segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Certa ausência do mundo...

Afirmação de Cecília Meirelles sobre si mesma, mencionada hoje, na Folha, por Rubem Alves, em sua carta de despedida: “meu principal defeito é uma certa ausência do mundo”, levou-me a algumas conjecturas.
Quanto invejo quem consegue tão maravilhosamente se observar e qualificar! Quantos de nós sofremos do mesmo mal? Eu assumo, com todas as suas conseqüências, esse defeito: ausência do mundo. Para justificá-lo poderia argumentar que alojo-me platonisticamente no mundo das idéias... mas não é verdade... confesso, alojo-me no mundo da fantasia.
Um personagem de Gata Borralheira, conto publicado em Encontros Paralelos, diz: musas, fadas e duendes giram em redor de sua cabeça. É isso... fantasias, tenho viajado para a fantasia. Escrever terá agravado essa minha ausência do mundo? Temo que sim.
Busco uma justificativa que atenue essa ausência da vida real.
A depressão teve um up grade e foi promovida à categoria de mal do século, ameaça a maioria dos que tomam consciência da realidade formada pelo mosaico: violência, insatisfação, consumismo, pobreza de espírito, vulgarização, miséria e etc. Bombardeados por artigos de psicólogos, psicanalistas, psiquiatras, motivadores, especialistas em RH, religiosos, gurus, economistas e pelo excesso de informação acabamos assustados. O susto produz adrenalina. ou epinefrina, hormônio simpaticomimético e neurotransmissor, derivado da modificação de um aminoácido aromático (tirosina), secretado pelas glândulas supra-renais, assim chamadas por estarem acima dos rins. Em momentos de estresse, as supra-renais secretam quantidades abundantes deste hormônio que prepara o organismo para grandes esforços físicos, estimula o coração, eleva a tensão arterial, relaxa certos músculos e contrai outros. O esforço físico (esperado) não é exigido, as emoções (esperadas) não acontecem, a pressão arterial aumenta (desnecessariamente), a musculatura é relaxada e algumas partes do corpo contraídas como os ombros, que elevam os braços e encurtam o pescoço e nós ficamos prontos para ser massacrados o que a mídia faz muito bem.
Então, não é bom conseguirmos “uma certa ausência do mundo”?

sábado, 29 de outubro de 2011

Meninos ladrões...

