Glee botando para quebrar...



sábado, 11 de fevereiro de 2012

Inacreditável



Deparei-me de repente com o nome de Takashi Murakami. Sabe quem é? Então, eu também não sabia. Descobri que o tal japonês está influenciando um montão de gente com suas carinhas horrorosas e fez uma escultura que se encontra nos jardins de Versailles.
Murakami foi contratado por Marc Jacobs para redesenhar o famoso monograma da empresa Louis Vuitton. LV tem aparecido na própria obra do artista. Para alguns críticos as pinturas LV vão se tornar importantes confirmando o efeito cascata que a crítica desempenha no mercado.
A língua franca do povo ligado às artes mostra sua cara na declaração de uma de suas assistentes. Respondendo uma pergunta de Sarah Thornton, phd em sociologia da cultura, se havia criatividade em um trabalho como aquele, a moça disse: “absolutamente nenhuma.”
O pintor, escultor, desenhista, designer, ou o nome que ele se dê tem um atelier nos Estados Unidos e outro no Japão. Nada parecido com os da Renascença ou mesmo de Pollock, tão próximo do nosso tempo. Parece mais um centro cirúrgico onde os assistentes de pintura ficam de roupa branca e luvas e manuseiam desenhos de Murakami, enquanto ele observa se estão colorindo de forma adequada seus 400 cogumelos/flores...
É nada é mais importante que arte!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Um pouco de humor

Daqui ó


PIADAS PARA GENTE MUITO SOFISTICADA
Intelectual também tem direito ao riso!

Por Edosn Aran

Na mundialmente famosa Academia de Artes Plásticas estavam Juan Miró, Vincent Van Gogh, Pablo Picasso e Toulouse Lautrec. O professor Paul Gauguin lançou um desafio aos pintores:
-- Meus caros colegas, me digam agora em que fase vocês pretendem entrar na próxima etapa das suas brilhantes carreiras.
Pablo Picasso pensou imediatamente “Fase Azul! Faze Azul!”, mas Juan Miró foi mais rápido e respondeu primeiro.
-- Fase azul!
-- Muito bem! – respondeu Paul Gauguin – Muito criativo e diferente, Juan. E os outros?
Pablo Picasso ficou puto e rapidamente pensou em mudar para Fase Vermelho. Ele já ia levantar a mão quando Vicent Van Gogh falou:
-- Fase Vermelho!
Novo elogio do Gauguin e Picasso ainda mais furioso.
“Putaquepariu!”, pensou o gênio catalão. “Agora vou falar Fase Pink Com Bolinhas Amarelo Canário! Quero só ver se um desses desclassificados vai pensar nessa!”.
Mas nem bem Picasso tinha pensado nisso, Toulouse Lautrec subiu na cadeira e proclamou:
-- Eu vou entrar na Fase Pink com Bolinhas Amarelo Canário, grande Pogogan!
-- Muito bem, Toulouse! Gostei da sua criatividade selvagem. E você, meu caro Pablo Picasso, qual vai ser a sua próxima fase?
E Pablo Picasso, extremamente puto da vida:
-- Fase Anão Filho da Puta em Cima da Cadeira, porra!

* * * 
Todos os domingos, a família de James Joyce, muito católica, ia à missa em Dublin.  O pai John Joyce, a mãe Mary Jane Joyce e a irmã, Suellen Joyce. Mas o jovem artista Joyce passava a noitinclaro praticando a velha arte do cincontraum e, quando chegava na igreja completamente cansadacabado, ele dormia a sonossolto. O padre, preocupado com seu rebanho, sempre fazia perguntas à queima-roupa para testar a fé dos fieis dorminhocos. Quando avistou o jovem Joyce cochiloncando, o padre atacou:
-- Jovem James, quem é o nosso pai?
A irmã, Suellen Joyce, percebendo que o irmão dormia, cutucou a bunda do Joyçovem com a chave e o poeta gritou:
-- Deus!
-- Muito bem! – parabenizou o padre meio a contragosto e seguiu a missa. Mas pouco depois, percebendo que o jovoyce novamente roncochilava, o padre voltou à carga.
-- Jovem James, qual o nome do “homem” que morreu na cruz?
Suellen cutucou de novo o traseiro do irmão com a chave e Joyce gritou:
-- Jesus Cristo!
-- Muito bem! – disse o padre, todavia ressabiado. E ficou de olho no punhetominhoco. Quando percebeu novo cochilo, o padre atacoutravez:
-- Jovem James, o que Eva disse para Adão quando ambos descobriram o pecado original?
Suellen Joyce usou a chave mais uma vez e James Joyce gritou:
-- Se você enfiar esse troço no meu rabo de novo eu te arrebento a fuça!
* * *

Num navio a vapor que navegava da Europa para a África, estavam os poetas malditos Artur Rimbaud e Paul Verlaine. Rimbaud se entregara aos eflúvios da “fada verde”, o absinto, e, com o balanço do mar, começou a vomitar no Mediterrâneo. Paul Verlaine, solidário, segurava os cabelos do amigo poeta.
Nisso foi passando um passageiro e, vendo a cena, perguntou:
“Nossa! Foi comida?”
E o Verlaine:
“Foi, mas agora ele vai traficar escravos na África e eu volto para minha mulher!”
* * *

O escritor português José Saramago comprou uma Kia Besta e saiu a toda velocidade pelas ruas da ilha de Lanzarote com sua mulher, Pilar Del Rio. Acabou parado por um policial a serviço da burguesia imperialista reacionária que, de cara amarrada, disse:
“Os documentos da besta!”
José Saramago pegou a carteira de identidade e entregou imediatamente ao agente da repressão. O guarda balançou da cabeça e respondeu:
“Não, ó gajo, o documento da perua!”
E Saramago para Pilar Del Rio:
“É contigo, rapariga!”

