segunda-feira, 31 de maio de 2010

AMOR E AMORES

O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceita desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida... (O Livro do Desassossego - Fernando Pessoa)

"O amor é uma doença que acomete o pensamento de uma pessoa e a torna obcecada por outra pessoa, criando um vício incontrolável que busca penetrar em todos os mistérios da pessoa amada: suas formas, seu corpo, seus hábitos.

Trata-se de um anseio desmedido, uma visão perturbada que invade o coração dos infelizes. Tornam-se ineficazes e dispersos. Esses infelizes deliram em abraçar, conversar, beijar e deitar-se com o ser amado, mas jamais conseguem fazê-lo plenamente (por várias razões), e essa impossiblidade é essencial na dinâmica do desejo perturbado. Corpo e alma estremecem anunciando a febre da distância.

O amor romântico é uma doença. Nada tem a ver com felicidade. Por isso sua tendência a destruir o cotidiano, estremecendo-o.

Ou o cotidiano o submeterá ao serviço das instituições sociais como família, casamento e herança patrimonial, matando-o.

Por isso os medievais diziam que o amor não sobrevive ao cotidiano. O cotidiano respira banalidade e aspira à segurança (irmã gêmea da monotonia, mas que a teme ferozmente) e a paixão se move em sobressaltos e abismos. Uma pessoa afetada pela paixão não pensa bem.

Nem todo mundo sofrerá da "maldição do amor" como diziam os medievais. Muita gente morre sem saber o que é essa doença."

Gostei tanto do que li hoje, na Folha, E 8, escrito pelo Luiz Felipe Pondé, que não poderia deixar de dividir com vocês.

Ao que transcrevi acrescentaria: azar de quem não não foi contaminado pelo vírus do amor e mais: pegar a doença uma vez não imuniza, o que é ótimo.

Bendita maldição!

Finalizando, trecho de uma entrevista com Flávio Gikovate que lançou recentemente seu livro

“Uma História de amor... com final feliz” onde decreta a morte do amor romântico e acredita que os relacionamentos atuais não duram por serem formados por “um egoísta” e “um generoso”, onde um exige de mais e o outro sempre cede. Melhor ficar sozinho! “A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem”, diz.

Vocês acreditam nisso?

sábado, 29 de maio de 2010

Poetando em ídiche...


Não se preocupem o poema está em português e foi transcrito do informativo da Organização Wizo SP do 1º trimestre de 2010. Trata-se do texto de um poeta judeu Avraham Liessin (1872-1938). Ele foi educado tradicionalmente e dedicou à literatura e filosofia haskalá/iluminista. Perseguido devido suas idéias socialistas exilou-se em New York. Eis o poema inspirado em heróis religiosos judeus.

O JUDEU ETERNO

Prolonga-se através de intermináveis gerações
A violenta luta entre os povos
O campo de batalha estremece sob as tensões
Continuo minha andança por caminhos novos

Através de areia e espinhos, através de pedras e ossos
Eu caminho e caminho e sempre caminharei
Firmei com o próprio demônio, assassino,
Um tratado que para sempre manterei

Que o fogo não consiga me queimar
Que a água não consiga me engolir
Que a lança não consiga me perfurar
Que o petardo mude de direção

Sinto ser mais forte que todo sofrimento
Que o ódio dos homens e seu combate
Mais forte que a água, o fogo e o tormento
Mais forte até que o mortal combate

Diante de mim, através de milhares de anos
As maiores potências foram aniquiladas
Os povos mais poderosos se foram pelos canos
E populações inteiras foram dizimadas

Montanhas gigantescas há muito ruíram
E campos perenes – apodrecidos e pisados
E rochas poderosas amolecidas desmoronaram
E eu vivo, próspero, sem os tempos contados!

E eu vivo, e vivo e sempre viverei
Através de centenas de anos de luta
Viverei, lutarei e aspirarei
E a base da eternidade é a confiança absoluta.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Quem estiver me acompanhando poderá perceber uma leve preocupação com meu cérebro...
Começou quando percebi que após o lançamento do meu livro Contos de Solidão, iniciei a travessia de um deserto criativo. Agora é porque constantemente troco a ordem das letras enquanto digito. Será que estou ficando gagá? Ainda se fosse a Lady Gaga... então comecei a procurar "receitas" para melhorar. A boa e velha psicoterapia, conversar e conversar, ver filmes instigantes etc.

