terça-feira, 30 de junho de 2009

Quando tudo conspira a seu favor...

Eu tenho de parar de reclamar, isso sim... A vida me dá inúmeras razoes para só agradecer mas eu continuo reclamando. De repente, isso faz com que eu tente buscar coisas melhores e tudo de certo, mas sei lá... tenho de parar com isso.

Bastou prestar atençao na pessoa certa. Era necessário somente uma pessoa prá abrir-me os olhos, ver que estava tudo bem e que eu é que estava tentando insistir na coisa errada.

Tentei fazer parte de vários grupos de pessoas por aqui. Nao consigo me enturmar. Descobri que nao consigo porque na verdade, a maioria dessas pessoas nao tem nada a me acrescentar. Quem é que muda de país e vai viver num prédio com outros 15 conterraneos? Mude... cresca, aprenda... Deixe o passado prá trás. Aproveite a oportunidade de estar longe, fora e arrisque. Até eu que sou meio devagar estou fazendo isso.

Tive o final de semana mais incrível de toda minha vida. O sábado foi o dia quando mais senti-me livre de que me recordo. Nao tomei uma gota de álcool. Nao precisei de nada prá me libertar, para nao sentir vergonha, prá nao ter medo de fazer bobagem...

Bastou estar com a pessoa certa, ouvir a coisa certa, falar a verdade e nao sentir receio. Simples assim.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

HAPPY END





Era uma vez uma moça que sentia muito medo do mar. Adorava ir à praia, ficar deitada ao sol, ouvir o barulho das ondas, sentir a areia sob os pés. Entrar na água? No máximo até o joelho e enfrentar as ondas bravamente, ali, no rasinho.
Como era bonita havia muitos olhares em sua direção. Das mulheres invejosas, procurando celulite, das mulheres bondosas agradecidas a Deus por aquele colírio, dos homens moços pensando sobre como ela seria pelada e dos homens velhos pensando sobre como ela seria pelada.
Ela gostava muito desses olhares e carregava sua cadeira de praia por entre os guardassóis, para a beira d´água ficando ali de olhos fechados, sentindo cada poro aquecido. Tornava-se a cada dia mais linda.
Um dia um rapaz pediu que ela cuidasse de suas sandálias. Ela ficou observando seu andar e achou interessante. Viu que ele mergulhava furando ondas, viu a alegria dele, manifesta no sorriso tranquilo, quando passava a mão nos cabelos encharcados, e ficou pensando que talvez fosse bom conhecê-lo melhor. Ele veio pegar as sandálias e perguntou se ela aceitaria uma água de côco. Ela aceitou. No caminho ele perguntou por que seu cabelo estava seco.
-Não gosto muito do mar.
-Impossível, o mar é demais!
-Verdade! Quer dizer... gostar, eu gosto, é que...
Ela baixou os olhos, sem jeito, ele adivinhou.
-Você tem medo do mar! É isso!
Sorria abertamente olhando-a encantado. Ela não era deste planeta, tão linda, tão tímida, tão simples...como poderia ter medo do mar?
Voltando da barraquinha da água de côco ele fez o convite:
- Vem comigo! Disse, pegando a mão dela.
Ela sentiu-se valente, talvez faltara alguém para dar-lhe a mão até agora, alguém para estimular suas braçadas e mergulhos. Começaria hoje pensou.
Entraram felicíssimos na água. Ela agarrada naquele braço forte e bronzeado. Estava segura, ele seria seu salvador. A onda vinha vindo, crescendo, começando a branquear, mostrando que quebraria bem em cima deles, a água foi subindo... Foi aí que ele, esquecendo seu novo amor, pois que era um velho amante das emoções, largou da mão dela e furou a onda magnífica.
Ela gritou, engoliu água, afundou, engoliu mais, gritou mais e voltou. Ele estava ao seu lado sorridente quando conseguiu abrir os olhos.
- Não foi legal? Viu como é fácil?
Os soluços deixaram-na trêmula. Olhou para ele, viu que vinha outra onda, viu a mesma cena, já sabia o que iria passar, fechou os olhos e a boca, não gritou e não chorou mas bateu os pés e os braços. Quando viu novamente a cara dele sorridente ao seu lado, deu-lhe um solene tapa, foi caminhando para o raso aos trancos e barrancos ou aos tombos e ondas, fechou sua cadeira de praia, chutou as sandálias dele e nunca mais se viram.

domingo, 28 de junho de 2009

Não é só em São Paulo

Vienna, Praga, Budapeste e tantas outras cidades tem sofrido com alagamentos. Na Polônia, ao menos 30 pessoas morreram em consequência das chuvas.

"Austria, Czech Republic, Hungary, Poland and Slovakia are under flood alerts. In Austria, the river Danube has risen this week after some of the heaviest rainfalls in 50 years. The water level was expected to overflow in Vienna on Thursday, June 25. In Czech Republic, severe flooding killed at least 8 people near the country's border with Poland and Slovakia. Authorities issued several flood warnings for the following areas: Jihomoravsky, Moravskoslezsky, Olomoucky, Pardubicky, Vysocina, Zlinsky.
In Hungary, water management officials expect the Danube to peak at 700cm along its stretch in Budapest at the weekend. The river will flood the riverside roads, which will be closed. Polish authorities Wednesday declared a flood alert in the southern parts of the country following heavy rain that inundated a vast swathe of the country and cut off roads. Several rivers also overflowed in the Krakow and Rzeszow areas in the southeast.
In Slovakia, authorities declared on Thursday, June 25, a second flood alert in the western part of the country."

sábado, 27 de junho de 2009

Orfeu


Li uma definição para museu e fiquei encantada com a sensibilidade de Marília Xavier Cury. “Museu é filho de Orfeu. Orfeu cujo mito é o mais complexo e extenso que há na Grécia.” Para a autora, museologia é: “o resultado das ações do museu ao recolher os fragmentos da poesia que está nas coisas,” no patrimônio cultural, eu diria. O museu possui o “olhar seletivo” de seu pai Orfeu e como ele é um poeta.
Pensei no outro Orfeu, o da Conceição, texto de Vinicius de Moraes, classificado como tragédia carioca. Ele revelou no prenome do protagonista a intenção de reviver um mito, transferindo os acontecimentos para um morro da cidade do Rio de Janeiro.
O primeiro ato foi escrito em 1940, mas a peça foi concluída 13 anos depois. Encenada em setembro de 1956 transformou-se em redundante fracasso. Orfeu da Conceição tornou-se mundialmente famoso através do filme francês Orfeu Negro baseado no texto de Vinicius e filmado no Brasil, sob a direção de Marcel Camus. Existe um outro filme Orpheé, de Jean Cocteau, onde ele transpõe o mito, literalmente.

