sexta-feira, 30 de abril de 2010

Fala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

mais um feriado no país. No entanto, para aqueles que adoram viajar, o feriado, no sábado, pode prejudicar os planos de quem pretendia sair da cidade. Mas, se resolver ficar por aqui, motivos para deixar o sofá de casa e se aventurar pelas ruas paulistanas não faltarão...

para os fãs do teatro, de peças mais "alternativas", sugiro "H.A.M.L.E.T.", em cartaz no Club Noir, que fica no Baixo Augusta. A peça é dirigida por Juliana Galdino, uma das principais atrizes da atualidade do teatro paulistano, e conta, de maneira radical e contemporânea, a trajetória do príncipe Hamlet. Eu assistirei à peça hoje, sábado. Começa às 21h. Outra dica "alternativa" é o espetáculo "A Forma das Coisas", em cartaz no Satyros, às quintas. Devo assisti-la na quinta.

Outras boas dicas são "Tempo de Comédia" (grátis, na Fiesp), "Cinema" (grátis, na Fiesp), "Dois Perdidos Numa Noite Suja" (no Sérgio Cardoso), "Alma Boa de Setsuan" (no Tuca), "Homem Cavalo" (no Arsenal da Esperança), "O Idiota" (no Sesc Pompeia) e "Noel Rosa, Poeta da Vila e seus Amores" (no Núcleo Bartolomeu de Depoimentos).

para os fãs de cinema, o fim de semana reserva a estreia do aguardado "Homem de Ferro 2". Para quem gosta da história do herói rebelde e de Robert Downey Jr., não ficará desapontado com a sequência. Fique de olho na performance de Scarlett Johansson. Outra estreia, esta alternativa, é "Tudo Pode Dar Certo", de Woody Allen - pretendo assistir em breve. Continuam em cartaz "Aproximação", "A Fita Branca", "Soul Kitchen", "Mary e Max"...

no domingo, ocorre o show de Ana Cañas, que, no final do ano passado, lançou o seu segundo CD, "Hein!?". Ela é uma das cantoras na nova geração de MPB e faz parte do time formado por Roberta Sá, Mariana Aydar, Maria Gadú e tantas outras. O show vai rolar no Auditório Ibirapuera a partir das 19h. Eu vou também!!!! E, no sábado, dia 8, tem Monobloco, no Via Funchal... imperdível!!!!

e o melhor da semana passada foi o filme "Antes que o Mundo Acabe", de Anna Luiza Azevedo. O filme, que só estreia no dia 14 ou dia 21 de maio, é mais um da leva "teen" do cinema nacional e conta a história de um jovem de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul que perde a namorada e começa a conhecer, por meio de cartas, quem foi o seu pai. Emocionante é o que posso dizer (segure as lágrimas caso consiga).

é isso...
espero encontrá-lo(a) por aí...e, caso tenha alguma boa dica cultural, não esqueça de me avisar... O esquema é promover encontros por São Paulo. Sempre!

até mais
se cuida!
alan

segunda-feira, 26 de abril de 2010


Chegaram no final do sábado para o "final de semana". Desceram do porta malas quatro malas e duas sacolas.

A dona da casa, aflita, tentava lembrar se haviam dito sábado e domingo, ou deste sábado até o domingo, o que significaria passar uma semana e não um final de semana.

Malas em cima da cama, começou a distribuição de presentes.

Quando as camas estavam completamente cobertas pelas roupas que arrancavam da mala para buscar as lembrancinhas, avisaram que tomariam um banho porque estavam exaustas da viagem de quase três horas.

A dona da casa pensando se alguém normal fica exausto por uma viagem de três horas num bom carro, com ar condicionado e por estradas ótimas, retirou-se, discretamente, com um monte de pacotes, os presentes, e foi para a cozinha. Um banho rápido, só para tirar o cansaço do corpo, demoraria uns vinte minutos.

Café coado, água para o chá esfriando, a família beliscava as bolachinhas, arrancava casquinhas de chocolate do bolo, o marido, mais afoito já fizera um sanduíche e elas não apareciam. Resolveu perguntar se houvera algum problema.

- Entre! Disseram em uníssono.
Deitadas ao lado das roupas amontoadas nos lados das camas, confessaram não ter o que vestir.
- Para tomar um chá, aqui em casa? - Quase gritou, horrorizada com a situação.
- Fiquem à vontade, ponham o que tiverem vontade. Um abrigo velho, bermuda...
Voltou para a sala, e com ar atordoado disse:
- Ao ataque, pessoal, elas ainda vão demorar muito.


domingo, 25 de abril de 2010

MANUAL BÁSICO: COMO UTILIZAR UM PRODUTOR

COISAS QUE O CLIENTE (e o chefe) PRECISAM SABER:

1) PRODUTOR dorme. Pode parecer mentira, mas PRODUTOR precisa dormir como qualquer outra pessoa. Esqueça que ele tem celular e telefone em casa, ligue só para o escritório.

2) PRODUTOR come. Parece inacreditável, mas é verdade. PRODUTOR, também, precisa se alimentar e tem hora para isso.

3) PRODUTOR pode ter família. Essa é a mais incrível de todas: mesmo sendo um PRODUTOR, a pessoa precisa descansar no final de semana para poder dar atenção à família, aos amigos e a si próprio, sem pensar ou falar de eventos, orçamentos, análises técnicas...

4) PRODUTOR, como qualquer cidadão, precisa de dinheiro. Por essa você não esperava, né? É surpreendente, mas PRODUTOR também paga impostos, compra comida, precisa de combustível, roupas e sapatos, e ainda consome Lexotan para conseguir relaxar (ou outro de igual teor) ou toma Stavigile para poder ficar ligado (ou outro de igual teor)...