Sabe-se, hoje, que a ideia de que a memória tem uma capacidade limitada que vai diminuindo com o passar do tempo já ficou para trás.

Viver novas experiências é excelente para a memória. O cérebro fica em estado de encantamento quando a gente se esforça e aprende algo que quer muito.

“Musculação” da mente é estudar ou aprender algo novo e tudo é válido, desde reestudar uma língua já aprendida até natação e a famosa troca de mãos, usando a menos hábil para realizar as tarefas e a experiência de fazer coisas com olhos fechados.

FATORES QUE INFLUENCIAM NA CONDIÇÃO CEREBRAL
1. ATITUDE MENTAL POSITIVA
A boa memória depende da personalidade da pessoa e da emoção com a qual os fatos são codificados e armazenados. Evitar pensamentos negativos e preocupações ajuda na memorização. A tristeza desequilibra os neurotransmissores cerebrais e gera dificuldades até para resgatar dados já arquivados. Um estudo feito com ratos comprovou que uma única situação socialmente estressante pode destruir novas células nervosas na região cerebral que processa o aprendizado, a memória e a emoção. Ratos jovens, ao se depararem com ratos mais velhos e agressivos, tiveram as células localizadas no hipocampo comprometidas. Apenas um terço das células geradas sob o estresse sobreviveu.
2. NOITES BEM-DORMIDAS
Outro recurso valioso é manter o sono em dia. O repouso funciona como um coletor de lixo, quando é possível editar as ideias. A pessoa retém o que aprendeu, depura as informações e joga fora o que não presta. Esquecer também é fundamental para lembrar melhor. Manter-se acordado e alerta com as chamadas smart drugs, drogas que buscam melhorar a atenção e agilizar o desempenho intelectual, pode oferecer risco ao equilíbrio dos bilhões de neurônios, principalmente quando não há acompanhamento médico. Algumas substâncias naturais, como a xantina, presente no café, no chocolate e em alguns chás, podem servir de estimulante natural, sem efeitos colaterais ou contraindicações.
3. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Alimentos ricos em gorduras e vitamina B ajudam a manter o equilíbrio de aminoácidos necessários para a formação e a estabilidade dos neurotransmissores, os componentes químicos que mantêm conectadas as células do sistema nervoso.
A gordura saturada pode ser encontrada nos peixes, na soja, nas castanhas e nas nozes. A gordura insaturada, mais saudável, está presente no azeite de oliva extra virgem e no óleo de canola. Essas gorduras melhoram a aprendizagem e o intercâmbio de informações no cérebro.
As vitaminas do complexo B fazem parte da composição de frutas, legumes e cereais integrais. Uma refeição que inclua salmão (peixe farto em boa gordura), verduras, arroz integral e molho de nozes, além de um copo de suco de frutas, é um poderoso combustível para a mente.
Nada disto é novidade mas de repente alguém poderá estar numa fase como a minha.

domingo, 23 de maio de 2010

Sucesso

Números finais de público nas 30 cidades participantes da 4ª edição da Virada Cultural Paulista:

Público Geral:

Araçatuba 33.068
Araraquara 86.594
Assis 108.486
Bauru 44.155
Caraguatatuba 32.121
Franca 32.315
Indaiatuba 86.825
Jundiai 75.972
Marilia 78.185
Mogi das Cruzes 58.711
Mogi Guaçu 43.591
Piracicaba 180.773
Presidente Prudente 68.026
Santos 55.786
Bertioga 2.130
Cubatão 3.862
Guarujá 6.120
Itanhaém 14.900
Mongaguá 1.330
Peruíbe 3.050
Praia Grande 2.110
São Vicente 7.345
Ribeirão Preto 27.349
Santa Barbara do Oeste 238.602
São Bernardo do Campo 21.563
São Carlos 36.769
São João da Boa Vista 85.117
São José dos Campos 44.959
São José do Rio Preto 24.923
Sorocaba 83.976

sábado, 22 de maio de 2010

Paris!!!!!

