segunda-feira, 30 de junho de 2008

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Não demorará muito tempo para que as pessoas que lêem o que escrevo pensem com freqüência “esse cara é de outro século”. Se me importarei? Pára! Agüentarei tranqüilamente, sem paranóia. Faço o mesmo quando deparo com “êle” e "sózinho".

Lembro-me de quando estudava acentuação, naquela panacéia de regras, não foi simples aprender a do ditongo aberto e a do diferencial! Heróicos eram os professores que conseguiram a atenção da platéia de estudantes, muitos ainda sem um único pêlo na cara. Agora querem que eu deixe tudo isso pra trás. Querem me deixar pôr apenas o herói no céu. E os demais, não terão ciúme? Não me dêem razão, se não quiserem. Continuarei paranóico e poderei ser inconseqüente. Não perdôo e, com eloqüência, digo: se outros cinqüenta estiverem criticando também, eu apóio!

Não quero levantar a questão do hífen, que sempre foi, para mim, mais complexo, um assunto semi-árido e contra-indicado. No entanto, alguém consegue imaginar o autorretrato ou a ultrassonografia? Que contrassenso!

A assembléia que aprovou o novo acordo poderá justificar que uma das razões para as novas regras é a correção da fonética regional, que não é Língua Portuguesa. Sinto muito, mas se aprendi brasileiro, continuarei escrevendo brasileiro.

domingo, 29 de junho de 2008




Semana passada aconteceu em São Paulo o 1º Campeonato de Arremesso de Celular. Infelizmente só descobri dias depois do evento porque teria ido até lá com prazer arremessar um aparelho. Sou dependende dos meus. Sim, tenho dois celulares e um rádio do trabalho. Tenho pesadelos eventuais com o toque do Nextel. Juro!
Então, num ato impensado, ou bem pensado, comecei a desligar o celular! Tudo começou por acaso, saí no sábado e a bateria do celular que estava comigo acabou no meio da manhã e só pude recarregar à noite, mas passou a ser uma prazer quase imoral. Que alívio, que maravilha, que liberdade!
Claro que essa liberdade já me custou um freela e uma amizade. O freela era uma filmagem no domingo que nem era uma Brastemp e a amizade... bom, se não resistiu a algumas ligações perdidas já é questionável por si só.



Mas fica a pergunta: não é impressionante como as pessoas acreditam que você tem OBRIGAÇÃO de atender ao telefone não importa se esteja no banho, no auge de uma reunião ou a dois segundos do clímax? Problema seu atenda, maluco, mas ao maldito aparelho! Viramos escravos literais: já notou que quando alguém está sozinho no cinema, no restaurante ou na fila do banco é um tal de sacar o telefone e ligar para todos os seres vivos da agenda? É isso, além de escravos do aparelho nos tornamos mutantes incapazes de lidar com a solidão nem que seja por 20 minutos. E o celular é a fuga absoluta, com ele, nunca estamos sozinhos!
Só sei que desde a semana passada decidi que posso sim e devo desligar o aparelho e se for urgente mesmo eu serei encontrada.
Mas voltando ao campeonato que eu perdi... a idéia nasceu na Finlândia e foi organizado pela primeira vez no Brasil por Fernando Muylaert, apresentador do programa "Vida Loca Show", do Multishow.
Segundo a assessoria do evento, ao todo, foram 45 arremessos e todos os participantes obrigatoriamente doaram o que sobrou do celular arremessado para reciclagem.
O felizardo vencedor do dia foi publicitário Felipe Guedes, de 31 anos, proprietário de três telefones celulares e ao final, houve um arremesso coletivo de celulares.



Ah, semana passada teve um outro encontro interessante na metrópole maluca que é São Paulo... mas esse, bom, eu prefiro nem comentar...



E ontem foi noite de Motomix no Ibirapuera. Perdoem a tietagem mas a Motorola sabe brincar disso, o layout do evento foi sensacional com o palco localizado entre o prédio da Bienal e o do Museu Afro e tudo fechadinho em um formato arredondado pelo banheiros químicos (devidamente customizados, claro!) com telões no centro e árvores vermelhas... o povo era bonito, os shows foram bacanas, as mudanças de palco invejáveis no quesito agilidade (ao contrário do Tim do ano passado)... redondo!



E fechando com o show capaz de levantar defunto do Metric, grupo parte canadense e parte amaricano que faz parte da cena mais importante da música alternativa nos últimos anos juntamente com Arcade Fire, Wolf Parade, BSS, Stars.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

e a gente faz um país...

Neste exato momento, está passando algum episódio de "Sex and the City" no Multishow, se não me engano. Estou perdendo... mas não faz mal. Há quase duas semanas, estou com TV por assinatura em casa. Eu decidi o pacote - e estou pagando! - os canais... é a primeira vez que tenho TV por assinatura. E como é bom ter uma variedade absurda de canais e, o mais importante, de programas... às vezes, fico na dúvida a qual programa assistir. Dúvida das boas... se durante a tarde, fico "preso", olhando para a tela de um computador, atrás de idéias originais para um lead, a minha noite é à procura de bons programas nos canais da TV a cabo. E o mais bacana é saber que não há apenas um, mas vários... assim, assisto a algum programa bacana na GNT, sempre vejo um filme nos canais da HBO ou parto para alguma série na Sony, na FOX ou na AXN. Ainda sou um novato nesta história de TV por assinatura... tanto que nem sei qual a temporada de determinado seriado... só sei que vou assistindo.
Assim, lamento que boa parte da população brasileira não tem esta oportunidade que estou tendo. Assim, fica refém de reprises de "Pantanal" (e o SBT acha que está na crista da onda, uma vez que a novela está dando boa audiência), de mutantes da Record (novela mais bizarra dos últimos tempos) ou de A Favorita (que é legal, confesso!). Sem contar que também fica refém dos jogos do Corinthians... nada contra, mas aposto que muita gente queria assistir ao jog(aço!) do Fluminense na última quarta-feira (e olha que eu odeio futebol!)....

quinta-feira, 26 de junho de 2008

um

de mergulho num mar de braços.
ondas de êxtase levam o corpo de lá pra cá.
e de cá pra lá, voltam ao mar de gente sentimentos de gratidão.
feliz. um cara feliz.
no meio de tudo, bailando no ar.
bailarino.
de roupas rasgadas.
de sorriso rasgado.
notas que balançam cordas.
mãos, altruístas, que devolvem energia.
o tempo fica mais lento.
uma confusão de sentidos.
no topo, a alegria.
solitária.
única.
autêntica.
sustentada pela entrega.
pela devoção.
paixão.
tudo isso simbolizado pelas mãos.
dezenas.
centenas.
todas uma só.

após ler, assista:

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Amor,amor



Hoje pensei em escrever sobre amor. Não sei porquê! Talvez porque fale pouco sobre o assunto, talvez porque ando me perguntando muito sobre o assunto. Mas não sou boa na coisa. Ou pelo menos não sou boa na teoria. Então escolhi um poeta que conheci há pouco e lamento não ter lido antes. Rainer Maria Rilke, nascido em Praga e morte em 1926. Esse trecho é do livro, " Cartas à um jovem poeta", onde ele mantém correspondência com um escritor que o procura a pedido de orientação. E mais que orientações literárias, o poeta lhe dá orientações sobre a vida.

" Quem observa com seriedade descobre que, assim como para a morte, que é difícil, também para o difícil amor não se reconheceu ainda nenhum esclarecimento, nenhuma solução, nem aceno, nem caminho. Para essas duas tarefas, que carregamos e transmitimos secretamente sem esclarecer, nunca se achará uma regra comum baseada em um acordo. Contudo, à medida que começamos a tentar a vida como indivíduos, essas grandes coisas se aproximam muito de nós, os solitários. As exigências que o difícil trabalho do amor impõe ao nosso desenvolvimento são sobre -humanas, e nós, como iniciantes, não podemos estar à altura delas. Mas se perseveramos e assumimos esse amor como uma carga e um período de aprendizado, em vez de nos perdemos em todo o jogo fácil e frívolo atrás do qual as pessoas se esconderam da mais séria gravidade de suas existência, talvez se perceba um pequeno avanço e um alívio para aqueles que virão muito depois de nós, e isso já seria muito.
No entanto, só chegamos no máximo a considerar objetivamente e sem preconceitos a relação de um indivíduo com outro indivíduo e nossas tentativas de viver tais relacionamentos não tem um modelo diante de si. Mesmo assim há, na própria passagem do tempo, algo que ajuda a nossa iniciação hesitante. "
"..... acredito que aquele amor permanece tão forte e intenso em sua lembrança porque foi sua primeira solidão profunda, o primeiro trabalho íntimo com que o senhor elaborou sua vida".

terça-feira, 24 de junho de 2008

Dos modos da moda...



Dia desses usei um velho vestido azul Klein com um lenço, jogado no ombro, onde estava estampado um quadro de Klimt. Eu costumo quebrar a formalidade de algumas roupas usando sandálias de plástico, às vezes assinadas pelo Herchcovitch, mas são de plástico como as Havaianas, das quais tenho uma de cada cor. Outras vezes, transformo a informalidade de uma bermuda ou jeans com blazer ou camisa de seda. Minha maneira de vestir é diferente e isso se deve ao fato de trabalhar com cultura e freqüentar um grupo criativo em tudo, até nos trajes. Ouvi um comentário e não tive tempo de responder.
Graças a Deus, diria Luciana.
O Jair falaria: ela me lembra Anäis Nin.
O Marcelo, de forma blasé, daria de ombros.
A Jacqueline disse: ela é fashion como toda designer, chamando atenção para a fita do seu cabelo e para o meu lenço.