5) Ler, estudar também é trabalho. E trabalho sério. Pode parar de rir. Não é piada.

6) De uma vez por todas, vale reforçar: PRODUTOR não é vidente, não joga tarô e nem tem bola de cristal. Ele precisa planejar, consultar fornecedores, fazer visita técnica, orçar... para poder maturar as propostas e superar as expectativas. Se você quer um milagre, tente uma macumba e deixe o pobre do PRODUTOR em paz.

7) Em reuniões de amigos ou festas de família, o PRODUTOR deixa de ser PRODUTOR e reassume seu posto de amigo ou parente, exatamente como era antes dele ingressar nesta profissão. Não peça conselhos, dicas ... ele tem direito de se divertir.

8) Não existe, apenas, um eventozinho, um clipinho, um comercialzinho - tudo é projeto, requer atenção, dedicação, precisa ser pensado, estudado, analisado e, é claro, cobrado. Esses tópicos podem parecer inconcebíveis a uma boa parte da população mas servem para tornar a vida do PRODUTOR mais suportável.

9) Quanto ao uso do celular: celular é ferramenta de trabalho. Por favor, ligue, apenas, quando necessário. Fora do horário de expediente, mesmo que você, ainda, duvide, o PRODUTOR pode estar fazendo algumas coisas que você nem pensou que ele fazia, como dormir ou namorar, por exemplo. É raro, mas acontece...

10) Pedir o mesmo orçamento 15 vezes não vai mudar a resposta. Por favor, peça no máximo três.

11) Quando o horário de trabalho do período da manhã vai até 12h, não significa que você pode ligar às 11h55. Se vc pretendia cometer essa gafe, vá ligue do almoço.. O mesmo vale para a parte da tarde: ligue no dia seguinte.

12) Na hora de aprovar o orçamento ou alguma peça, lembre que urgente é urgente, e neste caso a resposta deve voltar em menos de 24h. Lembre que quando você precisar de alguma coisa urgente, o prazo considerado pelo PRODUTOR deverá ser o mesmo.

13) Quando o PRODUTOR estiver apresentando um projeto, por favor, não fique bombardeando com milhares de perguntas durante o atendimento. Isso tira a concentração, além de torrar a paciência.
ATENÇÃO: Evite perguntas que não tenham relação com o projeto.

14) Quando for elaborar um briefing coloque todas as informações necessárias. O PRODUTOR não é vidente. Indique também qual a verba disponível. Fica muito difícil criar alguma coisa sem saber quanto se pode gastar. E lembre que boas idéias custam CARO...

15) O PRODUTOR não inventa os custos e nem ganha comissão sobre os serviços contratados. Por isso, não pechinche!
Lembrete: cara feia na hora de assinar cheque não diminui o que você tem que pagar. Se queria pagar menos, deveria ter feito você mesmo.

16) Os PRODUTORES não são os criadores do ditado "O barato sai caro"!!!

17) E, finalmente, PRODUTOR, também, é filho de DEUS e não filho disso que você pensou...

sábado, 24 de abril de 2010

A ilha de Capri, a grotta azzurra e o livro de San Michele...

Nem sei como a conversa chegou lá. Só sei que de repente eu comentei com o Eto sobre a ilha de Capri e a grotta Azzurra. Aquela onde o Tibério tomava banhos. Para quem não sabe a ilha fica no golfo de Nápoles, no maravilhoso mar Tirreno. Só existe uma água mais bonita que essa: a do mar Adriático. Mas, isso é outra conversa. A gruta Azul não tem similar no mundo. É indescrítivel e embora todos digam que até a sua atmosfera é azul, como fui visitá-la no inverno acabo dizendo que suas águas iam do turquesa ao lilás, pode? Creio que era uma questão de iluminação.
Mas, a primeira vez que li alguma coisa sobre a gruta foi na mais conhecida obra de Axel Martin Fredrik Munthe The story of San Michele publicada em 1929. Trata-se de sua autobiográfica. Relata suas influencias, uma delas Charcot, que foi mentor de Freud. Axel tornou-se médico da Família Real Sueca. Idoso e quase cego refugiou-se em Anacapri. De seu retiro na ilha escreveu sua mais famosa obra. Foi através do livro que descobri e me interessei por Capri, que fica a mais ou menos uma hora da mais antiga cidade italiana: Nápoles.
O local está dividido em duas partes Capri e Anacapri e a praça principal continua sendo a Umberto I. Ela era point badalado (acho que continua sendo) onde se misturavam os turistas, os habitantes e os ricos europeus que possuíam belas casas por lá. Sua marina estava sempre cheia de grandes embarcações e iates.
O passeio para a gruta é feito em um barco grande. Quando eu cheguei perto da gruta fui avisada que para entrar era necessário mudar para um barquinho, onde cabiam apertadinhas três pessoas e o barqueiro. A entrada do local é pequena e tende a ficar menor conforme a água do mar vai subindo, então o passeio tem de ser curto... ou você fica retido lá dentro até a maré baixar. Será que alguma vez Tibério ficou preso lá dentro? Tenho pavor de água, só a enorme curiosidade me fez entrar na tal casca de noz. Curiosamente minhas companheiras foram uma senhora judia e a filha que pararam na Itália, mas estavam a caminho de Jerusalém. Mundo pequeno... elas eram brasileiras de São Paulo. E depois de tudo acabamos jantando juntas. A entrada? Caprese, a salada típica da ilha: mozzarela, tomate, orégano e azeite... e com certeza não era kasher!
Acho que vou imprimir o texto para corrigir, pois estou completamente perdida, e nem tomei vinho croata ainda. Porque estou contando tudo isso? Recebi um email do Eto com a seguinte frase: “vc comentou ter ido num barquinho preso por uma linha...” O culpado por toda essa confusão é ele que me lembrou da aventura. Valeu a pena? Sim, estou pasma até hoje com a beleza do lugar. Acredito que a grotta Azzurra seja um dos mais belos lugares do mundo!!!!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Fala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

o fim de semana chegou... e, para quem mora em São Paulo, aposto que se assustou com a chuva que caiu sobre a cidade na tarde de sexta-feira. Enfim, que a chuva pare para não desanimar ninguém... afinal de contas, eventos culturais não faltam na cidade que não para!!!