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012


E o carnaval vem aí...

Mas, para não entrar no clima, informo que faço parte do grupo Expressão Poética, de Bauru.

Pretendemos lançar um livro sobre MÃE (s) quem quiser aderir ao projeto pode entrar em contato comigo rosagabrielli@hotmail.com até dia 20 informando o número de páginas (Word/ Arial 12 / espaço entre linhas 1,5) de seu texto.

Tendo todos os textos em mãos ou o número de páginas farei o orçamento.

Até 15 de março passarei as informações: custo e prazo para o pagamento. Valores acertados, pretendemos ter os livros em mãos até 30 de abril para que dê tempo de enviar, e vocês divulgarem antes do dia das mães.

No Natal a experiência foi maravilhosa: foram 16 histórias e o livro ficou lindo.

Podem ser contos, crônicas ou memórias desde que o tema seja mãe. Mãe jovem, mãe velha, marinheiro de primeira viagem, mãe com vinte filhos, mãe viúva, mãe solteira, mãe heróica... sua mãe, mãe dos outros, avó, bisa, idealização de mãe, mãe que adota, mãe que acolhe...

Tente!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Gracias


♪♫Que voy a hacer,
je ne sais pas
que voy a hacer
je ne sais plus
que voy a hacer
je suis perdu
que horas son, mi corazón.♪♫




Ontem vi um show incrível do Manu Chao, que dispensa apresentações, e hoje não tenho o que dizer a não ser, desse calor senegalês que vivemos em São Paulo com um sol lindo e oferecido... sou eternamente grata pelas oportunidades incríveis que o Universo me dá, OBRIGADA!!!!!!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Seria um protesto contra Romero Brito?

Bom, como todo mundo sabe sou uma provinciana como aquelas personagens dos autores do final do século XIX, tipo Madame Bovary, quase uma caipira, não fossem as freiras terem me letrado um pouco. Elas só não me indicaram Gustave Flaubert e com justa razão afinal o homem criticava o adultério, o clero e a religião numa tacada só. Sou parecida com ele, guardadas as proporções...
Quando decido fazer algo, mato três coelhos numa cajadada só. Essa deve ser a única semelhança, embora eu preferisse ter o espírito crítico do autor francês. Fugindo do assunto, dirão. Nada disso vou contar tudo direitinho.
A dona Rosa Bertoldi
decidiu passar uma semana em São Paulo e imaginando-se vanguarda (palav
ra do século passado) decidiu ir a um evento de arte contemporânea onde estava se apresentando um dj set da banda de música eletrônica The Rapture seguida de uma performance de alguns artistas plásticos contemporâneos.
Fiquei feliz por ver a tal contemporaneidade em ação.
No dia seguinte lá estava eu em direção a Vila Olympia para o vernissage de uma exposição coletiva de três jovens pintores. Atentem para o vernissage e não A VERNISSAGE como dizem em Bauru. Acho que no interior eles traduzem como abertura, quando na verdade trata-se do envernizar as obras antes da entrega. Era o momento em que os compradores viam os trabalhos dos artistas, daí o vamos ao vernissage!!!!!!!
Vou começar do começo... Imaginava encontrar uma “festa estranha com gente esquisita” como disse o cantor Renato Russo.
Porém, para minha surpresa a primeira pessoa que vejo é nada mais nada menos que Alexandre Borges, lindo e discreto, com seu cabelo prateado. A segunda foi uma moça que trabalha numa das mais badaladas galerias de arte de São Paulo. Tá certo, o vestido dela era esquisito, mas não vi nenhuma tatuagem ou pierce na sua pele. Dondocas, possivelmente ligadas aos museus e jovens curtindo o som e tomando cerveja Stella Artois.
Em seguida deparei-me com alguns jovens, que se diziam artistas, andando em minha direção. Estavam revestidos de um retângulo branco de plástico colado com fita crepe.
Riam e brincavam dentro da cabana de plástico, ora cheia, ora vazia, do ar que respiravam. Alguém do meu lado disse tratar-se de um protesto. Pensei que poderia ser um protesto contra Romero Brito.
Para quem não conhece, é um dos pintores mais premiados da atualidade e vive muito bem em Miami. O pernambucano classifica sua obra como “arte da cura”. Do meu humilde ponto de vista o resultado é duvidoso, mas quem sou eu para julgar. Alô, alô Dra. Janira, qual é sua opinião?
Lá eu conheci um artista cujo nome não me lembro que perguntou com os olhos quase saltando das orbitas: a senhora gosta de música eletrônica? Ah, jovens... como se com todo aquele barulho da banda eu pudesse me fazer de surda.
Pensando bem até que a banda não era das piores...
Ele também fez o favor de mostrar um banco em frente ao Centro Cultural Banco do Brasil, uma obra da Sandra Cinto, onde conversamos sobre arte. Ele contou-me passagens hilárias desse mundo tão pequeno que é o das artes.
Confortável, o banquinho da moça, embora eu tenha saído de lá com o traseiro gelado devido aquela obra ser de metal e estar frio e garoando. Acho que a garoa foi o presente de São Paulo, o santo mesmo, não a cidade, para os paulistanos saudosistas daquela São Paulo dos tempos modernos, quero dizer da época das brigas entre Mário e Oswald, da Anita e Tarsila, enfim dos modernistas que nunca se entenderam direito, da São Paulo da garoa eterna.
Mas, afinal qual a relação entre os meninos artistas e sua tenda de plástico e as obras cafonas de Romero Brito? Uma brincadeira é a resposta mais provável. Enfim lá estava eu no centro da cidade mais perigosa da América Latina com gente de todos os níveis e classes sociais comemorando o aniversário da cidade em clima de euforia e brincadeiras com músicas e projeções de luz pelas estreitas ruas limpas (pasmem!!!!) como se fosse uma nativa.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