Orfeu da Conceição: uma tragédia carioca não foi fiel à mitologia grega.
a) No relato mitológico Clio não era mãe de Orfeu e sim amiga de Cirene, mãe de Aristeu. Os pais de Orfeu foram Calíope e Apolo.
b) Orfeu e o assassino de Eurídice têm o mesmo pai na tragédia grega.
c) Irmão, na gíria carioca conota amizade. A palavra irmão, no caso do filme não obedece à mitologia, só a essência das personagens: ambos são amigos fraternais. Aristeu torna-se oponente de Orfeu por causa de Eurídice, amada por ambos.
d) Plutão e Perséfone, sua mulher são os nomes dos senhores das regiões infernais. No mito Orfeu vai ao inferno em busca de Eurídice, após acordo conseguiu resgatá-la com a condição de não olhar para trás. Preocupado com a amada virou-se e o vulto desapareceu. Na peça Orfeu vai aos Maiorais do Inferno (metaforicamente ultrapassou os limites humanos, foi ao inferno...). Na versão de Diegues a morte aparece como a Dama Negra e o inferno é o abismo ao redor do morro, um cemitério clandestino.
e) No mito, Eurídice é picada por uma serpente. Na peça, Aristeu apunhala a moça, e no filme, ele atira nela acidentalmente.
f) O mito de Orfeu prolonga-se no tempo, na figura de Orfeu da Conceição.
g) (Apolo: Toca muito o meu filho, até parece/Não um homem, mas voz da natureza...)
h) Coro: Para matar Orfeu não basta a Morte.
Tudo morre que nasce e que viveu
Só não morre, no mundo a voz de Orfeu.


Orfeu o primeiro cantor do mundo tem inspirado a música, a literatura e a cinematografia mundiais, em virtude da universalidade de seu tema. Vinicius de Moraes prestou uma homenagem aos cantores negros do morro carioca, local onde supostamente nasceu o samba. Puxa, será que por causa do museu, teria eu viajado na maionese, como dizem os jovens?

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Pop goes my heart



Michael Jackson morreu. Ou como disse uma amiga, pegou uma nave de volta ao planeta dele. Coitado. Quer dizer, coitado nada. Talentoso, foi por muito tempo o Rei do Pop e talvez esse título e não a tal quantidade de demerol encontrada em seu corpo, o tenha matado. Óbvio, né? É, mas verdade. Ano passado vimos, ou ao menos eu vi, a sede da imprensa para cima da Princesa do Pop Britney Spears. De princesa a mendiga, a mocinha só não desapareceu de vez ou se matou em um acidente de carro em fuga de paparazzi porque sua gravadora ainda queria (e quer) ganhar muito dinheiro.
Ser popstar deve ser isso, deixar de ser normal, ter relacionamentos bizarros, passar a usar máscara, ter medo do mundo e contratar detetives.
Madonna está ilesa? Como assim? Vai me dizer que Jesus Luz (eita nominho cafona) não é parte da loucura em que a Rainha do Pop entrou após ser brutalmente trocada por uma mulher normal por Guy Ritchie? E ao fazer 50 anos.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

ela

no alto de saltos vermelhos, ela convida o luar para dançar.
caminha com desenvoltura entre as mágoas pálidas e bulímicas.
brinca em casa de árvores, enche bexigas com água, faz bolhas de sabão.
ri.
se suja na natureza, fica imunda de alegria. banho, só de paz.
administra sonhos, receita pílulas, faz da brisa pombo-correio de boas notícias.
os cabelos ruivos brilham lá longe, no universo do desejo.
cheiro de paixão.
tempero de alto-astral.
no mp4, canções de amor.
no coração, o grande segredo.
linda. até na hora de sofrer.
come pipoca no friozinho aconchegante da praça solitária.
sorri.
vai embora, cantarolando mantras de mccartney.
e deixa aquele rastro de saudade que nem chuva, nem lágrima apaga.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

Upside down spinning round and round

É como está minha cabeça.

10 dias em Sao Paulo me fizeram bem por um lado e mal por outro.

Bem porque revi todo mundo, tomei TUDO que eu nao tinha tomado nos últimos 3 meses - vou ter de mencionar o jantar de aniversário da Janaína durante o qual tomamos 3 garrafas de espumante e por alguma razao nao explicada saímos prá comer depois.

Fui a TODAS as baladas possíveis e que queria ir e a pergunta que ficou foi: prá que?

É aí que entra a parte ruim. Com tudo de bom que há por aqui, nao estou sabendo gerenciar bem essa coisa de ter meu lar longe de onde me sinto em casa... E preciso resolver isso e admitir que nao estou de férias no México.

Coisas prá trabalhar como sempre e vejo que 2009 será meu ano de resolver minhas coisas do lado pessoal. Já estou há 6 meses nessas confusoes e nao resolvo...

Mas cada dia está mais claro que preciso resolver um monte de coisas...

E è isso...o Balanço foi positivo no final, tenho de admitir... Sao Paulo é simplesmente ESPETACULAR...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Estou voltando.


Como se vive num lugar de passado tão grande e que o exibe de forma exemplar, invejável?
Nós, com história tão curta, com tanta falta de passado vemos um pedaço da Terra cujo passado tem espaço em todos os livros de arte, cultura e história que circulam pelo mundo. Ela mesma é história, é arte, é cultura, não se pode ignorar.