A discussão passou para ele e à maneira como as mulheres o estarão usando neste inverno. Uma amiga paulistana costuma colocar dois anos de diferença entre nós. Eu antecipo a moda em um ano e ela compra em liquidações, daí o diferencial. Eu ria e ficava me questionando o que seria moda. Para os sociólogos é um fenômeno cultural consistindo na mudança periódica e coercitiva de estilo. A maioria das pessoas acredita ser uma proposta para uma estação. Vejo como uma renovação no estilo pessoal de cada um. Um vestido usado na formatura do meu irmão há mais de vinte anos foi transformado em um blazer inspirado em outro visto na coleção da Maria Bonita. Simples assim... E a peça que deu margem ao comentário está no meio da canela, pois tem uns quatro anos, embora pareça atual. É um comprimento esquisito, mas gosto dele, talvez por pensar no comentário do Jair, Anäis Nin, hein? Por dentro ou por fora?

Antigamente existia uma forte homogeneidade de gosto, por influência da Alta Costura. Hoje esse segmento não veste três mil mulheres ao ano. O prêt-à-porter,de nome francês e invenção americana predomina. Os estilistas vendem seus desenhos. Eles são reproduzidos, fazendo com que as lojas (às vezes, os camelôs) tenham esse produto pronto antes dos desfiles nas semanas de moda. Desfiles transformados em happenings, para não dizer circos. Mesmo assim, costumo babar em frente às passarelas na São Paulo Fashion Week. Mas, voltando à questão qual seria meu estilo, dentre todos os citados? Todos e nenhum, pois sou única e a moda permite individualizar cada peça. Hoje se emprega o termo costumizar às mudanças dos usuários em suas roupas. Isso não é novidade. Há mais de cem anos as parisienses faziam o mesmo. Iam aos desfiles, encomendavam e pediam modificações. Só as estrangeiras compravam e usavam o original. Mas, cadê a definição? Bem, sou colorida... Atentem para o detalhe de cor, não de Collor, viu? Gosto de um pretinho básico, mas adoro cores e lenços. Minha herança africana? Talvez, pois de acordo com Gilberto Freyre todos os brasileiros possuem o sangue das três raças que compõe nossa etnia. Teria eu alguma coisa de original? Não creio, pois todo ser humano carrega uma matriz de nome inconsciente coletivo e isso deve fazer a diferença. Dentro do meu estão à irreverência e a insubordinação às regras, uma possível herança da outra Rosa, minha maravilhosa bisavó.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Alcoolemia zero

É uma medida radical, mas necessária. Do simples happy hour até a balada nervosa, temos que nos adaptar à nova legislação. A punição, pelo menos no papel, é severa.
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LEI Nº 11.705, DE 19 JUNHO DE 2008.

Altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ‘institui o Código de Trânsito Brasileiro’, e a Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 da Constituição Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei altera dispositivos da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, com a finalidade de estabelecer alcoolemia 0 (zero) e de impor penalidades mais severas para o condutor que dirigir sob a influência do álcool, e da Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 da Constituição Federal, para obrigar os estabelecimentos comerciais em que se vendem ou oferecem bebidas alcoólicas a estampar, no recinto, aviso de que constitui crime dirigir sob a influência de álcool.

Art. 2o São vedados, na faixa de domínio de rodovia federal ou em terrenos contíguos à faixa de domínio com acesso direto à rodovia, a venda varejista ou o oferecimento de bebidas alcoólicas para consumo no local.

§ 1o A violação do disposto no caput deste artigo implica multa de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais).
§ 2o Em caso de reincidência, dentro do prazo de 12 (doze) meses, a multa será aplicada em dobro, e suspensa a autorização de acesso à rodovia, pelo prazo de até 1 (um) ano.
§ 3o Não se aplica o disposto neste artigo em área urbana, de acordo com a delimitação dada pela legislação de cada município ou do Distrito Federal.

Art. 3o Ressalvado o disposto no § 3o do art. 2o desta Lei, o estabelecimento comercial situado na faixa de domínio de rodovia federal ou em terreno contíguo à faixa de domínio com acesso direto à rodovia, que inclua entre suas atividades a venda varejista ou o fornecimento de bebidas ou alimentos, deverá afixar, em local de ampla visibilidade, aviso da vedação de que trata o art. 2o desta Lei.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput deste artigo implica multa de R$ 300,00 (trezentos reais).

Art. 4o Competem à Polícia Rodoviária Federal a fiscalização e a aplicação das multas previstas nos arts. 2o e 3o desta Lei.
§ 1o A União poderá firmar convênios com Estados, Municípios e com o Distrito Federal, a fim de que estes também possam exercer a fiscalização e aplicar as multas de que tratam os arts. 2o e 3o desta Lei.
§ 2o Configurada a reincidência, a Polícia Rodoviária Federal ou ente conveniado comunicará o fato ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT ou, quando se tratar de rodovia concedida, à Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, para a aplicação da penalidade de suspensão da autorização de acesso à rodovia.

Art. 5o A Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, passa a vigorar com as seguintes modificações:

I - o art. 10 passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XXIII:
“Art. 10. .......................................................................
.............................................................................................
XXIII - 1 (um) representante do Ministério da Justiça.
...................................................................................” (NR)

II - o caput do art. 165 passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses;
Medida Administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação.
...................................................................................” (NR)

III - o art. 276 passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165 deste Código.
Parágrafo único. Órgão do Poder Executivo federal disciplinará as margens de tolerância para casos específicos.” (NR)

IV - o art. 277 passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 277. .....................................................................
.............................................................................................
§ 2o A infração prevista no art. 165 deste Código poderá ser caracterizada pelo agente de trânsito mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor.
§ 3o Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165 deste Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo.” (NR)

V - o art. 291 passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 291. .....................................................................
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora).
§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal.” (NR)

VI - o art. 296 passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis.” (NR)

VII - (VETADO)

VIII - o art. 306 passa a vigorar com a seguinte alteração:
“Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:
.............................................................................................
Parágrafo único. O Poder Executivo federal estipulará a equivalência entre distintos testes de alcoolemia, para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.” (NR)

Art. 6o Consideram-se bebidas alcoólicas, para efeitos desta Lei, as bebidas potáveis que contenham álcool em sua composição, com grau de concentração igual ou superior a meio grau Gay-Lussac.

Art. 7o A Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 4o-A:
“Art. 4o-A. Na parte interna dos locais em que se vende bebida alcoólica, deverá ser afixado advertência escrita de forma legível e ostensiva de que é crime dirigir sob a influência de álcool, punível com detenção.”

Art. 8o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 9o Fica revogado o inciso V do parágrafo único do art. 302 da Lei no 9.503, de 23 de
setembro de 1997.

Brasília, 16 de junho de 2008; 187o da Independência e 120o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

domingo, 22 de junho de 2008

Domingo pé de cachimbo



Começou (e já quase acabou) o SPFW. Se tem alguma coisa que faz com que eu compre revistas, tenha saco para ir a shopping e aturar cocotagem é moda. Amo moda. Adoro roupa, sapato, coisinhas... estilo me faz transpirar. E não que seja consumista já que minha realidade de ser humano trabalhandor ainda não chegou no estágio de estanjar com couture mas me divirto. Minha mãe é testemunha que já abracei um Jimmy Choo (de 800 euros em liquidação) e fiz reverência a Dior, Channels e YSLs... ai ai ai
Tenho esse talento absurdo para escolher a peça mais cara de qualquer loja em qualquer continente.
Bom, mas vamos ao que interessa, a 25ª edição do maior evento de moda paulistano acontece até 23 de junho, no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera e tem como tema “Motanai”, “Desperdício” fazendo parte das comemorações oficais do centenário da imigração japonesa. E por isso, Kenzo Takada tem dado bandeira por esses lados e se afogado em churrasco e caipirinha desde a segunda passada.
Ao todo serão 50 desfiles e as marcas Pedro Lourenço e Blue Man voltam para o line-up do evento, bem como a Rosa Chá enquanto saem Zoomp, Giselle Nasser, Raia de Goeye e Tereza Santos.
Embora o evento já esteja na metade, segue o line up do que ainda está por vir.

momento peladão de Rodrigo Rothen para Rosa Chá

a abertura de André Lima

meiguice by Fause Haten


22/06 (domingo)
09h00 Pedro Lourenço
10h30 Gloria Coelho
15h00 Maria Garcia
16h00 Mario Queiroz
17h00 Paola Robba para Poko Pano
18h00 Simone Nunes
19h00 Samuel Cirnansck
21h00 Colcci

23/06 (segunda-feira)
11h00 Erika Ikezili
15h00 Priscila Darolt
16h15 Carlota Joakina
18h00 Vide Bula
19h00 Reserva
20h45 Lino Villaventura

E essa semana foi uma DAQUELAS: trabalhei feito louca, fiquei mais velha e o apartamento dos meus quase sonhos me encontrou. Mas como dizia, essa semana fiquei mais velinha. E no embalo, apaguei as velhinhas em cinco ocasiões diferentes. Sim, queridos, depois de velha estou virando baladeira. E ainda ficou faltando comemorar com alguns amigos... mas essa semana ainda dá tempo. E foram todas ótimas, agradeço aos amigos a presença, os presentes lindos, os cartões maravilhosos e, principalmente, ao amor e lembrança.

sábado, 21 de junho de 2008

Pequenas coisas que tornam o retorno perfeito

Coisas que fazem realmente a diferença ao voltar prá casa depois de três semanas de viagem e que fazem tudo valer a pena:

1) Comida japonesa depois de mais de um mês sem um sushizinho sequer;

2) Café da manhã preparado pela mãe, com direito a café solúvel suiço de cremosidade incrível;

3) Café na Oscar Freire com a amiga que por sorte teve um vôo atrasado;

4) Rever um colega da faculdade em Brasília ao cruzar a Rua nos Jardins;

5) Comprar o presente certo no tamanho certo da cor certa pra aniversariante e ganhar um super sorriso em retribuição;

6) 23 chopps, uns 20 pastéis, um rechau de picanha e mousse de chocolate com dois grandes amigos, além de ouvir piada do garçon só porque inadivertidamente lavei o isqueiro sujo de fluido e sem razão alguma ele parou de funcionar;

5) Degustar um bom Cohiba, chocolates Lindt e queijos e tomar um Balantines 8 anos que inexplicavelmente tornou-se excelente com um amigão, além de notar que após 23 chopps ainda temos assunto prá conversar;

