terça-feira, 31 de maio de 2011

por email

Fala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

para quem curte festivais de música, os dois últimos fins de semana na capital foram ideais. Afinal de contas, rolaram o Natura Nós, o MPBTotal, o Cultura Inglesa Festival e o Urban Music Festival, que, por sua vez, sofreu com os cancelamentos das apresentações de Cee Lo Green e Ja Rule - este veio, mas, segundo a organização do festival, não quis tocar para "200 pessoas" (que ninguém mais o chame para vir ao Brasil, certo!?).

enfim....

Na próxima semana, quem curte teatro tem tudo para se esbaldar. Afinal de contas, boas peças continuam em cartaz na cidade. Entre elas, destacam-se, por exemplo, "Alguns Blues de Tennessee" (no espaço Viga), no qual alunos do importante grupo Tapa encenam três peças curtas do dramaturgo Tennessee Williams; "Entre Quatro Paredes" (no Coletivo), que tem texto de Jean-Paul Sartre; "A Casa Amarela" (na livraria Cultura), um monólogo de Gero Camilo; "Pterodátilos" (na Faap), com Marco Nanini e Mariana Lima (a musa de quem escreve este humilde boletim cultural); "Roberto Zucco" (no Satyros), a montagem mais recente do Satyros; e "Luis Antonio - Gabriela" (no Galpão), que fez uma temporada de sucesso no Centro Cultural São Paulo. Se tudo der certo, devo assistir a três dessas montagens nesta semana... Vamos?

na área musical, vale registrar o show do Criolo, no Sesc Vila Mariana, na quarta - o cara é responsável por algumas das músicas mais comentadas deste primeiro semestre, como "Não Existe Amor em SP" - e o da amada e odiada, quase na mesma proporção, A Banda Mais Bonita da Cidade, na próxima terça, no StudioSP.

no campo das artes plásticas, a Pinacoteca do Estado recebe 110 obras da artista portuguesa Paula Rego. A mostra se encerra no próximo domingo... Devo dar uma passada por lá na quinta...

no cinema, estrearam "Um Novo Despertar", que tem direção de Jodie Foster; "O Poder e a Lei" (um amigo assistiu e disse que é ótimo) e "Se Beber, Não Case Parte 2". Ainda em cartaz, na cidade, "O Homem ao Lado", "Homens e Deuses" e "Singularidades de uma Rapariga Loura", entre outros.

e os melhores da semana passada foram os shows do Jamie Cullum (Natura Nós), Lenine (MPBTotal) e Adriana Calcanhotto (Sesc Belenzinho). Cullum fez o show mais dançante e animado do festival Natura Nós, esquentando o público que compareceu à chácara do Jockey e que estava, a sua maioria, à espera do som praiano de Jack Johnson (desculpe-me, mas fui embora no meio da apresentação dele...). Lenine lançou mão de vários de seus sucessos por meio do som inconfundível de sua guitarra. E Adriana Calcanhotto, em um show para lá de intimista, também presentou o público do Sesc Belenzinho com vários hits de sua carreira.

espero encontrá-los por aí!
até mais
se cuidem!
alan

P.S: ao som de "Não Existe Amor em SP" ("uma linda frase, de um postal tão doce, cuidado com o doce, São Paulo é um buquê, buquê são flores mortas em um lindo arranjo...")

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Três histórias sobre homens...

Ela disse ao amigo que gosta muito da música Yolanda. Ele concordou com seu gosto, também gosta, principalmente porque teve uma amante com esse nome, e o caso deles foi uma loucura!
Perguntou-lhe se não sentia medo de ter amantes, pois que teve uma penca delas, e quase todo mundo ficava sabendo... mas está casado há 40 anos.
Como é psicanalista, depois de mencionar as idéias de vários teóricos da psicanálise indo de Lacan a Jung e uma porção de números baseados em estudos de caso, saiu-se com esta “pérola”:
- Só tenho amantes casadas com homens ricos, que vivem no maior conforto... como, por mais que eu trabalhe, não consigo enriquecer, tenho certeza de que elas têm muito mais regalias com os maridões... por isso não me sinto ameaçado. Jamais pensarão em deixá-los.

O que fazer com esta peça?

Ele não cansava de escrever poemas e falar a ela sobre seu amor. Amor antigo, antiqüíssimo, mal resolvido, calado. Ela adorava seus escritos, oxigênio aditivado!
O marido dela morreu repentinamente. A primeira pessoa para quem ela ligou foi o amante – aquele caso mal resolvido do passado – que não era um amante mas um sonho. Chorou ao telefone, disse-lhe que sentia remorsos. Ele a consolou... e nunca mais respondeu aos seus telefonemas nem e-mails.

Esse é pior?

