segunda-feira, 16 de junho de 2008

Por trás das lentes

Deixei de assistir a filmes com minha querida irmã há muito tempo. Nada contra a companhia dela, pelo contrário. O problema é que, como todo cineasta, vê filmes com outros olhos. Enquanto eu me entretenho com a trama, ela observa a direção de arte, a continuidade, a técnica da filmagem e muitas outras coisas que nem sei que existe.

No entanto, de certa maneira, já sou influenciado pela visão técnica. É interessante perceber esses detalhes, mas, em certos momentos, atrapalha, já que muda o foco da atenção. Imagine, você está assistindo, sem piscar os olhos, a “O Iluminado” (Stanley Kubrick, com Jack Nicholson) naquela tensão do final, e percebe, pára e volta o filme para ter certeza de que viu um erro de continuidade. Não quebra o clima?

Hoje, quando aparece o vermelho na tela, já fico esperto. Se, um tempo depois, aumentar a quantidade dessa cor, sei que vai rolar algo e já fico preparado para o susto. Dããã. Sei sobre a influência do uso gradativo da cor vermelha.

Outro dia, estava vendo “Sentença de Morte” (James Wan, com Kevin Bacon), filme com a melhor cena de perseguição a pé que já vi. Trata-se de uma gangue de assassinos muito motivada para pegar um homem. A cena toda tem duração de uns 15 minutos. Suspense e muita tensão no ar. Reparei que a câmera corria a poucos centímetros do personagem, com um tremor proposital e vi que havia um longo plano-seqüência (filmagem de uma longa cena sem cortes). Parei o filme, voltei ao início do plano e verifiquei sua duração (2 minutos e 13 segundos). Incrível, mas o clima se foi. Depois do fim do filme, fui ver os extras, coisa que raramente faço, e lá estava o making off da cena. Show de bola! Vale a pena conferir.

4 comentários:

Anônimo disse...

Passando para verificar essas suas idéias que são terrívelmente deliciosas e emblemáticas em mim!

bjk

Janaina Fainer disse...

a todos, desculpa o sumiço...
trabalho... trabalho... trabalho...

João Neto disse...

Passei por esse drama também. Isso de ficar observando detalhes do filme. Hoje estou mais controlado. Deixo a análise técnica para a segunda vez que vejo o filme.

Anônimo disse...

E viva o steady cam operator!