6) Internet sem fio funcionando, que permite consultar o mapa da viagem a Águas de São Pedro que vai ocorrer no domingo.

ainda não dormi... logo, ainda é sexta!

ainda não dormi, logo nem é sábado ainda. Por essa razão, acredito que posso escrever aqui no blog. Continuo ausente, sei eu, mas está complicado colocar a minha vida inteira em 24 horas. Sabe o que eu queria? Queria que o dia tivesse algumas horas a mais quando precisássemos... durante a correria desta semana, lembrei-me da propaganda de um banco que dizia que tinha caixa 36 horas... grande enganação, afinal de contas, o dia tem apenas 24 horas...
será que, caso o dia tivesse 36 horas, eu teria tempo de sobra para cumprir minhas responsabilidades: ler jornal, trabalhar, escrever em dois blogs, pesquisar pautas, terminar de ler um livro, ler a revista semanal, falar com amigos pelo MSN ou pelo skype, responder aos e-mails, sentir saudade, se arrepender, se apaixonar, pagar as contas no banco, ouvir música, baixar música, ir ao cinema, ir ao show, pensar em fazer um curso de clown, ir ao teatro, lembrar de aniversários, planejar uma viagem para o exterior... pronto, acabou o dia! Acabou a hora...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

sábado

a porta abriu. ela entrou.
de inevitável, o beijo tornou-se interminável.
sem fim.
espaço e tempo perdendo-se no calor de duas bocas, fluentes em amor/paixão.
em minutos, corpos unidos, exalando tesão.
dava pra sentir o cheiro a quilômetros.
a porta nem se fecha. a parede vira cama.
cada centrímetro do corpo dela vira um ponto g de desejo.
pacientemente, a boca dele desce ao pescoço.
aos seios perfeitos.
à barriga.
às coxas (deus, obrigado pela saia).
ao sexo.
adeus, paciência. bem-vinda, selvageria.
na trilha sonora, respiração, gemidos, pequenos gritos, xingamentos.
som antigo, autêntico, coisa fina, de vinil.
isso, acredite, não tem no iPod.
falta o ar. falta vergonha. falta mais mãos para tanto desejo.
ela o derruba no chão, a nova cama.
a noite fria do inverno já ficou pra trás.
assim como roupas.
bom senso.
e culpa.
mais beijos.
mais cio.
mais gemidos.
menos distância.
cegos de desejo, ela e ele se tocam.
se encontram.
se conhecem.
se eternizam.
muito prazer: sou você, do lado de cá.
rapidamente, estavam se amando.
em menos tempo ainda, já eram dois animais sujos, exorcizando o prazer.
[nota do autor: também conhecido como o primeiro estágio dos apaixonados.]
nada era dito.
nada era pensado.
nada estava combinado.
nada, além deles, parecia existir.
existir... pra quê?
bastava sentir.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

NO SEX IN THE CITY


Acabo de sair da sessão das 9 do Sexy and the city. Unfuckingbelievable. Nem tanto o filme, já que não costumam ser fiéis às respectivas séries, mas a leitura que se tem feito dele.
Então Samantha Jones passa 10 anos de seriado chupando sua liberdade e termina vivendo em função de um homem (cama, mesa e banho) e na última cena ela está gorda, com um cachorro de consolação na Louis Vitton e chupando vela de aniversário tamanha sua fome de si mesma?
Carrie passa 10 anos de seriado prezando sua liberdade autoral e acaba propondo casamento para ter a segurança de ficar com metade de uma cobertura caso o casamento acabe? O casamento não dá certo e como ela já tem quase quarenta fica com o Big (que mais deveria chamar-se Half) mesmo sem o apartamento?
Miranda é racional durante dez anos e depois de casada esquece que depilação ou mesmo uma pobre Gilette existe? E que inversão: a chata Charolote é a única que acaba o filme transando 4 vezes por semana, mesmo grávida, casada e com uma garota chinesa que não fala uma palavra o filme todo no quarto ao lado.
Ok, Sex and the City não é filosofia de vida para me causar tamanha revolta. Mas a ficção em si não foi fiel. E o que me espantou ao ver o filme é que a imprensa brasileira tem falado em revolução das garotas do filme, cantando que elas criaram o conceito de mulher moderna.
Pera ai, a série realmente revolucionou desde o principio ao mostrar quatro mulheres independentes em busca de felicidade à sua moda. Mas o filme não é nem um pouco fiel a essa revolução.
Eu saí do cinema com a impressão de que não importa o que fazemos durante a vida, não importa que decisão tomamos, o final será o que está escrito em algum manual. E se já sabemos o final, estamos brigando com o “meio” só por rebeldia então?
Talvez não seja nada disso. Talvez estejamos vivendo uma geração de mulheres que cansou da liberdade conquistada pela geração passada, cansou de se responsável pela própria vida e esqueceu existe vida além do casamento. Uma geração que precisa de regras para viver de acordo com elas. Mesmo que essas regras venham disfarçadas de subversão. Surpresa: no final você vai ceder à exceção e ser regra.
Enfim, o filme me decepcionou e muito!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Coisas de cabeça...

Pegando o gancho da Camila, têm coisas que são de cabeça, mesmo. Lendo o texto dela pensei na existência de um estreito laço entre a psicanálise e o tal "espírito judeu". As vezes denegrida como a ciência judaica, outras vezes enaltecida através de Freud, citado como alguém que preparou o caminho da modernidade, a psicanálise continua aí firme e forte. Tudo isso para contar que durante muitos anos fui paciente de um homemopata com complexo de psicanalista. Pague um, leve dois, uma combinação perfeita para a mãe judia.
Quando eu me sentava em sua frente e reclamava de minha sensibilidade pelo quente e frio, ele dizia: coisas de cabeça. Eu insistia na alergia a mudanças de temperatura e o diagnóstico continuava o mesmo, psicossomático. Como disse a Camila: droga de médico. Tomei a decisão radical de mudar e fui parar no consultório da dra. Maria Helena. E não é que ela acreditou em mim? O tratamento foi bravo, pois espirrei durante umas duas semanas e ainda descobri que era alérgica a pêlos de animais. Lembrei-me de todos os bichos do meu passado e do presente e pensei o que fazer com o "cachorro" do meu marido, a velha gata siamesa de todos aqui de casa e de ninguém, do gatão louro da minha filha e da minha Mimi, a mais bela e nobre gatinha do pedaço de sobrenome Yoda.
Com o tratamento da doutora estou ótima e convivendo com todos, ainda bem!
Então é isso, existem coisas de que são de cabeça, mesmo... Mas, os médicos precisam de sensibilidade para perceber o que é, e o que não é de cabeça.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Por trás das lentes

Deixei de assistir a filmes com minha querida irmã há muito tempo. Nada contra a companhia dela, pelo contrário. O problema é que, como todo cineasta, vê filmes com outros olhos. Enquanto eu me entretenho com a trama, ela observa a direção de arte, a continuidade, a técnica da filmagem e muitas outras coisas que nem sei que existe.

No entanto, de certa maneira, já sou influenciado pela visão técnica. É interessante perceber esses detalhes, mas, em certos momentos, atrapalha, já que muda o foco da atenção. Imagine, você está assistindo, sem piscar os olhos, a “O Iluminado” (Stanley Kubrick, com Jack Nicholson) naquela tensão do final, e percebe, pára e volta o filme para ter certeza de que viu um erro de continuidade. Não quebra o clima?

Hoje, quando aparece o vermelho na tela, já fico esperto. Se, um tempo depois, aumentar a quantidade dessa cor, sei que vai rolar algo e já fico preparado para o susto. Dããã. Sei sobre a influência do uso gradativo da cor vermelha.

Outro dia, estava vendo “Sentença de Morte” (James Wan, com Kevin Bacon), filme com a melhor cena de perseguição a pé que já vi. Trata-se de uma gangue de assassinos muito motivada para pegar um homem. A cena toda tem duração de uns 15 minutos. Suspense e muita tensão no ar. Reparei que a câmera corria a poucos centímetros do personagem, com um tremor proposital e vi que havia um longo plano-seqüência (filmagem de uma longa cena sem cortes). Parei o filme, voltei ao início do plano e verifiquei sua duração (2 minutos e 13 segundos). Incrível, mas o clima se foi. Depois do fim do filme, fui ver os extras, coisa que raramente faço, e lá estava o making off da cena. Show de bola! Vale a pena conferir.

domingo, 15 de junho de 2008

Semana daquelas...



Essa foi uma DESSAS semanas. Uma dessas eu digo porque teve de tudo, foi dia dos namorados, dia de Santo Antônio e sexta feira 13. Bom, isso para quem se liga em calendário. Para essa que vos secreve foi só uma semana muito corrida na qual eu saí na quinta e viajei na sexta. Sim, meus caros, eu comemorei o dia dos namorados em grande estilo e fui a uma festa de Santo Antônio no sábado... comi pão bento, bolo bento, pão de mel bento, ganhei medalinha... ai ai ai. E a noite fiz a primeira de minhas festas de aniversário, quefoi ótima inclusive. Mas vamos deixar de ser tão pessoais e voltar ao post...
Sabe os tais preconceitos? Os pré conceitos? Então, fui ver uma peça para cumprir tabela total até porque o estilo não é o que gosto e não acho muita graça em comédia... mas os convites estavam comigo e uma coisa levou a outra e cai de paraquedas sozinha no teatro. Ninguém a quem eu liguei quis ou podia me acompanhar. E a peça é o máximo. Ri a ponto de chorar, me emocionei, curti. Então cuidado com os preconceitos... e quem tiver interesse vá ver Parem de falar mal da rotina de e com Elisa Lucinda no Teatro Imprensa porque é bom.



sábado, 14 de junho de 2008

Happy Valentine's Day


Essa semana eu vou tomar o papel que comumente é das mulheres e vou comentar a respeito do dia dos namorados, mas de forma diferente. Li uma entrevista onde tudo que eu queria ouvir foi dito, então vou compartilhá-la com vocês e não vou pensar a respeito de direitos autorais...