O marido não queria dançar. Recusava-se a ir a bailes. Ela adorava dançar, mas não queria sair sozinha por duas razões: provavelmente não dançaria, pois já estava bem madura e há muita mulher solta neste mundo, e segundo para evitar que falassem do seu marido - era um bobalhão, que ela estava dando bandeira... Não, preferia não ir sozinha.
Entrou num curso. Pelo menos dançaria durante as aulas.
Assustou ao ver a proporção de homens e mulheres. Havia quatro homens e... trinta e uma mulheres! Desses quatro homens dois estavam com a esposa, um com a namorada e um era viúvo. Ah, esse viúvo, como era cobiçado!
Viúvas, divorciadas, solteiras... ela era casada, vivia bem com o marido, o único desencontro era a história da dança. Logo no seu primeiro dia na escola de dança o tal viúvo veio tirá-la. Parecia natural, aluna nova, boa aparência – carne nova no pedaço!
A conversinha de sempre: faz tempo que frequenta o curso? Gosta? Vai aos bailes?
Eu? Não, não sou viúva, contou do marido super companheiro mas que não gostava de dançar. Ele ficou com ela o tempo todo. Na aula seguinte, na outra e na outra...nenhum assédio, nenhuma insinuação...
Ela, intrigada, perguntou-lhe por quê.
- Você é a única que não constitui ameaça. Está casada, feliz, é inteligente e dança bem, por que vou procurar enrosco com uma desimpedida? Provavelmente criará um romance que não tenho a mínima intenção de alimentar.

Quem tiver mais alguma conte, e eu acrescentarei à minha coleção.

sábado, 28 de maio de 2011

O gato da vizinha

É um gato! Ele vive em um condomínio fechado e tem o pêlo laranja. O laranjinha, no bom sentido, tá? não aprende que não pode subir em telhados, pois sofre de uma síndrome: medo de altura. Pelo menos é a conversa da dona dele. Imagine que dia desses subiu no telhado, não sei como, da minha casa. Sou vizinha da mãe da dona dele. Ela vive em São Paulo e lá parece que possui um outro filhote por lá.
Não sei se o Kurt ficou sabendo da traição da mãe e resolveu cometer suicídio ou se é desligado, mesmo. Só sei que se aboletou na parte mais alta do meu telhado e miou, berrou feito bezerro desmamado uma boa parte da noite e de repente escuto uma pancada. Pensei: o gato caiu do telhado... Pode ser o começo da frase para dar a noticia a vizinha. Em seguida um miado. Menos mal, não deve ter se machucado, pulou simplesmente. Teria criado coragem? Para ser resgatado ia precisar de um pedreiro com escada alta e de madrugada não foi encontrado nenhum. No dia seguinte de manhã não contente em ter perturbado minha noite de sono, o bandido aparece como se nada houvesse acontecido, come a comida da minha gata e ainda sobe e deita na minha cama. É demais! Faço BO ou reclamo no Procon? Eu tenho duas fêmeas e não estou interessada em gato amarelo, laranja, ou seja lá qual a cor do boneco. Quero sossego! Alguém está interessado em semelhante espécie, se sim avise que dou um jeito de roubar o gato da vizinha e repasso.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Não sei vocês, mas eu estou cercada de gente que reclama. Amigos que reclamam dos pais velhinhos que dão trabalho, dos filhos acomodados ou arrojados demais, dos netos agitados ou passivos, outros contam de sua solidão apesar da família grande, ninguém os visita, ninguém se lembra deles, dores e mais dores, empregados são incompetentes, os maridos desajeitados, as esposas omissas, seus desejos insatisfeitos...

Há também os otimistas que acabam sendo chatos. Desconfortável a conversa com quem está sempre ótimo... Ou será que eu é que sou implicante? A mesma dúvida teve Fernando Pessoa, quem está 100%, 100% do tempo?
“Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?”
Conheço pessoas muito simples, dessa simplicidade que deixa a gente até sem jeito, que moram numa casa simples, têm roupas simples, idéias simples, enfim, vocês sabem de que tipo estou falando. Algumas têm o hábito das queixas. Oh, vida! Oh, vida! Outras, iguaizinhas, dizem com sua simplicidade: nem tudo está bem, mas tudo bem! É assim mesmo, são fases, depois muda.
Conheço gente um pouco rica (que com ricos riquíssimos não tenho contato), são gente que pode viajar, que tem empregados, que troca de carro, que aplica dinheiro, cujos filhos estão se realizando, que podem pagar para cuidarem de seus velhos e que dizem: Oh, vida! Oh, vida! E outros que nem falam nada, vão vivendo.
De que tipo você é?
A Danuza Leão, outro dia, numa de suas crônicas diz que a felicidade é estar tranqüilo. No caos, na euforia, sob trovões ou debaixo do Sol, aproveitar o momento. Ôba, a chuva veio, as plantas vão aproveitar. Provavelmente a roupa que usarei no casamento não ficará impecável mas hoje está chovendo... O Dalai Lama diz que harmonia é ter a mente onde está o corpo. Se você está na fila do Banco não adianta ficar pensando na roupa no varal, no livro que você não conseguiu editar, na palestra de amanhã. Você está na fila do Banco. Durante a palestra ou aula não adianta pensar no saldo do Banco, tirará a harmonia.
É isso, tentemos viver em harmonia.