E acaba janeiro...
E fevereiro começa com a ameaça de chuvas e carnaval.
Prédios caem, navios tombam, mulheres são violentadas ao vivo e a cores em programa de grande aceitação popular... e a escola de samba ensaia, o show deve continuar.
Proliferam lojas de colchões. Os ortopedistas recomendam que se troque a cada três anos, há modelos com molas ensacadas e com fibra de bambu, além dos brancos, os pretos e cor de vinho, com cabeceira acoplada...
- Este não é igual àquele?
- Não, é completamente diferente, a camada superior é feita com o mesmo látex usado na naves espaciais...
Como nossos antepassados sobreviveram à dor nas costas? Não só um colchão era para a vida toda como, muitas vezes, tratava-se apenas de um saco recheado com palha de milho, afofado na hora de dormir. Geralmente ao acordar a “vítima” não tinha palha nenhuma sob seu pobre corpo que jazia dolorido sobre as tábuas. Dormi algumas vezes num desses, na fazenda de meu avô, lá no Rio Grande do Sul.
E os tamborins (atenção ao momento cultura... instrumento de percussão do tipo membranofone, constituído de uma membrana esticada, em uma de suas extremidades, sobre uma armação, sem caixa de ressonância, normalmente confeccionada em metal, acrílico ou PVC - policloreto de vinila), bom, as tamborins repicam esquentando as cabrochas.
Os surdos, de primeira e de segunda, a caixa de guerra, a cuíca, o agogô e o reco-reco... “meu samba, viva meu samba verdadeiro, porque tem telecoteco...” ensaiam e fazem correr mais rápido o sangue dos brasileiros.
E as aulas recomeçam, o material tá caro, as mães depoem em frente às escolas dizendo que tudo aumentou. Pessoas enterram seus mortos e outros tantos não serão enterrados porque desapareceram na água do mar ou nos escombros dos prédios, e as sambistas bundudas continuam ensaiando e as porta-bandeiras giram, giram, giram... os mestres- sala ajoelham pedindo que parem, como não conseguem ter seu pedido atendido giram também, dão alguns saltos, fazem reverências e continuam, que o cortejo não pode parar:
- Vão pra frente que atrás vem gente!
E eles vão...
E o Brado Retumbante cotucou a política mas tudo fica igual, e a presidente que deve ter problemas com dentistas pois que a deixaram dentuça, por isso não quer dente no seu título e trocou por denta, vai viajar. Meu sobrinho trabalha no Itamarati, contou que vai um avião lotado com o “corpo diplomático” – deveria dizer corpos diplomáticos? Um avião para a presidente e seus assessores, outro avião com os corpos diplomáticos...
E as pessoas morrem na porta do hospital porque ninguém é responsável por elas, se estão longe uma ambulância busca, se estão dentro do hospital os enfermeiros levam mas na porta... bom, na porta é diferente... não está dentro, não podem atender, caído na calçada não está no hospital... é verdade, eu havia esquecido.
Preciso bordar minha fantasia.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Pré conceito

Em 5 de maio de 1993, três meninos de 8 anos foram dados como desaparecidos pelo pai de um deles na então pacata West Memphis, interior de Arkansas, Estados Unidos. Horas depois seus corpos, mortos, foram localizados com marcas de violência em uma floresta.
Um mês após o crime, três adolescentes, Jessie Misskelley, Jr, 17 anos, Jason Baldwin, 16 anos e Damien Echols, 18 anos, foram presos, julgados e condenados pelo crime em um dos julgamentos mais comentados da história justamente pelo seu absurdo.
O julgamento inicial, em 1994, rendeu o documentário Paradise Lost: The Child Murders at Robin Hood Hills (1996) com produção da HBO e direção de Joe Berlinger e Bruce Sinofsky.
O longa levantou questões e fez com que diversas pessoas, dentre as quais algumas celebridades tais como Eddie Vader, Natalie Maines e Johnny Deep, se interessassem pelo caso.
Surgiu aí um grupo de apoio que juntamente com um dos advogados de defesa de um dos jovens tornou a descoberta do ocorrido em uma cruzada que correu por 18 anos e rendeu duas sequências, Paradise Lost 2: Revelations (2000) e Paradise Lost 3: Purgatory (2011).
Quem ainda não viu os documentários não deve perder a chance e com pouca pesquisa eles são facilmente localizáveis na internet. O conjunto quando visto é brutal e mostra a crueldade que só o preconceito é capaz de causar.
Deve virar filme em Hollywood em breve.




sábado, 28 de janeiro de 2012

0800.... uma piada!

