sábado, 15 de outubro de 2011

Um grão de sal...

Não sei se eu deveria começar dizendo três tiros mataram Gandhi ou de advogado a líder político. Amado pelos oprimidos, pelos pacifistas do mundo inteiro, respeitado por amigos e não tão amigos assim, Moandas Gandhi nasceu em 1869 e morreu em 1948. Tornou-se conhecido como Mahatma, que mal traduzido poderia ser o homem santo.
Conforme costume de sua terra foi dado em casamento aos treze anos de idade o que não o impediu de seguir para Londres e formar-se advogado. Exerceu sua profissão por vinte anos na África do Sul, onde descobriu a discriminação racial.
Seu engajamento político e social teve inicio nessa época. Postulava a não violência. Seu pensamento não era novo vinha de outros intelectuais como Ruskin, Thoreau, Tolstoi e do poema ético teológico Baghavad Gita, espécie de sermão das montanhas dos indianos. Leu a Bíblia e não gostou do que viu. De volta à Índia sentiu o anseio de seu povo por liberdade, mas percebeu que esse caminho seria longo. Tornou-se um militante de suas ideias conhecidas como satyagraha. Não se destacava pela cultura, não chefiava nenhum exército, aparentemente não tinha poder, entretanto era reverenciado e honrado como um chefe de estado e um herói verdadeiro. Notou que a majestosa imobilidade da montanha contava tanto quanto a fúria do oceano, portanto optou pela inércia e por ser um bom súdito de sua majestade para poder dialogar. Começou a desenvolver auto suficiência educando os filhos e cuidando deles, retomou o velho costume da tecelagem e com seu exemplo os indianos voltaram ao tear manual. Em pouco tempo até os deputados vestiam a túnica branca de algodão e fabricação caseira para irem ao Parlamento. Lutou contra leis injustas, estimulou greves, rezou, jejuou pela libertação de seu país. O mahatma ficou preso por muito tempo e decidiu passar da não violência para a não cooperação. Assim escreveu ao vice rei comunicando sua intenção de arrastar a população a desobediência civil em relação ao monopólio governamental do sal. O inglês não se dignou responder. Marchou ao lado de outros lideres e do povo em direção ao mar e colheu um grão de sal. A população do país inteiro fez o mesmo. Pronto, estava infringida a lei. Para a monarquia era uma derrota moral e psicológica.
A Inglaterra percebeu que os indianos queriam a liberdade a qualquer preço. O país ganhou sua carta de alforria e o Paquistão foi criado para abrigar a parte muçulmana da Índia, com a perda de muitas vidas. Gandhi estava triste e não participou da festa, pois para ele a alegria estava na luta propriamente dita e não na vitória.
Pouco tempo depois o homem santo, o mahatma, foi assassinado deixando um legado de paz jamais posto em pratica numa região mística e religiosa, porém uma terra violenta e de paixões desenfreadas, onde muçulmanos e indianos continuaram a lutar. O pai da Independência, como é chamado, o apostolo da não violência, não teria lugar no seu país hoje. Afinal, a Índia, um pobre país do terceiro mundo, foi o primeiro a fabricar uma bomba atômica!



Um comentário:

Rosa Leda disse...

Texto maravilhoso, como sempre.
Sabe que os sikhs não gostam do Ghandi? Creditam a ele a responsabilidade pela "liberdade" mal feita, pela independência manca que conseguiram.