domingo, 22 de maio de 2011

Esta semana levei Benicio para ser castrado. O veterinario ficou de me ligar assim que acabasse o procedimento e assim que o filhote acordasse. Havia me programado para ser um dia curto no escritorio em que pudesse sair assim que me ligassem e continuar o trabalho de casa, com o gatinho convalescente no colo. E assim o fiz. Na segunda ligaçao, a que me informou que meu "filho" estava pronto para ir para casa. E quase morri de dor no coraçao e do ao buscar o gatuxo que estava tao mas tao dopadinho que parecia bebabo. E judiaçao sem entender, que quando tentava andar cambaleava e dava umas babadinhas... foi uma tarde longa e embora agora eu ache que perdi uma chance divertida de filmar para a posteridade, na hora so fiquei muito preocupada achando que havia matado meu gatinho. Mas ele esta bem e vi este video no UOL e posso garantir que nao é tédio e sim remedinhos...

sábado, 21 de maio de 2011

Quintal

Quintal... Diz o dicionário que quintal é uma pequena quinta. Não de quinta feira, claro, mas de pequena propriedade rústica com casa de habitação. É... A definição pode ser aplicada ao meu caso. Moro em um condomínio afastado da cidade. Sim, a casa pode ser definida como rústica, embora o arquiteto executor do projeto descreva a casa como conceito. Só eu moraria numa casa, dita conceito. Em moda conceito é aquilo que vai para a passarela e o usável é moda, simplesmente. Entenderam? Eu habito um local onde poucas pessoas teriam a ousadia de viver, acredito ser isso. Mas, o quintal é meu forte. Vocês sabem, fiz um curso de jardinagem, trabalho com artes plásticas e design. Daí para a decoração é um pulo. Estou sempre mudando móveis e objetos de lugar, em casa, e fora dela. Contei a vocês a história da pérgula, que por sinal ficou bem bonita. Há poucos dias fiz uma reforma geral no quintal, mudei até árvore de lugar. Agora fico molhando a coitada e implorando aos céus para que não morra! Vi também uma referencia a quintal dizendo: peso de quatro arrobas. Quatro e não cinco? Não entendi e não tenho para quem perguntar. Quem sabe o Ubaldo, não ele faria uma gozação danada e nem responderia, talvez por não saber... ou por não querer. Afinal, ele não pesquisa, conta as palavras produzidas diariamente. Quintal é a denominação de várias unidades de medida de peso, eu descobri. Em Portugal valia quatro arrobas. Pronto, está aí: foram os portugueses que criaram a confusão. Dom João VI quando chegou ao Brasil estabeleceu: um quintal igual a dez arrobas. Uau! O país nasceu inflacionando. Viva!!!!!
No meu quintal tem de tudo. De alecrim a gengibre, de roseira a eucalipto. Fico imaginando se essas coisas vão crescer do jeito que dizem as más línguas. Se sim, estou perdida e vou habitar a própria floresta amazônica. Vá ser ecológica assim na África, lá tem mais espaço. Será? Ele está se tornando uma preciosidade. Encolheu com a quantidade de água existente no planeta ou a humanidade seguindo o conselho "crescei e multiplicai," multiplicou demais? Sei não. Mas, quando comecei a plantar no meu terreno queria o cheiro de chuva e terra da minha infância passada na fazenda dos meus tios avós e o gosto da melancia quente encontrada no meio do cafezal. E falando nisso tenho dois pés de café. Quando começarem a produzir, poderei exportar seus grãos, não é?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Web hit da semana

Prova de quando o mundo quer ser viral do bem, ele é!



quarta-feira, 18 de maio de 2011

Fala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

os megafestivais (SWU, Planeta Terra, Rock'n Rio) estão programados para acontecer somente no segundo semestre. Porém, engana-se quem pensa que atrações internacionais só virão ao Brasil quando a primavera e o verão começarem a dar as caras. Não à toa, nas próximas semanas, festivais de médio porte montarão suas estruturas em terras paulistanas, para fãs de música de qualidade. O primeiro deles é o já tradicional Natura Nós, que, no ano passado, por exemplo, trouxe Snow Patrol (foi como ver vários episódios de "Grey's Anatomy") e Jamiroquai (para não parar de dançar nunca). Neste ano, o festival deu uma pisada no freio e buscou atrações mais calmas para tocar na chácara do Jockey (vamos rezar para que não chova... Quem foi até lá no show do The Killers e no festival Ultra Music Festival sabe a razão desse meu pedido!).

