segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Queridos,

tentamos mas a vida corrida não ajuda e ao final, só Rosa Bertoldi escrevia e aí quando esta me disse que quer parar com o blog é que é chegada a hora de baixar as portas.

Foi um prazer e o arquivo permanece aqui.

bj bj


domingo, 24 de agosto de 2014

Seria Jagger um pé frio?

Nesse ano Mick Jagger telefonou para desejar sorte a seleção da Inglaterra.  Eles ganharam e lá estava o roqueiro no jogo seguinte torcendo pelo time. Adivinha o que aconteceu? A Inglaterra perdeu... Em vez de voltar para a Europa mudou de seleção passando a torcer pela Itália e três dias depois acabou voltando para casa. Jagger tem fama de pé frio e quando assiste e torce por um time leva o coitado para o buraco. É sabido que desde 1982, foi a todas as copas, sempre torcendo para a seleção brasileira e nunca viu o pais ganhar o premio. O Brasil ganhou nos Estados Unidos e Japão sem a presença do famoso simpatizante.
As gozações com o cantor devido ao seu pé frio em relação aos times de futebol foi uma atração a parte durante a realização da Copa do Mundo. Deveriam acrescentar a ele a senhora presidente do Brasil que além de azarada foi inúmeras vezes vaiada. Seria esse o motivo daquela cara feia na entrega da taça? Bom, não ser ovacionada como Mandela no último acontecido na África deve ser mesmo frustrante, pois embora eu não entenda de futebol parece-me que o circo foi armado para glorificar o governo, nos moldes fascistas da década de 1930, na Europa. Aqui o negócio virou do avesso!

Durante os festejos aproveitei para ler um livro best seller para me divertir e não é que me deparo com outro pé frio? O recruta inglês Richard Sharpe é personagem de um romance relatando a guerra entre os seus conterrâneos e os persas, liderados por Tipu. Eles dominaram uma região islâmica da Índia. Ainda no Reino Unido, o jovem era constantemente perseguido pelo sádico sargento chefe de seu regimento. Na Índia, a situação permanece a mesma, mesmo que agora ele esteja a serviço da realeza integrando uma expedição para derrubar o impiedoso sultão Tipu. Com ciúmes do recruta, o sargento acusa-o de alguma falta e coloca o moço no tronco. Açoitado, aproveita a ocasião para fingir-se de desertor para buscar informações e sondar o terreno do inimigo. Para provar sua lealdade luta com seus camaradas e finge tão bem que acaba ganhando uma condecoração! Uma ironia, pois de verdade, ele não entrou na batalha. O sargento ao ser preso denuncia o recruta. Preso ele se encontra com o chefe da expedição de espiões. Resumindo, eles fogem da masmorra. O coronel refugia na casa de um general indiano e ele volta para o campo de batalha. Termina tudo bem com Sharpe. Durante o último confronto ele mata Tipu e se apodera de suas joias, como espólio de guerra. É promovido e torna-se o novo herói literário da Inglaterra com direito a série na televisão. Enquanto Mick Jagger continua sua carreira de sucesso... Pé frio? Sei não...   

domingo, 17 de agosto de 2014

Histórias: Van Gogh e Antonin Artaud

Deveria dizer que se trata de similaridade? Não sei... Como contei para vocês que o Baptista decidiu me transformar numa mulher culta deu-me um catalogo da exposição que começou a ser exibida no Museu D’Orsay (Paris) sobre a obra de Van Gogh. E daí, perguntarão alguns. O texto relata como surgiu o nome da mostra: Van Gogh: o suicida da sociedade. Em 1947 ao reunir e classificar trabalhos do artista, o curador Pierre Loeb pediu ao dramaturgo Antonin Artaud que escrevesse sobre Van Gogh. Seu texto foi transformado em livro e exposição nesse ano de 2014.

Vou chover no molhado. Todos sabem quem foi Van Gogh, pintor holandês diagnosticado como esquizofrênico. A esquizofrenia é considerada pelos psicopatologistas como um tipo de sofrimento psíquico grave, caracterizado pela alteração no contato com a realidade. Como eu sei disso? Lendo a Nise da Silveira. Seu assunto era a loucura na arte. Hoje em dia os especialistas não a consideram como doença, mas como transtorno mental. Mas, vou falar da arte de Van Gogh, meu mais recente conhecimento e não sobre doenças. Nas palavras do próprio artista: ele queria exprimir esperança num punhado de estrelas... Arte é isso, não é? Ele abandonou cedo a escola e tentou ser pastor religioso como seu pai antes de chegar a pintura, sua verdadeira vocação. Após estudar desenho passou a representar no papel um registro sensível e metódico do que via: fazendas, lavouras, florestas, moinhos, carroças, camponeses, sapateiros, ferreiros, seus pais, amigos, trabalhando com crayon, aquarela, pincel, nanquim. Convidado a viver em Paris, passou dois meses em Antuérpia antes de chegar a cidade luz. Sua permanência no local colocou-o em contato com a obra de Rubens, uma forte influencia em sua obra. Após algum tempo na França, fixou residência em Artes. Nessa época empregava cores fortes, ousadas, violentas, sua característica principal, tanto que é considerado um precursor do expressionismo. Mas, qual seria a relação com Antonin Artaud além do texto encomendado pelo curador, nos idos de 1940? A doença que não é uma doença.  
Artaud foi dramaturgo, poeta, pintor, escritor, roteirista, diretor de teatro fortemente ligado ao surrealismo. Ele é uma referencia para diretores como Peter Brook, Jerzy Grotowski, Eugenio Barba dentre outros. Eu já vi diversas montagens de Peter Brook tanto no Brasil como na França e considero o diretor tão clássico! Logo se vê que não entendo nada de teatro, mesmo... Em 1937 Artaud foi considerado louco, louco de pedra. Nossa, fiquei pasma ao ler isso. Ficou internado em manicômio por seis anos e depois transferido para uma clinica por mais três anos voltando à Paris somente em 1946.  Mas, não dizem que o poeta ultrapassa a lógica normal? Quem teria razão a medicina ou a irracionalidade contida no mundo artístico? Não sei. Artaud postulava que o grito, a respiração, o corpo do homem era o lugar primordial do ato criativo teatral.  O teatro era para ele o lugar privilegiado da germinação de um formato que refaz o ato criador. Sua obra como um todo era simbolista, metafórica e com experimentações linguísticas. Um expressionista e outo surrealista, ambos considerados loucos, ambos artistas respeitados em suas profissões. Fico pensando numa frase conhecida: de perto ninguém é normal. Resumindo o germe da loucura deve estar em todos nós.          

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Into the wild

Existem filmes, livros, músicas que mexem com o coração. Adoro algumas dessas bobagens. E o filme Na natureza selvagem é uma delas. Tudo no filme me toca. A história de Christopher McCandless e sua dificuldade de lidar com os constantes ataques da vida, seu amor pela natureza e sua vontade de experimentar a natureza. 
Se a vontade de Alex Supertramp, o nome com o qual Chris sumiu no mundo, era experimentar a vida no Alasca, a minha é me perder na África. Não da mesma forma desapegada e sem volta de Alex/Chris, mas experimentar um mundo mais básico, onde as relações não sejam tão complicadas e dolorosas. 
Ver Na natureza selvagem mostra que há bondade no mundo, na verdade, que o mundo é cheio de gente bacana e bonita no sentido mais básico da palavra. E a experiência de Chris, antes de ser morto pela propria a natureza, que é mais forte que todos nos e pode ser cruel, é intensa e mostra muitas portas se abrindo, muita gente de bom coração dispostas a auxiliar das maneiras mais simples. Bobas ate.
Baseado em fatos verídicos o filme mostra os dois ultimos anos na vida desse rapaz de classe média alta que abriu mão de tudo. Ha quem diga que foi por rebeldia, outros afirmam que foi por simples por vontade ou por acreditar em coisas maiores. Eu acho que ele saiu em busca dele mesmo e por um tempo se achou. Pode ser uma visao romantica da minha parte ja que para se encontrar, para encontrar a tal paz interior Alex/Chris precisou se perder e eventualmente perder a vida.
E nesse abrir mão se colocou em um mundo que nos é escondido: o mundo da natureza, onde a cadeia é seguida, onde o que se planta é o que se colhe, onde o respeito e a integração são peças essenciais à sobrevivência.
O diretor Sean Penn esperou dez anos para rodar o filme, baseado no livro reportagem de Jon Krakauer, pois queria ter a certeza da aprovação da família McCandless. Valeu a pena.