Hemingway disse que Paris era uma festa! Continua sendo uma festa para os olhos dos turistas. Vivi em Paris por um curto espaço de tempo e amo a cidade como qualquer parisiense. Estou sempre curtindo lembranças e acontecimentos engraçados ou tristes pelos quais passei. No começo o deslumbramento, no final a tristeza por abandoná-la, mas a saudade falou alto na ocasião. Meus filhos pequenos estavam no Brasil e eu morria de vontade de vê-los. A última vez que estive em Paris quando entrei no 16º arrondissement (os bairros são numerados)eu chorei e nem sei se foi de tristeza ou emoção... Mais do que uma festa Paris é história, é arquitetura das boas, é arte. Montmartre, o antigo bairro operário hoje um reduto de artistas com sua pequena praça e a famosa igreja, as ruas estreitas e sua efervescência ainda hoje encantam. Lá viveu Picasso e quase todos os vanguardistas. Paris é Montparnasse e as lembranças de gente como a gente. Escritores, poetas, jornalistas, editores e diretores de suplementos culturais vivendo – entre 1920/1940 – ao redor de Gertrude Stein, tais como: D.H. Laurence, Miller, Pound, Edith Whartton. Gertrude possuía uma casa na rue Fleurus, conhecida como pavillon, cujas paredes estavam cobertas por desenhos e pinturas de Picasso e Matisse, que a família Stern doou aos museus americanos. Paris era a cidade onde estavam aqueles que se revelaram humanos demais e os que acabaram por mostrar seu mau caráter como Joyce e Fitzgerald. É claro que a culpa não é da cidade. Ás vezes penso que Paris deveria ter um Wood Allen para amá-la como merece, como o cineasta judeu ama seu bairro com sua conhecida ponte a Brooklin Bridge, na cidade New York.
Paris exerceu um forte fascínio e foi amada, mas quase sempre por estrangeiros. Gertrude e Sylvia Beach, ambas americanas, adoravam Paris e apimentaram os conhecidos anos loucos com suas atitudes de mulheres liberadas. Elas se conheceram por causa da livraria de Sylvia, a famosa Shakespeare and Company. Aberta em 1919, acabou por fechar suas portas durante a ocupação nazista. Hoje ela continua lá com suas paredes verdes. Seu dono é George Whitman que reabriu a loja e deu o nome da antiga proprietária à sua filha. Na livraria pode-se ver velhos manuscritos, quadros, folhear os livros e de quebra ainda olhar para as águas do rio Sena.
Paris para mim tornou-se símbolo de liberdade, da arte de ver com olhos de coruja. (dizem que seu olhar abrange 180 graus...) Foi um banho de cultura, reencontro com alguns amigos, aproximação com novas pessoas, enfim uma superação daquele velho complexo de terceiro mundo em relação ao primeiro. Foi decepção por conta do racismo aderente aos franceses e fazia parte do dia a dia deles. Não que eu particularmente tenha sofrido qualquer tipo de xenofobia, ao contrário sempre fui muito bem tratada por todos. Na última viagem que fiz ganhei até caixa de bombons do hotel onde estava e tudo porque choveu e pingou água na minha coberta!!!!!!! Os franceses são mesmo imprevisíveis, ou talvez nós os turistas sejamos tão imprevisíveis quanto eles, não é? Bem, não vou descrever museus ou ruas, nem mesmo a Ilê de France, com seus casarões antigos, pois a maioria conhece reproduções, cartões postais ou até ao vivo e a cores a cidade das luzes, uma cidade romântica e por incrível que pareça limpa, embora perfume nenhum consiga disfarçar um leve cheiro de xixi de cachorro!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