para quem gosta de (boa) música, o fim de semana e a semana que vem reservam bem bacanas e gratuitos. No domingo, a cantora Zélia Duncan se apresenta no shopping Anália Franco, a partir das 12h30. Além de sucessos da carreira da moça, ela interpreta as músicas de "Pelo Sabor dos Gestos", seu mais recente álbum. Na quinta, no Memorial da América Latina, Tiê apresenta as músicas de seu primeiro álbum, também gratuitamente e a partir das 20h30. Devo ir a ambos...

para quem gosta de cinema, a grande estreia é a versão de "Alice no País das Maravilhas" de Tim Burton... não vá com muita expectativa é a minha dica... Enquanto o filme da Disney estreia em trocentas salas, o documentário brasileiro "Depois de Ontem Antes de Amanhã" e o longa nacional "Sonhos Roubados" têm estreias mais modestas... Eu recomendo "Sonhos...", que, no início, tem a linda música de Maria Gadú "Sonhos Roubados" (procure no YouTube).

no teatro, as dicas são inúmeras. Há a versão de Cibele Forjaz para o clássico de Dostoiévski "O Idiota", no Sesc Pompeia; Marisa Orth dramática em "O Inferno Sou Eu"; Juliana Galdino dirigindo uma versão experimental de "H.A.M.L.E.T." no bacana espaço Club Noir; o Parlapatões com "A Forma das Coisas"; e o valente Galpão do Folias com "Êxodos - O Eclipse da Terra", que devo ver na terça-feira...

e o melhor da semana foi o filme "O Segredo dos seus Olhos". Dirigido por Juan José Campanella, o filme mistura romance e suspense para contar a rotina de um homem, que decide escrever um livro sobre um terrível assassinato ocorrido em 1974. O longa argentina mostra a importância de um bom roteiro para se contar uma história e a arte de filmar com competência - há sequências de tirar o fôlego. Emocionante e impactante...

espero encontrá-lo(s) por essas andanças

até mais
se cuidem!
alan

quinta-feira, 22 de abril de 2010

falta

saudade da camisa xadrez preferida.
do sorriso sincero.
dos bolinhos de chuva da avó.
da mão sobre o rosto.
do olhar tímido, repleto de revelações.
das rosas à luz da madrugada.
das paixões imbecis, impossíveis e belas.
do andar descalço.
da risada sem compromisso.
das lágrimas com motivo.
da camiseta de banda.
das seis cordas dedilhadas.
dos lábios, enfim, se tocando.
deles, infelizmente, se afastando.
da propaganda de margarina.
das estrelas.
do filme com pipoca.
do colo.
dos dedos entre os cabelos.
de um elogio sem hora.
das horas perdidas.
dos segundos conquistados.
da companhia na chuva.
do acordar junto.
do misto quente com suco de laranja.
da ansiedade adolescente, com espinhas na cara.
do sexo sujo.
do amor puro.
das cartas manuscritas.
das novidades compartilhadas.
dos presentes fora de hora.
dos erros.
dos acertos.
dos fiascos.
de ficar.
de estar.
de ver.
de imaginar.
de sentir.
algo. alguém.
hoje, ninguém.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Mais uma colaboração não assumida de Irineu Bastos para o blog... na verdade o texto foi publicado ontem no JC.



segunda-feira, 19 de abril de 2010

DE VOLTA À ÍNDIA

Só para não deixar a India de lado, a indicação de dois filmes que me foram recomendados como ótimos. Ainda não assisti mas se você mora em SP provavelmente conseguirá alugar ou os experts talvez consigam baixar. Quem conseguir me diga onde encontrou.

RIO DA LUA (Índia/Canadá, 2005), de Deepa Mehta, Europa – O título original é Water (êta traduçãozinha mais estranha... precisamos assistir para entender). Um grupo de viúvas, que vive à beira do Ganges, na Índia de 1938, sofre todo tipo de preconceito por causa da rígida interpretação dos livros sagrados hindus. Chuyia, que se tornou viúva aos 8 anos, logo após as bodas, é mandada para essa reclusão, não aceita as tradições e acaba agitando o grupo todo. Politicamente é o momento em que Gandhi desponta na sociedade indiana. Segundo li, a história apesar de cruel é retratada de uma forma muito delicada, sem falar nas belíssimas fotografia e música.


DEPOIS DO CASAMENTO (Dinamarca/Inglaterra, 2006), de Susanne Bier, Califórnia Filmes – Jacob desenvolve, numa região muito pobre da Índia, um programa humanitário, ali se desdobra para manter funcionando um orfanato, quando é informado que um empresário deseja lhe fazer uma doação. Para recebê-la precisa voltar à Dinamarca. O encontro dos dois tem conseqüências na vida das pessoas envolvidas.