as atrações internacionais são Jack Johnson, o músico surfista boa vida, e Jamie Cullin, que fez uma versão para lá de esperta de "Don't Stop the Music", hit de Rihanna. Além deles, apresentam-se no Natura Nós, Roberta Sá, Maria Gadú e outros. Devo ir e chegar um pouco antes das 16h55, quando Roberta Sá subirá ao palco ao lado do português António Zambujo. No dia 29, rola o Urban Music Festival, que vai reunir, entre outros, Cee Lo Green, J.A. Rule, Copacabana Club e Emicida, no Anhembi (pena que, no mesmo dia, rola um show gratuito no parque do Ipiranga, dentro do festival Cultura Inglesa Festival - terei de optar por um dos dois).

e, para quem curte MPB, no domingo, acontece o MPB Total, festival organizado pela Alpha FM, que vai contar com Arnaldo Antunes, Vanessa da Mata, Lenine e Seu Jorge. Também devo dar uma passada por lá para ver, principalmente, Lenine e Vanessa da Mata. Ah, e falando ainda em MPB, sábado tem show da Tiê, no Centro Cultural São Paulo - imperdível - e, no domingo, no mesmo local, a banda Vega, que, durante um tempo, não parava de tocar na Nova Brasil FM.

dito tudo isso sobre música, mudemos de assunto e falemos de cinema. Estreou, na semana passada, "Singularidades de uma Rapariga Loura", mais um longa do cineasta português Manoel de Oliveira, que, aos 102 anos de idade, continua trabalhando, e muito! (não duvide se um filme dele aparecer na próxima Mostra Internacional de Cinema de São Paulo), e "Todo Mundo Tem Problemas Sexuais", de Domingos de Oliveira, que, à época de seu lançamento, no Festival do Rio de 2009, levantou polêmica, pois um dos atores do elenco, Pedro Cardoso, fez aquele manifesto anti-nudez no cinema e na televisão.

no teatro, as peças "12 Homens e uma Sentença" e "Pterodátilos" estão quase saindo de cartaz. Logo, é preciso correr... Vale registrar ainda a reestreia de "Luis Antonio - Gabriela", no Galpão do Folias, depois de uma temporada concorridíssima no Centro Cultural São Paulo.

e os melhores da semana passada foram os shows da banda Do Amor e de Tiê, no Studio SP. Enquanto o Do Amor mostrou a bem-humorada e dançante mistura de diversos ritmos, Tiê, apesar de um povo que mais falava do que prestava atenção no que ela cantava, encantou com sua voz calma e suas canções sobre o amor e a liberdade.

espero encontrá-lo(la) por aí...

é isso
até mais
se cuidem!
alan

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sucesso

E foram meses de trabalho para 24 horas de programação... e ao longo do processo adquiri até 3 cabelos brancos e trabalhei muito. E agora é correr para o abraço. 1,7 milhão e nada de excepcional ou imprevisto além do eventual atraso. Agora é prestar contas, finalizar o processo e dormir uns 3 dias.

domingo, 15 de maio de 2011

Ah, língua portuguesa!

Estou postando hoje, domingo, porque amanhã não terei condição. Desculpem o atropelo.

Pegando carona do texto de Rosa Bertoldi, falarei sobre escritores. Quanto às esquisitices... não tenho um cômodo forrado de cortiça mas quanto gostaria disso! Eu não consigo escrever nada se houver algum ruído constante como televisão ligada ou mesmo música cantada. Apenas suporto, mas não gosto de trabalhar(escrever) ouvindo música, se lembrar de outras contarei depois.

O escritor Cristovão Tezza a bordo no navio Grand Amazon, num cruzeiro pelos rios Amazonas e Negro, fez uma declaração que classifico como, no mínimo, instigante.
O começo desta história foi a ideia de Samuel Siebel, dono da Livraria da Vila, de reunir num ambiente não literário um grupo de escritores para falarem sobre literatura. Quarenta e seis pessoas pagaram caro para ouvi-los durante cinco dias, e os escritores não receberam cachê, apenas a passagem e o direito de levar um acompanhante. Achei a ideia muito interessante e gostaria de ter estado lá.
Voltando à manifestação de Cristovão Tezza que, se alguém não lembra, é o autor do comentadíssimo O Filho Eterno, em que narra sua experiência/ convivência com seu primeiro e super desejado filho, que nasceu com Síndrome de Down, pois bem, ele disse o seguinte: “Se eu fizer análise fico bom, curado, e não escrevo mais”.
Sem utilizar a conhecida lógica portuguesa (desculpe-me, eventual leitor nascido em Portugal, isso não é pessoal, apenas faz parte do folclore nacional, você sabe), podemos deduzir que quem escreve não é muito bom, tem algum tipo de doença (ele usou a palavra curado)...
Juntando isso à afirmação de que hoje há mais escritores do que leitores, e quem duvidar disso pode entrar no Google e ver em quantos sites e blogs esta frase aparece, podemos concluir que a maioria das pessoas tem um parafuso a menos e, portanto, competência para escrever.
Então?... então sei lá, não consigo concluir nada, mas, li outro dia uma tirinha da folha em que dois personagens dialogavam. Um disse ao outro:
- pense num número entre 0 e 100. Pensou?
- Pensei, e daí?
- Daí nada, é que gosto de falar coisas que façam os outros pensarem.