Entrevista: Flávio Gikovate
Título: Não precisa casar. Sozinho é melhor
Por: Duda Teixeira
Publicado em: VEJA.

Com 41 anos de clínica, o médico psiquiatra Flávio Gikovate acompanhou os fatos mais marcantes que mudaram a sexualidade no Brasil e no mundo. Por meio de mais de 8.000 pessoas atendidas, assistiu ao impacto da chegada da pílula anticoncepcional na década de 60 e a constituição das famílias contemporâneas, que agregam pessoas vindas de casamentos do passado. Suas reflexões sobre o amor ao longo de esse tempo foram condensadas no seu 26º livro, Uma História de Amor... com Final Feliz. Na obra, a oitava sobre o tema, Gikovate ataca o amor romântico e defende o individualismo, entendido não como descaso pelos outros e sim como uma maneira de aumentar o conhecimento de si próprio. Tendo sido um dos primeiros a publicar um estudo no país sobre sexualidade, atuou em diversos meios de comunicação, como jornais e revistas e na televisão. Atualmente, possui um programa na rádio, em que responde perguntas feitas por ouvintes. Aos 65 anos, ele atendeu a reportagem de Veja em seu consultório no elegante bairro dos Jardins, em São Paulo.

Veja - O senhor diria para a maioria das pessoas que o casamento pode não ser uma boa decisão na vida?
Gikovate - Sim. As pessoas que estão casadas e são felizes são uma minoria. Com base nos atendimentos que faço e nas pessoas que conheço, não passam de 5%. A imensa maioria é a dos mal casados. São indivíduos que se envolveram em uma trama nada evolutiva e pouco saudável. Vivem relacionamentos possessivos em que não há confiança recíproca nem sinceridade. Por algum tempo depois do casamento, consideram-se felizes e bem casados porque ganham filhos e se estabelecem profissionalmente. Porém, lá entre sete e dez anos de casamento, eles terão de se deparar com a realidade e tomar uma decisão drástica, que normalmente é a separação.

Veja - Ficar sozinho é melhor, então?
Gikovate - Há muitos solteiros felizes. Levam uma vida serena e sem conflitos. Quando sentem uma sensação de desamparo, aquele "vazio no estômago" por estarem sozinhos, resolvem a questão sem ajuda. Mantêm-se ocupados, cultivam bons amigos, lêem um bom livro, vão ao cinema. Com um pouco de paciência e treino, driblam a solidão e se dedicam às tarefas que mais gostam. Os solteiros que não estão bem são geralmente os que ainda sonham com um amor romântico. Ainda possuem a idéia de que uma pessoa precisa de outra para se completar. Pensam, como Vinicius de Moraes, que "é impossível ser feliz sozinho". Isso caducou. Daí, vivem tristes e deprimidos.

Veja - Por que os casamentos acabam não dando certo?
Gikovate - Quase todos os casamentos hoje são assim: um é mais extrovertido, estourado, de gênio forte. É vaidoso e precisa sempre de elogios. O outro é mais discreto, mais manso, mais tolerante. Faz tudo para agradar o primeiro. Todo mundo conhece pelo menos meia-dúzia de casais assim, entre um egoísta e um generoso. O primeiro reclama muito e, assim, recebe muito mais do que dá. O segundo tem baixa auto-estima e está sempre disposto a servir o outro. Muitos homens egoístas fazem questão que a mulher generosa esteja do lado dele enquanto ele assiste na televisão os seus programas preferidos. Mulheres egoístas não aceitam que seus esposos joguem futebol. Consideram isso uma traição. De um jeito ou de outro, o generoso sempre precisa fazer concessões para agradar o egoísta, ou não brigar com ele. Em nome do amor, deixam sua individualidade em segundo plano. E a felicidade vai junto. O casamento, então, começa a desmoronar. Para os meus pacientes, eu sempre digo: se você tiver de escolher entre amor e individualidade, opte pelo segundo.

Veja - Viver sozinho não seria uma postura muito individualista?
Gikovate - Não há nada de errado em ser individualista. Muitos dos autores contemporâneos têm uma postura crítica em relação a isso. Confundem individualismo com egoísmo ou descaso pelos outros. São conceitos diferentes. Outros dizem que o individualismo é liberal e até mesmo de direita. Eu não penso assim. O individualismo corresponde a um crescimento emocional. Quando a pessoa se reconhece como uma unidade, e não como uma metade desamparada, consegue estabelecer relações afetivas de boa qualidade. Por tabela, também poderá construir uma sociedade mais justa. Conhecem melhor a si próprio e, por isso, sabem das necessidades e desejos dos outros. O individualismo acabará por gerar frutos muito interessantes e positivos no futuro. Criará condições para um avanço moral significativo.

Veja - Por que os casamentos normalmente ocorrem entre egoístas e generosos?
Gikovate - A idéia geral na nossa sociedade é a de que os opostos se atraem. E isso acontece por vários motivos. Na juventude, não gostamos muito do nosso modo de ser e admiramos quem é diferente de nós. Assim, egoístas e generosos acabam se envolvendo. O egoísta, por ser exibicionista, também atrai o generoso, que vê no outro qualidades que ele não possui. Por fim, nossos pais e avós são geralmente uniões desse tipo, e nós acabamos repetindo o erro deles.

Veja - Para quem tem filhos não é melhor estar em um casamento? E, para os filhos, não é melhor ter pais casados?
Gikovate - Para quem pretende construir projetos em comum – e ter filhos é o mais relevantes deles – o melhor é jogar em dupla. Crianças dão muito trabalho e preocupação. É muito mais fácil, então, quando essa tarefa é compartilhada. Do ponto de vista da criança, o mais provável é que elas se sintam mais amparadas quando crescem segundo os padrões culturais que dominam no seu meio-ambiente. Se elas são criadas pelo padrasto, vivem com os filhos de outros casamentos da mãe, mas estudam em uma escola de valores fortemente conservadores e religiosos, poderão sentir algum mal-estar. Do ponto de vista emocional, não creio que se possa fazer um julgamento definitivo sobre as vantagens da família tradicional sobre as constituídas por casais gays ou por um pai ou mãe solteiros. Estamos em um processo de transição no qual ainda não estão constituídos novos valores morais. É sempre bom esperar um pouco para não fazer avaliações precipitadas.

Veja - Que conselhos você daria para um jovem que acaba de começar na vida amorosa?
Gikovate - É preciso que o jovem entenda que o amor romântico, apesar de aparecer o tempo todo nos filmes, romances e novelas, está com os dias contados. Esse amor, que nasceu no século XIX com a revolução industrial, tem um caráter muito possessivo. Segundo esse ideal, duas pessoas que se amam devem estar juntas em todos os seus momentos livres, o que é uma afronta à individualidade. O mundo mudou muito desde então. É só olhar como vivem as viúvas. Estão todas felizes da vida. Contudo, como muitos jovens ainda sonham com esse amor romântico, casam-se, separam-se e casam-se de novo, várias vezes, até aprender essa lição. Se é que aprendem. Se um jovem já tem a noção de não precisa se casar par ser feliz, ele pulará todas essas etapas que provocam sofrimento.

Veja - As mulheres são mais ansiosas em casar do que os homens? Por quê?
Gikovate - As mulheres têm obsessão por casamento. É uma visão totalmente antiquada, que os homens não possuem. Uma vez, quando eu ainda escrevia para a revista Cláudia, o pessoal da redação fez uma pesquisa sobre os desejos das pessoas. O maior sonho de 100% das moças de 18 a 20 anos de idade era se casar e ter filho. Entre os homens, quase nenhum respondeu isso. Queriam ser bons profissionais, fazer grandes viagens. Essa diferença abismal acontece por razões derivadas da tradição cultural. No passado, o casamento era do máximo interesse das mulheres porque só assim poderiam ter uma vida sexual socialmente aceitável. Poderiam ter filhos e um homem que as protegeria e pagaria as contas. Os homens, por sua vez, entendiam apenas que algum dia eles seriam obrigados a fazer isso. Nos dias que correm, as razões que levavam mulheres a ter necessidade de casar não se sustentam. Nas universidades, o número de moças é superior ao de rapazes. Em poucas décadas, elas ganharão mais que eles. Resta acompanhar o que irá acontecer com as mulheres, agora livres sexualmente, nem sempre tão interessadas em ter filhos e independentes economicamente.

Veja - Como será o amor do futuro?
Gikovate - Os relacionamentos que não respeitam a individualidade estão condenados a desaparecer. Isso de certa forma já ocorre naturalmente. No Brasil, o número de divórcios já é maior que o de casamentos no ano. Atualmente, muitos homens e mulheres já consideram que ficarão sozinhos para sempre ou já aceitam a idéia de aguardar até o momento em que encontrarão alguém parecido tanto no caráter quanto nos interesses pessoais. Se isso ocorrer, terão prazer em estar juntos em um número grande de situações. Nesse novo cenário, em que há afinidade e respeito pelas diferenças, a individualidade é preservada. Eu estou no meu segundo casamento. Minha mulher gosta de ópera. Quando ela quer ir, vai sozinha. E não há qualquer problema nisso.

Veja - Quando duas pessoas decidem morar juntas, a individualidade não sofre um abalo?
Gikovate - Não necessariamente elas precisarão morar juntas. Em um dos meus programas de rádio, um casal me perguntou se estavam sendo ousados demais em se casar e continuarem morando separados. Isso está ficando cada dia mais comum. Há outros tantos casais que moram juntos, mas em quartos separados. Se o objetivo é preservar a individualidade, não há razão para vergonha. O interessante é a qualidade do vínculo que existirá entre duas pessoas. No primeiro mundo, esse comportamento já é normal. Muitos casais moram até em cidades diferentes.

Veja - É possível ser fiel morando em casas ou cidades diferentes?
Gikovate - A fidelidade ocorre espontaneamente quando se estabelece um vínculo de qualidade. Em um clima assim, o elemento erótico perde um pouco seu impacto. Por incrível que pareça, essas relações são monogâmicas. É algo difícil de explicar, mas que acontece.