Divirtam-se e não esqueçam de comentar.




domingo, 18 de abril de 2010

Dear Diary

Semana passada não apareci por aqui porque estava na produção de um evento. Só quem trabalha com isso sabe o quanto de trabalho e o quão divertido e bacana é fazer evento. Principalmente como equipe e não como coordenadora, que era o caso. Ultimamente tudo o que tenho feito é como coordenadora... e chefe sabe como é? Se diverte menos que todo mundo porque tem muito mais responsabilidade. Mas esse só fui como produtora e foi uma delícia. Equipe sensacional e muito bem coordenada. Gente bacana e bonita. Dias e noites de delícia. Já disse que adoro o que faço? De verdade. Muito. Adoro a loucura, a correria, o fato de ter a chance de por poucos dias entrar em contato com uma série de pessoas diferentes e divertidas... é uma delícia. Voltei revigorada.
E aproveitando a tão merecida folga fugi para Bauru. Teve um tempo que não gostava de Bauru. Me sentia deslocada e sem amigos. Hoje posso dizer que ter a chance de vir para Bauru, fugindo de São Paulo, é um presente. Adoro. Adoro o sol, os pais, a casa dos pais, os mimos, a chance de passar tempo com eles, ver meus amigos, cuidar dos bichos... e hoje volto a São Paulo e de volta ao trabalho. Fui.

sábado, 17 de abril de 2010

Eu prometi... não falar de política....

Mas, o discurso do Ruy Mesquita me fez mudar de ideia. Vou começar do começo. Houve uma entrega de prêmios para os Ícones da Comunicação e ele recebeu uma homenagem. Escreveu um texto que foi lido por seu filho, onde relatou a história de lutas do Estadão por liberdade e democracia. Pensei: hoje está completando 260 dias de censura para o jornal. Mesquita não fala disso. Mas, vi no discurso o retrato do Brasil e de seu governante maior pintados com todas as tintas de uma prensa móvel. Imprensa deriva justamente desse termo e um de seus maiores problemas é a falta de liberdade de expressão e a censura do jornalismo em alguns países, onde ainda existe um governo forte, deveria dizer fraco? O Estadão foi censurado por duas vezes anteriormente e ambas às vezes em governos ditatoriais, como o de Vargas e dos militares após 1964. Para aqueles que não tiveram a oportunidade de ler seu discurso aqui vai uma parte do recado de Mesquita:
“Os espíritos autoritários não odeiam apenas os veículos de conhecimento. Odeiam o próprio conhecimento. E não é por acaso...
É este o drama do Brasil. Quem não conhece o passado está condenado a vivê-lo de novo. E cá estamos nós, outra vez, às voltas com um país que se quer o centro do mundo e um projeto de ditador que se imagina o centro do país...”
Embora as pessoas digam que o país melhorou, o próprio Serra vai bater nessa tecla durante a campanha que deve falar de Tancredo Neves até Lulla, não sei como ele vai fazer para encaixar aí o Sarney... A ficha limpa não passou, contrariando a vontade popular, afinal um quarto dos parlamentares tem pendência judicial. De acordo com um dos interessados, o Genuíno, do PT, a lei é “causuística.”
Para ele o povo não precisa de tutor, mas pelo jeito necessita de alguém que censure os meios de comunicação... O povo sabe votar, mas esqueceram de dizer a ele que o povo não sabe ler! Analfabeto funcional é o nome que os entendidos dão para essa anomalia.
Voltando ao assunto, os desmandos são tantos que para mim fica impossível pensar como um candidato poderá dizer que tudo vai ser igual. Igual como? Se o eleito for o Serra, ele vai continuar sendo o bobo da corte mundial? Vai apoiar o programa nuclear do Irã? Vai continuar aos beijos e abraços com Chaves e outros ditadores? Vai zombar do Judiciário? Lulla desafiou a lei eleitoral fazendo campanha antecipada e mesmo multado por duas vezes, não deve parar por aí, afinal é seu projeto de vida que está em jogo e juizes não mandam em presidentes, mandam Dr. Gilmar?
Às vezes, eu me pego pensando que o homem é tão vaidoso, mais tão vaidoso que escolheu a dama/Dilma/ para candidata para culpá-la pela derrota, mas devo estar sonhando, sim isso só pode ser um sonho...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Fala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

aproveitando os festivais "´É Tudo Verdade" e "Sesc Melhores Filmes 2010"? Devido à falta de tempo, eu só consegui assistir a uma produção desses festivais... (re)vi "500 Dias com Ela", que já se tornou um dos meus filmes favoritos...

e, falando em cinema, estreia hoje, sexta, o terceiro longa da diretora Laís Bodanzky, "As Melhores Coisas do Mundo". Ela, se você não conhece, está por trás dos ótimos "Bicho de Sete Cabeças" (quando Rodrigo Santoro deixou de ser apenas um rosto bonito na televisão) e "Chega de Saudade". "As Melhores..." é um filme de adolescente... fala sobre as dificuldades e as conquistas próprias da idade... Recomendo!

Outros filmes bacanas em cartaz são: "Mary & Max", "Rita Cadillac", "Zona Verde", "Aproximação", "Coração Louco", "A Fita Branca", "Os Inquilinos", "Um Homem Sério", "O Segredo dos seus Olhos" e "Soul Kitchen"... ou seja, o esquema é morar no cinema para dar conta de tanto filme bom... risos...

falando ainda um pouco mais de cinema, acho que uma boa pedida para o dia 20, véspera de feriado, é o evento C.U.R.T.A (Cinema Urbano Reservado em Tonéis de Aguardente), que rola na bonita Casa das Caldeiras, a partir das 21h. Além da exibição de curtas-metragens, a festa vai contar com discotecagem e show de Karina Buhr, que foi recebeu elogios dos especialistas ao lançar o seu primeiro CD. Parece que a festa custa apenas R$ 10. Rola a partir das 21h.

Se você ficar em SP no fim de semana, tente ir ao show da Teresa Cristina, no Sesc Pinheiros. Trata-se de uma das melhores cantoras brasileiras na atualidade, e o show dela é carregado de emoção... bom demais!