E, só pra gente se divertir um pouquinho vamos aos PALÍNDROMOS

ANOTARAM A DATA DA MARATONA
ASSIM A AIA IA A MISSA
A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA
A DROGA DA GORDA
A MALA NADA NA LAMA
A TORRE DA DERROTA
LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL É
COR AZUL
O CÉU SUECO
O GALO AMA O LAGO
O LOBO AMA O BOLO
O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO
RIR, O BREVE VERBO RIR
A CARA RAJADA DA JARARACA
SAIRAM O TIO E OITO MARIAS
ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ

O que é um palíndromo? Uma palavra ou frase que pode ser lida da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita.
Há uma granja cuja marca é OVONOVO. Legal, não?
Depois das coisas sérias que certas pessoas escrevem neste espaço, mereço ir para o cadafalso?

sábado, 14 de maio de 2011

Só escrevendo...

Proust escrevia em um quarto forrado de cortiça. Será por isso que Em busca do tempo perdido é tão longo? Ele possuía um lugar tranquilo e em paz para se dedicar ao ofício, daí a demora. Alguns autores conhecidos declararam pesquisar com rigor, outros que escrevem a mão e outros em computador. Um dos mais conhecidos escritores brasileiros João Ubaldo Ribeiro criou um sistema de trabalho engraçado. Só podia ser ele! Baseado na produção de colegas famosos adotou um sistema de cotas para seu trabalho literário: mínimo de 500 palavras por dia. Ele somou e dividiu a quantidade de texto escrito por colegas e chegou nessa cifra. Declarou conciliar a literatura com os artigos de jornal. Outro que conseguia desenvolver diversas atividades paralelas era Moacyr Scliar, médico sanitarista e autor de mais de sessenta livros. "Questão de prática" dizia. Como João Ubaldo não fazia esboços para personagens. Daniel Galera, autor de Cordilheira, também afirma não possuir método. Ele diz que até tenta fazer esboços, definir personagens, mas quando começa a escrever, acaba indo para outro caminho. As ideias são desdobradas e terminam em diversos contos. Jorge Amado e Zélia iam meditar em Paris. Ele escrevia na parte da manhã e a tarde passeava. Ela nunca comentou nada. Graciliano Ramos e Lúcio Cardoso deviam permanecer em seus respectivos estados natais. Era muito peso para sair carregando por aí... Não é brincadeira, são obras primas, de verdade. Gilberto Freyre escrevia a mão e sua secretária ia passando a limpo. Lucius de Mello me contou ter se mudado para Parati enquanto produzia seu livro ambientado lá. Esqueci de perguntar se com a vida da Eny ele fez o mesmo! Mas, com certeza ia à praia de manhã e escrevia a tarde, contrariando Jorge Amado. Enfim, diz o ditado popular que cada louco com sua mania. Teriam os nossos colegas do setegrausdeseparacao alguma esquisitice em relação ao ato de escrever, tipo quarto forrado com cortiça ou algo um pouco mais excêntrico? Não vale Paris, nem Parati, isso não é esquisito. Também não contam as andanças da cigana Janaina, isso é hereditariedade. Quem tiver pode confidenciar. Eu prometo não contar, viu?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Respeito

"Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.

Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.

Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

São Jorge Rogai por Nós."

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Encontros Paralelos

A Rosa Gabrielli está com um novo livro no forno.Como está muito ocupada decidi adiantar o texto do Mário para os leitores. Parabéns, Rosa!!!!!!

Duas retas distintas no plano são paralelas quando não têm nenhum ponto em comum.
Encontros Paralelos não ocorreriam, teoricamente, mas há muitos caminhos que trilhamos lado a lado numa simbiose perfeita! Rosa demorou para encontrar o nome de seu livro onde fala de encontros em que, muitas vezes, as palavras afastam, os olhares aproximam e as simbioses se desmancham, ejetando uma das partes para muito longe da harmonia buscada.
Em Contos de Solidão, seu livro anterior, o isolamento doloroso se mesclava com histórias bem humoradas, de que participaram seres humanos de complexos perfis, animais e lembranças.
Agora, continua a química encontrada, quando coloca no mesmo cadinho lembranças de viagens, histórias de família, sonhos e contos bem estruturados sem ficar presa a um formalismo artificial.
As histórias fluem e nós somos levados pela fantasia a um mundo maravilhoso em que a contemporaneidade dialoga com o passado.
Leitura para todas as horas.

domingo, 8 de maio de 2011

Bondade

Aproveitando o dia das mães, a semana muito estranha que tive e o fato de que por acaso acabei revendo na TV um filme que me impressionou muito a primeira vez que vi, vou repetir o tema...