outrora

e, de repente, os olhos se cruzam.
não tinha notado como ele tinha envelhecido.
mas não era pelos cabelos brancos - poucos, mas já visíveis, mostrando que, sim, o tempo passa.
estava no olhar.
opaco. infeliz. cansado.
uma pena.
os olhos pareciam sem horizonte.
perdidos na imensidão do nada que insistia em afogar a visão.
fitavam vai saber o quê. mal respondiam.
volta e meia, piscavam. necessidade física.
adestrados.
amedontrados.
receosos de, novamente, encontrar algo que fizesse a pupila, já esclerosada, dilatar.
pareciam preferir aquela vida de asilo.
de chá das cinco.
olha de novo para ter certeza.
é. tinha certeza.
e mais: podia jurar que já existia um sorriso ali.
um, não. vários.
tinha um que surgia após as gargalhadas, como prêmio ao bom humor.
outro, por sua vez, era tímido, canto de boca, utilizado nas situações de vergonha/desejo.
usava em ocasiões especiais - que ele não sabia quais eram até surgirem.
e o de boca cheia? felicidade em estado bruto, querendo ser lapidada por alguém.
faltava só alguém se candidatar a ourives...
cadê?
o gato comeu?
outro olhar...
uma pena.
a barba escondia aquela serenidade de outrora.
esconde o que não era segredo pra ninguém. ou para alguém.
aliás, esconde quase que totalmente - uma falha aqui, outra ali e você descobre uns pecados acolá.
escondia definitivamente emoções que, antes, até RG tinham.
não gostou do que viu.
não mesmo.
há quanto tempo ele estava assim?
quando se tornou uma caricatura de tudo o que temia?
quando tinha virado o monstro debaixo da cama?
não fazia ideia.
via, agora, um rascunho feito de grafite tipo solidão.
desenho livre. dolorido. esboço sem cores primárias.
os olhares se cruzam.
no exato momento em que se cria o momento eterno.
ele não gostou do que viu.
não mesmo.
apagou a luz acima do espelho.
fechou a porta do quarto.
e foi sonhar.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

UM POUCO DE FENG SHUI

Uma bolsa tem a energia e o universo de seu dono. A bolsa é o microcosmo e cuidando bem dela, você estará cuidando melhor de você.
Abaixo estão sete dicas para aplicar em sua bolsa de acordo com os princípios do Feng Shui.

1) Tamanho: quando você escolhe uma casa para morar, em geral o tamanho é escolhido conforme a necessidade. O mesmo ocorre na escolha da bolsa. Se você necessita carregar muitas coisas, opte por uma bolsa grande. Se carrega pouca coisa, uma bolsa grande é até ruim, pois fica parecendo que você carrega um “saco vazio” ou um peso desnecessário.
2) Limpeza: Faça limpezas diárias na bolsa. Se você é do tipo ecológica e costuma guardar lixinhos como papel de bala na bolsa, então coloque o lixinho numa divisão especial, para depois jogar fora. Bolsa cheia de lixo é prosperidade indo embora.
3) Supérfluo: Harmonia é equilíbrio. Um ambiente cheio de coisas ou inutilidades impede a circulação da energia, tornando a casa pesada e com energia estagnada. O mesmo ocorre com a bolsa, se você carrega coisas desnecessárias. Faça varredura na bolsa, ou você gosta de carregar o “quarto de bagunça” à tiracolo?
4) Organização: uma casa tem que ser prática e funcional, uma bolsa tem que ser prática, funcional e ágil na hora de se achar o que é preciso, dentro dela. Se necessita levar ou guardar muitas coisas, opte pelas bolsas com muitas divisórias. Não misture tudo num mesmo espaço, é anti-próspero ter tudo bagunçado dentro da bolsa.
5) Dinheiro: como você guarda o dinheiro? Joga em qualquer canto, amassa, ou dobra? Soca em qualquer divisão da bolsa? Deseja prosperar amassando seu dinheiro? O dinheiro tem que ser bem cuidado, guardado numa divisão específica da bolsa ou numa carteira. Coloque na divisória dele com cuidado, arrume as cédulas abertas e em ordem crescente, nada de colocar nessa divisória contas ou recibos. Divisória de dinheiro é só para o dinheiro. O mesmo cuidado deve-se ter com cartão de crédito e de banco, guardando-os na divisória correspondente (não junto com o dinheiro) e não adianta dizer que fez isso porque havia pressa. Não brinque com dinheiro. Segundo os antigos diziam, dinheiro não aceita desaforo.
6) Carregue alegria e fé: já que bolsa carrega um pedaço da sua vida, tenha sempre nela lembranças positivas, como foto da família ou namorado, agenda com telefone de amigos, livros de mensagens positivas ou religiosas, patuás da sorte, riqueza, amor, contra inveja, etc.
7) Cor: Bolsa preta representa discrição, mas também status, pois sempre será chique, bolsa vermelha energiza e atrai amor, bolsa marrom atrai segurança, verde ou amarela atraem riqueza, a rosa atrai romance e a laranja, alegria.

