domingo, 17 de agosto de 2014

Histórias: Van Gogh e Antonin Artaud

Deveria dizer que se trata de similaridade? Não sei... Como contei para vocês que o Baptista decidiu me transformar numa mulher culta deu-me um catalogo da exposição que começou a ser exibida no Museu D’Orsay (Paris) sobre a obra de Van Gogh. E daí, perguntarão alguns. O texto relata como surgiu o nome da mostra: Van Gogh: o suicida da sociedade. Em 1947 ao reunir e classificar trabalhos do artista, o curador Pierre Loeb pediu ao dramaturgo Antonin Artaud que escrevesse sobre Van Gogh. Seu texto foi transformado em livro e exposição nesse ano de 2014.

Vou chover no molhado. Todos sabem quem foi Van Gogh, pintor holandês diagnosticado como esquizofrênico. A esquizofrenia é considerada pelos psicopatologistas como um tipo de sofrimento psíquico grave, caracterizado pela alteração no contato com a realidade. Como eu sei disso? Lendo a Nise da Silveira. Seu assunto era a loucura na arte. Hoje em dia os especialistas não a consideram como doença, mas como transtorno mental. Mas, vou falar da arte de Van Gogh, meu mais recente conhecimento e não sobre doenças. Nas palavras do próprio artista: ele queria exprimir esperança num punhado de estrelas... Arte é isso, não é? Ele abandonou cedo a escola e tentou ser pastor religioso como seu pai antes de chegar a pintura, sua verdadeira vocação. Após estudar desenho passou a representar no papel um registro sensível e metódico do que via: fazendas, lavouras, florestas, moinhos, carroças, camponeses, sapateiros, ferreiros, seus pais, amigos, trabalhando com crayon, aquarela, pincel, nanquim. Convidado a viver em Paris, passou dois meses em Antuérpia antes de chegar a cidade luz. Sua permanência no local colocou-o em contato com a obra de Rubens, uma forte influencia em sua obra. Após algum tempo na França, fixou residência em Artes. Nessa época empregava cores fortes, ousadas, violentas, sua característica principal, tanto que é considerado um precursor do expressionismo. Mas, qual seria a relação com Antonin Artaud além do texto encomendado pelo curador, nos idos de 1940? A doença que não é uma doença.  
Artaud foi dramaturgo, poeta, pintor, escritor, roteirista, diretor de teatro fortemente ligado ao surrealismo. Ele é uma referencia para diretores como Peter Brook, Jerzy Grotowski, Eugenio Barba dentre outros. Eu já vi diversas montagens de Peter Brook tanto no Brasil como na França e considero o diretor tão clássico! Logo se vê que não entendo nada de teatro, mesmo... Em 1937 Artaud foi considerado louco, louco de pedra. Nossa, fiquei pasma ao ler isso. Ficou internado em manicômio por seis anos e depois transferido para uma clinica por mais três anos voltando à Paris somente em 1946.  Mas, não dizem que o poeta ultrapassa a lógica normal? Quem teria razão a medicina ou a irracionalidade contida no mundo artístico? Não sei. Artaud postulava que o grito, a respiração, o corpo do homem era o lugar primordial do ato criativo teatral.  O teatro era para ele o lugar privilegiado da germinação de um formato que refaz o ato criador. Sua obra como um todo era simbolista, metafórica e com experimentações linguísticas. Um expressionista e outo surrealista, ambos considerados loucos, ambos artistas respeitados em suas profissões. Fico pensando numa frase conhecida: de perto ninguém é normal. Resumindo o germe da loucura deve estar em todos nós.          

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