Ah, e quem se empolgar em assistir, presta bem atencao na trilha que eh um show a parte.


domingo, 10 de agosto de 2014

Tomar o mundo como se fosse coca cola...

A frase é bonita, mas não é minha. O autor é Caetano Veloso. Pensei nela depois das trapalhadas diplomáticas do governo brasileiro em relação a botar sua colher de pau no caldeirão fervente da guerra milenar entre os povos do Oriente Médio. No caso, a gafe foi com Israel e sendo o povo hebreu conhecido pelo senso de humor exacerbado aqueles que deram resposta ao anão diplomático usaram e abusaram desse refinado jeito de fazer piadas na hora exata por motivos certos, aproveitando-se da saia justa e do ridículo da história. Estariam eles debochando da gente? Tenho culpa dos repentes de uma presidente mal assessorada? A chancelaria precisou de acento mais forte com relação à Gaza... foi uma das respostas dadas por alguns envolvidos, ou não no caso, completando: a situação é tão grave quanto na Ucrânia. Ué, por que não retiraram o embaixador da Ucrânia e deram um acento mais forte por lá também? O partido do governo tem uma simpatia exagerada por alguns países fomentadores de guerrilhas e brigas justas ou injustas na região. Pensei na Nice, uma arquiteta que trabalhava comigo no Fundusp que apregoava que óleo e água não se misturam. Frase mais sem sentido não é? Mas, ela queria dizer que as pessoas/políticos/países que se juntavam eram farinhas do mesmo saco. Voltando ao assunto, no Oriente todos têm razão. No Oriente ninguém tem razão... Aquela faixa de terra foi o corredor para diferentes culturas e povos desde que o mundo é mundo para comercializar seus produtos via mar. Portanto as brigas eram permanentes.  Com a descoberta de petróleo, o caminho tornou-se mais precioso e mais perigoso. Quando da criação do estado de Israel, em 1947, o local ficou dividido em Israel e Palestina. Como os palestinos não assinaram o acordo o mapa se delineou aleatoriamente transformando-se na confusão atual. Gaza foi tomada pelo Egito e o que sobrou ficou com a Cisjordânia. Hoje a Autoridade Nacional Palestina controla Gaza e 20% do território da Cisjordânia, onde os israelenses são proibidos de entrar. O anunciado pela mídia foi que o Brasil havia retirado o embaixador brasileiro de Israel. Os entendidos no assunto disseram tratar-se de um insulto grave essa coisa de recolher funcionário diplomático de países tidos como amigos. Tá certo vai ter sempre alguém dizendo que o Brasil é amigo da onça de Israel e fiel escudeiro para o Irã, por exemplo.
Meditando sobre o ocorrido rememorei um fato ocorrido há pouco tempo. Fernando Henrique Cardoso recebeu o título de Doctor Philosophae Honoris Causa, uma das maiores honras concedidas a personalidades internacionais. Pensei em como o ex- presidente, do alto de seus 80 anos e de toda sua bagagem cultural toma o mundo, como os jovens bebem coca cola, acreditando que ele jamais se envolveria em um escândalo desses.

Na troca de farpas, respondendo ao quesito proporcionalidade houve referencia até aos 7x1. Ri sozinha considerando que o chute foi tão forte quanto o tal acento. Um pé no saco e outro na canela, pois 7x1 mexeu com os brios futebolísticos da nação que possuía o melhor futebol do planeta, depois da Alemanha e Argentina e mais uma dúzia de outros países. A estocada israelense repetiu nas entrelinhas algo dito por Charles De Gaulle: esse não é um país sério.     

domingo, 3 de agosto de 2014

Histórias: Jackie Onassis

Jacqueline Kennedy Onassis trabalhava como editora de livros. O que me fez relembrar o fato foi um comentário sobre editores em uma palestra recente, onde fui ouvir um jovem escritor falar de sua obra. Jackie, como era conhecida a primeira dama americana, era uma mulher emblemática e um modelo de elegância copiado por milhares de mulheres. Possuía uma inteligência acima da média, embora – estranhamente – tenha permanecido em um casamento infeliz. Sou infeliz, mas tenho marido... Seria ela uma dessas mulheres? Sei não. Talvez, tivesse mais a perder do que a ganhar com uma separação naquele momento. John Kennedy tinha fama de mulherengo e ela de aristocrática. Era uma companhia agradável e paciente, diziam.  Isso ajudou muito, pois o marido foi submetido a duas dolorosas cirurgias na tentativa de sanar as dores nas costas, uma sequela da guerra. Foi quando ela encorajou John a escrever um livro. Ele recebeu um prêmio Pulitzer com a obra, em 1957. Arte em geral e a restauração da Casa Branca em particular lembram Jackie. Eu penso no Egito e em Assuã. Ao saber das esculturas e obras de arte que seriam engolidas pelas águas da futura represa saiu em busca de patrocínio para transportar as estátuas milenares de Ramsés para outro local e salvá-las de morrerem afogadas! Costumo lembrar também de suas tentativas frustradas para gerar filhos. Teve um aborto espontâneo logo após o casamento. Um ano depois perdeu outro bebê. Na época do prêmio ela deu a luz a Caroline e depois nasceu John Jr. Quando primeira dama perdeu mais uma criança. Logo depois ficou viúva e tornou-se a senhora Onassis. 
Como cheguei aqui? Divagando, é claro, como diz o Baptista.  Ele é o grande culpado. Quer me ver como intelectual e coloca livros e mais livros na minha estante. Tudo junto e misturado, plagiando a frase de Regina Casé dá nisso. O assunto era Jackie editora. Nessa profissão, como em todas as outras atividades, ela foi um sucesso! Sua decisão de começar a trabalhar aos 45 anos de idade causou furor. Rica, bonita, inteligente, não posso esconder a admiração por ela e por mulheres independentes e dispostas a buscar o reconhecimento profissional. Explicando o subtexto desse texto diria que a palavra é recomeçar. Como? Ah, não sabem? Aprendi na palestra: todo conto tem de ter um subtexto, pois bem, nesse caso, a ideia é recomeço... Jackie O. recomeça da estaca zero uma nova vida. Bonito, não é? Anteriormente, como primeira dama fez contribuições valiosas para a arte e preservação da arquitetura americana. Como mulher era dona de um estilo inconfundível e uma mania: andar descalça. Pés eram mais bonitos que mãos, afirmava. Frase repetida por mim até a exaustão, também sou dona do mesmo defeito.  O guarda roupas recheado de peças Chanel e seu colar de pérolas falsas eram famosos.  Adoro essa parte, pois passeando pelas ruas de Praga parava em cada camelô onde tivesse um colar de cristal ou pérola para vender... tudo tão bonito e tão duvidoso! 


domingo, 27 de julho de 2014

Rose is a rose is a rose is a rose...