Alguém já tentou cancelar um cartão de crédito, reclamar que a internet não funciona ou qualquer outro serviço como de 2 para 10 gibas a potencia de sua conexão? Basta ligar para o 0800!!!!!!! Saiba que sua ligação é muito importante para nós é a frase padrão. Isso até você dizer que não ligou para dar os parabéns pelo bom relacionamento entre a empresa e você, o consumidor. De repente as coisas mudam, as atendentes ficam valentes, as vozes macias desaparecem... isso quando elas não ficam surdas. Não estou ouvindo, pode repetir?
As empresas culpam os call centers, eles empurram a questão para qualquer santo que exista no céu, menos para o verdadeiro culpado: a empresa que terceiriza esse atendimento e se gaba de seu bom relacionamento com o cliente, quando deveria dizer seu isolamento. A maior parte do tempo é uma máquina que fala.
Se der sorte e conseguir dialogar com um ser humano pague promessa em qualquer grande basílica, isso se você for católica, senão agradeça do mesmo jeito. Li dia desse que um pouco menos de marketing de massa e mais ênfase no relacionamento pode ser uma boa política para esse tipo de serviço. Falo com conhecimento de causa. Recentemente fui maltratada por uma atendente por querer cancelar a NET que não funcionava e porque quis cancelar meu cartão Hipercard, do Unibanco, pois depois da fusão, a coisa foi ficando de mal a pior. Como sou chata e quero ser bem atendida decidi me desfazer dele. Não consegui. Fiquei ligada ao tal cartão sem fazer nenhum tipo de compra por uns seis meses. Um belo dia, eu entrei no Wall Mart e fui direto aquelas mesas e pedi o cancelamento.
O jovem perguntou qual a razão, eu expliquei e comentei ainda o fato de ter sido maltratada no 0800. Ele adotou as medidas necessárias na hora e explicou: é o segundo que faço hoje pelo mesmo motivo.
Acho que é hora das empresas acordarem e tratarem melhor seus clientes, pois hoje as pessoas querem agilidade no atendimento e um mínimo de preparo do atendente. Mas, como eles pensam que são invisíveis comportam-se como trogloditas. Diz um velho ditado “respeito é bom e eu gosto.”

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Verdade

"O que se vê é vero O teu sabor eu quero Mas nem só beleza eu vi (2x) Vi cidades degradadas Pessoas desamparadas Nas grades da solidão Fogo nos campos nas matas Queima de arquivo nas praças Chovia nas ruas do meu coração O que se vê é vero O teu sabor eu quero Mas nem só beleza eu vi (2x) Vi cidades turbulentas Chacinas sanguinolentas Pensei que morava nas terras do mal Choro dos filhos, maldades Fora dos trilhos, cidades Pensei que sonhava e era tudo real O que se vê é vero O teu sabor eu quero E a tua beleza eu vi (2x) Vi uma estrela luzindo A minha porta bateu Querendo me namorar Lua cheia clareava Imaginei que sonhava e era tudo real Ninguém mais coça bicho de pé Nem ninguém caça mais arrastapé Vida é assim é o que é"

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Pele

Um pouquinho sobre a vida e morte de Sarah Kane.



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ânsia

Esta semana nossa querida Camilla Telbet voltou a postar um vídeo que acho incrível que traz uma leitura sensível e de uma peça intensa e por vezes bem pouco delicada da britânica Sarah Kane (1971 - 99) e me deu vontade de publicar aqui também...



"E eu quero brincar de esconde-esconde, te emprestar minhas roupas, dizer que amo seus sapatos, sentar na escada enquanto você toma banho, e massagear seu pescoço. E beijar seu rosto, segurar sua mão e sair p'ra andar. Não ligar quando você comer minha comida, e te encontrar numa lanchonete p'ra falar sobre o dia. Falar sobre o seu dia e rir da sua paranóia. E te dar fitas que você não ouve, ver filmes ótimos, ver filmes horríveis. E te contar sobre o programa de TV que assisti na noite anterior e não rir das suas piadas. Te querer pela manhã, mas deixar você dormir mais um pouco. Te dizer o quanto adoro seus olhos, seus lábios, seu pescoço, seus peitos, sua bunda. Sentar na escada, fumando, até seus vizinhos chegarem em casa, sentar na escada, fumando, até você chegar em casa. Me preocupar quando você está atrasado, e me surpreender quando você chega cedo. E te dar girassóis e ir à sua festa e dançar. Me arrepender quando estou errado e feliz quando você me perdoa. Olhar suas fotos e querer ter te conhecido desde sempre. Ouvir sua voz no meu ouvido, sentir sua pele na minha pele, e ficar assustada quando você se irrita. Eu digo que você está linda, e te abraçar quando você estiver aflita, e te apoiar quando você estiver magoada, te querer quando te cheiro, e te irritar quando te toco e choramingar quando estou ao seu lado. E choramingar quando não estou. Debruçar-me no seu peito, te sufocar de noite e sentir frio quando você puxa o cobertor e sentir calor quando você não puxa. Me derreter quando você sorri, me desarmar quando você ri. Mas não entender como você pode achar que estou rejeitando você quando eu não estou te rejeitando, e pensar como você pôde pensar que eu te rejeitaria. E me perguntar quem você é, mas te aceitar do mesmo jeito. E te contar sobre o "tree angel", "o menino da floresta encantada" que voou todo o oceano porque ele te amava. Comprar presentes que você não quer e devolvê-los de novo. E te pedir em casamento, e você dizer "não" de novo mas continuar pedindo, porque embora você ache que não era de verdade mas sempre foi sério, desde a primeira vez que pedi. Ando pela cidade pensando. É vazio sem você mas eu quero o que você quiser e penso. Estou me perdendo, mas vou contar o pior de mim e tentar dar o melhor de mim porque você não merece nada menos que isso. Responder suas perguntas quando prefiro não responder, e dizer a verdade mesmo que eu não queira, e tentar ser honesto porque sei que você prefere. E achar que tudo acabou, espera só mais dez minutos antes de me tirar da sua vida. Esquecer quem eu sou e me deixar tentar chegar mais perto de você. E de alguma forma, de alguma forma, de alguma forma compartilhar um pouco do irresistível, imortal, poderoso, incondicional, envolvente, enriquecedor, agregador, atual, infinito amor que eu tenho por você."