Sei que todo mundo sempre acha que tem bom gosto e senso de humor. Eu acho que tenho bom gosto, senso de humor e sempre me considerei uma boa pessoa. Boa quase boba, sabe? Não tenho muita malícia e as vezes demoro a perceber que as pessoas a minha volta podem não ser tão boas assim.
Revi, mais uma vez, chorando bem, Um sonho possível.
Bom, não sei quanto de realidade há de fato no filme e quanto é maquiagem hollywoodiana buscando um Oscar para Sandra Bullock mas o filme é incrível. E se a verdadeira Leigh Anne é tão bacana quanto a personagem, fico feliz em ver que ainda existe gente boa no mundo. E se não for, bom, infelizmente, não sou conhecida como alguém que não se deixa enganar...
Esta semana passei por mais uma pouca e boa ao descobrir que estava sendo boicotada por alguém muito perto e que eu considerava amiga de verdade. Bom, passou passou passou... mas esse ranço de maldade fica e aí ter o apoio da família e ver que ainda existe gente legal no mundo, dá um quentinho no coração...

A todas as mães, sempre cheias de bondade, compreensão e amor para dar, que seu dia (que é todo dia, vamos combinar) seja incrível.



sábado, 7 de maio de 2011

Etiqueta

Etiqueta é o conjunto de regras no trato com as pessoas. Se a gente fosse da área da moda etiqueta seria outra coisa. Qualquer dia a gente fala disso. Rígida nos tempos de Luis XIV e seus descendentes, ela foi afrouxando com o correr dos tempos. Luis XIV escrevia bilhetes aos membros de sua corte dando as dicas de como se comportar na corte. Os franceses tentaram me ensinar essa rígida etiqueta deles, mas eu não conseguia atinar com o fato de ter de colocar a pera, maçã ou banana em prato de sobremesa e ficar lutando com a faca e o garfo para tirar a casca, fininha viu? Então, quando eu entrava na cozinha e pegava uma banana e descascava até a metade e começava a comer, madame Blanche, esse era o nome da empregada, me olhava como se ela estivesse no zoológico vendo um macaco. Era tão francesa e se sentia tão superior a brasileira que se dava ao luxo de me encontrar na rua e não me dirigir a palavra. Sabe o que ela fazia? Passeava com o cachorro de madame Chirac. Talvez seja isso, o cão era racista!
Voltando a etiqueta. Sei que ela foi criada para ajudar o pobre ser humano a ser humano... Talvez, essa seja a razão da etiqueta estar tão em voga. Hoje em dia quando se procura um emprego à postura faz a diferença. Pessoas com conhecimento de regras comportamentais sentem-se a vontade em qualquer local ou situação e isso reflete positivamente na vida delas. Li que para ser educação você não deve recusar ninguem no Orkut ou Facebook. Vocês já imaginaram isso? Quantas pessoas "amigas" a gente teria num site desses? Se for assim, sou sem etiqueta, ou sem educação mesmo, pois nunca aceito pessoas estranhas no Face. Conto nos dedos da mão a quantidade de amigos virtuais que possuo. São amigos e não estranhos ou amigos de amigos, de amigos... Creio que o bom senso é a melhor solução para esses ambientes. Hoje em dia a etiqueta é simples: aprimore-se e seja educado com todos. Coma com os talheres certos. Sirva o vinho no copo adequado e deixe as regras seculares de lado. Vista-se de acordo com a ocasião e ponto final.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Por email

Fala ae galerinha, tudo bom?

Espero que sim...



se você ainda acha que não há renovação na música popular brasileira, melhor rever os seus conceitos. Embora ainda estejam longe de programas populares (por opção? por falta de oportunidade? Enfim...), muitos novos artistas estão fazendo música em alto e em ótimo som. Ainda bem!!! E, quem estiver em São Paulo durante a próxima semana, poderá conferir alguns bons nomes. Na terça, por exemplo, a banda Do Amor, que tem entre os seus integrantes Gabriel Bubu, que fazia parte do Los Hermanos (era o quinto elemento, um tanto quanto calado, próximo à bateria do Barba), toca no Studio SP, no bacana Cedo & Sentado. O show tem início às 22h... No mesmo dia e no mesmo local, rola a apresentação da banda argentina Onde Vaga.



algumas estações de metrô depois (para ir ao Studio, basta descer na estação metrô Consolação), rola o show da Blubell (no Sesc Vila Mariana... para ir, desça no metrô Ana Rosa!), a partir das 20h30, também na terça. Já falei da moça em outros "boletins culturais". Dona de uma voz ímpar, ela lançou, no ano passado, o singelo "Eu Sou do Tempo em que a Gente se Telefonava", seu primeiro álbum solo (recomendadíssimo). O horário é um tanto quanto ingrato, mas tentarei, antes de ir ao Studio, dar uma passada no Sesc Vila Mariana...



na quinta, é a vez da Tiê se apresentar no Studio SP, a partir das 23h. Recentemente, a moça, do elogiado "Sweet Jardim", lançou "A Coruja e o Coração", no qual ela mantém, nas canções, um tom intimista para lá de singelo. Sem contar que a voz dela é daquelas que dá vontade de ficar ouvindo a noite inteira... sem exagero, viu!? rs. De uma geração anterior, Jussara Silveira se apresenta, no mesmo dia, no Sesc Belenzinho, a partir das 21h.... Já fui a um show dela e posso afirmar que é imperdível!