A frase foi escrita por Gertrude Stein em 1913 no poema Sacred Emily.  A autora reconhecida por uma biografia longa, por uma frase curta e pelo maior acervo de Picassos e Matisses do inicio do século XX era inteligente, amiga de escritores e pintores, crítica feroz por natureza. Leu quase todos os originais do começo do século e deu palpites até em obras primas das artes plásticas. Como todo ser humano além de seu tempo, ela era considerada uma velha gaga. Escrevia no presente continuo característica moderna demais para a época. Sua maneira de se expressar estava em Joyce e outros autores. Isso os deixou famosos, mas não a própria, não sei se por preconceito ou má vontade. O mesmo aconteceu com uma conhecida primeira ministra da Inglaterra. Há mais de duas décadas não entrou na fria que se tornou o mercado comum europeu. Bateu o pé e ficou fora dele assim como, também, do governo. Mesmo com o fracasso do projeto de uma Europa unificada, ela continuou odiada em sua pátria.
Rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa tem diversos significados. O literal é as coisas são o que são. Seu verso tornou-se apreciado por sintetizar a modernidade através de dois níveis, o sintático e o semântico, afirmando a autonomia do verbo. A arte moderna tem por objeto ela mesma. A avaliação mais feroz que recebeu é ser sua própria metalinguagem. Bobagem, cada época possui características próprias e a modernidade reuniu em seu tempo o maior número de gênios por metro quadrado. Lembre-se leitor que idade moderna, historicamente falando começou com a queda de Constantinopla. Então, Leonardo, Alberti, Miguelangelo, Rafael, Botticelli, Vermeer, Shakespeare, Van Gogh, os impressionistas, Cézanne, Rimbaud, Verlaine, Valéry, Baudelaire, Magritte, Picasso, Duchamp, etc, etc, estão todos dentro do pacote. Está certo que os críticos consideram como arte moderna a ruptura ocorrida com o simbolismo. Então, em literatura o começo estaria em Poe e na perda da ingenuidade pura.
Quando, alguém perguntou a Gertrude Stein o significado de Rose is a rose is a rose is a rose ela respondeu: poetas usam palavras arquivadas na memória. “Eu acho que nessa linha uma rosa é vermelha pela primeira vez em muitos anos.” Rose is red... sua imaginação e sua emoção reveladas  através da cor, cujo símbolo é amor, respeito, adoração. Acredito que a arte só é arte se por uma competência mágica, um talento inexplicável, um artista leva o leitor/observador a filosofar despreocupadamente transformando aquilo que vê em conceitos, palavras, ideias, algo que a “velha gaga” conseguiu com muita classe!

segunda-feira, 21 de julho de 2014

"Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar"

A moça dos sonhos  Chico Buarque

Tudo tem um tempo. E tem gente que entra na nossa vida na hora errada e de repente volta na certa... ou vira nostalgia para as horas escuras. Tem gente que a gente tem certeza na primeira troca de olhares ou no primeiro toque de que será alguém importante. Às vezes mais, outras menos.
É engraçado como nos meus 30 e tantos hoje sou capaz de perceber que tem gente que não é. Tem gente que entra na vida para o futuro ou para o nunca. Para viver em uma casa de sonhos perdidos como naquela música do Chico.


domingo, 20 de julho de 2014

Ancestralidade: Rosa e seus antepassados...

Ao falar sobre a visita de Nilza, minha amiga mineira, comentei a questão da ancestralidade da maioria dos brasileiros. A maior parte do tempo, eu ajo e penso como Rosa Bertoldi II, bisneta de Rosa Bertoldi, porém tenho um lado brasileiro muito forte. Meu avô materno nasceu na Bahia. Isso lembra meu rei? João Gilberto canta “eu vim da Bahia...” Eu também? A família de minha mãe é mineira e hoje encontra-se espalhada por diferentes estados por conta de seus negócios. Mas, quando Cabral chegou uma rede complexa de povos indígenas, em estágio neolítico, vivia aqui. Acredito em pelo menos uns cem grupos linguísticos, dos quais se conhece atualmente o tupi e o guarani. Diferentes das sociedades organizadas do México e dos Andes, os locais não possuíam exércitos e aceitaram a colonização e cristianização. O tal espírito pacífico é bem antigo. Depois vieram os africanos. Da mistura de brancos, índios e afros surgiram os caboclos e mestiços. No século XIX juntaram-se aos portugueses, imigrantes de todo mundo, meu bisavô, inclusive. Quem era Giuseppe... e Rosa?  
Meu avô morreu no dia 25 de dezembro de 1943, eu nem havia nascido. Cresci sem ver a família comemorar a data. Acreditava ser pelo luto. Não era. Vamos às histórias...
Trieste fica plantada na encosta de uma montanha imponente de onde se avista o mar Adriático. Seu clima é ameno. Do norte chega uma brisa leve deixando a cidade constantemente fresca no verão. Esse era o pano de fundo durante o ano de 1866, quando Franz Joseph uniu a Áustria e o reino da Hungria transformando o império constitucionalista da família Hasburg no mais vasto e multiétnico Estado europeu, composto de 13 países e 52 milhões de habitantes.

Rosa nasceu e viveu em Trieste habitada por 160 mil pessoas, cujo porto tornara-se o mais importante do império. Seus pais pertenciam à burguesia local e tinham grandes planos para a jovem de 17 anos, que nas noites claras de verão deitava-se nas areias mornas da praia sonhando com um príncipe encantado... Ela bem podia ter-se apaixonado por um marinheiro. Dessa maneira seria fácil descrever a moça de olhar tristonho chorando pelo amado no cais. Rosa ficou a ver navios. Um bom começo para a história não é? Ou então, como na música Gesùbambino: ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar/eu só sei que falava e cheirava e gostava do mar/ele assim como veio partiu não se sabe pra onde/e deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe...
Giuseppe morava em Viena, onde o caldeirão da modernidade fervilhava com movimentos nacionalistas proliferando, ciência e arte rompendo com vários conceitos numa fragmentação geral. Sigmund Freud, Gustav Klimt, Oscar Kokoschka e Otto Wagner viviam em conexão direta com a decadência moral e social, da capital imperial. Mesmo assim ali estava uma verdadeira usina cultural balançando entre um período de crise aliada a um nível de produção nunca visto.  O jovem, como todo vienense, possuía a personalidade vazia característica da sociedade austríaca, que para fugir ao tédio e ao frio dos apartamentos vivia perambulando de café em café. Giuseppe, como a maioria dos varões de sua família, entrara para o Exército muito jovem e aos 27 anos era coronel. Estava em Trieste como comandante do 9º Regimento de Hussardos, sob as ordens do imperador para investigar todos os aspectos dos serviços e agências militares.
Apesar dessa pesada carga encontrava tempo para viagens de lazer e expedições de caça, tanto aos animais quanto as beldades da cidade. Durante um baile aproximou-se de Rosa e a atração entre ambos foi mutua. No começo eram somente olhares furtivos que depois se transformaram em frases curtas. Filho mais velho do conde de Chotek, tradicional família de Praga, embora tivesse entre seus antepassados, os príncipes de Baden e Liechtenstein, essa bagagem não satisfazia as exigências necessárias para o moço casar-se com uma prima afastada, a duquesa Maria Cristina, pois a nobreza dos Chotek vinha através da linhagem feminina.
Rosa e Giuseppe passaram a se encontrar diariamente no recanto mais bonito e exclusivo da cidade, o Castelo de Miramare, construído para ser residência do irmão do imperador austríaco, inaugurado no Natal de 1860. Ferdinand Maximilian, especialista em botânica, cuidou pessoalmente da escolha do local de sua residência, um promontório rochoso de origem calcária dentro de um parque de 22 hectares com árvores do mundo todo, inclusive cítricas da América do Sul, daí seu ar impregnado da fragrância de flores de laranjeiras. O castelo de estilo eclético está rodeado por canteiros de flores e muita grama. O deserto transformado em um jardim verde e idílico.
Teria o novo Éden inspirado o romance? A ordem divina para crescer e multiplicar foi levada ao pé da letra. Coisas da Bíblia, da Torá ou de algum outro livro sagrado. Minha imaginação é fértil, porém não seria capaz de colocar palavras na boca de Deus!  
De tímidos abraços e beijos passaram para intimidades maiores. Meses depois Rosa estava grávida! Portanto, a Vila acabou sendo a primeira residência do filho ainda não nascido. Lá a jovem caminhava por belas veredas na contra mão da vida, livre de códigos e convenções, como sua contestadora bisneta que vive buscando um mundo baseado no amor, na paz e na arte para resolver as diferenças ideológicas entre os povos...
Rosa acreditava numa união que não aconteceu, pois “não é permitido um hebreu se casar com membros de nações pagãs.” Estava escrito nas estrelas. Brincadeira trata-se do Deuteronômio. Judeus não se casavam com gentios naquela época. Mesmo hoje Baptista e eu somos uma exceção. Rosa, mais corajosa que romântica decidiu ter o bebê. Chotek permaneceu ao seu lado dando ao filho seu nome e sobrenome. Giuseppe, por coincidência, nasceu no dia 25 de dezembro de 1867.

