sábado, 4 de fevereiro de 2012

Seria um protesto contra Romero Brito?

Bom, como todo mundo sabe sou uma provinciana como aquelas personagens dos autores do final do século XIX, tipo Madame Bovary, quase uma caipira, não fossem as freiras terem me letrado um pouco. Elas só não me indicaram Gustave Flaubert e com justa razão afinal o homem criticava o adultério, o clero e a religião numa tacada só. Sou parecida com ele, guardadas as proporções...
Quando decido fazer algo, mato três coelhos numa cajadada só. Essa deve ser a única semelhança, embora eu preferisse ter o espírito crítico do autor francês. Fugindo do assunto, dirão. Nada disso vou contar tudo direitinho.
A dona Rosa Bertoldi
decidiu passar uma semana em São Paulo e imaginando-se vanguarda (palav
ra do século passado) decidiu ir a um evento de arte contemporânea onde estava se apresentando um dj set da banda de música eletrônica The Rapture seguida de uma performance de alguns artistas plásticos contemporâneos.
Fiquei feliz por ver a tal contemporaneidade em ação.
No dia seguinte lá estava eu em direção a Vila Olympia para o vernissage de uma exposição coletiva de três jovens pintores. Atentem para o vernissage e não A VERNISSAGE como dizem em Bauru. Acho que no interior eles traduzem como abertura, quando na verdade trata-se do envernizar as obras antes da entrega. Era o momento em que os compradores viam os trabalhos dos artistas, daí o vamos ao vernissage!!!!!!!
Vou começar do começo... Imaginava encontrar uma “festa estranha com gente esquisita” como disse o cantor Renato Russo.
Porém, para minha surpresa a primeira pessoa que vejo é nada mais nada menos que Alexandre Borges, lindo e discreto, com seu cabelo prateado. A segunda foi uma moça que trabalha numa das mais badaladas galerias de arte de São Paulo. Tá certo, o vestido dela era esquisito, mas não vi nenhuma tatuagem ou pierce na sua pele. Dondocas, possivelmente ligadas aos museus e jovens curtindo o som e tomando cerveja Stella Artois.
Em seguida deparei-me com alguns jovens, que se diziam artistas, andando em minha direção. Estavam revestidos de um retângulo branco de plástico colado com fita crepe.
Riam e brincavam dentro da cabana de plástico, ora cheia, ora vazia, do ar que respiravam. Alguém do meu lado disse tratar-se de um protesto. Pensei que poderia ser um protesto contra Romero Brito.
Para quem não conhece, é um dos pintores mais premiados da atualidade e vive muito bem em Miami. O pernambucano classifica sua obra como “arte da cura”. Do meu humilde ponto de vista o resultado é duvidoso, mas quem sou eu para julgar. Alô, alô Dra. Janira, qual é sua opinião?
Lá eu conheci um artista cujo nome não me lembro que perguntou com os olhos quase saltando das orbitas: a senhora gosta de música eletrônica? Ah, jovens... como se com todo aquele barulho da banda eu pudesse me fazer de surda.
Pensando bem até que a banda não era das piores...
Ele também fez o favor de mostrar um banco em frente ao Centro Cultural Banco do Brasil, uma obra da Sandra Cinto, onde conversamos sobre arte. Ele contou-me passagens hilárias desse mundo tão pequeno que é o das artes.
Confortável, o banquinho da moça, embora eu tenha saído de lá com o traseiro gelado devido aquela obra ser de metal e estar frio e garoando. Acho que a garoa foi o presente de São Paulo, o santo mesmo, não a cidade, para os paulistanos saudosistas daquela São Paulo dos tempos modernos, quero dizer da época das brigas entre Mário e Oswald, da Anita e Tarsila, enfim dos modernistas que nunca se entenderam direito, da São Paulo da garoa eterna.
Mas, afinal qual a relação entre os meninos artistas e sua tenda de plástico e as obras cafonas de Romero Brito? Uma brincadeira é a resposta mais provável. Enfim lá estava eu no centro da cidade mais perigosa da América Latina com gente de todos os níveis e classes sociais comemorando o aniversário da cidade em clima de euforia e brincadeiras com músicas e projeções de luz pelas estreitas ruas limpas (pasmem!!!!) como se fosse uma nativa.

Um comentário:

Janaina Fainer disse...

Rosaaaaaaaaa,
eu fui ver o Rapture também!!!!
Como não nos vimos????
bjs