E, por fim, a molecada da banda Eddie sobe ao palco do Studio SP (já percebeu que lá é o lugar das bandas novas, né!?), no sábado, a partir da 1h. Nunca fui ao show deles, mas alguns amigos já foram e me falaram que a diversão é garantida. Mistura de mangue beat com rock e outros ritmos...



Saindo da área musical e mergulhando no cinema, vale destacar a estreia da comédia francesa "Como Arrasar um Coração?", que tem no elenco o astro francês Romain Duris ("Albergue Espanhol", "Paris", "Bonecas Russas", "Exílios"); "Contracorrente", filme com temática gay peruano em cartaz em apenas um cinema da cidade (Espaço Unibanco), e "O Discurso do Rei", vencedor do Oscar, que pode ser visto no aconchegante Cine Segall.



no teatro, vale dar uma passada no Sesc Pinheiros, onde o espetáculo "DNA - Somos Todos Muito Iguais", que mistura artes cênicas e circenses, está em cartaz. Trata-se de mais uma montagem do Circo Roda.



e, por fim, no Sesc Belenzinho, está rolando a mostra "Geração 00 - A Nova Fotografia Brasileira", que reúne 170 obras de novos nomes da fotografia nacional. Aliás, aproveite a visita à unidade para apreciar a praça enorme que tem por lá...



e os melhores da semana passada foram as atuações mais do que precisas de Cássia Kiss e Aílton Graça em "Bróder", que marca a estreia do ótimo Jeferson De em longas-metragens, e a versão bacanuda que o grupo Eva e o Nando Reis fizeram, na quarta, na Clash Club, de “Onde Você Mora?” e “Beija-Flor”, durante o show da banda baiana liderada por Saulo Fernandes.



é isso!

espero encontrá-los por aí!

até mais

se cuidem!

alan


quinta-feira, 5 de maio de 2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011



"Why can't we speak another language, one we all agree on
When when men look outside, do they see houses
Instead of the fields they grew from
We are Constantly uprooted from them, making us tiresome and fearful
Can you get up right now, endeavor to freefall (Off)

You can fall if you want to It's just a matter of how far
You've treasured our home town
But you've forgotten where you are
And it will stay with you until you're mind's been found
and it has been found wondering around

With that skipping rope, the trampoline
The crafty smoke that made us choke
But we didn't give up hope
It's just the simple ways, of getting paid
The carelessnes of running away
I wish I stayed
I wish I stayed
I wish I stayed

Patterns all aranged in my background
It's pillars and posts keeping this country on form
Letters were all sent with no addresses
So that people can't discover
Always undercover
Why do i always draw triangles
Instead of words this paper so deserves

You see
I don't own my clothes but i own my mind
And it's not what you've lost
But it's what you find.
I don't own my clothes but i own my mind
And it's not what you've lost
But it's what you find.

With that skipping rope, the trampoline
The crafty smoke that made us choke
But we didn't give up hope
It's just the simple ways, of getting paid
The carelessnes of running away
I wish I stayed
I wish I stayed
I wish I stayed

cos you can fall if you want to
It's just a matter of how far
You've treasured our home town
But you've forgotten where you are
And it will stay with you until you're mind's been found
and it has been found wondering around

With that skipping rope, the trampoline
The crafty smoke that made us choke
But we didn't give up hope
It's just the simple ways, of getting paid
The carelessnes of running away
I wish I stayed
I wish I stayed
I wish I stayed"

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Livros


O salão de beleza de Cabul, por Deborah Rodriguez

Entre os anos 2002 a 2007, a cabeleireira Dedorah Rodriguez deixou os EUA e viajou com um grupo de ajuda humanitária para o Afeganistão. Lá, percebeu que era mais útil no que fazia melhor e montou um salão-escola de beleza na capital, Cabul. "Deu muito certo, foi um sucesso", conta ela. Deborah resolveu então contar seu êxito no livro. No entanto, a obra se tornou polêmica aos olhos do governo local, ela sofreu ameaças e teve de sair foragida do país.
Devorei as 230 páginas em dois dias. O melhor foi entender um pouco mais sobre os conflitos da região do Oriente Médio, o ônus da imigração e a discriminação religiosa/étnica.
Eis trechos do livro:

