sábado, 14 de maio de 2011

Só escrevendo...

Proust escrevia em um quarto forrado de cortiça. Será por isso que Em busca do tempo perdido é tão longo? Ele possuía um lugar tranquilo e em paz para se dedicar ao ofício, daí a demora. Alguns autores conhecidos declararam pesquisar com rigor, outros que escrevem a mão e outros em computador. Um dos mais conhecidos escritores brasileiros João Ubaldo Ribeiro criou um sistema de trabalho engraçado. Só podia ser ele! Baseado na produção de colegas famosos adotou um sistema de cotas para seu trabalho literário: mínimo de 500 palavras por dia. Ele somou e dividiu a quantidade de texto escrito por colegas e chegou nessa cifra. Declarou conciliar a literatura com os artigos de jornal. Outro que conseguia desenvolver diversas atividades paralelas era Moacyr Scliar, médico sanitarista e autor de mais de sessenta livros. "Questão de prática" dizia. Como João Ubaldo não fazia esboços para personagens. Daniel Galera, autor de Cordilheira, também afirma não possuir método. Ele diz que até tenta fazer esboços, definir personagens, mas quando começa a escrever, acaba indo para outro caminho. As ideias são desdobradas e terminam em diversos contos. Jorge Amado e Zélia iam meditar em Paris. Ele escrevia na parte da manhã e a tarde passeava. Ela nunca comentou nada. Graciliano Ramos e Lúcio Cardoso deviam permanecer em seus respectivos estados natais. Era muito peso para sair carregando por aí... Não é brincadeira, são obras primas, de verdade. Gilberto Freyre escrevia a mão e sua secretária ia passando a limpo. Lucius de Mello me contou ter se mudado para Parati enquanto produzia seu livro ambientado lá. Esqueci de perguntar se com a vida da Eny ele fez o mesmo! Mas, com certeza ia à praia de manhã e escrevia a tarde, contrariando Jorge Amado. Enfim, diz o ditado popular que cada louco com sua mania. Teriam os nossos colegas do setegrausdeseparacao alguma esquisitice em relação ao ato de escrever, tipo quarto forrado com cortiça ou algo um pouco mais excêntrico? Não vale Paris, nem Parati, isso não é esquisito. Também não contam as andanças da cigana Janaina, isso é hereditariedade. Quem tiver pode confidenciar. Eu prometo não contar, viu?

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