Firenze exibe com garbo os séculos de arte que a glorificam. Grande parte de sua economia é comércio, a venda da sua imagem/ cultura. Dizem por aqui que se trata da cidade em que mais existem escolas de língua nativa para estrangeiros, produtos que reproduzem a arte, academias em que se estuda arte, enfim, Firenze é cultura e arte até as vísceras.


Sua história nunca foi interrompida. Perdeu o poder político e econômico porém não perdeu a fertilidade, não se transformou num deserto, não diminuiu seu conceito diante do mundo. Florescem aqui estudos, técnicas, propostas e Firenze assumiu, por isso, o cetro de Centro da Intelectualidade Italiana.


Viver em Firenze é um desafio. É preciso ter uma boa âncora na Terra e no tempo. Voa-se com muita facilidade a mundos remotos e perde-se o contato com a realidade.
A Divina Comédia, a Cúpula, o Estado de Maquiavel, são fantásticas passagens para outros tempos/mundos!


A presença da pedra em Firenze é triunfal. O homem que saiu das cavernas trouxe-a para a cidade, para as fábricas, casas e estradas. A pedra utilitária conseguiu também atrair o olhar dos artistas. Florença é um totem em redor do qual giram o Sol e a Lua.


O esplendoroso Sol da Toscana envia reflexos variáveis às poças de água da chuva formadas nas pedras do piso. Dá cor às pedras das paredes úmidas, decora a arquitetura serena e ilumina essa massa cinzenta .


Em Firenze se glorifica a obra humana.

domingo, 21 de junho de 2009

Solistício de inverno

Sim, nessa semana fiquei mais velha e tive algumas festinhas e/ou encontro entre amigos para comemorar.
Mas o melhor de tudo foi cair na São Paulo Fashion Week, ver desfiles, badalar e ainda ganhar uma Melissa da edição especial 30 anos. A Melissa é balzaca como eu!Amei!
Já fui muito mais fashion, habituê de SPFW, Casa dos Criadores e AmniHotSpot... mas tudo nessa vida muda e passa...
Ah, e dentre os muros da Bienal, dei de cara com o nosso querido Alan correndo e trabalhando muito.

Solistício de inverno, mais do que uma data

*Roberto Dantas

Nas mais antigas culturas e tradições, se cultivava o hábito de celebrar a vida através dos festivais sazonais. Cada festival tem a ver com a posicão da terra em relação ao Sol e, portanto, novas posições existenciais do planeta Terra, que se manifestam em nosso dia-a-dia de diferentes formas, sutilmente passando muitas vezes despercebidas em nossa vida cotidiana.
Hoje, o ser humano sente uma forte falta de sentido na vida, principalmente quando vive nas áreas urbanas. Apesar das mudanças climáticas, lunares e astronômicas, vivemos como se um dia fosse igual ao outro. Desta forma, estando desalinhados com o movimento da mãe-terra; sentimos em nossas vidas o desequilíbrio espiritual que se manifesta emocionalmente das mais diversas formas, tais como melancolia, falta de perspectiva, desequilíbrios emocionais na forma de raiva, ansiedades e até depressão.
Os povos antigos tinham a consciência dessas mudanças pois estavam mais ligados à natureza, e tinham a consciência de que precisavam estar em sintonia com elas. Por isso comemoravam os festivais como solstícios e equinócios e mantinham-se espiritualmente sintonizados com a Grande Mãe Terra.
Em 21 de junho se comemora o solstício de inverno, quando as noites são mais longas e as características climáticas nos leva a agasalharmos no nível físico, e a recolhermos no nível emocional, para fazer um retiro dentro de nós mesmos, meditar mais sobre a vida, como se houvesse um profundo luto interior. É a própria natureza atuando em nós.
Essa sensação é a própria sensação que o planeta vem vivendo nessa estação do ano. A energia que vive a Mãe-Gaia no seu ciclo eterno revelado nas estações do ano. Para entrar em sintonia, precisamos ter consciência de que estamos em um período de finalização onde precisamos voltar para dentro de nós mesmos e buscarmos a força para a transmutação de tudo o que não serve mais.
Dia 21 de junho, marca o início de um novo ciclo dentro da roda do ano; um ciclo em que precisamos pensar em novas direções para nossas vidas, preparando-nos para os períodos de gestacão e de renascimento que virão nos próximos meses com a primavera. Nesse período, a terra se regenera e essa energia se manifesta dentro de nós, pois somos um microcosmo do mesmo macro-sistema que é o planeta Terra.
Assim como nos rituais de passagem como casamento, batismo, aniversário, também deveríamos celebrar e entrar em sintonia com essas manifestações do planeta através dos festivais de solstícios e equinócios (sabhats e esbhats da religião Wicca, por exemplo) e vivermos uma consciência espiritual mais sintonizada com o Todo, o que nos trará muita saúde para nossa mente e nosso espírito.
Se não puder participar de um ritual em grupo, procure sintonizar-se através de pensamentos e atitudes para consigo e com os outros, respeitando a energia que se manifesta no mundo, e procurando dentro de si as mesmas mudanças que a Terra vive, se preparando para o processo de eterna morte-renascimento que faz parte de nós.


sábado, 20 de junho de 2009

TRANS-CAETANEAR...