Veja - Com o fim do amor romântico, como fica o sexo?
Gikovate - Um dos grandes problemas ligados à questão sentimental é justamente o de que o desejo sexual nem sempre acompanha a intimidade efetiva, aquela baseada em afinidade e companheirismo. É incrível como de vez em quando amor e sexo combinam, mas isso não ocorre com facilidade. Por outro lado, o sexo com um parceiro desconhecido, ou quase isso, é quase sempre muito pouco interessante. Quando acaba, as pessoas sentem um grande vazio. Não é algo que eu recomendaria. Hoje, as normas de comportamento são ditadas pela indústria pornográfica e se parece com um exercício físico. O sexo então tem mais compromisso com agressividade do que com amor e amizade. Jovens que têm amigos muito chegados e queridos dizem que transar com eles não tem nada a ver. Acham mais fácil transar com inimigos do que com o melhor amigo. Penso que, com o amadurecimento emocional, as pessoas tenderão a se abster desse tipo de prática.

Veja - As desilusões com o primeiro casamento têm ajudado as pessoas a tomar as decisões corretas?
Gikovate - No início da epidemia de divórcios brasileira, na década de 70, as pessoas se separavam e atribuíam o desastre da união a problemas genéricos. Alguns diziam que o amor acabou. Outros, o parceiro era muito chato. Não se davam conta de que as questões eram mais complexas. Então, acabavam se unindo à outras pessoas muito parecidas com as que tinham acabado de descartar. Hoje, os indivíduos estão mais críticos. Aceitam ficar mais tempo sozinhos e fazem autocríticas mais consistentes. Por causa disso, conseguem evoluir emocionalmente e percebem que terão que mudar radicalmente os critérios de escolha do parceiro. Se antes queriam alguém diferente, hoje a tendência é buscarem uma pessoa com afinidades.

Veja - O senhor já escreveu colunas para jornais, revistas, atuou na televisão e agora tem um programa na rádio. O senhor se considera um marqueteiro?
Gikovate - Sempre gostei de trabalhar com os meios de comunicação. Psicologia não é assunto para especialistas, mas de todo mundo. Faço essas coisas também porque é uma forma de entrar em contato com um público diferente do que eu encontro normalmente. Na rádio, respondo perguntas de gente tacanha, que jamais teriam condição de pagar uma consulta. Estão em um outro patamar financeiro. Mas o que dizem, é ouro puro. As colunas e programas de rádio que eu faço não me trazem clientes. Às vezes, só atrapalham. Em 1982, aceitei trabalhar com o Corinthians. Era a democracia corinthiana. Foi um balde de água fria na clínica. Imagine só, o Corinthians! Não foi o tipo de notícia que meus pacientes gostaram de ouvir. Eu fiquei lá dois anos. Meu pai ficava chocado com essas coisas, porque naquele tempo médico de bom nível não fazia essas coisas. Não estava nem aí. Quando eu me interesso por alguma coisa, eu vou. No mais, se eu fosse um simples marqueteiro, não teria durado 41 anos.

Veja - Apesar de todo esse tempo de clínica, o senhor atuou sozinho, longe das universidades. Por quê?
Gikovate - O mundo acadêmico está cheio de papagaios, que repetem fórmulas prontas. Citam sempre outros pensadores, mas nunca vão a lugar algum. Não têm coragem para disso. Esse universo, do qual eu acabei me afastando, é extremamente conservador. Não são eles que produzem as novas idéias. Muitos fingem que eu não existo. Diziam à pequena que eu era um cara muito pragmático, que levava em conta muito os resultados, o que é verdade. Os que mais gostam do que eu faço não são da minha área. São os filósofos, como o Renato Janine Ribeiro e a Olgária Matos. De minha parte, eu sempre fugi dos rótulos. Não me inscrevi membro da Sociedade de Psicanálise. Não sou membro de qualquer sociedade dogmática. Não sou sócio de nenhum clube. Sou uma pessoa de mente aberta. Nunca quis discípulos. Os meus discípulos, se um dia existirem, pensarão por conta própria. Se tiverem um monte de opiniões diferentes das minhas, seria ótimo.

PS - tive um problema com a conexão e só consegui postar depois da meia-noite...Desculpem-me.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

odeio futebol!
vibrei muito hoje durante o jogo da seleção de basquete feminina, mas as meninas perderam o jogo.
domingo tem balada.
eu escrevi um texto enorme para o post de hoje, mas deu algum erro e ele sumiu... fiquei com preguiça de escrever novamente.
para variar, estou novamente atrasado.
por incrível que pareça, estou sem tempo de ler os textos dos meus amigos...
há vários e-mails na minha caixa de mensagem para eu responder.
vou ao teatro logo mais... e vou reencontrar uma grande amiga!
talvez passe a madrugada no cinema...
amanhã e domingo vou ver os jogos da seleção de vôlei masculina.... praticamente da quadra!
vou dar risada com clowns amanhã! e vou também ver um espetáculo infantil... com orquestra e tudo mais!
o último CD do Simoninha é bacana!
se for ao Terça Insana, você vai dar muita risada... ah, e eu quero ser amigo do Marco Luque!
Pânico só vale pelo quadro Meda... CQC está bem melhor! Dá-lhe Rafinha Bastos e o quadro Proteste Já!
quero ir ao cinema.... segunda e quarta! Quero ver o doc. "Joy Division"...
preciso aprender tudo sobre moda... irei cobrir o SPFW! Jana, me ajudaaaaaaaaaa!
quero ir às festas exclusivas do povo da moda... será que irei descolar convites?
na segunda, verei a estupenda (para não dizer "gostosa") Joss Stone ao vivo e a cores!
li frases bizarras nesta semana de políticos... em breve, se encontrá-las, vou colocá-las aqui em nosso blog...
Vou à Flip... a nossa escritora Camilla Tebet vai também?

quinta-feira, 12 de junho de 2008

falta

ele acordou, nem era tão cedo.
banho, escovar dente, calça, camiseta, tênis.
na hora do café, viu: não tinha amor.
puta que pariu.
foi até o supermercado. tinha acabado.
na venda do seu wanderley, também.
no posto 24 horas, também.
bateu na porta da vizinha, ela também não tinha.
de repente, estava em todos os canais de tv.
as rádios anunciavam.
a internet narrava como se fosse jogo do brasil.
amor em falta.
as pessoas, enfurecidas, invadiam armazéns.
saqueavam culpa, dor, inveja, tudo o que viam pela frente.
tiros. gritos. explosões.
um iraque. uma guerra. exército nas ruas.
em pouco tempo, muitos já eram zumbis.
olhos fundos, andar torto, mortos a vagar.
cena de filme do george homero.
na sala, começou a se desesperar.
procurou em gavetas, sacolas, dentro de malas.
nada.
saiu de casa. precisava de amor. tinha que arriscar.
pegou o carro. quinta marcha. cinco atropelados.
highway.
rumou pela cidade seguinte. e pela seguinte. e por várias outras.
nada. nem pó de amor.
rodou dias. trocou de carros. não trocava nem de roupa.
de repente, em uma cidadezinha, encontrou.
mãe, filha, marido.
sentia o cheiro de longe. até salivava a boca.
era amor.
saltou ligeiro do carro.
derrubou o marido. espancou a mulher.
ficou frente a frente com a criança.
e caiu, morto.
um tiro na cabeça. limpo. treinamento de exército.
quando viraram o corpo, viram um sorriso.
nem sinal do amor.
mas também não havia dor.
nunca mais.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

ME, A MASS

Fui ao médico e perguntei:
- Doutor, o que será que eu tenho?
Depois de me examinar e fazer alguns testes, ele, com cara de branco, me disse:
- Nada.
- Mas como assim? Por que sinto tudo isso que contei ao senhor então?
-Não sei. Deve ser coisa da sua cabeça.
É tudo na minha cabeça, isso é lógico. Não preciso pagar consulta pra ouvir isso. Virei pra ele e disse:
- sabendo!
E sai daquele consultório para nunca mais voltar. Droga de médico. Médico de droga.
Na saída pensei em ir para outro consultório, talvez para um médico de cabeça. Desisti assim que vi o sol que estava fazendo. Fui para casa, coloquei um biquíni, enchi uma bolsa de livros, revistas, protetor solar, cigarro e um troco. Fui para o clube. É! Algumas pessoas ainda vão a clubes.
Estava vazio. Dia de semana à tarde= clube vazio. Só eu e minha vida de quem escolhe para parar na piscina uma hora dessas.
Dei um mergulho, vi meu cabelo se espalhar pela água. Mergulhei a piscina toda, como criança feliz em sair pra nada. Deitei ao sol, feito gente grande, passei uma tonelada de protetor solar e pensei em passar a tarde ali.
Sabe, eu não usava protetor solar antes. Tenho 34 anos e nunca usei. Nunca bebi pouco. Sempre fumei muito. Nunca dei muita bola pra moda. Sempre me vesti o suficiente pra sair á rua. Sempre dormir tarde e acordei cedo. Sempre fiz dívidas. Sempre amei amores errados. Nunca me preocupei com o amanha. Sempre gastei todo dinheiro que ganhei. Nunca quis ter registro em carteira. Sempre odiei horários. Nunca cumpri regras. Sempre fugi de formulários. Não declaro imposto de renda. Não renovo carteira de motorista. Único documento que me preocupa é meu passaporte.
Minha casa é legal, mas bagunçada. Cozinho bem, mas faço muita sujeira. Pra mim não existe boa comida cara. Meus amigos são de todas as tribos. Não gosto do mesmo. Sempre mudo de endereço. De cor, de carro, de decoração. Só não mudo de cara porque não dá.
Ando usando esmalte roxo e batom rosa. Outro dia até uma bota rosa eu comprei. Eu, que nunca gostei de rosa. Ando lendo poesia, coisa que nunca fiz por pura burrice. Ando aceitando conselhos. Ando andando. Converso com meu cachorro e faço carinho nas plantas.
Buzino no trânsito, bato na porta do elevador se vejo que está parado em algum andar. Não respondo e mails todos os dias. Não leio bulas e não digo mais como me sinto a qualquer um.
Parei de comer pizza, nunca gostei, mas comia por ser popular. Sabem que não gosto de pipoca? Verdade. Às vezes até digo que comi, mas não é verdade. Antes eu não gostava de feijão, hoje adoro, de todas as espécies. Eu amava strogonoff, hoje não posso nem ver. Não gostava de mostarda, hoje compro um monte e ponho até na salada.
Fui à uma festa junina outro dia e tomei quentão, que sempre detestei até o cheiro. Comi cachorro quente também, que odiava. Algodão doce e churros. Voltei pra casa rolando de tão cheia. Mas sem culpa. Antes eu me culpava muito, hoje não culpo ninguém. È tudo obra do universo. Deixo-o agir.
O médico deve ter razão. Tudo coisa da minha cabeça.