Fonte: Portal Terra.

domingo, 16 de maio de 2010

Em algum lugar do caminho tenho certeza de que nos perdemos. Certeza. E parte do motivo entre nos entendermos cada vez mais é a tecnologia. Clara que eu vou explicar e vai fazer sentido.
Exemplo prático: uma amiga conheceu um rapaz em uma reunião de trabalho. O trabalho não rolou mas ela achou o rapaz interessante. Eles se adicionaram no MSN e facebook e trocaram algumas mensagens. Principalmente via Facebook já que a moça não tinha MSN no computador do trabalho. Tudo meio ambíguo, nada muito certo.
Alguns meses depois, instalaram MSN no computador do trabalho da moça e em uma semana ela e o rapaz passaram de vagos conhecidos a melhores amigos no mundo. Contaram tudo, dramas familiares, desejos, sonhos, ambições... e marcaram um encontro.
No primeiro encontro real, tudo muito rapidamente leva a intimidade.
No segundo, já é chegada a hora de discutir a relação.
E no terceiro, o relacionamento já está desgastado e cada um segue com a sua vida.
E tudo isso por que? Porque queimamos MUITAS etapas no MSN, coisas que uma pessoa deveria levar semanas, se não meses, para descobrir, hoje ela sabe lendo um perfil no facebook. Em 3 minutos de leitura uma pessoa é capaz de saber muito sobre a outra e como fotos ilustrativas. E aí, não há romance, tudo se torna muito prático e muito banal.

sábado, 15 de maio de 2010

Jezebel...

Recebi via email um discurso de Izabel Allende. Adorei! Pensei: como ela, desculpe a falta de modéstia, gosto de falar de mulheres fortes.
A similaridade acaba aí, afinal é uma escritora muito famosa. Falei de Joana, a papisa e de outras que tem se destacado por esse mundo afora. Mas, o nome Izabel fez-me pensar na música do Lulu Santos, Deusa da Ilusão, se não me falha a memória.
Jezabel, princesa de Babel
De Babilônia e Xanadú
Meu Sangrilá és tu
Tesouro do Eldorado
Sou teu guerreiro de Esparta
Teu guardião...
Isso sempre me intrigou, pois a Jezebel que eu conhecia tinha sido rainha de Israel. Babilônia? Torre de Babel? Credo, o homem bebeu! Pesquisando descobri que realmente Jezabel foi à filha de um rei fenício. Uma aliança entre Israel e Fenícia resultou no casamento dela com Acab. Sua história está relatada no Antigo Testamento como uma rainha má. E nem era a madrasta da Gata Borralheira!!!
Dizem os historiadores que combateu o deus de Israel e praticava uma antiga seita nascida na região do Eufrates. Os versos de Lulu santos começam a fazer sentido. Semiramis, a mulher dos “jardins suspensos da Babilônia” estava casada com Ninrod. Esse rei, além de fundar a cidade tentou construir uma grande torre, Babel, para adoração de seus deuses, conta a Bíblia. Deus castigou os homens fazendo com que se desentendessem espalhando-os pelo mundo. Verdade? Não sei. Historicamente, Semiramis foi sacerdotiza de uma religião, cujo culto acabou sendo introduzido no reino de Israel por Jezebel. Os seguidores dessa seita adoravam Baal. Tanto a Bíblia quanto a Torá referem-se a ela como oponente do profeta Elias.
Tornou-se conhecida por sua maldade e tem seu nome associado à mulher sedutora e sem escrúpulos, com estilo, a julgar pelo sinete que uma pesquisadora holandesa identificou como pertencente à Jezebel/Jezabel.
Feito de opala tem inscrições com caracteres correspondentes ao ano de 850 a.C. quando viveram Acab e sua mulher. Trata-se de um objeto raro e um dos primeiros relacionados a uma personagem citada pela Bíblia. Maldosa ou não, era influente, pois o sinete servia para ratificar documentos, significando que ela podia despachar por conta própria em seu palácio. Morreu executada. Defenestrada... jogada de uma janela, foi devorada por cães, conforme profecia do profeta Elias.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Fala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

o frio, pelo visto, já vira a esquina. Depois de uma semana de sol, o fim de semana fez com que tirássemos nossas blusas do armário. Se continuará frio, difícil prever... de qualquer maneira, espero que, no próximo fim de semana, quando acontecerá a Virada Cultural, não esteja, ao menos, chovendo. Assim, poderemos ocupar as ruas do centro para assistir às centenas de atrações que irão acontecer por lá (acontecerão eventos também pelas unidades do Sesc da cidade).