Tautologia= linguagem que consiste em falar/escrever a mesma coisa com formas diferentes. Essa deve ter sido a palavra que Moreno disse a seu pai. Você é um tautofônico! Ele por sua vez poderia ter respondido: você não sabe de nada...
Lembro-me do lançamento do disco Cê. Na ocasião, o cantor declarou que estava fazendo experiências com um grupo de jovens, pois sua batida era antiquada, de acordo com Moreno, ok. Mas, reciclar a poesia eterna? Daí veio o Zii e Zie. Alguns adoraram, outros criticaram. Como tenho acompanhado a carreira do baiano, posso dar opinião. Um som razoável com letras ruins. E olha que para eu dizer isso, tem de ser muito ruim, pois, se existe alguém que adora o Caetano, sou eu, Rosa Bertoldi.
Quando penso em trans, transe, transgressor, penso Caetano Veloso. Um sujeito além de seu tempo, em um momento aflitivo, em transe, superando algo, talvez a separação. Caetano tentando transgredir!
O filho não percebeu que o pai tornou-se sinônimo de tudo isso, basta ele sentar, pegar seu violão, dedilhar e a canção aflora. Seu trabalho é vida/ biografia, não precisa se reidratar. O garoto está enganado, o poeta diz as mesmas coisas sempre de forma diferente. Acorda Caetano tropicalista. Você é uma revolução permanente. Os irmãos Campos disseram, o mundo concordou! Acorda baiano de Santo Amaro da Purificação, filho de dona Canô, irmão de Maria Bethânia, ex-marido da Paulinha, pai do Moreno, do Zeca e do Tom. Seja o Caetano da Vera Gata e do É proibido proibir, enfim, seja você, que de ultrapassado não tem nada, pois melhor que o silêncio, só mesmo Caetano. Esqueça o Lobão, ele falou que você se repete? Esqueça o albino, como é mesmo o nome dele? O da referência a um poeta menor, você. Esqueça o Moreno. Esqueça tudo, lembre-se somente do poeta enorme que é você!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

quinta-feira, 18 de junho de 2009

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sem nome...

Meus caros…

Sinto informar-lhes que se abateu sobre mim um misto de gripe e desânimo, não necessariamente nessa ordem. Uma afasia incapacitante e acinzentada que impede qualquer tentativa de produção literária, por mais despretensiosa que seja. As idéias são muitas. Algumas sobre a maravilha da humanidade. Outra sobre a mesquinhez dos homens. Muitas sobre a injusta finitude da vida humana e alguns lampejos de um hediondo sentimento de que alguns humanos não são dignos de tal adjetivo. Cheguei mesmo a ter a impressão de que pretender tratar os cães como humanos seria algo terrível para os cães. Contradição sobre contradição, sobre contradição. Esta a característica humana por excelência.


Nestes dias meus companheiros tem sido o chá verde (que amarela os dente de modo impressionante) e os cobertores (não felpudos, vez que estes produzem séries de espirros cômicas). A internet, ao alcance das mãos, não parece trazer novidades. Sombrios tempos estes em que as manchetes desta semana se parecem demais com as do mês passado, e do retrasado, e assim por diante, ad infinitum...


Muito embora tudo que foi dito, conheço-me bem a ponto de saber que estes traços de bipolaridade (não sei se é isso... não fui diagnosticado por um profissional) estarão bem distantes deste confortável cômodo em que me encontro dentro em breve. Então escreverei sobre flores que não tocaram meu olfato, amores que não arranharam meu coração, músicas que não ouvi, paisagens que não vi... enfim. Utilizarei o arsenal de possibilidades dos que colocam palavras em papéis e que muitas vezes não precisam fazer um mínimo de sentido. Afinal, acho que quero é ser um grande fingidor mesmo (salve Pessoa).


Para a Marta, que me fez – com o maior prazer do mundo – sair da cama e vir até aqui. Este tosco ensaio é pra você.


Abraços e até quarta-feira que vem.

Thiago.

terça-feira, 16 de junho de 2009

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O ANIVERSÁRIO







Noventa anos é data para ser comemorada.
Dalila planejou tudo: os melhores salgadinhos, vinhos seco e frisante, tinto e branco, sucos, refrigerantes e a cerveja para Danilo. As taças todas sobre a mesa , gelo no baldinho e whisky, afinal alguém poderia ter mudado de gosto, a porcelana polonesa herdada da mãe, a toalha usada só nas grandes ocasiões e os guardanapos grandes, impecáveis, de linho com monograma bordado à mão.



Convidara os quatro. Quem viria?



Lucy chegou com o mesmo vaso de sempre, o mesmo perfume, o mesmo sorriso e a mesma desculpa: não poderia ficar muito. De ano para ano só mudava a razão. Desta vez era porque Enzo chegaria da Europa à noite. Estava linda e distante.



Danilo foi o segundo. Sorriu quando Dalila lhe ofereceu cerveja
– Estou ficando barrigudo, tia – disse. Um whisky, sim.
Os queijos estavam na mesa. Serviu-se sem olhar para Lucy à sua frente. Há anos não conversavam.



Celeste e Celso chegaram juntos. Desde pequenos os gêmeos eram muito unidos. Conversavam o tempo todo, viajavam com seus companheiros, eram até motivo de comentário. Inexplicavelmente unidos, nunca brigavam, gostavam das mesmas coisas e eram amorosíssimos com a tia. Trouxeram perfume, chinelo acolchoado, bombons e, num envelope, o convite para uma viagem com eles para Porto Seguro.



Dalila adorava os quatro. Sem filhos, sempre visitara muito os irmãos, e fora aquela tia querida que fazia os brigadeiros, enchia os balões, acudia cada amiguinho que se machucava, vestia-se de coelho, Papai-Noel e o que precisasse. Foi a confidente de todos eles, o refúgio e aconchego de todos. Independente, gostava de viver sozinha mas contava com os irmãos. Um a um tinham morrido e agora ela, sozinha, aos noventa, sentia um pouco de medo dessa solidão que fora sempre tão importante.



Programara tudo para hoje. Teria que ter coragem.



Tirou os salgadinhos do forno, repôs o gelo, Glen Miller no equipamento de som, os três primos conversando e Lucy folheando uma revista, parecia que tudo corria bem.



Confiante, Dalila aproximou-se deles e disse que precisava dizer uma coisa.
Celso, brincalhão, começou e os outros acompanharam:
- Discurso! Discurso! Discurso!



- Não é discurso, meus amores, mas é uma declaração. Tia Dalila está muito sozinha e velhinha. Chegou a hora de pedir um favor a vocês.