Photo: Silver_Renagade - deviantart

terça-feira, 10 de junho de 2008

Plutão


Caronte e Plutão dois personagens da mitologia grega ressuscitaram nas discussões dos astrônomos nos últimos tempos. O primeiro era o condutor de um barco cujo trajeto pelo rio Styx ia dar no submundo do senhor dos infernos. A parceria continua. Caronte é o satélite do planeta Plutão. Para ser exata do ex-planeta rebaixado à condição de anão. Plutão é o regente de Escorpião, signo do presidente da república.
Uma pesquisa histórica e eis-me conhecedora de alguns segredos da astrologia. Ela se desenvolveu na Mesopotâmia, terra da escrita coneiforme, aquela dos caracteres em forma de cunha. Com uma região composta de grandes planícies, a observação do céu era fácil, por isso a Astronomia e sua extensão, a astrologia tornou-se a principal ciência desse povo. Nesse ramo, o conhecimento dos sacerdotes era notável. Entretanto, a matemática, a medicina e o direito também não ficavam atrás, imaginem o Código de Hamurabi e sua máxima olho por olho e dente por dente. Bons tempos! De seus templos, umas torres altas, que serviam também como celeiro de alimentos e observatório astronômico a classe sacerdotal exercia o poder. Nessa época, a ciência não existia como hoje, e a religião absorvia a função de ampliar a sabedoria dos povos. Essas torres ou zigurates possuíam sete andares, a soma dos cinco planetas vistos a olho nu mais o sol e a lua, os luminares. Em cada andar predominava a cor correspondente ao corpo celeste, por exemplo: Saturno/negro, Marte/vermelho, Mercúrio/azul etc. Como atualmente conhecemos oito e alguns anões, a humanidade não avançou tanto assim. Mas, voltando à astrologia, o mapa astral mais antigo é de Sargão I datado de 2.350 a.C. Terá o astrólogo dito a verdade a ele? Foi desbancado pouco depois.
A exclusão de Plutão não deve alterar seu simbolismo em mapas astrológicos, pois sua influência é para a vida toda, quer ele seja planeta ou não. Será esse novo anão companheiro daqueles anões do Congresso? Não sei. Só sei que o presidente tem Plutão na casa cinco. De acordo com os entendidos existe uma grande probabilidade de o presidente sofrer um grande terremoto nas suas contas bancárias. Não vai sobrar nada e ainda pode ter uma doença crônica agravada. Será que vai cair mais um dedo? Credo, tudo isso por causa do tal Plutão, uma simples bola de gelo em forma de asteróide? Não é uma previsão, eu não entendo nada disso, só fiz uma consulta.
Porém, o senhor Lulla da Silva não precisa se preocupar, afinal um ex-planetinha só não faz verão... ou faz? Olha aí a operação Xeque-Mate, sem falar na Navalha, no Renan, no compadre e no Vavá, quem diria... fez tráfico de influência, afirmaram os jornais. Mas, o Senado, a Câmara dos Deputados e as nossas frouxas leis não permitirão que eles sejam atingidos pela fúria de Caronte e Plutão, essa dupla implacável. Uma pena, quem dera o Código de Hamurabi ainda estivesse em vigor!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Das ruas...




Fui criado numa pequena cidade onde rua era lugar para brincar, jogar bola, andar de bicicleta, e, de vez em quando, tinha que parar e deixar alguns carros passar. Calçada servia para ter árvores e a gente apenas passava por ela para chegar à rua.

Era muito espaço para pouco carro. Naquela época, “rodízio” era algo relacionado à pizza e não a placas de carro. Hoje, vivo em uma cidade onde ruas não suportam mais carros e calçadas servem como meio de ultrapassagem para motos.

Como motorista em São Paulo, passei por diversas fases. No início, muito cauteloso e assutado, além de perdido. Um verdadeiro “roda presa”, como fui xingado uma vez por um taxista. Primeira evolução: perdi o medo e ganhei confiança. O abuso foi aumentando. A confiança exagerada foi me dominando. A lição veio em seguida e com ela a prova de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo. Pelo menos não sem uma colisão. Claro que foi minha culpa. Pelo menos, escolhi a dedo: uma Rav4 (R$ 130 mil) - faço questão fazer bem feito, mesmo quando faço merda.

Segunda evolução: aprendi, de certa maneira, que não adianta ter muita pressa. Isso porque, quando você se arrisca todo para pegar o próximo sinal aberto, sempre você encontra um motorista conformado com o trânsito para empatar a foda.

Terceira e(in)volução. Fiquei neurótico. Você percebe quando ficou neurótico quando sabe o momento certo de mudar de faixa.
Aqui tem que pegar a da direita porque muitos viram à esquerda e atrapalham os que seguem em frente. Agora tem que pegar a da esquerda porque tem uma ruazinha de onde entram carros na faixa da direita. Agora ... que horas são? Ahh... a escola já fechou e não tem mais estudantes aqui.

Passei a analisar a engenharia de tráfego. Por falar nisso, nunca tinha pensado que tráfego era algo tão complexo que mereceria um estudo digno de “engenharia”. Depois que criaram uma rádio para falar exclusivamente sobre o trânsito da cidade, nada mais me surpreende. Comecei a tentar entender como a lógica – ou a falta dela – afeta o fluxo dos veículos. Comecei a buscar possíveis soluções aqui e ali. Semana passada, cheguei ao limite de escrever uma carta para a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) propondo uma melhoria específica, perto da minha casa, óbvio. No dia seguinte, tive a resposta de que ela seria encaminhada ao departamento que cuida do assunto. Estou aguardando...

O que vem ocorrendo é que cada vez mais está impossível se locomover. Isso não é um problema dessa cidade, apenas. Sei que há muitas outras, cujo trânsito era considerado normal e agora está ficando caótico. Segundo relato de um amigo meu, Brasília é um exemplo disso. Especula-se sobre a implantação do rodízio (não o de pizza) lá.

Existem inúmeros culpados por tudo isso. Falta de investimentos em infra-estrutura e em transporte coletivo. Até o aquecimento da economia tem sua parcela de culpa. Em São Paulo, centenas de carros são emplacados a cada dia. Com crédito fácil e relativamente mais barato, hoje, financia-se automóvel em trilhões de vezes. Estou até vendo, daqui a pouco, a criação do Sistema Financeiro da Locomoção. E tem gente que vai terminar de pagar a prestação da casa própria antes mesmo de liquidar a dívida do carro.

Além dessas razões, grande parte do problema ainda está no motorista. Os conformados ainda são maioria – e estão em toda parte. São egoístas. Não pensam que se forem um pouco mais para frente, se aproveitarem melhor o espaço, se andarem um pouquinho menos devagar, se pensarem que há milhares atrás deles, mais um poderia aproveitar o farol, mais um poderia pegar a saída para outra rua ou, até mesmo, mais um chegaria à garagem de casa.

Dizem que corro. Não é verdade. Em condições normais é impossível correr, mas quando é possível, ando no limite da velocidade permitida. Outro dia ouvi naquela rádio de trânsito uma sugestão enviada por um motorista que dizia que todos deveriam andar no limite da velocidade. O pessoal da rádio obviamente disse que não poderia estimular esse tipo de atitude, que não seria correto, mas recomendaram aos motoristas mais lentos usarem a faixa da direita.

Outro dia tomei uma multa (mais uma). Dessa vez foi por excesso de velocidade. O limite era 70 km/h. Passei a 78 km/h. Descontando a margem de erro, a considerada foi 71km/h. Setenta e UM!!!! E UM!!!!! Não acho justo. Essa velocidade é muito baixa para a avenida. Na verdade, estava fazendo um favor. Havia espaço. Queria sumir da frente dos outros. O problema é que, ao mesmo tempo em que estava sumindo da frente dos outros, estava trazendo os outros (aqueles conformados) para perto de mim. Pensei em recorrer da multa, mas, lamentavelmente, não tenho registro da minha velocidade média na mesma avenida em outros horários. Deixa pra lá...

A quarta evolução está iminente. Não sei como será, mas é possível que eu faça como meu irmão, que comprou uma moto e é um cara feliz. Será que existem motoqueiros conformados? Duvido. Estou ciente dos riscos, mas tudo tem seu preço.