Pedro, e Querido de Deus jogavam e perdiam. Quando a banca fechou e o Gato contou seu lucro devolveu a eles o dinheiro confessando a trapaça na mesa. Era noite e a paz da Bahia encobriu tudo: o campinho onde os meninos treinavam capoeira, os saveiros, as ladeiras estreitas, o puteiro, o grande carrossel e o trapiche, onde dormiam os capitães da areia, os donos do areal e das ruas da cidade, os meninos ladrões. Nem sei se foi assim que começou o filme tamanho era meu deslumbramento. Lembro-me dos pés gravados na praia e de Pedro Bala de repente dentro do mar depositando oferenda a Yemanjá, um abebé para que a rainha do mar contemplasse sua beleza no espelho prateado, naquele 02 de fevereiro. O livro de Jorge Amado foi transformado em uma obra cinematográfica por gente talentosa e criativa, todos baianos, numa homenagem ao centenário do escritor. A sensibilidade colocada no trabalho é tamanha que qualquer um sente o cheiro do acarajé de Yansan. Bahia... de Jorge, de Zélia, de mãe Menininha, de dona Canô, do Sem Pernas, de Pedro e Dora, a Bahia de todos os Santos e nossa também. Às vezes penso na Bahia como um mini Brasil, mas não... ela tem melhor caráter. Essa região recebeu escravos do golfo de Benin, que trouxeram com eles o candomblé confundido com religião, quando na realidade trata-se de uma visão de mundo, herança cultural da diáspora dos yarubas/nagôs. Seus cerimoniais e ritos foram transformados em uma série de seitas como a umbanda, quimbanda, etc, etc. Não sou especialista nem conhecedora profunda desse assunto, daí meu medo em reduzir a interpretação, a um texto capenga e sem fundamento, pois Roger Bastide e Pierre Verger tornaram-se profundos conhecedores dessas culturas. Vou me basear naquilo que consegui apreender do filme, de minha convivência com os baianos durante algumas estadias por lá, da obra literária de Jorge Amado, cujo entendimento parece-me livre do misticismo do branco, do conceito grego, judaico ou cristão, e mais próximo da interpretação francesa. Outros povos criaram visões de mundo baseadas em sistema complexos, como o I Ching dos chineses. Para o povo de Benin, os Orixás, encarnavam os princípios dinâmicos da natureza, reordenados na mente humana/Ori. A palavra orixá é derivada de ori e axé, cujo significado é força, magia. Bonito não é? A magia do pensamento do homem. Dessa filosofia foi tirada a qualidade dialética do equilíbrio e desequilíbrio provocada pela ação humana. Exu, portador da força/magia/axé rompe a ordem, introduz o caos criativo, acentua as contradições entre ele e os outros Orixás: Ogum/trabalho/ciência/luta; Oxum/beleza; Omulu/saúde física e mental; Oxalá/luz, Ossaim/conhecimento.
Essas disfunções estão nas doenças, malefícios ou mortes, sendo resolvidas com os Ebós/oferendas a Exu, modificando a realidade anterior. Tudo que existe de adverso ao homem está personificado na luta entre Orun/céu e Aiyê/terra. Uma das cenas mais bonitas do filme é o transe/possessão presente na roda do encantamento das cerimônias, onde aflora a personalidade do Orixá. Atentem para o detalhe que em nenhum momento eu disse que se trata de um panteão de deuses como os da Grécia, mas na força do pensamento, como diriam Jung ou Freud ou como afirmam os tecnólogos: nossa mente é como um computador podendo ser programada. Seria o pensar positivo solucionando problemas, ou seja, a responsabilidade da condução da vida está por sua conta. Carga pesada? Era na força enorme do inconsciente que o povo Yaruba acreditava daí sua liberdade no amor traduzido em paixão desvendada, em vez de ocultada pelo manto do pecado. Essa herança deixada no novo território, presente no conjunto de trabalhos de Jorge Amado, que os realizadores do filme captaram tão bem, é a Bahia de hoje.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ideal


Sally: Eu não sinto falta dele.
Harry: Não?
Sally: Não, eu sinto falta da lembrança dele.
do filme Harry e Sally




terça-feira, 25 de outubro de 2011

A caminho

"Love is like oxygen. Love is a many splendid thing. Love, lifts us up where we
belong, all you need is love!"
-Moulin Rouge



segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ela esperou o dia e a hora certos.
Esperou por muitos meses... esperou por anos. Mas o dia chegou e ela sentiu que era hora.
Tomara as providências necessárias, pois que pressentira que estivesse chegando a hora. Deixara tudo resolvido.Agora era só agir.
Entorpecida por tantos anos de inércia, de dominação e submissão temia não conseguir, temia que os movimentos fossem lentos, temia.
Mas a hora chegara, um forte impulso a impelia. Não podia nem queria fraquejar.
Ouviu música, tomou sorvete, entrou na banheira e se perfumou.
Vestiu seda, enfeitou-se com pérolas, cobriu a cama com os lençóis de cetim e deitou... para sempre.

domingo, 23 de outubro de 2011

Cupido

"Foi só por um segundo
todo tempo do mundo
e o mundo todo se perdeu
ficou só você e eu..."
Maria Rita


Mocinha estudava junto com outras tantas mocinhas e mocinhos. Um desses Mocinhos, de outra classe, de outra série inclusive, voltava a pé com Mocinha. Moravam perto. Não eram amigos na escola. Longe disso. Mas voltavam juntos á pé. Conversando. E ela não se lembra, possivelmente não havia notado, mas o Mocinho a convidada para atividades variadas. Ela aceitava os convites e esquecia. O Mocinho gostava da Mocinha. Mandou flores uma vez, inclusive. A Mocinha, perdida em seu mundo, com suas aventuras e seus amigos, nunca lhe deu uma chance. Os anos passaram. O Mocinho mudou de cidade. A Mocinha também. Nunca mais se viram. 15 anos depois se reencontraram na internet. Santa Internet. As conversas foram retomadas com rapidez. Viraram amigos, finalmente. Virtuais, porém amigos. E o fim do ano chegou. Hora de visitar família, rever amigos. E então, na mesma cidade, a Mocinha e o Mocinho se encontraram para um chopp. Coisa de adulto. Ótimas conversas. Assuntos que vão e vem. E o Mocinho se declara, quase bravo por ter sido esnobado tantas vezes tantos anos atrás. Dessa vez se declara com clareza. E o beijo é doce. O colo quente. Olhos brilham. E dormem abraçadinhos fazendo promessas mil. Promessas que nenhum dos dois devem cumprir, mas até aí, quem se importa.