A vida continuou para todos. Giuseppe pai voltou para Viena. Rosa desapareceu para reaparecer – irreverente – cento e cinqüenta anos depois (re)encarnada em uma de suas bisnetas: eu!   

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Dados quantitativos

"David: BERN, CADE TODO MUNDO?
Bern: QUEM?
David: TODO MUNDO QUE CONHECÍAMOS. ONDE ESTÃO?
Bern: SEI LÁ, CARA. SUMIRAM.
David: ENGRAÇADO COMO AS PESSOAS DESAPARECEM.
Bern: É, HILÁRIO!"  
AMOR E RESTOS HUMANOS - Brad Fraser




335 amigos no facebook

1 presente de aniversario

a impressao de que a vida ja foi menos solitaria

a certeza de que nao tende a melhorar

domingo, 13 de julho de 2014

A visita

Minha mãe nasceu em Minas Gerais, numa região de montanhas e serrado, perto de Salinas uma cidade conhecida pela sua boa cachaça. Igual a Santo Amaro da Purificação de Caetano Veloso, não é?  Estive em Santo Amaro uma vez,  e também em Salinas quando jovem acompanhando minha mãe em retorno a sua cidade natal.  Ela e sua melhor amiga Lia se encontravam anualmente. Lia vinha e ficava em Bauru por um mês. Elas nunca perderam contato. Amizade, amizade mesmo! De uns cinco anos para cá, após o falecimento de minha mãe perdemos o contato com esses amigos e só conseguimos o reencontro devido à força de vontade de Nilza, filha de Lia, que não sossegou enquanto não teve noticias nossas. Bons tempos aqueles e esses. Foi através do Facebook que fui resgatada. A partir desse fato minha vontade de voltar à cidade natal de minha mãe não me saia da cabeça. Porém a vida moderna impõe obrigações e restrições, em vez de liberdade, e enquanto eu patinava ao redor de meu trabalho, Nilza chegou. A mulher corajosa que veio de longe! Por incrível coincidência chegaram também os meus parentes mineiros que foram viver no Paraná. Foi uma festa o encontro de todos, pois alguns dos meus primos fizeram o caminho inverso dos avós e estão vivendo em Montes Claros e Uberlândia.  Endereços trocados e lá vai Nilza conhecer a nova geração.
Não sei como descrever Nilza. Acho que ela lembra a mãe, se você imaginar o físico, um retrato, então... Interiormente ela me faz recordar Rosa Bertoldi, minha famosa bisavó italiana de Trieste. Mesma fortaleza, mesma história, mesma sinceridade. Amor exalando pelos poros. Eu sou vaidosa, pinto os cabelos, vivo comprando cremes, fiz plástica no pescoço, daí vem uma famosa gozação de Rosa Leda sobre a amiga que tem fixação em pescoços, não de aves, mas de mitos como Nefertite ou Afrodite, ou mesmo da minha outra amiga bauruense a Marilena... É o mundo moderno se desmanchando e a gente brincando. Mas, como dizem que rir é o melhor remédio. Nilza não é assim, é a autenticidade em pessoa, com seu excesso de peso e seus lindos cabelos grisalhos, uma joia rara nesse mundo tão conturbado. Contou sobre a família, suas idas e vindas entre a pequena cidade e Montes Claros, suas permanências com as irmãs e com o filho Juliano. Agora mesmo, eu esperando uma longa estadia e ela sai como um corisco para Campinas e depois para São Paulo para estar junto do Juliano. Me aguarde, Nilza, eu vou...Enquanto planejo a ida  penso numa música que ouvi dias desse, dizendo: “vou te fazer uma visita/mas não fique assim aflita/que eu não vou reparar/não precisa de baquete/nem se preocupe com enfeite....” Pense só naquele pão de queijo de dar água na boca e no pão caseiro quentinho que eu adoro tanto! Bom, se tiver berinjela temperada pra rechear, melhor ainda...

   

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Um estudo feito nos Estados Unidos concluiu que a teoria dos seis graus de separação - segundo a qual apenas seis pessoas separam você de qualquer indivíduo no mundo - pode estar correta, embora talvez sete graus seja um número mais exato. Pesquisadores da Microsoft estudaram os endereços de pessoas que enviaram 30 bilhões de mensagens instantâneas usando o programa MSN Messenger durante um único mês em 2006. Quaisquer duas pessoas estão conectadas por, em média, sete ou menos conhecidos - dizem os especialistas. A teoria dos seis graus de separação, criada na década de 1960, exerce fascínio sobre muitos, e inspirou um filme homônimo, dirigido por Fred Schepisi e lançado em 1993. Em 2006, no entanto, foi questionada por uma especialista e caiu em descrédito. Em entrevista ao jornal americano Washington Post, um dos pesquisadores envolvidos no projeto Messenger, Eric Horvitz, disse que ele próprio tinha ficado chocado com os resultados. "O que nós estamos vendo indica que talvez exista uma constante de conectividade social para a humanidade", disse Horvitz. "As pessoas já suspeitavam de que nós todos somos realmente muito próximos. Mas estamos mostrando em grande escala que esta ideia vai além do folclore". Mito O banco de dados usado por Horvitz e seu colega Jure Leskovec envolveu toda a rede de mensagens instantâneas da Microsoft - cerca de metade de todo o tráfego de mensagens instantâneas do mundo - enviadas em junho de 2006. Para o estudo, duas pessoas foram consideradas conhecidas se tinham enviado ao menos uma mensagem instantânea uma à outra. Tentando chegar ao menor número de elos da corrente necessários para conectar todos os usuários incluídos no banco de dados, os pesquisadores concluíram que a média era de 6,6 elos e que 78% dos pares poderiam ser conectados por sete ou menos pessoas. A teoria dos seis graus de separação foi criada pelo psicólogo americano Stanley Milgram após uma série de experimentos conhecida como Small World (mundo pequeno) onde ele pedia a uma pessoa que passasse uma carta a outra, desde que essa outra pessoa fosse conhecida. O objetivo era que a carta chegasse a uma determinada pessoa, desconhecida da primeira, que vivia em uma outra cidade. Segundo Milgram, o número médio de vezes que a carta foi passada foi seis - daí a teoria dos seis graus de separação. Em julho de 2006, entretanto, a psicóloga Judith Kleinfeld, da Alaska Fairbanks University, analisou as anotações da pesquisa original de Milgram e verificou que 95% das cartas não haviam chegado ao seu destinatário final. Ela concluiu que a teoria dos seis graus não passava de um mito. Mas a equipe da Microsoft disse que seu estudo valida pela primeira vez, em escala planetária, a teoria de Milgram.

domingo, 6 de julho de 2014

Os seres humanos devem aprender a se adaptar ao inevitável...