Falando na Virada, já fez a sua programação? A princípio, neste ano, estou pensando em ver Zélia Duncan (21h), Céu (0h) - ambas em palco montado próximo à sala São Paulo - Elza Soares e Sandália de Prata (3h) e Clube do Balanço (5h) - em palco montado na avenida Ipiranga. Bora?

mas, enquanto a Virada Cultural não acontece, o esquema é aproveitar o que cidade fornece nas áreas cinematográficas, musicais e das artes plásticas. No cinema, estreou o novo filme dos diretores Marcelo Gomes ("Cinema, Aspirinas e Urubus") e Karin Ainouz ("Madame Satã" e "O Céu de Suely"), que se chama "Viajo porque Preciso, Volto porque Te Amo" (um dos melhores títulos de um filme, na minha opinião). Entre os filmes que estão em cartaz, penso em assistir à "A Fita Branca", "Tudo Pode Dar Certo", "Um Homem Sério", "Soul Kitchen" e "Aproximação", entre outros.

entre os shows, a dica é aparecer no Studio SP, na terça, quando se apresentará a cantora baiana Márcia Castro. Já falei sobre ela em algum dos e-mails que enviei... é simplesmente sensacional. Com nome na lista, é possível assistir ao talento da Márcia, cuja presença no palco é absurda, por apenas R$ 10. O show começará à 1h.

já nas artes plásticas, as dicas são as mostras "Helio Oiticica - Museu É Mundo", no Itaú Cultural, e "Entre Atos - 1964/68", no MAC USP.

e os melhores da semana passada (impossível nomear apenas um melhor da semana!) foram o show da Ana Cañas, no Auditório Ibirapuera, a exposição Andy Warhol, Mr. América, na Estação Pinacoteca, e a peça "Um Navio no Espaço ou Ana Cristina Cesar", no Sesc Santana.
Ana Cañas, considerada um dos novos talentos da MPB, fez um show simplesmente imprevisível no palco do auditório. Falante e feliz em estar se apresentando para a platéia, ela cantou praticamente todas as músicas de seu último álbum, "Hein!?", relembrou o tempo em que se apresentava no bar Barreto e esbanjou simpatia ao falar com a platéia. E o mais importante: provou que o imprevisível, muitas vezes, é a melhor arma do artista no palco. Foi realmente emocionante!
Já a exposição Andy Warhol, Mr. América mostra que o artista americano era visionário e um homem além do seu tempo. Dica: preste atenção também nas frases, ditas por Warhol, espalhadas pelo quarto andar do bonito prédio da Estação Pinacoteca.
E o que dizer de "Um Navio no Espaço ou Ana Cristina Cesar"? Bom, traz Paulo José no palco e na direção. Segundo: traz uma Ana Kutner inspirada... Pronto: espetáculo incrível. Fique atento nas poesias, de Ana Cristina Cesar, ditas ao longo da peça...

sabendo de algo bacana acontecendo na cidade, não deixe de avisar...

é isso
até mais
se cuidem!
encontro vocês por aí... espero mesmo!
alan

quinta-feira, 13 de maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

DESCOBERTAS


Há alguns dias temos ouvido sobre a pesquisa inglesa que revelou ao mundo que macacos sentem e sofrem. Há alguns dias ando encantada com essa notícia. Macacos sofrem a perda, compreendem a morte, fazem luto. Eles gritam e se desesperam quando passam à certeza de que o outro não está mais ali. Tomam consciência do definitivo.

Os bebês de hoje não dormem mais como antigamente. Disse um pediatra: “Não se preocupem, a maioria dos bebês tem um pouco de insônia, atualmente...”. O que os preocupa?

Um vulcãozinho lá na Islândia, do qual ninguém ouvira falar antes, no país que quase ninguém conhece, mas a maioria sabe que é um lugar frio, desestabilizou o mundo. Ah, as forças da natureza! O mais engraçado é as pessoas no aeroporto ficarem reclamando... Falem com o Magma!

Vi Falsários. História no tempo da segunda guerra em que ela é pano de fundo. Relacionamentos humanos, sentimentos, fraquezas e valentias são os atores principais.