sábado, 22 de outubro de 2011

Museu, o filho de Orfeu

No século VI a.C. Dioniso teve permissão para entrar no refinado mundo helênico, pois a Grécia retomou certos cultos aos deuses estrangeiros. A misteriosa religião representava a reintegração do irracional na concepção do divino, e recebeu em terras gregas o nome de orfismo. O termo derivado de Orfeu, o poeta do sorriso nos lábios e da lira nas mãos, passava longe do sofrimento até conhecer Eurídice. Ele tentou resgatá-la do inferno, mas vencido pela curiosidade olhou para trás transformando a amada em “escultura”.
Orfeu teve um filho: Museu. Ele legou ao mundo uma vasta produção artística, além de ter compilado a obra do pai. Museu, como Orfeu, tinha o poder de ver a poética dos objetos e despertar o sentimento do belo nas pessoas. O museu, como local, possui a função de templo das artes, depósito de bens culturais, com o mesmo sentido da palavra museulium, o ato do filho, de recolher e juntar fragmentos das composições do pai. O Museu como lugar revela uma função crítica ao reconhecer a importância do material selecionado e repassar através de exposições a informação contida nesses documentos testemunhais, enquanto sua ação é poética, buscando o significado e a valorização da produção artística colecionada. O templo habitado pelas musas tinha o nome de mouseion. Recebia oferendas e diferentes materiais exibidos ao público mediante o pagamento de uma pequena taxa! Seria o embrião do museu atual?

Desde épocas remotas existiam conjuntos de obras espalhadas pelo mundo. Um colecionador famoso como Nabucodonosor apreciava antiguidades, mania imitada por sacerdotes da Mesopotâmia. O Egito não ficava atrás reunindo objetos, aos quais se juntaram obras escritas, formando a Biblioteca de Alexandria. Colecionar fazia parte da história da cultura humana e na Renascença o acervo Medici, em Florença, era invejável evidenciando que a história da arte não é evolução do simples para o complexo ou do primitivo para o sofisticado, mas a história de formas criativas produzidas pela imaginação humana na pintura, tapeçaria, arquitetura, escultura, etc.
No século XVII, algumas instituições e suas coleções tomaram o aspecto que possuem hoje repetindo a postura crítica do Museu poeta. O trabalho profissional de reunir, selecionar e guardar peças para mostrar em um espaço chamado museu revela-se subjetivo e cheio de significados. A produção cultural quando exposta acaba recebendo, através do olhar do espectador moderno, outro valor e nova significação. Daí a importância do Museu como irradiador de cultura com suas ações práticas e exposições didáticas e/ou educacionais dirigidas a um público cada vez mais ávido de informação.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Encontros Paralelos



ESPERO VOCÊS

domingo, 16 de outubro de 2011

"Quero que você me dê o que tiver de bom para dar"
Seu nome - Vander Lee

 
Ontem alguém me disse que nosso maior problema é que a linguagem, um código relativamente simples e comum, não é suficiente para que sejamos capazes de nos entender. Verdade. O meu elefante nunca será igual ao do outro. E no caos que anda minha vida, a angústia sentimental que havia se acoplado, foi abatida a tiros de fuzil. Não morreu, mas mudou de nível. Como no playstation. Melhor assim. Estou muito sem tempo para dores de cabeças desnecessárias. Quero amor, romance, um colo quentinho, alguém que cuide de mim quando eu estiver gripada e que tenha saudade no meio do dia. Não quero outra coisa e quando me perco na tentativa de encontrar é porque me perco com uma tendência grande demais... Eu tentando ser Carrie Bradshaw sempre acabo sendo meio farsa. Mas estou melhorando nesse aspecto. Vai passar. Vai passar. Tudo sempre passa. Esse é meu novo mantra.
Enquanto isso, cruzo um ex whatever, um desses que você beijou mas não pode dizer que é ex namorado ou ex amor porque não teve profundidade para tal, e me pergunto: por que mesmo? É engraçado isso, uma vez passado o turbilhão, muitas vezes criado pela sua expectativa e vontade, você é capaz de ver a olhos nus que aquela pessoa não tem nada que te interesse. Mas esse é um acontecimento até que comum vindo de uma mocinha que tende a ver o melhor das pessoas, se apaixona por idéias e palavras que muitas vezes não são verdadeiras. Personagens.