Por fim, se você gosta de conhecer novos cantores, a dica é ir ao Sesc Vila Mariana, na terça, para ver Aline Calixto, e, na quarta, ao Studio SP, para ver Thiago Petit. Nunca vi o show dos dois, mas parece ser bom, pelo o que eu leio e ouço.

no teatro, tente assistir às premiadas montagens "Memória da Cana" e "Quem não Sabe quem é, o que é e onde está precisa se mexer". Assisti às duas peças, que são incríveis. Durante a semana, as dicas são "Dissidente" (qua. e qui., às 21h, no teatro Commune) e "A Forma das Coisas", no Parlapa, qui., às 21h.

ufa!

e o melhor da semana passada foi o show da Maria Bethânia. Com a turnê dos álbuns "Encanteria" e "Tua", Bethânia mostra a força da sua voz e de sua presença de palco. Impossível ficar imune a uma apresentação dela. Definitivamente!

estarei fora no fds, mas volto na terça!!!! espero encontrá-lo(s) por aí...

é isso
até mais
se cuidem!
alan

quinta-feira, 15 de abril de 2010

achados e perdidos (incompleto)

um macacão azul desbotado, um balcão, um sorriso.
esperança é assim.
há 35 anos.
segunda a sexta, horário comercial. sábado, até 13h.
trabalha no achados e perdidos.
conhece tudo o que está lá dentro.
as decepções. os esquecimentos. os abandonos.
rodeada de motivos para lágrimas, raiva, pragas rogadas.
engraçado como tudo isso ganha forma.
um celular, um guarda-chuva, aquele cachecol cinza que tanto adora.
todos os dias, uma novidade. uma nova perda.
uma nova tristeza no balcão da esperança.
chegavam tão abandonadas. sujas. maltratadas.
ela as recebia de braços abertos.
e o sorriso no rosto.
esperança dava banho. carinho. beijo na testa.
há 35 anos era assim.
desencontros e encontros.
mas os proprietários surgiam.
uns instantaneamente. outros, brigados com o tempo, apareciam depois.
mas estavam lá. do outro lado do balcão.
brilho nos olhos. salivando. última chance.
esperança sorria.
a adolescente reencontra o celular.
o guarda-chuva retorna ao braço trêmulo do idoso.
o jovem com a barba por fazer não terá dor de garganta no inverno.
vem e vão.
encontros e desencontros.
esperança sorria.
sempre sorria.
mas, nessas horas, se despedia.
afinal, ao lado de tantas perdas, sempre se sentia viva.
suspirando as histórias que nunca poderiam ser suas.
todas de uma vez, em um breve momento.
antes que fosse tarde demais.
por instantes imensuráveis, era a adolescente com o celular a tiracolo.
ia ligar para o namorado? dar uma boa notícia à mãe? ser o ombro para uma amiga?
o idoso encontrando forças e apoio no guarda-chuva.
caminharia com mais confiança? protegeria alguém quando a chuva caísse? apoiaria as pernas cansadas?
o jovem com frio no pescoço.
tinha um encontro? uma banda para cantar stones? uma declaração de amor a fazer?
quantos achados...
seu balcão conquistava territórios e sonhos feito war, edição de luxo - aliás, tem um ali, no setor de brinquedos.
sem falar no sorriso...
ah, o sorriso...
o macacão azul nem parecia tão desbotado assim.
só que o balcão tem dois lados.
agora, quem perdia era ela.
pra ser sincero, esperança parece sempre perder.
perde e se perde.
mas sorri.
até o fim do expediente.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Retorno ao Paradiso

Do Jornal da Cidade texto de Irineu Bastos



segunda-feira, 12 de abril de 2010


E os amigos resolveram marcar uma reunião. E-mails para lá e para cá, acertaram o restaurante, o dia e o horário.

Todos maiores do que há uns anos, em idade e peso. Alegres falaram dos filhos, dos netos, do clube que vinham frequentando, dos restaurantes preferidos, de viagens, marcas prediletas de carros e uísques...

O bom vinho e o capricho na apresentação dos pratos , o prazer do reencontro tornavam a reunião mais alegre a cada instante.

Todos já passados dos sessenta lembravam de passagens do tempo de faculdade, falaram de professores, deram notícias de amigos perdidos por uns e das histórias dos netos...
- Outro dia disse ao meu neto você não poderá ir conosco, promete não chorar?
- Prometo, vovô, não vou chorar, mas o que é conosco?

Quanta graça na ingenuidade dos pequenos! Outras e outras histórias vieram. A horas tantas decidiram que se fazia hora de partir. Conta acertada levantaram abraçados, claramente felizes pelo encontro.

Pediram táxis, que ninguém queria correr o risco de ser flagrado por um bafômetro. Um lembrou que esquecera seus óculos sobre a mesa e voltou. Escutou dois garçons conversando:

-Certamente estão desempregados... não falaram em trabalho em momento algum. Não está fácil ter emprego na idade deles.

domingo, 11 de abril de 2010

Coisa de amigo


Esta semana a foto abaixo estava em todos os sites de fofoca como uma confirmação bastante comprometedora pode por fim às negações de um romance existente entre os atores Gerard Butler e Jennifer Aniston.
A dupla, que está em Paris divulgando o filme The Bounty Hunter, foi abordada por um grupo de fãs, com quem posou para fotos. Sem perceberem que um paparazzi do TMZ os vigiava, Butler colocou sua mão no bumbum de Aniston de uma forma bastante estranha.
A atriz não se moveu e permaneceu estática até o fim do registro das imagens. Ao que tudo indica, o "caçador" fisgou sua presa. Resta saber se depois desta foto o casal assumirá o romance.