Vi Suspeita. Terrível e maravilhoso... Ah, os seres humanos!

domingo, 9 de maio de 2010

E a todas as mães

Texto requentado... de um assunto antigo...

Nick Hornby diz que as pessoas se envolvem tanto por pessoas diferentes porque elas adoram estréias. Novidade. Tudo é moda. Deve ser verdade. Não que estar junto há algum tempo não tenha suas delícias mas beijar pela primeira vez alguém que se deseja há algum tempo é sempre uma experiência.
É um calor que sobe meio frio na espinha, um bambear de pernas, um arrepio na nuca e o cheiro da pele que chega a uma distância nunca antes atingida, todas as alterações de velocidade que o corpo sofre, a respiração que de repente ganha peso e o gosto, temperatura e textura desse corpo estranho que tem aí seu primeiro contato íntimo. Descobrir ritmo, calor, sabor de outra pessoa é quase como descobrir um continente.
Aí que delícia é beijar alguém que se deseja pela primeira vez. E não estou falando desses beijos tortos que a gente eventualmente lasca em malucos na balada por efeito do álcool ou qualquer outro aditivo, embora as pessoas sejam obrigadas que eles existem etem lá seu valor, estou falando de beijo que já foi imaginado e , em alguns casos,até milimetricamente dissecado muito antes de acontecer de fato.
Beijo daqueles que a gente já criou histórinhas antes de dormir imaginando como seria, qual seria o passo que levaria da situação paquera para a ação inicial.
Beijos, beijos e mais beijos. Porque geralmente uma vez que o primeiro é lascado segue-se uma sucessão deliciosamente interminável. Já notaram que depois do primeiro beijo a noite se perde em termos de conversa. Acabou. Assuntos não mais interessam. Tudo se resume a troca de fluídos.
Eu já disse que sou péssima de paquera? Sou horrível. Nunca fui boa e acho que há menos que pare a vida para ter aulas com uma versão feminina do Will Smith eu nunca vou melhorar. Não sei jogar. Não gosto de jogo. Sou absolutamente pró sinceridade. E na paquera não existe sinceridade. Só jogo. Então estou sempre em desvantagem.
É uma olhadela de lá, uma pegada no braço de cá. Um se fazer de desinteressada e coisa e tal e tal e coisa que eu sofro. Nunca tive muita paciência na arte de esperar com cara de blazé a boa vontade alheia. Por isso já dei e levei foras dignos de publicação. Juro que um dia, com tempo, faço uma coletâne.
E também sou mestra em não notar quando estou sendo cantada. Demoro dias, meses, anos para notar. Todo mundo já sabe e disse que fulaninho quer algo e eu continuo achando que é amizade.
E já levei cantadas boas também. Uma das melhores me fez feliz mas rendeu pouco. Cantada boa nem sempre é garantia de química boa. Química é um negócio engraçado mesmo porque não dá para forçar. Ou acontece ou não. Gente é um negócio engraçado, né?

sábado, 8 de maio de 2010

Praha das cem torres, o coração da Europa...