- Claro, tia, não é favor nenhum, sua vontade é uma ordem.
- Pára com isso, tiinha! A senhora sabe que fazemos tudo pela senhora. Pede!
- Eu tenho um pouco de medo...
- Já sei, a senhora quer autorização para namorar!



As risadas altas pareceram a Dalila um pouco nervosas. Talvez estivessem matutando sobre o que ela poderia dizer de tão importante... Seria a hora certa? Mas se não fosse agora quando seria?



- Bom, meninos, vocês vão ver que é um favor, sim. Não vou enrolar. Gostaria que um de vocês viesse morar aqui, comigo. Não quero deixar meu cantinho, não quero incomodar pedindo para ir para a casa de um de vocês e não posso continuar sozinha. Fiz exames recentemente, estou forte, não preciso ir para uma clínica, casa de repouso, nada disso. Poderia até contratar uma empregada para ficar à noite, durante o dia a Nina cuida de tudo mas à noite tenho sentido um pouco de medo. Pensei, pensei e não quero uma estranha aqui, enquanto durmo, tem tanto maluco neste mundo... Então quis propor a vocês. Não precisam responder agora. Pensem, mas não demorem muito. Está bom?



Olhou docemente para seus queridos meninos que, de olhos baixos tinham a fisionomia cerrada. Nada de risos, nem sorrisos, estavam claramente preocupados. Ela os conhecia tão bem!



- O primeiro que se manifestar será recebido de braços abertos. Além de não ter que gastar nada ainda vai ser presenteado, lógico, pelo grande favor que estará fazendo à titia... – Tentava manter o bom humor mas havia-se rompido alguma coisa.- Não se preocupem queridos, não é nada tão grave, não fiquem tristes. Vocês não haviam percebido que tia Dali estava velhinha?



Ofereceu mais bebida, buscou salgadinhos quentes, colocou música mais alegre na vitrola, buscou o bolo, cantaram parabéns, recebeu os abraços de felicitações e de despedida, recolhia os pratos e copos, e enquanto dobrava com carinho os guardanapos que iriam para a lavanderia, no dia seguinte, usava-os para enxugar as lágrimas mais tristes de sua vida.



Nunca tivera tanta certeza de sua enorme solidão.

domingo, 14 de junho de 2009

Shibboleth

“Uma rachadura não precisa pedir permissão para existir.”
Doris Salcedo


Há pouco mais de um ano uma ferida foi britada na Tate. Britada é a única hipótese possível se bem que a britadeira e seu piloto deviam ser muito sensíveis para atingir traços tão bem definidos e doces. A obra nunca foi muito explicada tecnicamente. Seu impacto era muito maior. Abertas ficaram as entranhas do museu. Belas, expostas ao prazer da artista e de seus visitantes. Cheias de sinuâncias e significados intrínsecos. Eu tive o prazer de ver Shibboleth enquanto obra presente. Voltei algumas vezes para ser essa obra somente. A cicatriz fechada, pleonasmicamente, cicatrizada está lá ainda para ser vista. A ferida aberta fechou regenerando a ordem. A Tate nunca mais será a mesma.

Abaixo o line up da 27 SPFW

17 quarta
1 :: Osklen 15h
2 :: Priscilla Darolt 17h
3 :: V.Rom 18h
4 :: Paola Robba 19h
5 :: Uma Raquel Davidowicz 20h15
6 :: Colcci 21h30

18 quinta
1 :: Iodice13h30
2 :: Maria Bonita 15h30
3 :: Alexandre Herchcovitch (fem) 16h30
4 :: Cori 17h30
5 :: Forum Tufi Duek 19h
6 :: Huis Clos 20h15
7 :: Cia. Maritima 21h30

19 sexta
1 :: Reinaldo Lourenço 12h15
2 :: Simone Nunes 15h30
3 :: Agua de Coco por Liana Thomaz 16h30
4 :: Carlota Joakina 17h30
5 :: Fabia Bercsek 18h30
6 :: Ellus 19h30
7 :: Triton 21h

20 sábado
1 :: Gloria Coelho 12h45 e 13h45
2 :: Erika Ikezili 15h30
3 :: Maria Garcia 16h30
4 :: FH por Fause Haten 1730
5 :: 2nd Floor 19h
6 :: Oestúdio 20h15
7 :: Animale 21h30

21 domingo
1 :: Cavalera 12h
2 :: Neon 14h30
3 :: Ronaldo Fraga 15h30
4 :: Jefferson Kulig 17h
5 :: Mario Queiroz 18h
6 :: Lino Villaventura 19h30

22 segunda
1 :: Isabela Capeto 15h
2 :: Wilson Ranieri 16h
3 :: Movimento 17h
4 :: Alexandre Herchcovitch (masc) 18h
5 :: Reserva 19h
6 :: Samuel Cirnansck 20h15
7 :: André Lima 21h30

sábado, 13 de junho de 2009

Um mundo único e plural...