sábado, 15 de outubro de 2011

Um grão de sal...

Não sei se eu deveria começar dizendo três tiros mataram Gandhi ou de advogado a líder político. Amado pelos oprimidos, pelos pacifistas do mundo inteiro, respeitado por amigos e não tão amigos assim, Moandas Gandhi nasceu em 1869 e morreu em 1948. Tornou-se conhecido como Mahatma, que mal traduzido poderia ser o homem santo.
Conforme costume de sua terra foi dado em casamento aos treze anos de idade o que não o impediu de seguir para Londres e formar-se advogado. Exerceu sua profissão por vinte anos na África do Sul, onde descobriu a discriminação racial.
Seu engajamento político e social teve inicio nessa época. Postulava a não violência. Seu pensamento não era novo vinha de outros intelectuais como Ruskin, Thoreau, Tolstoi e do poema ético teológico Baghavad Gita, espécie de sermão das montanhas dos indianos. Leu a Bíblia e não gostou do que viu. De volta à Índia sentiu o anseio de seu povo por liberdade, mas percebeu que esse caminho seria longo. Tornou-se um militante de suas ideias conhecidas como satyagraha. Não se destacava pela cultura, não chefiava nenhum exército, aparentemente não tinha poder, entretanto era reverenciado e honrado como um chefe de estado e um herói verdadeiro. Notou que a majestosa imobilidade da montanha contava tanto quanto a fúria do oceano, portanto optou pela inércia e por ser um bom súdito de sua majestade para poder dialogar. Começou a desenvolver auto suficiência educando os filhos e cuidando deles, retomou o velho costume da tecelagem e com seu exemplo os indianos voltaram ao tear manual. Em pouco tempo até os deputados vestiam a túnica branca de algodão e fabricação caseira para irem ao Parlamento. Lutou contra leis injustas, estimulou greves, rezou, jejuou pela libertação de seu país. O mahatma ficou preso por muito tempo e decidiu passar da não violência para a não cooperação. Assim escreveu ao vice rei comunicando sua intenção de arrastar a população a desobediência civil em relação ao monopólio governamental do sal. O inglês não se dignou responder. Marchou ao lado de outros lideres e do povo em direção ao mar e colheu um grão de sal. A população do país inteiro fez o mesmo. Pronto, estava infringida a lei. Para a monarquia era uma derrota moral e psicológica.
A Inglaterra percebeu que os indianos queriam a liberdade a qualquer preço. O país ganhou sua carta de alforria e o Paquistão foi criado para abrigar a parte muçulmana da Índia, com a perda de muitas vidas. Gandhi estava triste e não participou da festa, pois para ele a alegria estava na luta propriamente dita e não na vitória.
Pouco tempo depois o homem santo, o mahatma, foi assassinado deixando um legado de paz jamais posto em pratica numa região mística e religiosa, porém uma terra violenta e de paixões desenfreadas, onde muçulmanos e indianos continuaram a lutar. O pai da Independência, como é chamado, o apostolo da não violência, não teria lugar no seu país hoje. Afinal, a Índia, um pobre país do terceiro mundo, foi o primeiro a fabricar uma bomba atômica!



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Na semana passada recebi esta carta, que Rosa publicou no sábado e fiquei estática. Li e reli tantas vezes que acabei esquecendo de postar meu texto. Vocês podem imaginar uma coisa dessas? Tá certo que o lançamento de Encontros Paralelos está me deixando um pouco mais ocupada mas nada justifica, foi mesmo a alienação provocada pelas palavras de Rosa que me fez viajar com ela e Baptista, a razão do esquecimento.