Não posso deixar de registrar um fato inédito, que aconteceu comigo na semana passada. Pela primeira vez, alguém que me ligou no celular, e, ao saber que eu estava dirigindo, fez questão de desligar e dizer que chamaria em outro momento. Era da companhia de seguro.

domingo, 8 de junho de 2008

Carrie Bradshaw



"As protagonistas de Sex and the city são ícones de um pós feminismo que acreditam que os direitos da mulher já estão garantidos e que é hora de ir atrás dos sonhos individuais"
Márcia Messa


Tem quem goste e quem não goste, mas lendo a matéria da revista Época não há como negar que Sex and the city deixou há muito de ser uma série de televisão e agora filme e passou a ser um ícone cultural. Impressionante como essa semana só se falou nisso. Eu já vi o filme e amei, é claro. Fiz uma cabine ultra private e chorei, ri, sofri e quis comprar tudo aquilo. Mas voltando, há quem diga que a série prega o consumismo, vida fútl e fácil... Isso dizem as amargas, as que não tem amigas de verdade, as que não perdem nem um tempinho comprando sapato e sonhando com um vestido tal. Mulher que não se identifica em alguma instância com as personagens não sabe o que está perdendo porque ser mulher hoje em dia é isso: é viver de alto alto. Na boa, eu não lutei para poder votar, para deixar o filho em casa, não queimei sutiã, não pedi aumento de salário... eu não acompanhei os passos desse feminismo da qual hoje muitas vezes sou vítima. Calma, deixa eu me explicar melhor, eu lido com homens que temem mulheres bem sucedidas, que não pagam a conta, que não acreditam em casamento e verdade seja dita, eu não tenho nada a ver com isso já que eu herdei toda a atitude que o mundo adquiriu pós feminismo... E quer saber? Eu quero um colo eventual e um homem que seja HOMEM mas também quero ser respeitada como profissional e o direito de fazer happy hour com meus amigos.
Outro dia recebi um texto que dizia que as mulheres estão tendo tanto stress porque hoje não basta ser mulher, tem se que ser super mulher. É sua obrigação coordenar a casa, se dar bem no trabalho, encontrar o homem da vida, ter amigos, filhos perfeitos tudo isso fazendo pilates cinco vezes por semana e linda!
Mas voltando, as personagens são consumistas sim mas qual o problema em se gastar dinheiro que se ganha trabalhando muito? E qual o problema em se divetir como homens errados até encontrar o certo? Se é que existe algo como o homem certo, vamos combinar! Resumindo, eu sou meio Carrie Bradshaw mesmo.



sábado, 7 de junho de 2008

Neurótico Viajante


A neurose vai tomando conta de sua vida sem perceber você se torna um neurótico completo. Mas tão neurótico que acaba convencendo as pessoas de que aquilo que faz tem todo sentido. E não aceita o contrário. E trabalha cada vez mais pra convencer o mundo de que está certo... E se você é um neurótico bem qualificado você convence... E vê as pessoas fazendo aquilo que você sugeriu e as vê ensinando outras, fazendo com que o mundo se torne um grande sanatório...

E honestamente, aeroporto não é um lugar legal pra pessoas neuróticas. Mas é lá que tenho passado grande parte do meu tempo. O problema não é medo de acidente aéreo não, até porque todas as vezes que entro no avião eu tenho certeza de que ele vai cair, mas eu, como sempre sento perto da saída de emergência, sei que vou conseguir abrir a porta antes da queda, voar apoiado nela, sofrer algumas escoriações e desmaiar, acordar no hospital com um monte de repórteres perguntando se eu "nasci de novo" e responder que "Não porque ninguém nasce de novo. Só essas pessoas idiotas que têm vidas medíocres e precisam de um acidente aéreo pra acordar e começar a aproveitar e dizer que nasceram de novo". No dia seguinte vou acordar e andar de bicicleta no parque, como se nada tivesse acontecido. Além disso, a novidade é que agora viajo com a câmera fotográfica digital na mão... Minha idéia é em caso de pane, começar a tirar foto de tudo e filmar também. Antes de voar com a porta de emergência, vou puxar o colete salva vidas de baixo do banco, inflá-lo, colocar a câmera dentro dele pra que ela não quebre na queda do avião e deixar fotos do acidente de um ponto de vista inédito além de sons de terror para o mundo...

Mas enfim, isso não é coisa de gente neurótica não. É uma coisa pessoal minha. Deixe-me voltar ao tema.

O problema de aeroportos é que tudo lá envolve tempo... E tempo só alimenta a neurose... Você tem de chegar 3 horas antes do embarque, aguardar 1 hora na fila, embarcar 2 horas antes, ficar 30 minutos na fila da imigração, anunciam que seu avião está 20 minutos atrasado, depois que faltam 10 minutos pro embarque...tudo como referência o tempo e isso é um problema pra quem é neurótico.

Por essa razão vou citar algumas coisas que todos poderiam fazer (ou não fazer) no aeroporto pra economizar tempo no embarque:

Ao verem alguém perto do portão de embarque as pessoas já começam a formar uma fila bagunçada, mesmo que seja uma hora antes. E daí, quando começa o embarque, todos têm de sair do lugar porque velhinhos, crianças e quem viaja business class embarcam primeiro... E isso incomoda muito porque atrasa tudo, uns se aproveitam pra furar a fila, que se transforma num monte de gente aglomerada e provoca até mesmo interrupção do embarque e chilique do funcionário da empresa aérea, que provavelmente também é neurótico e atrasa tudo. Portanto, nada de aglomerações desnecessárias...Esperem sentados...

Essas pessoas que embarcam antes, em geral, não são neuróticas (nem podem ser mesmo porque além de embarcar antes são crianças, velhinhos ou vão sentar-se em uma poltrona confortável). Enfim, essas pessoas não percebem que o picote do papel do cartão de embarque é ruim e que leva uns 3 segundos pra que o atendente destaque uma parte da outra. E muitas vezes - o que é enlouquecedor - seguram o bilhete pelo lado contrário... A parte que vai ser entregue fica na mão do passageiro e a parte do passageiro na mão do atendente... E isso aumenta o tempo de embarque em mais uns 3 segundos!
A técnica é você já começar a destacar a parte picotada superior e inferior do bilhete ANTES de entregá-lo. No momento em que for fazê-lo, entrega a parte MAIOR para a pessoa, que deve SEGURÁ-LO enquanto você delicadamente puxa a outra parte... QUE JÁ ESTÁ COM O PICOTE COMEÇADO... e você não precisa parar de caminhar enquanto faz o processo... Isso é fundamental... e economiza ao menos uns 2 segundos do embarque de cada pessoa...

Outra coisa que as pessoas não entendem é que nos aviões maiores...SEMPRE são conferidos os assentos dentro da aeronave, pra que você pegue o corredor correto e não bagunce tudo e atrase a acomodação das pessoas. Então, você NÃO DEVE guardar o cartão de embarque até entrar na aeronave e sentar-se... O fato de ter de procurar o cartão - tem gente que o perde num percurso de 20 metros. É incrível! - atrasa todo o embarque dos demais.
Na verdade, você deve guardar o comprovante do cartão no bolso... É o único local aceitável... Se não tem bolso, sei lá.. enfia no... segure-o nas mãos até o avião decolar... Depois você pode fazer o que quiser com ele...

Quanto à bagagem... As pessoas insistem em querer levar a mãe na mala de mão, que de mão não tem nada... Ainda bem que não a levam porque senão essa mãe levaria um tapão por ter criado um filho tão imbecil. De maneira breve, as pessoas têm dirigir-se a seus assentos, ENTRAR NO ESPAÇO DO ASSENTO e somente então colocar a mala no compartimento superior. Não é pra por a mala em cima enquanto está no corredor... Isso atrasa todo o embarque.

Uma vez acomodadas, as pessoas têm de entender que estão numa lata de algumas toneladas, com uma poltrona que se inclina a uns 89 graus e estão a 20 cm do assento da frente. Por mais que estejam fazendo a viagem dos sonhos, há outros que lá estão pra passar uma bosta de semana numa bosta de país, com uma bosta de comida, pra fazer uma bosta de trabalho, pra entregar pra uma bosta de chefe e que depois desse monte de bosta vai passar por tudo isso outra vez pra voltar pra casa, então tentem prestar atenção aos sinais: Fone de ouvido no ouvido e livro aberto significam NÃO ESTOU A FIM DE BATER PAPO. Respostas curtas para perguntas imbecis significam NÃO ESTOU A FIM DE BATER PAPO também...

Muito importante... NUNCA, MAS NUNCA MESMO peça pra mudar de lugar. Chegar antes no check-in aumenta as possibilidades de pegar a poltrona menos ruim... Então, pense nisso antes de pedir alguma coisa a alguém...

Se você é do tipo que não consegue ficar sem ir ao banheiro do avião - há pessoas que sentem um prazer doentio nisso...só pode ser, mas não é o caso do neurótico. O neurótico é asseado e evita ao máximo usar o banheiro do avião... E se o utiliza, o faz durante...não...não vou dizer a técnica pra não a usarem também...Enfim... se precisa ir ao banheiro e está na janela, entenda que TUDO na vida tem um preço...

Aquele apoio pra cabeça do ladinho, na janela, aquela vista linda custam o desconforto da imobilidade...Aceite e respeite o cara que está no corredor. Se você está na poltrona do meio, na fila do meio, sinto muito...é o pior lugar e nada justifica...você tá ferrado mesmo...Vai ter de incomodar a pessoa que senta no corredor, então tente não esperar que ela durma...

Pra terminar, porque isso pode ir longe, e podem começar a achar que sou neurótico mesmo: Os assentos para decolagem têm de estar na posição vertical não pra que VOCÊ se dê bem, nem porque o comissário é um gay chato e implicante... Mas pra que o cara que está atrás de você consiga sair correndo em caso de pane e não tenha a droga de seu assento bloqueando o espaço de fuga dele... Entenda isso... Deite a porcaria do assento somente quando for permitido...

Tenho certeza de que alguns desses conselhos fundamentais serão aproveitados por alguns. De qualquer forma, já valeu esforço se no próximo vôo lembrarem de mim ao ver o picote do cartão de embarque...Boa Viagem!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Vozes

Hoje, ao ir a uma entrevista coletiva - fui conversar com as atrizes da peça "Confissões das Mulheres de 30" - reparei na vozes daquelas mulheres lindas durante a conversa, ... e que vozes! E, assim, cheguei à conclusão que quero ter a voz de um ator de teatro. Uma voz que chame a atenção, que consiga alcançar o espectador da última fileira. Não que a minha voz seja feia - isto, eu deixo que você mesmo julgue -, mas, sei lá, fiquei com inveja daquela voz bela, alta, sem gritar.... E, assim, fiquei com vontade de brilhar em uma grande produção teatral... ou, até mesmo sem público, dar algumas cambalhotas no palco deserto...