O ódio é o guia pálido da calúnia, representado em símbolo pelo macaco carregando sacos contendo as sementes do mal... foi assim que visualizei o autor da mensagem. Pensei em Hitler e na leve semelhança física entre eles, no texto da Myrella, na segunda guerra, no filme Au revoir les enfants, no olhar de Louis Malle em direção ao amigo e nos nazistas levando o garoto judeu. As imagens apontam para o horror sentido ao ler o aviso, listar quem estava praticando preconceito contra um colega, quando o pré-conceito vinha do remetente. Preso a um único ponto de vista, está cego em relação ao problema alheio e míope quando se trata do seu. O outro... o diferente, o diverso do primeiro, o único. Eis a definição do termo. Bastide escreveu: “eu sou mil possíveis em mim, mas não posso me resignar a querer apenas um deles.” A Sociologia vê a humanidade como única e plural. Isso pressupõe ruptura com a monotonia do idêntico, pois as sociedades ocidentais são diversas entre si. Tão desiguais que Tzvetan Todorov da École Pratique de Hautes Études passou parte da vida pesquisando o conceito de alteridade existente na relação de indivíduos pertencentes a grupos distintos. A justificativa encontra-se na situação do autor, emigrante na França, onde a relação entre nacionais e minorias está marcada por xenofobia. No dia a dia, um colega diferente, no trabalho ou na escola, acaba sendo o outro. Alguns autores acreditam que todo preconceito seja medo. Mas, medo em excesso é distúrbio psiquiátrico.
A globalização gerou um fenômeno migratório grande e o ressurgimento do nacionalismo, ambos somados aos distúrbios no sistema econômico apontam para o outro como responsável pelas mazelas do mundo. Estereótipos levam a idéia errada sobre as diferentes culturas. Asiático sujo, negro menos inteligente, mulçumano violento, judeu avarento são exemplos pejorativos.
O que é certo? O que é normalidade? Perguntas sem respostas. Apesar da diversidade existe algo nos igualando: a essência humana. Pessoas devem ser tratadas como tal, não com rótulos ou adjetivos sem utilidade. Não dizia Sartre que existir é escolher livremente? Alguns são jardineiros por opção ou necessidade, outros designers, um outro escolhe ser feliz pura e simplesmente, imaginando: os incomodados que se mudem ou mudem o mundo, se puderem! E sem ódio no coração, pois posturas rígidas demais denotam graves problemas. Necrofilia era uma das doenças de Hitler, além de outras mais!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Feliz Dia dos Namorados

com uma das minhas duplas favoritas



terça-feira, 9 de junho de 2009

Realmente a semana voou. A ultima vez que sentei na frente da televisao foi pra escrever no blog...parece que foi ontem (meu computador é conectado na televisão, ok?). Claro que semanas ou períodos assim são horríveis porque provavelmente nada de legal aconteceu.

Na verdade, acho que a única grande ação da semana foi o fato de ter de passar roupa porque a faxineira não veio. 17 camisas de uma vez... E descobri também que passar roupa sem camisa, vendo concerto do Armin Van Buuren na televisão não é uma boa idéia porque você pode queimar a barriga com o ferro.

O desespero bateu à porta esta semana. Cansei da solidão. Cansei de não ter amigos e não ter com quem falar. O duro é que eu continuo na mesma situação do "Eu sou legal , não to dando mole"...Será que dá prá entender que eu NÃO quero pegar todo mundo que passa na frente? Enfim... no momento do desespero quando eu já estava na porta do carro prá ir pro México, a 100 km de provavelmente fazer alguma bobagem o telefone tocou e era um conhecido de Cuernavaca que me chamou prá sair com seus amigos... QUANTA ALEGRIA... Conheci gente nova, e foi muito legal. Preciso dar um jeito de manter minhas amizades.

Próximo final de semana já estarei em SP. Estou com passagem já comprada :-) São tantas coisas prá fazer que não sei como vou trabalhar... Sim...vou a trabalho... ao menos a passagem é de graça. Mas tenho dois finais de semana incluídos ao menos.

Estou notando uma certa eletricidade durante minha escrita... Será o Red Bull Light que tomei com o jantar? Acabou tudo que tinha na geladeira. Hoje no almoço tomei cerveja e agora Red Bull. Acho que amanhã vou ser obrigado a tomar o vinho que comprei prá fazer risotto e trabalhar depois de tomar vinho é HORRÍVEL! Dá um sono..

Outra coisa que sempre acontece comigo aqui no México... Essa cidade é SECA prá caramba...e eu levo choque em tudo...na porta, nas pessoas... já fui até ao médico por isso e ele disse que não tem jeito... O que eu notei que todo dia eu faço é abrir a porta do carro prá sair dele, levo um choque, bato forte com o braço na porta por causa do choque e a porta bate forte no carro ao lado... Já contei 13 carros amassados pela minha porta... E mesmo sabendo disso, NAO tenho como evitar...

Escrevi coisas sem pé nem cabeça... mas foi o que tive vontade... Saluti a tutti!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

DO MEU BANCO NO JARDIM






Em Florença, do meu banco no jardim eu vejo o despertar artístico e cultural do século XV.



Sob as árvores Dante, Petrarca , Maquiavel e eu discutimos, acomodados ao redor de uma mesa redonda



Dante diz, fleumático:
- O amor feminino dura pouco, se não for conservado aceso pelo olhar e pelo tato do homem amado.
Petrarca, compreensivamente completa:
-Na guerra do amor a fuga é uma vitória... Não te preocupes, caríssimo, preserva teu amor. Se já descobriste que para sobreviver, o amor feminino precisa ser cuidado pelo olhar e tato do homem, olha-o e toca-o.




Digo com segurança, aparteia Maquiavel, que o importante é conquistar o poder e se manter nele. Na política, no amor, em tudo. Conquista teu amor, meu caro, usa os meios necessários para preservá-lo se é este teu fim. Usa todos os recursos, os fins justificam os meios.



Eu interfiro argumentando que não podemos, como amigos, dar palpite na vida de Dante. Ele que decida o que fazer com seu amor. Casado, com filhos, viu Beatriz apenas uma ou duas vezes, como apoiar esse amor romântico e devastador?




-No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise. Estou numa crise, caríssimo, por isso vos convido a mantermos acessa esta nossa retórica – diz Dante cabisbaixo, com seu enorme nariz quase chegando ao peito.




Petrarca, arrogante, interfere:
- Pensas em tua esposa? Pois afirmo-te, as duas cartas de amor mais difíceis de escrever são a primeira e a última. A ela uma vez já escreveste a primeira, tens agora apenas metade da dificuldade a cumprir, escrever-lhe a última. Despacha-a e junta-te à jovem Beatriz!




Riram-se, debochados. Escandalizada tentei apartear:
- Pensais vós nos filhos?