sábado, 10 de abril de 2010

O SAMBA DO CRIOULO DOIDO

Construção lembra modernidade. DESconstrução lembra pós-modernidade. Quando se fala em arte/decoração/design/arquitetura o termo empregado para essas manifestações é moderno. Da música diz-se contemporânea. Longe de ser popular, ela atinge um público restrito.
Em uma ida a São Paulo entre Bienal e Neurópolis escolhi a segunda opção sem pestanejar, afinal considero-me de vanguarda. A ópera urbana Neurópolis era o mais recente trabalho de Tragtenberg. O artista foi contratado para criar uma homenagem à cidade e apresentou na Galeria Olido uma orquestra bastante original. Convidei uma amiga para o sarau. Freqüentadora assídua de bons espetáculos, ela foi logo avisando com certo desdém: vanguardista, ouvi dizer que o sujeito é muito esquisito.
A música contemporânea utiliza várias técnicas estruturais, linguagem modal, serial, aleatória, politonal, atonal, estridências, ruídos, sistemas de notações não convencionais com crescente caráter gráfico. Hoje esses músicos usam até computador e outros aparelhos eletroacústicos, é muito esquisito mesmo.
Como convidadas, nossas cadeiras tinham uma posição privilegiada, mas tanto a minha filha quanto a minha amiga Lenita abriram mão dos lugares numerados para ficarmos na última fileira, imaginando que se o negócio fosse realmente muito estranho sairíamos despercebidas. Quando o palco iluminou levei um susto. À direita estavam sentadas duas japonesas com roupas e instrumentos típicos, um deles parecendo um tear na horizontal. Em pé, ao lado delas um clone do Carlinhos Brown, lógico com um birimbau...
Percebi que havia dois repentistas e dois violeiros paraguaios. Todos em traje a rigor, alguns até parecendo absolutamente normais, menos o regente que vestia uma calça de brim caqui e camisa de algodão, criando um contraste...esquisito? Minha filha apontou para o velhinho negro e comentou: aquele senhor toca cavaquinho em frente ao Teatro Municipal.
Pensei... Neurópolis, uma ópera urbana ou o samba do crioulo doido?
A orquestra formada por músicos que tocavam em feiras livres, nas ruas, portas de igrejas, praças, estações de trem, metrô e de diferentes comunidades de imigrantes com suas melodias tradicionais e instrumentos típicos tornou-se o ponto de partida para a criação de Livio Tragtenberg e Fábio Tagliaferri para a ópera. Imaginem birimbau, acordeon, harpa, violão, cavaquinho, flauta e violino misturados a diversos instrumentos que como desconheço, não posso nomear. Por incrível que pareça, a mistura funcionou, conforme o proposto. A sinfonia urbana era um diminuto espelho da miscigenada São Paulo. O espetáculo começou e eu vibrei, pois à medida que o ouvido se abre, a percepção ganha em acuidade e diferentes graus de audição se desenvolvem. Em nossa sociedade saturada de sons, o prazer de uma verdadeira descoberta musical torna-se maravilhosa, porque cada vez mais rara. “Amo o que nunca existiu” dizia o pintor francês simbolista Odilon Redon, convidando-nos a continuar explorando os caminhos da descoberta. A pós-modernidade caminha na contra-mão do modismo. Ser contemporâneo é inserir-se plenamente na época em que se vive – tarefa da qual não se pode escapar não é Rosa Leda? – e ao mesmo tempo, libertar-se de códigos e convenções. Tragtenberg ao quebrar a hierarquia entre a música culta e popular, não só mostrou o grau de seu vanguardismo, como abriu caminho para a revitalização da musica em geral. Em tempo: minha amiga aplaudiu de pé.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Fala ae amigos, tudo bom?
Espero que sim...

confesso que estava sentindo falta de enviar estes tais "boletins" culturais... Sentia falta mesmo. E mais: sentia falta de me organizar de tal maneira que conseguisse, de fato, aproveitar a vida cultural paulistana... perdi tanta coisa. Mas, isso há de mudar a partir de agora... por isso, divido com vocês esses e-mails culturais com o objetivo, é claro, de permitir encontros (entre nós) em salas de cinema, museus antigos ou teatros esquecidos da cidade...

para quem curte cinema, a semana reserva a estreia de dois festivais bem bacanas. Um deles, o Festival Sesc Melhores Filmes 2010, chega à 36ª edição e apresenta 36 filmes que se destacaram no ano passado. Ou seja, trata-se de uma chance de (re)ver alguns longas lançados em 2009. Na quinta, recomendo o controverso "Anticristo" (19h), na sexta "Abraços Partidos" (14h) e, no sábado, "Desejo e Perigo" (21h30), filme que não vi ainda, mas que pretendo assistir. A programação completa pode ser vista no site do Cinesesc, onde os filmes serão exibidos.

o outro festival é o É Tudo Verdade, que apresenta vários documentários inéditos no circuito. Uma pena que muitos deles não entrarão no circuito. Os filmes serão exibidos no Espaço Unibanco, no Reserva Cultural e no Centro Cultural Banco do Brasil. Na sexta, pretendo assistir ao filme "Uma Noite em 67", no Esp. Unibanco. No sábado, "O Homem mais Perigoso da América"... A programação completa está no site www.etudoverdade.com.br

no sábado, a ideia é assistir à peça "A Hora em Não Sabíamos Nada um dos Outros", da cia. de teatro Elevador Panorâmico. A peça será exibida no parque da Luz e é imperdível. Eu a assisti há alguns bons anos no Centro Cultural São Paulo... eu devo ir!!!

no domingo, entre uma sessão e outra, uma boa dica é a exposição "Hélio Oiticica - Museu É o Mundo", que está em cartaz no Itaú Cultural.

e, no domingo, para quem é fã, tem Maria Bethânia, no Citibank Hall. Talvez eu vá ao show dela no domingo... alguém pretende ir?

espero encontrá-los por aí...