A frase está no I Ching e no Velho Testamento. Os cristãos consideram o antigo e o novo testamento como um único volume, a Bíblia, palavra derivada do grego, livros. O termo no judaísmo é sefarim e tanakh, lei entendida como guia, ajudando a lembrar seu conteúdo: Torah. A formação da Bíblia, uma compilação de escritos em hebraico e aramaico no Gênesis, é controversa. Antes da era cristã existia uma tradução para a Grécia destinada aos judeus ali residentes conhecida como Vulgata. Os primórdios do cristianismo são obscuros, pois os seus seguidores suprimiram textos que seriam de importância para a pesquisa atual. O cristianismo é uma reinterpretação do judaísmo. Sua pedra basilar, o Pentateuco, encontra-se no livro cristão aliás todo texto atribuído a Moisés nunca foi rejeitado pelo cristianismo, embora haja um abismo separando a crença moderna daquela praticada na forma primitiva. Queiram ou não, a religião deveria ser a busca da verdade, da qual ninguém deveria ter medo. Cristo, um dos poucos homens extraordinários, um incomodo para Zaratustra, Gautama, Buda ou Maomé não está morto, embora um pesquisador sério devesse fazer distinção entre ele e o que se pratica em seu nome. Jesus era judeu e possivelmente um gnóstico. Seria essa a razão do sumiço de documentos tão importantes, como os Códices, encontrados em Nag Hammadi? Teriam sido documentos enterrados por membros da antiga seita cristã? Talvez, ao sentirem o perigo, na medida em que a visão católica associava a Igreja a uma instituição triunfante. Por isso a descoberta tem uma importância vital para todas as religiões. O conteúdo do achado é gnóstico e impulsionou as pesquisas no século XX. O engraçado nisso tudo é o fato da nova religião ter-se apropriado do deus judeu dizendo o contrário. Na Idade Média tentaram uma interpretação mais real do judaísmo, através da Cabala, que é gnóstica, porém os estudiosos acabaram desacreditados. Para vocês sentirem que não são somente os católicos que desejam permanecer no escuro. 

Gnosticismo era um conjunto de correntes religiosas e filosóficas sintetizadas, cuja presença é percebida nos primeiros escritos do cristianismo. Essas ideias foram consideradas heréticas por volta do ano de 130 começando pelo Egito. A palavra significa conhecimento divino tendo como base as filosofias da Babilônia combinadas com elementos da astrologia. Os gnósticos mesmo perseguidos aparecem na evolução cultural da humanidade: no começo no Egito, depois com os cátaros e templários, nos rosa-cruzes e academia platônica chegando ao século XIX através da sociedade teosófica.

Quando li a frase que dá título a crônica pensei nisso tudo imaginando a inevitabilidade de uma ruptura profunda na interpretação do cristianismo. Hoje existe um conceito universal de religião articulando um esquema baseado na evolução como um processo que tem por objetivo a realização efetiva da essência universal de qualquer crença, talvez isso aconteça em breve. Falam em profecias sobre o último papa, sobre o anticristo, enfim sobre o final dos tempos... Esse anunciado término pode ser uma reviravolta cultural, histórica e religiosa sem precedentes na história da humanidade.





domingo, 29 de junho de 2014

Então, use criminosos ou judeus...

Frase atribuída a Hitler, após ouvir as explicações de seu ministro sobre a prisão de oito agentes alemães em missão de espionagem no território norte americano. Todos foram condenados à morte.  De acordo com o ajudante de ordens do Fürher, em vez de se sentir humilhado pelo tratamento descortês Canaris sorriu e repetiu a frase...  use criminosos ou judeus... A partir daí começou a organizar uma operação para salvar judeus, através da ABWEHT, algo correspondente ao serviço de espionagem britânico. Se o assunto não fosse tão sério a vontade é de rir. Afinal ele estava seguindo literalmente sugestões de seu chefe maior. Acabei de ler Guerreiros de Hitler, um presente do Baptista. Não, não sou uma neonazista. Gosto de História Moderna. O autor Guido Knopp vem trabalhando com acontecimentos referentes aos anos de 1940 e publicando com frequência suas descobertas. Nesse caso, ele conta o desempenho de seis importantes lideres de alta patente do exército alemão durante a segunda guerra. Começando por Rommel, o ídolo e seu cúmplice Keitel passando pelo maior estrategista de todos os tempos: o marechal de campo Erich von Meinstein relata fatos e boatos dos homens relacionados a Hitler, fala de virtudes e defeitos.

Um deles Friedrich Paulus, o conquistador de Stalingrado foi  transformado em lenda. Mas, após cinco meses cercado pelos russos acabou por se render para salvar seus soldados. Motivo? Foi abandonado à própria sorte pelo ditador. Permaneceu na Russia por muitos anos. Depois foi viver na Alemanha Oriental ministrando cursos e fazendo palestras. O aviador e ator de cinema Ernst Udet, filho de um rico empresário estava acostumado a uma vida boa e por conta de sua paixão: voar, acabou sendo um dos homens mais próximos de Hitler. Ele acreditou no discurso do sujeito e ao saber das atrocidades cometidas pelo regime deu um tiro na cabeça. Mesmo assim Hitler montou um circo e fez um enterro de herói para o jovem. A triste noticia veiculada pelos meios de comunicação da época era que ele havia morrido testando um novo avião! E por último o conspirador Wilhelm Canaris, aquele que salvou famílias inteiras de judeus por sugestão de Hitler. O livro me parece tendencioso, todos muito bonzinhos para meu gosto, mas vale a pena conferir...

domingo, 15 de junho de 2014

Assassinos....


O homicídio é tão velho quanto o homem. A Bíblia relata diversos fatos e o primeiro assassino foi Caim, que matou seu irmão Abel.  Contei a vocês alguns fatos relacionados ao livro sobre os ajudantes de Hitler. Passei dias pensando como seria a Alemanha ou o mundo não sei, caso as
tentativas de assassinato do Fürher tivessem sido bem sucedidas. Existiam espiões dos dois lados, pois foram tantas as vezes que se considerou o tiranicídio e ele sempre saiu ileso. Sorte?  Seria preciso muita sorte, se tivesse a vitória na guerra era da Alemanha...  Mas, voltando ao assunto: existe um perfil de assassino político? O que aproxima Brutus de Lee Oswald? Pirou... a mulher é maluca e a gente não sabia. Só pode... Nada disso. Pensem comigo. O homicídio político está sempre associado ao poder. A maneira mais rápida de mudança em um governo é a eliminação do detentor desse poder, que passa para outro individuo, outro partido ou família. Em geral quem mata um político sente-se no dever de fazê-lo. Muitas vezes é transformado em herói, através desse ato. Na Grécia do século VI a.c. Harmódio e Aristogitão mataram Hiparco que partilhava o governo com Hípias. Depois de algum tempo foram modelos para estátuas gregas, como heróis de Atenas. Imagine Julio César, um homem moderno para o tempo dele mudando o curso do governo romano, executando as reformas necessárias.  Teria o sucesso lhe subido a cabeça? Governava sentado em trono de ouro fazendo com que os senadores da república assinassem leis sem ler. Bom, para dizer a verdade não mudou muito. A diferença é o trono: não é de ouro e os políticos recebem propinas! Foram 23 facadas. Dentre os assassinos estava o filho de César com Servilia, amante do ditador. Caio Júnio Brutus. que era também sobrinho de Catão. César foi morto por desprezar a opinião de seus adversários. Além de motivos políticos tinha orgulho ferido e inveja nessa história, vocês não acham? Vamos partir do pressuposto que Julio César mereceu. Mas, e Gandhi? O homem santo da Índia queria o bem de todos e a independência de um país. Como alguém poderia pensar em matar Bapu? Um fanático religioso de nome Naturam Vinayak Gopal e seu grupo queriam os mulçumanos fora da Índia e assassinaram Gandhi sem dó nem piedade! A ironia do destino é que os mulçumanos continuam lá...                                   