Maquiavel, como se não estivesse ouvindo nossa conversa olha para as nuvens através das folhas, suspira e solta uma de suas ácidas observações:
- A vida como é, está tão distante da vida como deveria ser, que um homem que desiste do que está feito, em prol do que deveria fazer, engendra a sua ruína mais do que a preservação...



Pensativo, completou:



- O príncipe deve ou não praticar o bem, conforme as necessidades. Há dois modos de lutar: com as armas e com as leis, sendo este próprio dos homens e o outro próprio dos animais. Ora o príncipe deve saber usar o animal e a besta que residem dentro de si.




- O que diz meu dileto amigo? Questiona Dante - Que por Beatriz devo lutar como um animal por sua presa? Reconheço não haver maior dor do que a de nos recordarmos dos dias felizes quando estamos na miséria. Em que miséria vivo eu! Meu cofre anda cheio mas de amor está vazio meu lar...




Maquiavel não se poderia omitir ante tal desabafo:
-Não se pode chamar de "valor" assassinar cidadãos, trair amigos, faltar à palavra dada, ser desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à glória. Pensai nisso. A Laura, grande amor de minha vida, escrevo versos porque dela não me julgo digno, não imaginais vós o aperto de meu peito...




Subindo num dos bancos, afastou a capa que lhe caia nos braços dobrando-a sobre o ombro e, num rompante, declamou gesticulando teatralmente



Odeio-me a mim mesmo, alguém amando,
grito sem boca ter, sem olhos vejo,
quero morrer, e a morte me apavora.

A dor me apraz, e rio-me, chorando:
não quero a morte, a vida não desejo...
Eis o estado em que estou

Talvez suponham que em louvar aquela
que adoro, eu exagere-lhe o perfil,
dizendo-a entre as demais, alta e gentil,
santa, sábia, graciosa, honesta e bela.

Mas eu sinto o contrário; e temo que ela
despreze o meu louvor por ser eu tão vil,
digna de algo mais alto e mais sutil,
e quem não o acredite venha vê-la.

Aplaudimo-lo em pé. Despedimo-nos ao soar o Angelus no Campanário de Giotto. Fazia-se hora de ao lar retornar.

sábado, 6 de junho de 2009

Os precursores da Ciência Moderna

Mais da metade das invenções e descobertas fundamentais sobre as quais o mundo contemporâneo se apóia são originários da China. Sem a bússola e o timão, as viagens dos descobrimentos europeus não teriam sido possíveis. Se os homens não tivessem importado da China o estribo, não poderiam ter cavalgado em auxílio às donzelas em apuros ou participado das cruzadas com suas armaduras brilhantes... Sem falar nas armas de fogo e na pólvora. Sem o papel Johannes GUTENBERG não teria inventado o tipo móvel. Estes e muitos outros objetos para as quais não damos à mínima importância são originários da China. Quais?
As manchas solares, a fundição do ferro, a suspensão Cardan, a primeira máquina cibernética, os espelhos mágicos, a ponte de arco abatido, o valor preciso do pi, o sistema decimal, a porcelana, os palitos de fósforo, o petróleo, o gás natural, o papel moeda, a declinação do campo magnético da Terra, o carrinho de mão, a laca, os canais de níveis e a imunologia....
Pelo jeito a Europa tão cheia de si andou somente aperfeiçoando essas invenções. Não se espantem, aconteceu depois na famosa revolução industrial do século XVII.
E os brasileiros inventaram o que? Se você respondeu o carnaval errou. Trata-se de uma festa que acontecia desde a idade média em algumas regiões européias. Pensando bem nós só descobrimos o Walther Salles e o Caetano Veloso. E não está bom, não??????

quinta-feira, 4 de junho de 2009

dúvida

adeus não rima com saudade.
por que, então, são palavras tão siamesas?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O ritual e as massas.

Gripe pesada. Dor de cabeça. Coriza e mal estar... Receita para a rabugice e para um texto com 0% de inspiração literária. Minha veia analítica fez-se mais presente e auxiliadora na elaboração destas idéias.

O ponto que inspira estas elucubrações frias é uma conversa que tive esses dias com uma amiga, em meio à amendoins e uma cervejinha. Conversávamos amenidades quando alguém comentou (não sei se eu ou ela) que algumas lojas voltaram a vender discos de vinil 0km. Por óbvio, as gravadoras também estavam apostando nessa retomada do chiadinho e da agulha em caixinhas sobre a estante empoeirada com lançamentos e relançamentos. Novos e clássicos. Tudo de volta (nunca me esquecerei de ir passear na Rua Batista de Carvalho e voltar para casa carregando apaixonado meu disco Xuxa nº2, enquanto minha mãe admirava sua aquisição da trilha sonora de “Passagem para a Índia”).

Inobstante a imensa nostalgia, a questão que veio a tona foi a seguinte: porque? Porque as gravadoras voltavam, nesse momento, à investir no lançamento de discos de vinil (caríssimos, diga-se de passagem)? Duas respostas são automáticas: para combater a pirataria, e/ou porque há uma demanda do mercado pelo retorno dos bolachões.

Mesmo com toda a tentação do mundo, não posso me entregar à discussão sobre a origem da decisão das gravadoras, vez que fazê-lo seria ficar discutindo se o mercado faz a demanda, ou a demanda faz o mercado. Embora de natureza econômica, essa pergunta tem nuances filosóficas e de forte pendor de psicologia de massas. Mas como não tenho interesse de trilhar esse rumo, dobro à esquerda.

A questão que proponho é a seguinte: acredito que estamos (não sei se por nós mesmos ou se por imposição de um grande irmão escondido em algum lugar do mundo ou de minha mente paranóica) cada vez mais em busca de uma ritualização de nossas atividades cotidianas, que se tornaram, com a massificação da produção capitalista, imediatas e desprovidas de sentido. O cd e o mp3 trouxeram a música para (quase) dentro de nossas cabeças. O Mcdonalds transformou a ingestão de nutrientes (!!!) em uma atividade semelhante à de abastecer um carro. Todas as nossas atividades, sem exceção, foram simplificadas ao extremo, ao ponto de não nos ser permitido um tapinha nas costas ou “como vai a família” com o gerente do banco, uma vez que temos o Caixa Eletrônico e a voz irritante do computador. A internet (essa nossa heroína de todas as semanas) roubou-nos o prazer de fazer compras, de passear em livrarias. Enfim, sob o pretexto da velocidade, da facilidade, da praticidade, subtraiu-se nosso ritual de vida. E tudo perdeu o sentido, no sentido mais objetivo que se possa perder.