"A família de Robina deixara Cabul quando ela tinha cinco anos, pouco antes do início da guerra com a União Soviética e muito antes de alguém ouvir falar em Taleban. Fixaram residência no Irã porque o pai dela era um grande admirador do Xá Mohammed Reza Pahlevi, um governante pró-ocidental cujos esforços para modernizar o país incluíam o direito de voto para as mulheres. Mas o xá também provocara um forte ressentimento tanto entre democratas quanto entre clérigos islâmicos. Sua deposição, em 1979, abriu caminho para o Aiatolá Khomeini e a revolução que criou uma república islâmica no Irã. O pai de Robina, porém via o xá como uma força motriz essencial para a modernização do Oriente Médio. Chegou mesmo a batizar uma de suas filhas com o nome da terceira esposa do Xá.
Crescendo no Irã, Robina tinha vantagens com as quais muitas garotas nem sequer podiam sonhar. Tinha pais amorosos que de maneira alguma desgostavam do fato de ter três filhas; amavam-nas exatamente como amavam os três filhos homens que tinham. A família também era bastante próspera; por isso ela e as irmãs nunca ficaram sem comida ou passaram necessidades. O pai era um atacadista de roupas e perfumes e sempre levava para casa, para a mulher e as filhas, amostras de seus produtos. As mulheres da família cobriam-se de longos véus quando saíam à rua, especialmente porque o clima no Irã tornava-se cada vez mais difícil para as mulheres. Mas, em casa, usavam calças compridas e camisetas de mangas curtas, como se fossem garotas de Michigan.
E, ao contrário do que acontecia com a maioria das garotas afegãs, a mãe e o pai de Robina não pretendiam casá-la à força com um homem do qual não gostasse.
[...]

De início, o Irã recebera de muito bom grado aqueles imigrantes, mas a tolerância foi se esgotando à medida que mais e mais afegãos cruzavam a fronteira por causa das guerras. Depois de algum tempo, o governo iraniano começou a impor restrições aos afegãos que viviam em seu território. Tornou-se difícil para eles encontrar empregos, comprar casas e carros e até mesmo ter telefones. Robina contou-me que muitos iranianos passaram a hostilizar os afegãos que eram seus vizinhos, acusando-os de ocupar todos os bons empregos e de superlotar as escolas.
[...]

O pai perdeu o emprego como atacadista. Entrou num negócio industrial com um iraniano, mas foi roubado pelo sócio e descobriu que não tinha direito a qualquer reparação judicial. Dois de seus irmãos tornaram-se alfaiates, mas não era fácil conseguir trabalho para sustentar toda a família.
[...]

Como era cada vez mais difícil ser afegão no Irã, as três irmãs decidiram tentar a oportunidade de uma vida melhor na América (*), mesmo que aquilo significasse uma breve estada em Cabul. Elas só ouviam coisas ruins sobre a cidade - sobre a guerra, sobre a pobreza. Tinha ouvido dizer que era o pior lugar do mundo para uma mulher, mas decidiram arriscar tudo.
(*) não havia embaixada americana em Teerã, estava fechada desde a crise dos reféns que se seguiu à queda do xá, em 1979, e para obter vistos, as garotas teriam de retornar ao Afeganistão.
[...]

Assim, Robina e suas irmãs fizeram o que praticamente nenhuma mulher afegã faz: viajaram sozinhas, sem acompanhante masculino.
[...]

Porque viviam sozinhas, todos concluíam que elas tinham de ser prostitutas. (*)
(*) O plano de irem para os Estados Unidos não deu certo e elas não puderam voltar para o Irã, porque tinham aberto mão de seus cartões de identificação ao se mudar para Cabul.
[...]

Você deve imaginar que as outras mulheres afegãs sentiam muita pena de Robina e de suas irmãs. Grande engano. Até mesmo as minhas garotas, elas mesmas, que haviam rompido tantas barreiras para frequentar a escola e começar a garantir o próprio sustento, até mesmo elas passaram a olhar Robina com frieza quando ouviram dizer que ela e as irmãs viviam sozinhas. E Robina piorou ainda mais a situação ao quebrar outro tabu. Ela saiu duas vezes com um rapaz ocidental. Aquilo bastou para que o resto de minhas garotas a evitasse como se ela tivesse gripe aviária.
[...]

Então, certo dia, Sam entrou no salão durante uma aula da terceira turma, olhou em volta e fez uma cara feia. "Por que todo mundo que estuda nesta escola é hazara?" Eu não sabia, mas o fato é que duas de minhas professoras eram hazaras e tinham me ajudado a selecionar uma turma inteira composta de hazaras. Dali em diante, Sam participava de todas as entrevistas e me ajudava a evitar que, inadvertidamente, eu favorecesse um grupo étnico em detrimento de outro. Equilibrávamos todas as turmas, não apenas em termos étnicos, mas também por religião e região.

Fonte:blog Letras aos Pedaços (www.letrapedacos.blogspot.com)