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Momentos Decisivos

     Não, não aconteceria, havia boa  chance de que desse certo. Era uma questão de tempo. Esperaria.
No dia seguinte despertou com o pensamento martelando. A ansiedade quase fez com que fosse direto ao computador, mas não, continuaria aguardando, afinal seriam só mais vinte e quatro horas, eles estipularam a data.
     Depois da sesta, seu impulso era fazer uma discreta consulta, porém,  o dia já estava na metade, resistiria. Resistiu até à noite mas deitou nervosa prevendo uma insônia.
     Acordou mais cedo do que de costume. Foi à caixa do correio, encontrou dois ou três folhetos que informavam sobre a inacreditável promoção feita pelo supermercado que, naquele dia, venderia bananas a dezenove centavos o quilo, e da loja de colchões  oferecendo o super resistente modelo Nimbus, com molas ensacadas, recobertas pela espuma de resistência quarenta e revestido por tecido de algodão indiano com elastano que não enrugava, acompanhado do box, com pés de madeira maciça e gavetões onde poder-se-ia acomodar os lençóis e cobertores confortavelmente, ganhando como brinde dois travesseiros de espuma da NASA, tudo isso pelo valor simbólico de dois mil e quatrocentos reais e com a vantagem de, na segunda compra, o cliente receber de presente um jogo de cama da mais pura malha, do designer Lamberto Meirelles. No final informavam que ela iria se arrepender muito se não fizesse a compra, pois  nunca mais encontraria promoção igual.
     Sentou-se na poltrona, com a cortina e o vitrô abertos, aproveitando o Sol para fixar a vitamina D, que repunha há alguns meses,  e esperou. O Sedex passaria logo.
     Ao meio dia desistiu da poltrona, preparou um macarrão instantâneo, que comeu sem prazer algum, abriu uma caixa de bombons e subiu para o quarto. O relógio já marcava cinco horas   quando despertou, enregelada. Impossível que não houvesse notícia! Haviam prometido procura-la! Organizou melhor seus pensamentos e chegou à frase mais adequada: o resultado seria divulgado naquela quinta-feira. Os vencedores seriam avisados antecipadamente. Conclusão: não era uma das vencedoras. Entrou no site, e respirou aliviada: por problemas técnicos fora necessário adiar para sábado a divulgação do resultado.
     Sorrindo, fez suas orações e pediu a Deus que, se ainda desse tempo, Ele a fizesse vencedora. Talvez fosse sua última chance de receber louros nesta vida. Embora houvesse muita gente na sua situação, pedindo o mesmo, que Ele olhasse para ela: nunca cometera um pecado mortal, sempre se mostrara devota e fizera uma bela caminhada pelos trilhos da espiritualidade. Sabia-se bondosa, generosa, atenta às necessidades dos outros... mas nada disso lhe trouxera louros e ela os queria, ah, como os desejava! Ao final da oração ainda explicou a Deus que não era por vaidade, Ele, que conhece cada fio de nosso cabelo, já saberia disso, dispensável lembra-lo.
     Dormiu imediatamente. Ao som do despertador saltou da cama tão rapidamente que perdeu o equilíbrio ao pisar nos chinelos. Não era o despertador! A campainha soava, em repetidos toques que, pela primeira vez, não a irritavam, esperara tanto por eles! Um moto-boy a aguardava no portão com uma caixa nas mãos. Sentiu vontade de pisar no presente enviado por sua tia. Justo naquele dia? Que ódio! Nem se alegrou com a echarpe de tricô feita pela madrinha, a irmã mais velha de sua mãe que, aos 98 anos, ainda estava lúcida e fazia peças fantásticas com suas agulhas. Já passava das onze quando a campainha tocou novamente e ela viu a perua do Sedex à sua porta, seria deles? Já olhara no site e o resultado ainda não fora divulgado.
     Olhou para o jovem entregador, examinou as mãos dele, estendeu as suas para pegar o envelope e percebeu que adiava a hora da revelação. Antes de assinar conferiu o remetente, e, sim, era deles. Assinou trêmula, tentou rasgar o plástico resistente mas não conseguiu, apressadamente subiu os degraus e entrou na casa, enfiou uma faca no envelope e, abraçou-o ao ler: Srta. Letícia Spinelli, temos o prazer de lhe comunicar que seu trabalho foi selecionado e, após criterioso exame da comissão composta pelos senhores fulano, fulano e fulano, foi considerado o melhor, sendo atribuído a ele o primeiro lugar.
     Lágrimas, vontade de contar para todos, pequenos pulos, por temor de escorregar, embora desejasse dar saltos mortais e fazer estrela, com as mãos no chão e as pernas para o ar, e o peito cheio de alegria, de vigor, de vontade de prosseguir, acompanharam-na por todo o dia. Imprimiu, copiou, colou, arquivou páginas e páginas do computador, com seu nome e a declaração de que era, efetivamente, a melhor pintora entre os idosos que competiram. Nunca tivera certeza mas dessa vez, desde o início, soubera que havia possibilidade de se projetar, tornar-se um nome, ser alguém.

     
A emoção fez com que rodopiasse abraçada à carta como se estivesse dançando.

domingo, 8 de junho de 2014

Antes do início da copa...

O boato: tudo estava bem. Os parceiros na empreitada juntos, falando a língua da copa das copas. O fato: tudo estava mal. Os companheiros  na empreitada brigando por espaços na mídia e nas outras coisas menos nobres. De repente Ronaldo, o robusto da campanha Fiat, abre a boca envergonhado e despeja parte da verdade. Nada estava bem, dos estádios aos aeroportos chegando aos hospitais, com reformas atrasadas e pior ainda, alguns prédios nem saíram do papel. Tudo errado! Que vergonha, diria o craque. A presidente deu uma denta-da no moço usando a famosa frase de Nelson Rodrigues “não temos complexo de vira-lata”... Todos riram menos eu que não entendi a piada. Riram de alegria ou de tristeza? Somente agora o Ronaldo descobriu que estava tudo atrasado?Os estrangeiros perceberam antes e preferiram ficar concentrados nos Estados Unidos, onde a estrutura era muito melhor. Fico imaginando se houve esperteza da parte daqueles que negociaram a vinda do mundial de futebol para o país e ingenuidade por parte do povo que comemorou, acreditando que dessa vez “como nunca na história deste país” a coisa ia funcionar!!!!!!!!

O Brasil vai ter duas copas. Uma para a mídia mostrar ao mundo que nunca na história deste país...  Essa é de mentirinha, com segurança e conforto para turista ver. A outra o caos prometido pelos grupos de oposição com polícia sendo obrigada a ir por cima dos manifestantes, mesmo. Em tempo: nem Gilberto Freyre, nem Sergio Buarque de Holanda, nem Caio Prado, nem sociólogos ou antropólogos atuais descreveram o caráter do brasileiro como Nelson Rodrigues, o dramaturgo realista que apontava defeitos e qualidades desse povo. Acho que ele diria: mesmo com o desgoverno da capitã do time o Brasil foi campeão, embora a taça tenha sido comprada. Mas, isso não importa, não foi sempre assim? O que conta nesse ano eleitoral é o circo montado para alegria do povo! E os votos, esses sim de importância vital.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Problemas com aves?



- O que a trouxe aqui?
- Duas coisas me incomodam muito: os pés de galinha e o bico de papagaio.
- Você tem problema de relacionamento ou algum tipo de alergia a aves?
- Não entendi. O que o senhor quer saber?
Ele riu.
- Ah, é uma piadinha?
O humor inglês do médico a irrita.

- Não tem graça nenhuma, doutor!
Ele, sorrindo, justifica:
- Os pés de galinha atestam, que você já sorriu muito na vida, e uma porção de gente deve agradecer por ter recebido seu sorriso, que, ressalte-se, até hoje é bem bonito. Se quiser diminuir as marcas desse humor, há procedimentos dermatológicos e a plástica... quanto ao bico de papagaio sugiro atividades físicas e mudança de hábitos. Está disposta?

     Será que estaria disposta a correr o risco de ver seu rosto deformado, transfigurado ou sei lá o quê? Pensou e repensou.  Os pés de galinha realmente estavam  incomodando, mas mais do que eles a dor provocada pela osteofitose, nome que ele deu ao que ela  e todos que conhecemos chamam de bico-de-papagaio é que  incomodava mesmo. Nesse momento começou a relacionar as duas coisas,  a osteofitose é uma patologia que se caracteriza pelo crescimento anormal de tecido ósseo em torno de uma articulação das vértebras cujo disco intervertebral, que deveria funcionar como amortecedor entre os ossos, está comprometida e qual a razão??? O médico explicou: surgem como consequência da desidratação do disco intervertebral, geralmente nas pessoas com mais de cinquenta anos. 
     Era isso! Ostentava aquelas rugas nos olhos não por ser risonha mas porque já estava com mais de cinquenta e o bico-de-papagaio também. Simplificando e chegando à conclusão final: não tinha alergia a aves mas estava velha.
     Caminhou mais um pouco pela calçada e, de repente, tomou consciência de sua realidade: era uma velha!!!! Como estaria sendo vista pelos outros? Voltou correndo para o prédio, por sorte o elevador estava no térreo, o paciente ainda não entrara, pediu urgência para seu atendimento.
Saiu do consultório com a data marcada para fazer um preenchimento e acabar com os pés de galinha, o endereço de uma especialista em reeducação postural, e a promessa de enfrentar a academia no dia seguinte.

