quarta-feira, 18 de junho de 2008

NO SEX IN THE CITY


Acabo de sair da sessão das 9 do Sexy and the city. Unfuckingbelievable. Nem tanto o filme, já que não costumam ser fiéis às respectivas séries, mas a leitura que se tem feito dele.
Então Samantha Jones passa 10 anos de seriado chupando sua liberdade e termina vivendo em função de um homem (cama, mesa e banho) e na última cena ela está gorda, com um cachorro de consolação na Louis Vitton e chupando vela de aniversário tamanha sua fome de si mesma?
Carrie passa 10 anos de seriado prezando sua liberdade autoral e acaba propondo casamento para ter a segurança de ficar com metade de uma cobertura caso o casamento acabe? O casamento não dá certo e como ela já tem quase quarenta fica com o Big (que mais deveria chamar-se Half) mesmo sem o apartamento?
Miranda é racional durante dez anos e depois de casada esquece que depilação ou mesmo uma pobre Gilette existe? E que inversão: a chata Charolote é a única que acaba o filme transando 4 vezes por semana, mesmo grávida, casada e com uma garota chinesa que não fala uma palavra o filme todo no quarto ao lado.
Ok, Sex and the City não é filosofia de vida para me causar tamanha revolta. Mas a ficção em si não foi fiel. E o que me espantou ao ver o filme é que a imprensa brasileira tem falado em revolução das garotas do filme, cantando que elas criaram o conceito de mulher moderna.
Pera ai, a série realmente revolucionou desde o principio ao mostrar quatro mulheres independentes em busca de felicidade à sua moda. Mas o filme não é nem um pouco fiel a essa revolução.
Eu saí do cinema com a impressão de que não importa o que fazemos durante a vida, não importa que decisão tomamos, o final será o que está escrito em algum manual. E se já sabemos o final, estamos brigando com o “meio” só por rebeldia então?
Talvez não seja nada disso. Talvez estejamos vivendo uma geração de mulheres que cansou da liberdade conquistada pela geração passada, cansou de se responsável pela própria vida e esqueceu existe vida além do casamento. Uma geração que precisa de regras para viver de acordo com elas. Mesmo que essas regras venham disfarçadas de subversão. Surpresa: no final você vai ceder à exceção e ser regra.
Enfim, o filme me decepcionou e muito!

4 comentários:

Rosa Bertoldi disse...

Camila:
É a vida, menina. Minha geração quebrou todos os tabus, esperneou e gritou contra a ditadura militar para nada. E tem gente que ainda acusa a gente de ser culpada até pela AIDS devido a liberdade que aparentemente conseguimos. E deu no que deu! Mesmo assim agradeça aos deuses pela liberdade que nós mulheres gozamos hoje e que nossas mães, sua avó nunca nem sonhou que existia.
E fica o convite para o almoço ou jantar não sei. Saiba que sou boa na cozinha. Como tenho um avô judeu e outro baiano a mistura é fina na minha comida.
Bjs e parabéns pelo texto.

Carolina Sperb disse...

eu não assisti ao filme ainda.
e da série, assisti muito pouco.
claro, quando ela começou houve uma 'revolução' e a figura feminina foi vista com outros olhos. mas, depois de ler o seu texto fiquei com vontade de ver o filme e ter certeza de que no fim (pelo menos para a maioria das mulheres; e quero não estar nessa maioria) todas acabam seguindo padrões antes rompidos e cedendo aos tabus. sei lá. essa 'mesmisse de atitudes' me cansa.

beijos procê, gata

Letícia disse...

Camilla,

Do pouco que sei sobre Sex and The City, não tenho a impressão de ver mulheres modernas lutando por suas revoluções. Vejo sim, mulheres lutando para ver quem tem mais relações sexuais e ainda vejo muita lamentação das personagens sobre suas vidas amorosas. Será isso que estamos buscando? Bom sexo e amor? Será essa a nova revolução feminina? Porque se for, já passamos por ela e não percebemos. Já nos foi dada a tão falada liberdade sexual. Mulheres hoje consomem homens e trabalham tanto quanto e decidem se terão filhos ou não. Por outro lado, o mundo continua machista. Mulher acima dos 30, não-casada, divorciada e tudo mais, é sinônimo de Louca Desesperada. Essa é a minha opinião porque tenho amigos hetero e o que ouço deles é isso. É essa a verdade que ainda circula pelo mundo. Acho que o filme tentou mostrar isso. Talvez sejamos as pessoas que nadam e sempre morrem na praia. Mas acredito sempre em mudanças. Acredito em mulheres e homens. E acredito na liberdade. E rezo pra não terminar minha vida sem giletes ou algo para povoar minha vaidade.

Ótimo texto.

Bjs...

Letícia

João Neto disse...

Nunca fui fã da série. Não via quatro mulheres modernas. Via quatro mulheres perdidas e se lamentando demais a respeito de coisas que, no meu ver, são fáceis de resolver. Mas, enfim, ficção é isso aí. Alguém produz, alguns gostam, outros não. já não pretendia assistir ao filme (que no meu ponto de vista é tão somente um caça-níquel) e agora, depois que você já disse que não vale a pena, é que não vou mesmo.