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um momento só seu


Por sua mente passaram cenas do passado, de vinte, trinta, quarenta anos atrás. Tantas vezes ouvira falar que isso aconteceria... seu momento, só seu, sua memória, seu passado, sua história, seu tempo.
Tentou mexer as mãos, não se mexeram. Dos olhos percebeu escorrerem lágrimas. Não as pode enxugar, correram livremente encontrando seu caminho. Tudo parecia muito claro, iluminado, pensara que escurecesse...
O frio tomava conta de seu corpo. Consciente de seus membros mas incapaz de movê-los teve certeza de que chegara a hora.
Só, completamente só para fazer a travessia, gostaria de ter alguém segurando suas mãos, alguém em que se agarrasse caso decidisse ficar, se resolvesse não partir.
Era tarde.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Santa Chuva

"Vai chover de novo,
deu na tv que o povo já se cansou de tanto o céu desabar,
E pede a um santo daqui que reza a ajuda de Deus"
Santa Chuva - Los Hermanos


Dia de chuva e friozinho no verão. Dia de friozinho no verão. E a vida calma. Porque às vezes, a vida vai calma. Até que chegam as tempestades. De repente fui pega por uma tempestade. E choveu. Muito. Muito mais do que a previsão havia dito. E segui, sem rumo, em meio a chuva. Palavras duras. Eu só sou uma menina com um gato, sonhos e defeitos. E sem rumo na chuva. Alguns anos atrás morei com uma alemã que confundia chorar com chover e dizia: Não chove! Hoje choveu. E quase chorei.

sábado, 21 de janeiro de 2012

A embaixada de Bauru em São Paulo

Eram os anos 70. Em São Paulo ainda fazia frio igual na Europa e garoava de vez em quando. Para uma garota educada no interior a cidade era o máximo. Hoje tenho minhas dúvidas em relação a isso, embora continue gostando muito da São Paulo cultural. Leia isso como: bons restaurantes e museus excelentes, sem falar nas galerias de arte. São Paulo não se parece com nenhuma cidade do mundo, pelo menos não com as que eu conheço.
Mas, gostaria de lembrar desses anos 70, momento cinzento na política brasileira, o clima era de terror, mesmo que a gente se divertisse muito. Nesse bom astral viva a família de Déborah, mulher conhecida dos bauruenses por sua generosidade e inteligência, além dos dotes culinários. Abria seu belo apartamento toda terça feira para receber qualquer bauruense de passagem ou não pela cidade com uma mesa farta. Lá conheci o Henri filho de um americano com uma brasileira, que com toda certeza era mais chegado a nossa cultura do que a de seu pai. Tocava violão e cantava muito bem. Naquela época o sucesso era uma música que Caetano Veloso gravou tempos depois Chuvas de Verão. Linda! Quando eu aparecia nesses encontros sempre pedia ao Henri para cantá-la e ele respondia: essa só depois de meia noite. Nunca perguntei o motivo. Mas, quando batiam as 12 badaladas do sino de uma igreja próxima à Frei Caneca, ele começa

“Podemos ser amigos simplesmente/Coisas do amor nunca mais/Amores do passado, do presente/repetem velhos temas tão banais/Ressentimentos passam como o vento/São coisas de momento/São chuvas de verão...
Trazer uma aflição dentro do peito/é da vida um defeito/Que se extingue com a razão/Estranho no meu peito/Estranha na minha alma/Agora eu tenho calma/Não te desejo mais...
Podemos ser amigos simplesmente/amigos simplesmente/nada mais...”


Essas lembranças voltaram a minha memória hoje quando ouvi no rádio do carro Chuvas de Verão na voz do Caetano. Foi como se eu caísse no túnel do tempo. Senti o cheiro de São Paulo e de sua chuva fininha, lembrei-me da capa maravilhosa que comprei acompanhada de Sergio, meu velho amigo, que vive há anos na França, de um vestido azul Klein que meu amigo Silvio adorava. Do bar perto da igreja de Moema onde a gente enchia a cara, pois era proibido proibir... então, podia-se dirigir embriagado. Dele dizendo que enquanto fossemos aquele grupo unido ninguém precisaria de psicólogo, afinal a gente chorava as mágoas, decepções, traições, puxada de tapete, um no ombro do outro. Do João Sebastião Bar e todos os intelectuais que por ali apareciam. Até João Gilberto tão alheio a tudo de vez em quando cantava por lá! Silvio foi meu primeiro contato com a morte. Quando ele morreu quase morri junto. Chorei por mais de seis meses sua perda, lembrando que quando eu estava grávida do meu primeiro filho, percorria o Iguatemi comigo para comprar roupas de bebê, mesmo ele tendo certeza que eu daria luz a uma ervilha! Sempre fui magra e não engordei durante os nove meses, só a barriga cresceu um pouco. Mas, meu filho nasceu enorme e continua grande em todos os sentidos. Hoje Déborah tem 92 anos, mas continua lúcida e leitora voraz de tudo de bom que o mercado lança, inclusive os best sellers. Ela me mandou os três volumes do Millennium, pode? Eu nunca tinha ouvido falar nos tais livros e existe até filme do primeiro volume pronto para ser lançado em fevereiro. Enfim, um momento luminoso na minha vida, tempos de Usp, de pós-graduação, de correrias, de festas infantis, hoje sou bem mais vivida e cínica sem dúvida nenhuma, aprendi que os bonzinhos não estão com nada, uma pena, a idade da inocência ter passado.