Efetivamente nunca tivera alergia a aves, apenas profunda aversão àquelas manifestações ovíparas que  acontecem no nosso corpo.

domingo, 1 de junho de 2014

A filha do Baptista...

 Tá certo a moça é bonita, culta, inteligente, mas trabalhar com produtora cultural não parece um negócio estranho? Bom, acho que estou ficando conservadora como ele. Isso não pode acontecer, não com meu curriculum...  Freelancer... Qual o sentido disso? Independente, talvez. Ela fica no telefone, no Skype ou no computador e diz que está trabalhando. Não posso duvidar, faço isso também, só que é para uma editora. De repente entra na sala e anuncia: vou para o Rio de Janeiro amanhã fazer uma visita técnica. Visita técnica no Rio? Um sol maravilhoso, as praias deslumbrantes, o restaurante do Copacabana Palace: um sonho. A moça fala em visita técnica?
Bem, ela explicou que o tal passeio conhecido como V.T. é um recurso metodológico aplicado ao turismo. Foi conhecer os lugares, a estrutura espacial para ter uma visão holística do local que será o palco onde se desenvolverão as atividades culturais dos estrangeiros que vão participar da copa do mundo. Ah, bom... como diria o padre Beto.
Deve ter gente se perguntando por que? Eu disse no começo a filha do Baptista é produtora cultural. Ah, bom... Sou atrapalhada não é? A menina vai acompanhar uma seleção no torneio mundial, daí a tal da visita técnica. O proposito da viagem era aperfeiçoar a teoria através da prática profissional e trocar experiências com os participantes do projeto para integração de todos. Na dúvida houve distribuição da oração de Santo Expedito para todos rezarem muito para tudo correr bem. Mas, mesmo assim o Baptista está com a pulga atrás da orelha. Uma jovem ao lado daquela quantidade enorme de homens bonitos? Expliquei a ele que os moços ficam confinados em um local para descansar e treinar.  Os acompanhantes europeus desses jogadores mais os brasileiros dessa comitiva ficam separados em um hotel e só vão se encontrar quando houver eventos culturais, festas, etc. Pra dizer a verdade inventei essa história, pois não sei como as coisas funcionam, só quis deixar o pai mais tranquilo. Mesmo não professando a fé católica vou fazer a tal oração do Santo Milagreiro todo dia e torcer os dedinhos dizendo vai dar certo...vai dar certo...

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Por que o Haiti está aqui?

Por Laís Azeredo Alves*, no Gusmão
A vinda de centenas de haitianos do Acre para São Paulo, nas últimas semanas, gerou tensões sobre a questão da imigração na cidade e no país. As discussões envolvendo os políticos dos dois estados com acusações de racismo e irresponsabilidade não serviram para uma compreensão plena da situação, muito menos para sua solução. O governo federal, por sua vez, permanece concedendo vistos humanitários para os haitianos que chegam, mesmo na ausência de uma política nacional para as migrações que reflita as necessidades atuais.
Em janeiro de 2010, um terremoto de sete graus atingiu a região de Porto Príncipe, capital do país mais pobre das Américas. A tragédia levou à morte mais de 300 mil pessoas e forçou outras 1,5 milhão ao deslocamento nacional e internacional.  Em 2012, um furacão atingiu novamente o Haiti, causando mais destruição e miséria em um país cuja vulnerabilidade ambiental é reforçada pela frágil economia, pela política instável e por números de pobreza absurdos.
O Haiti tem sua história marcada pela violência nas lutas pela independência e pela vitória de ter sido o primeiro país do continente americano a alcançá-la, em 1804, pelas mãos de líderes negros. A independência, todavia, não cessou outros inúmeros problemas enfrentados pelo país, como a instabilidade política e a luta de grupos pelo poder. Assim, a situação econômica como país periférico tampouco foi modificada.
Entre 1915 e 1934, os Estados Unidos intervieram militarmente para defender seus interesses. Nos anos seguintes, a instabilidade política, com a disputa política entre diferentes grupos que gerava violência, legitimou mais intervenções externas no país. Foram totalizadas cinco intervenções internacionais sob os auspícios da Organização das Nações Unida (ONU) só na década de 1990[1].
Desde 2004, o Brasil lidera uma força multinacional da ONU no país, denominada Minustah – Mission des Nations Unies pour la Stabilization en Haiti (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti). A função da Minustah é de ajudar na reconstrução e na estabilização do Haiti, por meio da reestruturação e reforma da polícia haitiana, do auxílio no Programa de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração, da restauração do Estado de direito e do restabelecimento da segurança pública no país. Além disso, à missão cabe ainda a proteção aos civis, ao staff da ONU, o apoio aos processos políticos e a garantia do cumprimento dos direitos humanos no país. No entanto, é necessário questionar se o que é colocado no papel se assemelha ao que é posto em prática. Estudos críticos apontam que os verdadeiros objetivos da Minustah estão voltados para um projeto de “recolonização” do país por parte do capital transnacional, e que a ajuda humanitária é uma grande farsa.
A vulnerabilidade do Haiti é geral: inexiste estabilidade política e segurança pública e há crise de alimentos, escassez de água potável, falta de infraestrutura e saneamento básico. Gabriel Godoy, oficial de proteção do escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) no Brasil afirma que “cerca de 55% dos haitianos viviam com menos de 1,25 dólar por dia, por volta de 58% da população não tinha acesso à água limpa e em 40% dos lares faltava alimentação adequada” [2].
No ano de 2012, ficou mais uma vez comprovada a instabilidade ambiental do país: o furacão Sandy chegou no mês de outubro e provocou inundações em áreas com esgoto a céu aberto, o que, evidentemente, facilitou a transmissão de doenças, como o cólera[3].
Muitos haitianos permanecem no país como deslocados internos. De acordo com a Relief Web (2014) são 172 mil pessoas, até o final de 2013, vivendo em mais de 300 campos pelo país. Serviços básicos nos campos – como acesso à água encanada e saúde básica [4] – não acompanham. Portanto, se medidas de integração local, retorno ou transferência não se intensificarem este ano, um alto número de deslocados corre o risco de continuar vivendo em condições insalubres.
Para evitar essa situação, milhares de haitianos decidem migrar para outras partes do mundo. Países como República Dominicana e Guiana Francesa já faziam parte da rota de destinos frequentes dos haitianos, outros como Equador, Colômbia, Peru, Bolívia, Chile e Argentina também se transformaram em possibilidades para o deslocamento[5]. O Brasil também foi um destino escolhido. A ideia de país em ascensão e hospitaleiro, além da proximidade entre os dois povos que ocorreu com a participação de soldados brasileiros na missão da ONU no Haiti, são alguns fatores explicativos. Outra razão são as parcerias entre o governo, ONGs e empresas brasileiras no Haiti voltadas para o desenvolvimento[6]. Além disso, a partir da crise econômica de 2008, os países desenvolvidos endureceram o controle migratório, dificultando a entrada de imigrantes[7]. É por isso que o Haiti está aqui.
Mas como o Brasil, candidato a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, lida com essa nova realidade de país “em ascensão” e destino de imigrantes que buscam melhores perspectivas de vida?
Um primeiro ponto a ser destacado é que os haitianos não são considerados indivíduos em situação de refúgio porque, de forma geral, não se enquadram nos pré-requisitos estabelecidos pela Convenção de 1951 e pelo Protocolo de 1967, ou seja: indivíduos que sofrem perseguição ou fundado temor de perseguição, violência generalizada e desrespeito aos direitos humanos. No entanto, por se tratar de uma situação inegavelmente calamitosa e diante da ausência de um dispositivo específico que proteja indivíduos forçados a migrar em razão de desastres ambientais, o Brasil optou por um novo mecanismo de acolhida, estabelecido na  Resolução nº 97, de janeiro de 2012: visto por razões humanitárias. Assim, a concessão desses vistos possibilita aos haitianos residir legalmente no país e ter acesso a serviços públicos e ao mercado de trabalho.
As cidades brasileiras que mais receberam imigrantes haitianos foram Tabatinga e Manaus (ambas no Amazonas) e Brasileia e Epitaciolândia (ambas no Acre). O caminho percorrido é, geralmente, semelhante: os haitianos passam por países andinos, como Equador, Colômbia e Peru, até chegar ao Brasil. Em muitos casos contam com a ajuda de atravessadores (também chamados coiotes) que cobram para auxiliar na travessia. Os custos da viagem chegam a três mil dólares e durante o percurso são extorquidos por policiais, roubados e sofrem violência física, como estupros e até assassinatos[8].
A pequena cidade acreana de Brasileia encontrou-se diante de uma situação caótica, sem infraestrutura e sem preparo, e teve que lidar com o alto fluxo de haitianos chegando em seu território. O abrigo disponibilizado pela prefeitura da cidade enfrenta superlotação: com capacidade para até 400 pessoas, mais de 1.240 disputam o espaço exíguo. Sem condições de arcar com os custos dessa situação, com ajuda insuficiente do governo nacional ( cerca de 4,2 milhões de reais foram repassados para os serviços de assistência 1.300.000 milhão para a saúde e o auxílio na documentação, segundo nota oficial do Ministério da Justiça), que ainda parece não assumir sua responsabilidade, e diante da circunstância de calamidade pública causada pela cheia do rio Madeira, que impedia a saída de qualquer pessoa da região, o governo do Acre fechou o abrigo de Brasileia, instalou outro em Rio Branco e encaminhou 2.200 haitianos documentados para o sul e sudeste do país. São Paulo esteve entre os principais destinos