Minha xará me deixou encantada com suas notícias. Vida longa ao novo par! Fiquei um pouco invejosa desse encantamento, das brincadeiras tão joviais como usar uma calcinha como embalagem para uma surpresa. Ah! o amor!!! Fiquei felicíssima, mesmo, que cumplicidade há entre eles!

E aqui vai meu texto da semana passada: uma simples reflexão sobre o escrever
Escrever um livro é um processo. Tanto pode começar pela ideia como pode começar pela vontade de escrever e publicar.

Se tiver início pela vontade de publicar é preciso buscar uma história.

Se começou pela ideia, perfeito. Basta desenvolvê-la. Aí podem surgir, no mínimo, dois tipos de texto: o longo que poderia ser classificado como novela (o menos longo) ou romance (o mais longo) e o texto curto.

O texto breve poderá ser um conto ou uma crônica. A crônica exige uma ligação com o cotidiano: notícia de jornal, fato marcante, atual. O conto permite viagens do seu autor. Pesca de memórias, escavações no inconsciente ou no subconsciente ou invenção pura e simples. Como diz uma amiga, para escrever um conto basta ter olhos abertos e ouvidos espertos.

Essa foi minha escolha. É o jeito mais livre de se escrever. O romance submete o autor à pesquisa e investigação – se o autor for sério, claro – exige um tempo muito grande de emersão na própria história que está sendo criada e consome, às vezes, anos do escritor.

O conto surge, não poucas vezes, inteiro, mas não sempre. Geralmente passo alguns dias com eles pensando em detalhes, sutilezas que tornem a leitura interessante e agradável. Escrever é fácil... qualquer criança de seis, sete anos consegue. Difícil é prender um leitor às palavras escritas e levá-lo ao fim da história.

Pensar no final, por vezes, obriga a alterar o início. Acredito que conceber histórias seja um mistério.

Tenho amigos que atribuem a inspiração a espíritos... ou seja, alguém, do outro lado da vida, vem soprar em nossos ouvidos palavras ou histórias fazendo-nos parceiros. Há uma série de escritores que se colocam à disposição e psicografam obras atribuídas a seres que já estão no além. Eu prefiro acreditar ter recebido um dom e ser a criadora de meus personagens e enredos embora me socorra de orações e tenha fé em Deus.

Todo esse papo vem a propósito do lançamento de Encontros Paralelos que acontecerá no dia 19, às 20h na Assenag – Rua Fuás de Matos Sabino, q.1, em Bauru. Todos os leitores deste blog estão convidados.

domingo, 9 de outubro de 2011

"Confio na minha capacidade de desistir das pessoas por mais que eu demore em fazer isso."
Sonia Rodrigues


Esta semana desisiti de Ariane Mnouchkine, ao final do primeiro ato. É, desisti. Não gostei do espetáculo, peguei a bolsa e saí ao final do primeiro ato e não tenho nenhuma vergonha em falar. Estou desistindo um tanto também dessa tal intelectualidade também. Os muito sábios me cansam com suas certezas ilógicas. Não entendo esse mundo feito de certezas. Dos semióticos e hipermodernos já desisti há anos... Me cansam um tanto todos esses rótulos, essa barreiras criadas para nos diferenciar e separar cada vez mais altas. Me cansa essa gente que é notoriamente superior. Superioridade é um perigo desde que o homem saiu da caverna e lançou "aquele olhar" a seu colega que ainda não havia feito o mesmo. Não que esteja eu aqui pregando a mediocridade, não estou. Ou a banalidade... não não não. Acho que estou aqui somente dizendo que no final de tudo, somos somente carne e osso, pele e emoções correndo por essa carcaça velha e inútil. Somente.

sábado, 8 de outubro de 2011

A fria Finlândia e os abraços quentes do Baptista.