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Melancolia


Texto de Vinicius Carlos Pereira, publicado em 10/08/2011 no www.cinemaqui.com.br

Por mais que o cinema tenha um receio imenso de eleger novos gênios da sétima arte enquanto aqueles que mudaram o cinema nos anos 70 e 80 ainda mantêm a vitalidade de suas obras, talvez já seja hora dessa porta ficar aberta para, pelo menos, alguns poucos nomes entrarem nessa sala, e o dinamarquês Lars Von Trier seria um dos primeiros dessa fila. Primeiro, pelo caminho corajoso com que vem traçando sua carreira, desde o movimento Dogma 95 (que talvez tenha sido o único que o cinema tenha visto nas últimas três décadas) passando por sua Palma de Ouro em Cannes por Dançando no Escuro e chegando até hoje, com seu Melancolia, uma estarrecedora visão do fim. É verdade que Von Trier parece menos focado em contar uma história propriamente dita, como no perturbador Anticristo, mas, ao mesmo tempo, acaba mostrando que essa nova fase de sua carreira acaba então tendo sido despertada pelo próprio, que foi realizado depois de uma crise de depressão que abateu o cineasta.

Com isso, Melancolia tenta então traçar um paralelo entre duas irmãs e aproximação de um enorme planeta (que nomeio o filme), supostamente em rota de colisão com a Terra. Em outras palavras, Lars Von Trier, à seu modo peculiar, faz um filme catástrofe para chamar de seu. Peculiar, por que nem por um segundo Melancolia dá qualquer esperança que seja para seu espectador, e é nesse momento que se entra no terreno fértil da mente do diretor. Von Trier deixa a impressão de que, mesmo que, em pouco tempo do início do filme tudo tenha acabado sob os acordes de Wagner (em Tristão e Isolda) em uma belíssima sequência em câmera lenta (assim com em Anticristo) que culmina com o choque, e a destruição, da Terra, o que vem depois é um exercício poético e inquietante sobre o que fazer quando tudo é inevitável. Mais ainda, por um momento, onde segundos se tornam minutos e tudo parece se mover sem sair do lugar, presente, passado e futuro se encontram entrelaçados nessa espécie de pesadelo apocalíptico, onde Kirsten Dunst e Charlotte Gainsburg, são mães, irmãs, noivas e esposas, enquanto tudo ruma para um esse fim. Melancolia é então apresentado em dois momentos, nomeadas através das duas irmãs. O primeiro, com a noite de casamento de Justine (Dunst, perdida no infinito) e depois pelo olhar de Claire (Gainsburg em mais um papel marcante) às portas da tragédia, sem saber o que fazer diante da chegada desse planeta. Talvez seja por meio dessas duas personagens que Von Trier tente pintar esse retrato cruel e exposto, que (como as imagens que Justine escolhe para ilustrar o escritório) parece ser impossível de desviar o olhar.

“Melancolia” talvez seja isso então, aquele acidente automobilístico que não lhe deixa prestar atenção em mais nada e depois não se esvai de seus pensamentos. O cineasta dinamarquês faz isso, principalmente, por se sentir confortável entre símbolos e significados, como se soubesse que nenhuma história consegue ser contada apenas com as imagens (pelo menos não as dele). É a partir desse princípio que “Melancolia” traça esses dois momentos, esses dois olhares, esses dois modos de encarar o que vem em seguida. Justine, assim como em seu pesadelo no começo do filme, tenta andar por essa floresta, mas está presa a uma espécie de cipó trançado em volta de suas pernas, apática diante, não só dos convidados de sua festa, como do mundo que a cerca, espremida por uma família que parece não conseguir aceitar essa dor que lhe faz se arrastar sem objetivo por sua vida. À sua volta, ninguém parece capaz de aceitá-la do jeito que ela é. Talvez nem ela mesma. Do outro, nesse segundo momento, Justine (agora em uma atuação esplendorosa de Dunst, sobrecarregada pelo peso da personagem e, literalmente, cambaleando por esse mundo) se torna quase um resquício daquela mulher e, destruída por uma depressão, acaba indo passar uns dias com sua irmã Claire.

É a partir daí que Von Trier engancha seu espectador nesse retrato brutal da alma do ser humano, já que o tal Planeta Melancolia está a dias de cruzar o caminho da Terra e, enquanto parte da comunidade científica (como o marido de Claire prefere enxergar) se mostra despreocupada com a aproximação dos dois, uma outra parte não consegue fugir da sensação de catástrofe que vem a seguir. Von Trier não está preocupado co essa esperança, já que, de acordo com o começo do filme, é tudo inevitável, mas sim à procura de entender como cada um se portaria diante do fim. Não o mundo, mas apenas essas quatro pessoas. Como sempre, o cineasta está sim em busca da pessoa, da unidade e do ser humano como único em uma situação que ele acaba não tendo controle. Claire vê aquilo como o fim de sua família, de seu filho, do amor com seu marido, é incapaz de compreender o inevitável da vida e só observa de longe sua irmã Justine se banhando nua ao reflexo azulado que o Planeta Melancolia colore as noites com sua aproximação, Justine que, abatida pela depressão, vê nessa catástrofe a possibilidade do fim de toda essa dor, de um mundo que parece não aceitá-la.