Ao mesmo tempo, queria registrar que estou em um momento fantasia total... além de estar quase terminando "Harry Potter e o Enigma do Príncipe" - era preciso ler algo mais leve depois de "A Sangue Frio" -, assisti ao bacana "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal". Ok, o Steven Spilberg dá uma viajada no final, mas me senti como meus pais na década de 1980, quando, possivelmente, assistiram às primeiras aventuras de Henry "Indy" James no cinema...

adoro um filme denso, no entanto, os filmes de entretenimento são tão legais, quando quer se desligar do mundo ou, como foi o meu caso, não ter a surpresa de pegar um ônibus com os torcedores do Corinthians - assisti ao filme na quarta-feira, dia da final da Copa do Brasil...

quero várias vozes... outras vozes... todas as vozes... que seja assim sempre!

P.S: galerinha, desculpem-me pela minha ausência nos comentários dos textos... estou realmente sem tempo de respirar... trabalho no jornal, frilas e e-mails a serem respondidos...
P.S 2: a tosse foi curada naturalmente, como eu previa...
P.S 3: tenho ciúme dos meus textos quando ele cai na mão do editor... risos

quinta-feira, 5 de junho de 2008

madrugada

coca-cola. angústia. lembrança.
chocolate. tv. frio.
fiona apple. tristeza. estrelas.
sofá. cama. sofá.
mais coca-cola. mais angústias. mais lembranças.
cabeça. coração. pau duro.
clarah averbuck. louça. meia no pé.
contas. computador. silêncio.
mais chocolate. mais tv. mais frio.
oração. exorcismo. blasfêmia.
fiona apple + clarah averbuck.
silêncio.
sono. sem sono. sono.
sol. banho. realidade.
lembrança. angústia.
e coca-cola.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

TUDO BEM, MUITO PRAZER E ATÉ LOGO


Semana passada falei de um termo que não aprecio, os “dias úteis”. Essa semana, desculpem os que me lêem, mas quero falar sobre mais coisas que não gosto: certos cumprimentos.
Vamos por partes:
O que realmente me incomoda não é o cumprimento em si, mas a honestidade (?) contida nele. O mais trivial de todos: “oi, tudo bem?”. Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr. É incrível. O telefone toca e antes mesmo de me dar conta quem é, ouço: “Oi Camilla, tudo bem?”. E por educação desonesta tenho que responder: “ sim, e você?”.
Quem me conhece, sabe que odeio mentiras, odeio muito. Um ódio diria exagerado para os dias tolerantes de hoje. Odeio mentiras grandes, pequenas, caridosas ou cruéis. E esse tal do “tudo bem?” é uma mentira dupla. Mente quem pergunta, porque não quer mesmo saber e quem responde mente duas vezes: “Sim, tudo”, e nunca está TUDO bem com alguém. E mente no “ E você?”, quando na verdade não quer mesmo saber.
Tá, vocês podem pensar que ando com tempo sobrando para pensar em besteiras assim. Quase verdade, ando com tempo folgado, me dando o direito a certos prazeres, mas isso me incomoda há muito tempo, aliás, sempre me incomodou.
Há tempos venho buscando uma saída para a buzina que toca nos meus ouvidos quando ouço “oi, tudo bem?”, assim, desonestamente educado. Por algum tempo acreditei ter encontrado a saída. E quando me perguntavam “tudo bem?”, eu respondia:“olha, tô muito bem não. As coisas estão complicadas, ando com os saco cheio do meu trabalho, a grana tá curta, ganhei uns dois quilos, peguei gripe 4 vezes nos últimos tempos e não transo há seis meses”. Pronto, uma resposta honesta. Mas fui vencida pelas gargalhadas. Vocês já notaram que honestidade às vezes assusta tanto que é encarada como piada? A rota de fuga é certeira. Experimentem! Escolham um amigo ou conhecido como cobaia, diga a ele o que realmente pensa (de maneira educada, claro!). À qualquer pergunta, responda exatamente o que pensa. Ele acabará achando que você está brincando e vai rir de você. Acontece comigo sempre.
Não estou dizendo que não adoro quando amigos me perguntam como estou. Mas dá para sentir quando a pergunta é verdadeira e quando é um cumprimento, não dá?
Outro cumprimento que me irrita é o “prazer em conhecê-lo(a) ou muito prazer”.Por favor, convenhamos, prazer é uma palavra muito séria para ser usada assim, desonestamente.
Você e seu companheiro(a) vão ao supermercado onde encontram um colega de trabalho dele(a). Ele(a) odeia o colega e você sabe disso, pois é obrigada a ouvir desaforos sobre o fulano quase toda noite. Eles se cumprimentam, ele(a) te apresenta e dois minutos depois, lá vai você: “prazer em conhecê-lo”. M-E-N-T-I-R-A! Prazer é sexo, rock and roll, chocolate, amor, férias , sorriso de criança, fim de semana na praia, noite fria com pipoca e DVD. Isso sim é muito prazer. Então, até no supermercado você é obrigado a mentir por educação.
Quando esse tipo de situação me acontece eu me despeço dizendo: “tchau”. Nem “até logo” digo, porque na verdade logo é muito cedo para ver alguém que não se gosta.
Bem, e daí não é? Não gosto desses cumprimentos e se você também se incomoda com pequenas mentiras, também não gosta. Mas o que podemos fazer quanto a isso? Quando usei respostas honestas, já contei, cansei das gargalhadas. Hoje, ando numa fase muito bem educada, evitando confronto. Então não sei mais o que fazer. Se alguém tiver uma sugestão, aceito e prometo passar adiante. Poderíamos começar uma campanha: “abaixo o tudo bem, muito prazer e até logo”. Ou não, aí é coisa do Clube dos Estranhos mesmo. Esqueçam, mas aceito sugestões menos estranhas.
Bem, era isso. Foi um prazer verdadeiro estar aqui de novo e espero que esteja tudo bem com todos vocês, ou pelo menos mais ou menos. Ok, um pouquinho bem já está bom. Beijos de verdade a todos e até logo.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Acredite no conhecimento astrológico, curadora.



Ivelize De Agostini abriu uma mostra de artes plásticas no final do ano passado. Sim, ela é tia do candidato a prefeito Rodrigo Agostinho e o assunto é a exposição e não a candidatura. A Ive pediu um tempo aos organizadores. Para ela o ideal seria novembro. Deixou escapar 29 de outubro, dia razoável de acordo com sua astróloga. Os envolvidos no evento, a mãe da Janaina era a curadora, optaram por essa data. Claro, o arrependimento veio depois. Imaginem a quantidade de coisas acontecidas. Horário marcado com o Tuca para montagem: 7 horas da manhã. Distribuídas as telas, cadê o rolo de arame para prendê-las? Foi necessário buscar outro. As etiquetas não vieram porque? O computador do escritório de arte pifou. O técnico chamado diagnosticou a morte do coitado. Com esse atestado de óbito precisaram de outro. Bom, até comprar e instalar, melhor pensar: somente em quinze dias as informações contidas no antigo vão estar no novo. A curadora, decidida a deixar a exposição pronta e acreditando saber tudo, resolveu fazer o material em casa.
Mas, cadê a experiência? Não sei imprimir etiquetas, concluiu. Incumbiu à artista, enquanto escrevia um texto e confeccionava um cartaz. Na galeria, Alessandra colou em papel cartão preto. Ao encaminhar o material ao local da exposição, avisou que iam precisar de luvas para manuseá-lo, pois o cartão manchava, só esqueceu do durex e para grudar o cartaz, fita dupla face, era indispensável. Ossos do ofício ou coisas da vida. A organizadora do evento ao sair percebeu estar sem combustível, com óleo baixo e devido ao calor nem água tinha no radiador. Não calibrou pneus, sentiu isso ao deixar o posto e cair no primeiro buraco. Para quem não sabe, as ruas de Bauru são compostas de asfalto e buracos, mais buracos... Rodrigo! Aparentemente tudo acertado, a Janira foi até a rodoviária para reservar uma passagem descobrindo não ter dinheiro para pagar o estacionamento. Viu ou foi vista pela Vera Junqueira, da Unesp, e ofereceu carona. A colega aceitou e gentilmente deu a moeda para o pagamento, saltando no primeiro quarteirão. O Poupa Tempo era seu destino. Deve ter pensando: carona cara! No mesmo dia, a coitada da curadora, a beira de um ataque de nervos, se submeteu a uma cirurgia necessitando de três dias de repouso. Ela jura nunca mais realizar nada sem consultar uma astróloga e quer matar Pierre Thuillier por começar uma campanha para desacreditar essa ciência. O fato aconteceu no século XVII e o homem deve estar mortinho da silva. Desculpe o da Silva, você não gosta muito do Luís 51. Parece até provocação, não é?
Informações astrológicas são largamente difundidas no ocidente vindas da astronomia dos povos da região conhecida como fértil crescente. Ela se baseia em algumas medidas, posição da Terra, relações trigonométricas entre si, dos corpos celestes e no movimento relativo de dois eixos terrestres: o ascendente e o meio do céu. Os primeiros astrólogos apareceram por volta de 4000 a.C. Como uma doutora em História da Arte esqueceu disso? Pagou caro pela falta de crença. Como foi a recuperação? Vai precisar de mais uma, eu soube. Noticias são como anjo, têm asas. Consulte a especialista ao agendar outras datas, ok? Quem avisa amigo é. A astrologia é a ciência mais antiga e sua origem perde-se em tempos remotos, quando a vida das pessoas estava ligada ao ciclo da natureza. O saber astrológico continua firme, mesmo com a campanha de descrédito movida por Thuillier, pois afirmar a existência de um único modo de produzir conhecimento leva a interpretações contestáveis, do ponto de vista histórico. A Astrologia é uma linguagem particular adaptada ao contexto sociocultural desse momento, mostrando que suas noções e seus esquemas constituem um quadro onde os fatos são percebidos. Além de explicação simbólica e poética dos fenômenos ela está ligada à vida do homem desde sempre. Trata-se de saber popular, acredite nele! A Lua estava fora de curso e Mercúrio retrógrado, o pessoal da exposição queria o que, não é João Bidu?