Estou apaixonada pelo Baptista e pela Finlândia. Ele está feliz e parece ter dez anos a menos. Estou me divertindo bastante. Odeio frio, mas Baptista me aquece como nenhum outro homem jamais conseguiu, ele aquece minha alma, além do meu corpo ao me emprestar sua camiseta de lã. Especial, ele é muito especial, esse é o motivo pelo qual aceitei viajar para uma terra coberta de gelo, em vez do paraíso terrestre, a ilha de Capri ou para o calor do Mediterrâneo.
A Finlândia fica no fim do mundo e tem como capital Helsinque. Seus habitantes falam uma língua estranha pertencente ao ramo fino úgrico ligado ao estoniano. Se eu entendo alguma coisa? Nada, Baptista vai me explicando tudo. A segunda língua é o sueco, também não compreendo uma palavra, porém fico derretida igual sorvete no calor, quando o Baptista gentilmente acaricia meu joelho, e fala baixinho no meu ouvido a piadinha de algum brincalhão sobre ele viver me agradando em público, algo pouco comum nessas terras geladas!
Conheci Espoo, Kauniainem e Vantoo, além da capital, é claro. Agora ele quer atravessar o país de norte a sul ou de sul a norte, não sei. São 18 horas de viagem e 1 445 km com várias paradas pelo caminho, assim espero! O país tem um ótimo nível de renda e desde 1970, ano do início da construção de um estado, dito de bem estar social, até 1990, quando passou por uma forte recessão ao reformular seu sistema econômico através de privatizações e cortes de impostos foi consolidando uma economia globalizada e liberal tornando-se especialista em produtos químicos e eletrônicos. Foi um dos primeiros a adotar a moeda européia, o euro. Por conta desse avanço técnico ganhei um Nokia de última geração do Baptista, só preciso aprender a manusear. Posso contar um segredo? O celular é rosa choque e veio embrulhado em uma calcinha da Victoria`s Secret!!! Afinal estamos em lua de mel, mesmo assim fiquei vermelha de vergonha. Assanhado ou descarado? Ele garante que a culpa é minha. Tenho mania de dormir usando somente algumas gotas de 24 Foubourg, da Hermes. Disse que a escala será em Paris para eu poder comprar perfume. Vou aproveitar para adquirir muitos, muitos pijamas, fechados como de uma freira, ele me paga!
A Finlândia foi um país agrário até 1960 e hoje produz alta tecnologia devido a um sistema educacional excelente. As crianças ficam na escola dos 7 aos 16 anos, depois podem optar por trabalhar, continuar os estudos na Escola de Comércio, que orienta-os para diferentes profissões ou vão para o abitur, onde são preparados para o vestibular e ensino superior. São vinte universidades e trinta institutos politécnicos, onde mais de 30% dos estudantes estão na área de ciências. A educação finlandesa está classificada como a melhor do mundo! De acordo com evidências arqueológicas a Finlândia era habitada desde a pré-história quando o gelo retrocedia. Aliás, ele continua encolhendo sete km por ano. Desse jeito o país vai acabar no Polo Norte e nós dois também! Vou ver o sol da meia noite em poucos dias, pois no ponto mais setentrional ele não se põe durante 73 dias no verão e não aparece durante 51 no inverno. Este frio de matar tem uma duração de 180 dias, só mesmo o Baptista para me trazer para um lugar desses, pois a temperatura não passa de 10 graus no verão. Socorro, eu vou virar estátua de gelo como Eurídice e o meu Orfeu vai ficar como? Baptista quer me mostrar tudo, e tem razão, a fauna e a flora são fantásticas, pertencendo a três ecossistemas ao mesmo tempo! Não preciso dizer que a terra aqui é um produto de luxo, algumas colinas e montes baixos e água, água, água. São aproximadamente 190 mil lagos e 180 mil ilhas. O prato principal é peixe, preciso falar? Deve compensar financeiramente tomar Ômega 3 ao natural.
O povo é educado e a gente respira cultura. Piano é instrumento popular, convivendo com uma infinidade de bandas sinfônicas, além de techno e trance, a música dos jovens. Em 2007, a soprano Tanja Turunen, ex-vocalista do Nightursh foi considerada a voz da Finlândia. Uma pena não poder continuar jogando conversa fora, mas o Baptista está me chamando, quer a camiseta de volta...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Maybe I'm in the black
Maybe I'm on my knees
Maybe I'm in the gap between the two trapezes..."