Muito embora nesse momento Von Trier talvez ainda tente se livrar dos fantasmas de sua própria condição recente, tentando, buscar um significado para seu próprio caminho (já que teve que “matar” seus demônios em Anticristo) agora acaba então tentando mostrar que, diante do inevitável, ao invés de se debater e fugir sem objetivo como insetos, o melhor seja aproveitar o tempo que lhe resta, construir seu próprio abrigo e se juntar com quem (em poucos momentos ou não) conseguiu te aceitar durante o que passou. Se na psicologia a melancolia é a perda (diminuição) de si mesmo diante dos demais, como se não conseguisse se sentir apto a fazer nada com propriedade, são em momentos como esses (finais) que todos acabam então tendo a certeza de que, mais do que nunca, não existem diferenças. E mesmo com essa espécie de pessimismo (que não é novidade, mas algo recorrente nas obras do diretor) o que Melancolia faz, não é mostrar o que ocorre, perigando cair em um pragmatismo que, muito pelo contrário, não combina com o cineasta, mas sim fazer cada um de seus espectadores pensar naquilo, tentar entender e imaginar o que se pode fazer quando se perde o controle sobre o mundo que você vive, quando nada mais importa a não ser o que já passou.

Assim como não se esconde por trás de verdades próprias e apenas faz com que o espectador perceba que, seja em um casamento, na relação com a família ou em uma vida inteira, os ciclos mudam e tudo que começa acaba, mesmo que toda sua duração seja relativa. Mas, ao mesmo tempo, Melancolia ainda tenta lembrar a todos que nada é mais substancial, palpável, calmo e relaxante que a esperança, seja apenas um fio dela que faz Claire relaxar ao sol, ou o contrário, que permite que todos esperem que a passagem do planeta seja apenas um acontecimento inesquecível e belo. E não que a falta de caminho para seguir, já que todos levam ao mesmo lugar, mas a possibilidade de fazer com que cada momento tenha a possibilidade de ignorar esse peso e voar ao céu como os balões com palavras de celebração na noite do casamento de Justine. Justamente, não uma fuga, mas sim uma esperança. No fim de tudo, Von Trier (que mais do que nunca parece não fugir de seu próprio Dogma95 e não esconde a dependência diante de seus personagens, com essa câmera inquieta, tremendamente plástica, mas, instintivamente sempre à procura do que está por trás daquelas pessoas) não foge do ritmo lento, que faz mais ainda que Melancolia seja essa experiência pesada, já que a idéia principal é mostrar que diante do inevitável aquilo que se entende por tempo não liga em se estender, assim como faz com que o escuro do final do filme e o silêncio com que os créditos ganham vida seja reconfortante e um belo momento para todos tentarem entender o que acabaram de ver, já que Lars Von Trier mostra que não há jeito mais poético e belo de acabar com o mundo do que esse. _______________________________________

Melancholia (EUA, 2011), escrito e dirigido por Lars Von Trier, com Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Keifer Sutherland, Charlotte Rampling, John Hurt, Alexander Skarsgard, Stellan Skarsgard e Udo Kier ________________________________________

domingo, 15 de janeiro de 2012

Gentileza

"O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta"

Gentileza - Marisa Monte

Loucura. Uma semana que prometia ser básica foi uma loucura. De verdade. Meu Deus, o que eu posso dizer, que o mundo é louco? As pessoas são todas loucas? Que só as músicas são boas? É. OK, as músicas são boas... Mas as pessoas são loucas. Não sei ao certo se acredito nessa tal possibilidade de inversão polar que abrirá portas e causará mudanças, mas vamos combinar que o mundo está precisando de uma varridinha. O que foi essa história horrorosa dessa mulher maligna que "adotava" bichinos para matá-los com uma injeção no coração e vendê-los para macumbas. De quase 300 animais apenas 8 sobreviveram ao massacre. Se isso não é loucura o que é? E o navio que feliz passeava pela Toscana qunado de repente fez um remake do Titanic. Parecer técnico: erro humano.  E o capitão nem se dignou a esperar o navio ser evacuado antes de sumir bonito para sua casinha. As pessoas enlouqueceram. A impressão que tenho a cada dia que passa é que o ser humano perdeu a humanidade em algum lugar entre seus SVU, Ipads e smartphones. Não é por acaso que precisam de um assistente de vida robótico com quem possam interagir. Steve Jobs sabia o que estava fazendo quando criou o Siri, em breve, temo que ele será a única interação entre pessoas. Parte de mim realmente deseja que em 21 de dezembro de 2012 a Terra trema e coloque para fora a parte podre dessa (des)humanidade como se fosse uma farpa no dedo. E juro que isso não me excluí. Boa semana a todos e por favor, mais gentileza, minha gente.

IMPORTANTE AOS MORADORES DE SÃO PAULO: Informações para prestar depoimento no caso Dalva. Para prestar depoimento as pessoas devem ir até a Delegacia do meio ambiente na Av. São João 1247. O delegado que assinou o BO foi o Dr. Ivair Martinho Graça e o número do BO é 16/2012. Basta se apresentar como uma das pessoas lesadas pela Dalva e dar seu depoimento. Não se calem. A hora de pedir mudanças e leis severas contra maus tratos aos animais é agora! mais informações no site da AUG

sábado, 14 de janeiro de 2012

Proteção

"Jorge sentou praça

na cavalaria

e eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia


Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge

Para que meus inimigos tenham pés

e não me alcancem

Para que meus inimigos tenham mãos

e não me toquem

Para que meus inimigos tenham olhos

e não me vejam

E nem mesmo em pensamento

eles possam ter para me fazeram mal

Armas de fogo

meu corpo não alcançarão

Facas e espadas se quebrem

sem o meu corpo tocar

Cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar

pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge

Jorge é de Capadócia"



terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Estou furiosa!!!!!! Xixi na conta foi pouco, prepare-se...