é isso
até mais
se cuidem!
alan

quinta-feira, 8 de abril de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

UM CONTO

Messias sempre foi bom pai. Recebeu com um sorriso, embora preocupado, a notícia de cada gravidez de Míriam e os seis bebês nasceram fortes, cresceram sem dificuldade e tornaram-se adultos sob os olhos amorosos dele.
Só agora Neemias, o primogênito, o preocupa. Construiu muros ao seu redor... está sempre sorrindo mas ninguém chega até ele. Seus segredos, dissimulações e desaparições não agradam a Messias. Tenta conversar mas o filho sempre diz – fique calmo, não há nada de errado... É errado vencer na vida?
Conhecedor das coisas do mundo, Messias sabe bem que a juventude atual não tem os mesmos valores que ele, Neemias o preocupa.
Míriam se encarrega da casa e Messias de ganhar dinheiro. Desde menino tem trabalhado muito, o dinheiro não sobra, mas também não falta. Há sempre um bolo ou pão sobre a mesa, cuja toalha limpa com bico de crochê chama a atenção.
Naquela noite Míriam contou que havia comprado um cordeiro. Pediu às meninas para ajudá-la a temperar, precisa tempo para pegar o gosto. Deixou também a massa do pão crescendo.
No dia seguinte assou o cordeiro e o pão. Fizera um tempero picante e a carne macia estava deliciosa. Neemias não chegou, sentaram-se à mesa sem ele.
Às duas horas da manhã o telefone tocou e a polícia contou que Neemias estava morto.
Abraçados, Míriam, Messias e os filhos choraram por toda a noite ao lado de Neemias no caixão simples, sem flores. Antes de dar o último suspiro pedira à enfermeira para dizer aos pais que fizera tudo isso por eles.
- Por que, Senhor, por quê?

Chegada a noite, os hebreus comeram a carne do cordeiro, acompanhada de pão ázimo e ervas amargas. À meia-noite, um anjo enviado por Deus feriu de morte todos os primogênitos egípcios, desde os primogênitos dos animais até mesmo os primogênitos da casa do Faraó.

domingo, 4 de abril de 2010

Pessach

Sei que nossa amiga Rosa Bertoldi, já comentou mas não tenho como deixar passar em branco...

No finalzinho e março e começo de abril os judeus de todo o mundo comemoram Pessach. Pass over, em inglês, a passagem: a páscoa judaica. A festa cristã tem sua origem aí, mas tem conotação diferente. Para o cristianismo, a Páscoa representa a morte e ressurreição de Jesus, enquanto Pessach lembra ano após ano a saída do povo hebraico escravizado no Egito. De acordo com a tradição, a celebração da primeira Pessach se deu há 3.500 anos, quando Deus enviou as dez pragas sobre o povo egípcio. É importante notar que Pessach significa a passagem do anjo da morte e não a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, apesar do nome evocar vários simbolismos. Para quem viu o filme Os dez mandamentos, mas não se lembra, trata-se da noite da morte do primogênito de cada casa que não estivesse marcada com sangue de cordeiro, daí o nome passagem. O anjo não entrava no local demarcado, passava. Foi após essa praga que o faraó deixou os judeus partirem. Aqui outra cena célebre quando os hebreus conduzidos por Moisés atravessam o Mar Vermelho que depois se fecha.
É uma festa lembrando os anos de cativeiro para festejar a liberdade. Foi naquele momento, na saída da escravidão e anos de peregrinação no deserto até a chegada a Israel, que os judeus se tornaram um povo e a sêder, a ceia de Pessach simboliza isso tudo. Na mesa, tem-se água salgada, lembrando as lágrimas vertidas, charosset, uma espécie de geléia de cor amarronzada feita à base de maçã, nozes, tâmaras e vinho rememorando as construções de tijolos erguidas pelos escravos hebreus no Egito, ervas amargas, para não se esquecer o amargor da escravidão e racismo presentes ainda hoje no nosso cotidiano, matzá, o pão ázimo, sem fermento, osso queimado para lembrar o cordeiro do sacrifício, ovo cozido, símbolo de que a vida é feita de altos e baixos e ervas verdes, lembrando o renascimento, a esperança.
Esperança que nunca morre e que também está presente na taça de vinho deixada ao profeta Elias. Na eterna esperança por um mundo melhor. Em Israel, Pessach acontece na primavera, quando após a latência vem o momento de expansão, de crescimento, de criatividade.
Com o caos a nossa volta, expostos a todo tipo de provação, a única pergunta que me passa pela cabeça é se alcançamos o ponto máximo de stress e violência que a humanidade pode tolerar ou se realmente ainda vamos piorar. E se um dia, deixando a porta aberta, Elias chegará com boas novas trazendo consigo um entendimento melhor de uns aos outros.
Na América, depois que uma criança de seis anos atirou em uma coleguinha não há mais como ver saída. Em Israel, o desencontro está instalado há muito. No Brasil, a corrupção e o descaso pela humanidade é um clássico eterno.
Então, como pregar a justiça social, um mundo mais justo, a busca pela paz? E como acreditar em paz ao som de tiroteios?
Acreditando. Assim como somos capazes de acreditar e perdoar entes queridos, amigos e amantes que erram. Simples assim, não deixando de ter fé, de acreditar que sim, um dia desses, seremos capazes de reformar esse mundo em um melhor.
Aproveite Pessach, não importa qual sua religião e faça uma transformação inesperada. Pequena, média ou grande, não importa. Aproveite que parte do mundo está enviando ao planeta essa energia magnífica de mudança e mude também.