terça-feira, 4 de outubro de 2011

domingo, 2 de outubro de 2011

Coldplay

A volta do Rock in Rio pra o Rio gerou muita notícia, muito barulho e trouxe, em um curto período de tempo, muita música boa. Teve também muita bobagem e problemas de transmissão ao vivo (fui dormir no show do Red Hot porque o som estava péssimo mesmo com a banda mandando ver no palco) mas que lindo de ver aquela roda gigante iluminada, aquela gente toda, tudo aquilo e toda aquela energia pulsante que só a música é capaz de gerar. Ontem foi a noite de Coldplay e me programei para ficar em casa e valeu muito. Coldplay é uma banda que amei já no primeiro single, o hoje clássico Yellow. E minha cópia do cd Parachutes literalmente parou de tocar depois de um tempo de tão gasta. A rush of blood to the head teve mais ou menos o mesmo destino. A favorita, se é que dá para escolher assim, foi por muito tempo In my place. Sóbria e bem composta. X&Y foi um álbum que recebi com ressalvas, já um pouco cansada da posição de celebrity band e de todas as fofocas sobre Chris Martin e Gwyneth Paltrhow, ouvi pouco mas não há como deixar passar Fix You, uma balada de salvação de beleza quase desumana. Viva la vida, com produção de Brian Eno, chegou com uma bomba e o show, mais megalomaníaco passou pelo Brasil, mas não fui... De Mylo Xyloto, a expectativa de certas mudanças apontadas no single Every Teardrop Is a Waterfall... Ontem posso dizer de maneira piegas que me reencontrei com a banda e lembrei que seja celebridade, blaze ou seja lá o que for, Chris Martin e sua turma fazem acima de tudo música de muita qualidade mantendo sua integridade artística e com poesia. O show, absolutamente competente, é de derreter qualquer coração e a homenagem em forma de medley de Rehab e Fix You, uma sacada que mistura nostalgia e exibe em poucas palavras tudo o que muita gente pensou sobre a morte precoce de Amy Winehouse. É show para guardar no coração e desenterrar todos os cds da banda e passar tudo agora para o ipod.

sábado, 1 de outubro de 2011

A ciência antecipando-se ao real...


A realidade virou ficção e aconteceu mais de trinta anos depois de exibição do primeiro episódio. Deve ter gente se perguntando do que estou falando. Refiro-me a famosa “space opera” um grande sucesso nas telonas do mundo no século passado: Star Wars, uma série de seis filmes escrita por George Lucas. No Brasil teve como tradução Guerra nas Estrelas. Em 1977, e depois a cada três anos era exibido um filme. Muito tempo depois vieram os outros três. Pronto cheguei. Quem não se lembra da cena onde Luke aprecia um belo por de sol, melhor dizendo de sóis, afinal eram duas enormes estrelas. Pura ficção, embora ao sair do cinema naquela noite eu tenho pensado na frase de Pascal o silêncio desses espaços infinitos me apavora... Se fosse hoje pensaria: mundo do espelho retrovisor, pois aqui e acolá diante de nós jazem os desertos de vasta eternidade, ou mais ou menos isso, eu teria que consultar Alexander Pope. Para surpresa do mundo científico a NASA anunciou a descoberta, através do observatório espacial Kepler, de um planeta do tamanho de Saturno batizado com o nome de Kepler-16b que possui dois sóis!!! Queria ver a carinha daquele povo que vivia debochando quando eu dizia preferir filmes de ficção cientifica.
Sou ou não sou avant garde? Os cientistas dizem não existir vida no planeta, ele é frio, temperaturas variando de menos 70 e 100 graus celsius. Tão gelado quanto Praga! Do ponto de vista feminino como o ano tem 229 dias melhor permanecer onde estou, mesmo que tenha me ocorrido à idéia macabra de que as coisas conservam-se melhor em congelador. Isso tem equivalência para corpos humanos? Pode ser, pois aquele judeu maluco da bomba atômica não disse que as pessoas no espaço sideral envelhecem lentamente? Luke Skywalker traga sua nave espacial já para cá, eu vou para Tatooine e ainda levo Mimi Yoda, minha gatinha, e um velhinho encantador, culto, cheio de vida, que topa qualquer parada ao lado dessa mulher tão louca!