O sombra ou minha sombra não arreda o pé, onde eu vou ele vai. O tal gato é um porre. Minha paciência está se esgotando e parece que o tempo não passa. Não veio passar o Natal? Como estava por aqui passou o ano novo e o dia de reis. Desconfio que, ele pretende ficar até o carnaval. Tomara que vire tamborim! Tudo continua igual: é Fabrício pra cá, Fabrício pra lá. Isso é nome de gato? No começo eu cogitei até de dar bola para ele, mas o cara é um grude, não dá e eu sou muita areia para o caminhãozinho dele. Sou bonita, ele é feio. Sou charmosa, ele é desengonçado, sou simpática (será!) ele é chato, um carapato que agarrou em mim e não me larga. Ah, saudades dos bons tempos em que eu era o xodó da casa. Ninguém liga mais para mim, quase invisível... é assim que me sinto. Qualquer hora pisam no meu lindo rabinho, vou miar bem alto e não vão nem pedir desculpas, estão todos atrás do tal gato cinza. E a filha aleijada da minha dona foi e voltou e nada de desocupar o beco, digo o quarto.


Entrei sorrateiramente lá e fiz xixi na conta de telefone dela, e nem assim ela desconfiou que isso é um aviso: hora de ir embora. Ela tem um negócio quadradinho parecido com um notebook, que ela chama de meu Macintosh. Tem também um aparelho moderninho IPhone desenhado por um tal de Job, estão dizendo que vale ouro, pois o cara morreu. Se ela não for embora logo vou repetir a dose, só que agora nas tais maquinas... Acho que minha mãe vai me dar uma surra, coisa que nunca aconteceu antes. Mas, por que ela não leva o pestinha para a casa dele. Ouvi uma conversa que ela tem de organizar um festival e vai deixar a ferinha aqui. Disse: coitadinho, não quero que ele fique 24 horas por dia sozinho. E eu com isso? Ele não mora em baixo da ponte, mora num apartamento numa tal de vila cheia de bares e com um grupo de carnaval chamado Pérola Negra. Será que eles moram num “barracão no morro” e eu não sabia? Vila Madalena... Vai ver é perto de Jerusalém. Não falam que essa tal de Madalena era a mulher de Jesus. Credo, o negócio está ficando cada vez pior, como fui chegar aqui? E como eu sei disso tudo? Li o Dan Brown, enquanto eles estão distraídos com um tal de Millenium. Será alguma coisa relacionada com o fim do milênio? Não pode ser. O ano novo é 2012. Enlouqueci. Vou parar. Se eles lerem vão me colocar no hospício com a desculpa da Madalena e do millenium. Vou procurar toda a água que encontrar e me preparar para o ataque, me aguardem, estou furiosa!

Mimi Yoda, a gatinha que veio do espaço sideral.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Cora Coralina

Rebeldes à contenção lírica ou a quaisquer outras constrições, os poemas de Cora Coralina são frequentemente lírico-narrativos e alguns de seus melhores poemas chegam a cobrir dez ou mais páginas.

Em “O Prato Azul-Pombinho”, descreve por onze páginas as preocupações da bisavó com um aparelho de 92 peças que acabaram quebrados, sumidos, talvez roubados e que traziam prebendas de um tal Confúcio e baladas de um vate chamado Hipeng.
Dos 92 pratos ficou um.

Era um prato original, muito grande, fora de tamanho, um tanto oval... prato de centro, de antigas mesas senhoriais de família numerosa. De fastos decasamento e dias de batizado.... prato de bom-bocado e de mães-bentas, de fios de ovos, de receita dobrada de grandes pudins, recendendo a cravo, nadando em calda.

Fui me deliciando por sua descrição dos desenhos, das miniaturas delicadas, do tom azul forte, do fundo claro, do meio-relevo, dos galhos de árvores e das flores, do templo com lanternas, do quiosque rendilhado, do braço de mar, do pagode e do palácio chinês, da ponte, do barco coberto de seda e dos pombinhos voando. Ninguém senão Cora Coralina conseguiria escrever onze páginas sobre um prato. Não balelas, uma descrição fina, retrato sociológico de um tempo, narradora de sentimentos, emoções, paixões, fatos. Pura maravilha! O prato que levou bolo para a vizinha, e voltou cheio de muito-obrigados... que era centro das mesas de aniversário acomodando empadas ou bem-casados, o prato guardado no armário sólido, alto e bem fechado, como num relicário.

Um dia, por azar,
sem se saber, sem se esperar,
artes do salta-caminho,
partes do capeta,
fora de seu lugar, apareceu quebrado,
feito em pedaços
o prato azu- pombinho
.......................
Um torvelinho...

Que alegria ocupar a cadeira Cora Coralina na Academia Bauruense de Letras!
Imagino-me sentada, a ouvir Cora contar dos goiases, dos corais e coralinas, exaltando a natureza e os seres humanos, vendo encanto em pequenos/ humildes objetos, Ode às Muletas, enamorada pela natureza como no Poema do Milho.

Pela didática de Mestra Silvina, Cora Coralina aprende e chega à publicação de seus poemas. Como a própria Cora diz: “Foi pela didática paciente da velha mestra que a menina boba da casa, obtusa, do banco das mais atrasadas se desencantou em Cora Coralina, mulher que soube ler a vida dando-lhe conotações próprias.

Grande abraço e até a semana que vem.