Não me lembro muito bem quem foi, mas sei que alguns filósofos trataram desse tema, qual seja, o da perda de sentido pela repetição. Creio até mesmo que seja um atributo psicológico de nossa mente. A repetição contínua de uma atividade acaba por retirar o sentido das coisas. O significado (meaning) só pode estar presente em algo que é raro e finito – motivo pelo qual a vida tem um significado intrínseco – e a humanidade, ao longo de milênios e milênios lidou, sacralizou situações e manteve uma relação com as coisas e seus significados. Todavia, de duzentos anos pra cá, a obsessão pela produção resolveu que tudo que não fosse ligado à produção de bens ou serviços com valor de mercado deveria ser posto de lado ou ter sua influência na produção reduzida ao máximo. Com isso, a vida, ao fim e ao cabo, termina por ser tão saborosa quanto um McFish (que pra mim tem gosto de isopor).

A idéia que propus é a seguinte: pode ser que estejamos buscando, cada vez mais, talvez num exercício arbitrário de luxo, dar sentido às coisas. Retornamos à infância, em que aprendemos a nomear as coisa (vez que nomear é atribuir significado). Por isso, preferimos comida japonesa - que não pode ser desritualizada, pois senão perde 90% do sabor – à um lanche rápido. Preferimos um disco de vinil (que tem que ser limpo, posto na vitrola, delicadamente colocado em contato com a agulha, e tem dois lados) a uma música sem sentido tocando num mp3 qualquer. Enfim, preferimos o ritual e o significado à velocidade insossa.

Pode ser que eu esteja devaneando e não consiga convencê-los. Não consegui convencer minha amiga. Para ela, é tudo imposição do mercado, criando novos mercados.
Qual a opinião de vocês?

terça-feira, 2 de junho de 2009

Delay Sentimental

Num desses vários momentos que temos prá pensar na vida - eu ao menos tenho vários momentos apesar de estar sempre ocupado - acabei criando uma expressao prá mim mesmo... Eu tenho um delay, um atraso sentimental.

Tenho um amigo que inventou a "engrenagem social" entao também tenho o direito de criar uma expressão prá mim.

No meu caso, o que acontece é que nao estou preparado para surpresas no que diz respeito a sentimentos e relacionamentos. Eu nao posso concluir de imediato, assim de supetao se estou ou nao gostando da situacao. Num primeiro momento eu fico ali, meio inerte, numa espécie de movimento retilíneo uniforme, simplesmente continuando o que começaram (começaram porque eu nao tenho iniciativa...sempre alguém é que começa algo comigo).

Mais tarde, depois que passa um tempo normalmente concluo que estava gostando daquilo, só que daí já é um pouco tarde, porque já passei uma impressao de pouco caso que acaba afastando. Já tive sucesso em tentar recuperar mais tarde, mas exige um esforço extra, e como nao tenho iniciativa, acabo me dando meio mal... Não que eu tenha feito alguma estatística, mas é meio óbvio que eu mesmo dificulto as coisas.

Queria simplesmente colocar em prática uma coisa meio "carpe diem"... talvez melhor seja um "carpe momentun" mas ainda nao consegui. Ao menos já estou na fase de identificar o problema. Eventualmente, conseguirei corrigi-lo.

Continuo simplesmente na vida trabalho - casa e agora sem visitas... Inclui a natacao e o objetivo de 5kg menos, afinal vou prá SP depois de 3 meses no México e ao menos algo tem de estar diferente... A voz continua a mesma, já os cabelos...também... Então, baixemos os números do visor da balança prá passar uma impressão de saúde e mostrar que a gripe foi só um engodo...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O ÚNICO PECADO

No livro “O Caçador de Pipas”, Baba afirma que existe apenas um pecado no mundo: o roubo.
Ele justifica a afirmação, fazendo esta reflexão:
a) Se você deixa de dizer algo em que pensa e que acredita ser verdade, está roubando do outro o direito de saber o que você sente a esse respeito.
b) Se você mata alguém, está roubando de outras pessoas o direito de conviverem com quem você matou.
c) Quando você maltrata alguém, está roubando-lhe o direito de ser feliz.
d) Quando você mente para alguém, está roubando-lhe o direito de conhecer a verdade.

Esse preâmbulo justifica meu texto. Não posso roubar de vocês o prazer de saberem-me em Florença, vendo maravilhas. Não tenho vontade de escrever, o pensamento voa, falta-me disciplina para sentar, mas não posso roubar de vocês o direito de terem notícias de mim.

Um sorriso não sai da minha cara de boba toda vez que trombo com uma obra de arte, e aqui tudo é. A experiência de andar sozinha e mudar meu rumo sem justificar é ótima. A sensação de viver aqui também é. O sonho de ter essa experiência vem me acompanhando desde a adolescência. Como toda mocinha "burguesa" terminei a faculdade e casei. O sonho, no entanto, nunca foi para o arquivo morto. Constantemente visitado e atualizado ficou na gaveta da esperança. Agora não sou eu que vivo o sonho de morar um ano na Itália, é minha caçula, mas peguei carona neste rabo de foguete e fico aqui por um mês.

Bene, a arte alimenta a alma, para o corpo os sorvetes italianos, que são uma obra de arte e a pizza a taglio uma grande arte,sem dúvida. Ambos calóricos e adoráveis. O único jeito é andar... andar...andar. Andar em museus, nas ruas, no supermercado, na beira do rio, andar...queimo calorias e rejuvenesço.

Abbracci e baci