                                                                                                         fonte: outras - palavras.net

domingo, 25 de maio de 2014

Anos platônicos...


“O que está em cima é como o que está embaixo                                                                                    
E o que esta embaixo é como o que está em cima                                                                
Perfazendo o equilíbrio da natureza”

Se Jung acreditava, eu também creio que a astrologia rege a vida dos seres humanos.  De repente alguém falou em ascendente. Pensei em um livro que li nos meus tempos de ativista hippie, no inicio da era de aquário, e lembrei-me dos anos platônicos. Sim, Platão dizia que o mundo fundava-se na natureza do universo. O Timeu fala da ordem do cosmos. O personagem narra aos filósofos Sócrates, Crítias e Hermócrates, como a terra, os astros e os seres vivos surgiram.  Segundo Timeu, o demiurgo criou o mundo empírico a partir de um modelo ideal, ressaltando que essa ação foi a de colocar o caos em ordem.  Pode-se dizer que a astrologia é um campo do saber humano e muitos sistemas filosóficos contribuíram para dar fundamento a essa atividade. Mas, o assunto não era o ascendente? Por que anos platônicos? Acho que pensei em épocas de transição como a nossa. Vou começar do começo... A idade platônica tem 25.920 anos. Nesse tempo, o ponto vernal atravessa as constelações zodiacais por um período de 2.160 anos. Para os leigos esse “curto” espaço de tempo é conhecido como uma era, cuja transição de uma para a seguinte torna-se sempre um momento conturbado.  Platão começou sua retrospecção mais de 10.000 anos atrás, quando o continente de Atlântida submergiu.   Segundo cálculos a catástrofe ocorreu no apogeu da civilização com o sol no signo de leão. Essa posição deu aos seres humanos um excesso de autoconsciência transformada em petulância. Portanto, a destruição veio pela própria hybris/descomedimento do povo e não por vontade de Deus. De modo que a Atlântida aniquilou-se a si mesma.   

A uns 4.000 anos atrás,  a batalha entre a ideologia da era de touro e a de carneiro mostrou a Pérsia em estado de guerra, com Mitra lutando contra esse animal e transformando-se em deus guerreiro na era de carneiro. A memória dessas lutas encontra-se nas touradas da Espanha atual. Carneiro significou o momento mais importante na evolução humana. Em seguida o mundo entrou na era de peixes, a mais espiritualizada de todas, porém essa evolução não se concretizou, transformando o período em fracasso. A impressão foi que os demônios estavam soltos. A juventude seduzida por Netuno produziu um misticismo confuso ajudado por elementos tóxicos ou entorpecentes. De acordo com alguns autores a era de aquário teve inicio em 5 de fevereiro de 1962, da mesma forma que a de peixes não começou com o ano 1 de nossa era. Para os astrólogos isso não corresponde à realidade, pois Cristo nasceu pelo menos cem anos antes... Como não tenho certidão de nascimento, nem cópia de documentos não posso provar. As pesquisas estão baseadas nos Manuscritos do Mar Morto e em material arqueológico. Tudo por causa do tal ascendente. Bem, o do aquariano em questão é Aries, com sol em Virgem. Para quem não sabe o ascendente carrega a tarefa dessa vida tornando-se mais importante do que a posição solar na segunda metade da existência. Então, nesse caso está valendo o revolucionário signo de aquário, com as características da flexibilidade, inteligência e diplomacia. O sol dá a conhecer as aquisições das vidas passadas e a lua informa sobre a vida pregressa, assim como percepções da vida atual, experiências acumuladas no inconsciente. Espero que o próximo pedido de informação não seja um mapa astral, pois sou incapaz de confeccioná-lo e vou ter que apelar para profissionais. Socorro! O Baptista vai querer me internar... não é Rosa Leda?        


sexta-feira, 23 de maio de 2014

A gente pensa que está comendo bem mas...



Quase um terço dos vegetais mais consumidos pelos brasileiros apresentam resíduos de agrotóxicos em níveis inaceitáveis, de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O que vem do campo pode não ter apenas nutrientes, mas também resíduos dos produtos usados para proteger as plantações. Agrotóxico em excesso ninguém quer.
A ingestão de comida com excesso de agrotóxicos de forma prolongada pode causar problemas neurológicos e malformação fetal. Pesquisas recentes mostram a relação da exposição a essas substâncias com doenças do sistema nervoso.
Em 2010, a Academia Americana de Pediatria fez uma pesquisa com 1.100 crianças e constatou que as 119 que apresentaram transtorno de déficit de atenção tinham resíduo de organofosforado (molécula usada em agrotóxicos) na urina acima da média de outras crianças. Em 2010, foi usado 1 milhão de toneladas de agrotóxicos em lavouras do país. Ou seja, 5 kg por brasileiro.
Veja baixo a quantidade em porcentagem que cada alimento contém de contaminação.
1 Pimentão 91,8%
2 Morango 63,4%
3 Pepino 57,4%
4 Alface 54,2%
5 Cenoura 49,6%
6 Abacaxi 32,8%
7 Beterraba 32,6%
8 Couve 31,9%
9 Mamão 30,4%
10 Tomate 16,3%
11 Laranja 12,2%
12 Maçã 8,9%
13 Arroz 7,4%
14 Feijão 6,5%
15 Repolho 6,3%
16 Manga 4%
17 Cebola 3,1%
18 Batata 0%
Eu adoraria publicar só coisas otimistas mas a conscientização talvez prolongue nossa vida por alguns anos.

PS- Camilla, quem falou da ala jovem foi a Rosa Bertoldi e não a Leda Bertolli(rsss)



quinta-feira, 22 de maio de 2014

terça-feira, 20 de maio de 2014

segunda-feira, 19 de maio de 2014