sábado, 3 de abril de 2010

PESSACH – inicio em 29 de março

Do hebraico “passagem” é a conhecida Páscoa judaica que recorda a libertação do povo de Israel do Egito, conforme narração do Êxodo. A primeira celebração aconteceu há mais de 3.500 anos. De acordo com a Torá, foram enviadas dez pragas sobre o povo do Egito. Antes da décima, Moisés foi instruído a pedir que cada família de judeus sacrificasse um cordeiro e molhasse os umbrais das portas com esse sangue. Nessa noite comeram o cordeiro acompanhado de pão ázimo e ervas amargas. Na madrugada um anjo feriu de morte todos os primogênitos egípcios, inclusive o filho do faraó. O rei para terminar com a ira de D’us libertou o povo de Israel. É importante notar que Pêssach significa a passagem do anjo da morte, e não a travessia do povo hebreu pelo Mar Vermelho ou outra passagem qualquer, pois o nome remete a vários simbolismos. Essa festividade trazia para Jerusalém os habitantes de lugares distantes aumentando a população da pequena cidade. Foi durante a páscoa judaica que Jesus Cristo foi sacrificado. Só por esse fato, o cristianismo deveria tirar dos ombros judaicos essa história de terem assassinado o salvador. A culpa pode ser divida com os romanos, pois os judeus religiosos não fariam tal coisa durante uma data tão importante em seu calendário.
Pêssach é hoje a festa central do Judaísmo e serve de conexão entre o povo e sua história. Antes dela são removidos os alimentos fermentados de todas as casas, pois não é permitido ter “chametz” (fermentados, como pães ou uisques) nos lares nem comida que não seja apropriada. A festa é antes de tudo familiar e realiza-se um jantar especial chamado de Sêder de Pêssach, quando a história do Êxodo é narrada aos presentes, além do relato de parábolas e em algumas casas canções judaicas são entoadas. Come-se pão ázimo e ervas amargas e utiliza-se roupa de sair para lembrar-se de “sair apressado da terra do Egito.”
“A cada geração todo ser humano deve se ver como se ele pessoalmente tivesse saído do Egito. Pois está escrito: você contará aos seus filhos, neste dia, D’us fez estes milagres por mim, quando eu saí do Egito.”
Existe uma ordem a ser seguida antes do jantar de Sêder:
Domingo 28/03 – busca do chametz após o anoitecer

Segunda-feira 29/03 permitido comer fermentados até 10:10 h
Queima dos chametz até 11:09 h
Acendimento das velas do Yom Tov (Dia festivo) após as 17:49 h (SP)
Primeiro sêder de Pêssach

Terça-feira 30/03 Acendimento das velas do Yom Tov após 18:42 h (SP)
(1º dia de Pêssach) Segundo sêder de Pêssach

Quarta-feira 31/03 Término do Yom Tov às 18:41 (SP)

Domingo 04/04 Acendimento das velas de Yom Tov às 17:44 h
Inicio do 7º dia de Pêssach

Segunda feira 05/04 Acendimento das velas de Yom Tov após 18:37 h
Inicio do 8º dia de Pêssach

Terça feira 06/04 Término às 18:36

Durante o jantar de Sêder tem-se a recitação do kidush (benção especial do vinho) e a ingestão do primeiro copo. Em seguida lavar as mãos. Mergulhar batata ou outro vegetal em água salgada em lembrança as lágrimas derramadas pelo povo de Israel no Egito. A matzá é partida ao meio e o pedaço maior é embrulhado e separado. Conta-se a história do êxodo e bebe-se o segundo copo de vinho. Segunda lavagem das mãos. Come-se o matzá e as ervas amargas. Em seguida serve-se a refeição festiva, come-se a matzá guardada e bebe-se o terceiro copo de vinho. Algumas famílias costumam cantar nesse momento. Os votos de LeShaná HaBa’á B’Yerushalaim – Ano que vem em Jerusalém, é uma afirmação de confiança na redenção final do povo judeu.
Após Pessach tem-se Chag Matzot /festa dos pães ázimos. “Sete dias você comerá matzot, mas no primeiro dia manterá a levedura fora de sua casa, porque aquele que comer pão fermentado será cortado do povo de Israel.” É costume se estudar as leis referentes à Pessach um mês antes da festividade. Em Israel é fornecida farinha e outras necessidades aos pobres para que nada lhes falte durante as festividades. O dinheiro para isso vem dos impostos pagos pela população. Os primogênitos devem jejuar na véspera do Sêder. A Páscoa cristã (28/03-04/04) tem sua origem na festa judaica e esse ano de 2010 elas são quase coincidentes. Pessach será celebrada de 29 de março até 06 de abril. O primeiro e o último dia são de festas efetuando somente os trabalhos necessários e indispensáveis respeitando-se os versículos da Torá “e proclamareis neste dia: chamamento especial para vós, nenhum trabalho fareis, lei eterna em todos os vossos acampamentos por todas as gerações.” (Levítico 23:21). Para aqueles que não sabem o simbolismo das velas é uma recordação da luz que D’us gerou antes da criação e do fogo, que constituiu o primeiro descobrimento humano.
E como eu disse na semana passada, cristão ou judeu, um domingo de Páscoa ou Pessach com muita alegria para todos nós. “E alegrar-te-as na festa e serás então feliz.” E quando você estiver festejando e alegre não esqueça dos pobres de sua cidade, um dos preceitos judaicos, e que essa ajuda deve efetuar-se necessariamente com alegria no coração. Para a comunidade judaica: Hag Pessach Sameach a todos!