Desde 1992 que a cidade histórica de Praha, conhecida também, como a Paris do leste europeu, é patrimônio cultural da humanidade, monumento da Unesco. Seu centro é composto de ruelas iluminadas por candeeiros a gás, edifícios em estilo românico, catedrais góticas e algumas praças barrocas com mais de 500 torres e mirantes. No tempo de Carlos IV, rei da Boemia e imperador do Santo Império Romano essas torres estavam revestidas de ouro. Hoje Carlos IV é a ponte que liga a parte nova ao centro velho da cidade, onde fica o castelo e a Igreja de São Vito e também a famosa igreja do Menino Jesus de Praga. Dizem as más línguas que do alto do morro pelo lado do abismo, os reis costumavam assassinar seus inimigos. Atitude não muito diferente dos bandidos dos morros cariocas. Quem não viu isso no Orfeu da Conceição? Assim mesmo, a cidade transpira catolicismo, embora tenha sido até recentemente possessão da União Soviética. Essa deve ser a razão para 50% da população se declarar atéia e 27% católica. Além da atmosfera romântica e cultural que exala, ela é uma verdadeira aula de História da Arte.
A republica checa fica ao sul da Áustria e sua capital Praha dista somente 300 quilometros de Viena. No século XVIII pertencia ao império austro-húngaro, mas seu povo é muito antigo, descendentes dos hussitas.
O movimento deles assumiu caráter revolucionário quando Hus foi condenado por um tribunal secular e sentenciado a morte pela fogueira em 1415. Os nobres da Boemia e Moravia protestaram e receberam de Roma a resposta: todos os seguidores de John Wycliffe e Jan Hus serão afogados. A partir dessa data os hussitas resistiram às cruzadas e invadiram a Polônia e a Alemanha, porém as divisões internas acabaram pondo fim ao seu reinado e Sigismundo firmou acordo com a Igreja Católica. Depois da segunda guerra a república checa caiu em mãos dos russos e recuperou sua liberdade somente em 1989. Dez anos depois aderiu a OTAN e em 2004 passou a fazer parte da União Européia. Mas, por enquanto o dinheiro usado por eles continua sendo o local. O euro passa a vigorar depois de 2014. Então, em Praga tudo é muito barato para os padrões europeus e brasileiros. Seus artigos são de ótima qualidade, sem contar que as grandes griffes estão todas lá. A comida é boa, a bebida nem tanto. Mas, a cerveja deles é maravilhosa. O frio é um horror. Minha filha foi ao supermercado e comprou duas latas de cerveja. Decidiu gelar colocando na janela do hotel pelo lado de fora. Todo mundo deve estar pensando que virou pedra. Não se sabe, pois quando retirou da “geladeira”, a lata caiu chão! Ela decidiu tomar a outra e esquecer a historia, afinal a cerveja caiu no quintal de uma escola. Como explicar isso para um antigo inspetor da KGB?
Quando são 16 horas está escuro como breu e só vai clarear no outro dia lá pelas 10 horas. Isso não impedia ninguém de andar pelas ruas a noite. Praha é linda no inverno e no verão é maravilhosa. Devido a sua classe intelectual a cidade é bastante liberal fazendo com que uma grande comunidade judaica viva e pratique sua crença aí. Ela abriga um memorial para 80.000 checoslovacos judeus que foram mortos durante a segunda guerra mundial. Nunca entendi porque Franz Kafka vivendo nessa cidade podia ter depressão. Mas, tinha e nem Freud explicou isso, embora ele tenha explicado um quadro de Leonardo da Vinci e o Moises de Miguel Ângelo!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

quinta-feira, 6 de maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Roubado do facebook alheio

O visu é meio dazed and sexually confused mas a música é boa, vai?

"The world was on fire
No one could save me but you.
Strange what
desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd meet
somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like
you"



terça-feira, 4 de maio de 2010

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Não era tristeza o que sentia... ficara triste com a morte de Suzie, sua cachorrinha, com a perda de Dibe, seu gato persa, com a indiferença de alguns namorados, com a traição de outros... era outra coisa.

Não era depressão, coisa mais suburbana! Todos têm uma depressãozinha básica mais hora, menos hora. Era outra coisa. Alguém chegou a perguntar se andava com o intestino preso... o humor depende do bom funcionamento... Eca! Que coisa mais besta! Gazes? Que pessoal escatológico! Outro disse que precisava desabafar, ventilar a alma para permitir a entrada de novos sentimentos, para preparar a chegada do novo... Ah, esses fengshuistas!

Pensava em si tentando analisar, perceber vestígios do que seria essa alteração observada há algumas semanas,...nada! Não conseguiu perceber nada. Mesmo insegura decidiu mudar alguns pontos. Deixar de ser econômica por um dia. Lembrou da amiga que no auge da crise financeira familiar reservava dez reais para ir a uma loja de um e noventa e nove fazer compras, uma vez por semana. Contou que chegava em casa feliz da vida com um ursinho de louça, um botão de rosa, rosa-choque, com uma gota de orvalho feita de cera quente, um par de meias de seda que rasgariam antes de usar, um cobre-bolo de plástico e dois reais de troco. É... talvez comprar alguma coisa aliviasse essa bolha de ar em seu peito onde habitavam o vazio e a solidão. Foi à boutique, gastou uma nota e ficou arrependidíssima, só, nenhum bem-estar.

Aprenda a tocar um instrumento, é uma companhia maravilhosa! A amiga falou com tanta convicção que ao se despedirem foi diretamente para o Conservatório.
Qual instrumento? Qualquer um. Não tem preferência? Não, nunca aprendi nada, sou virgem nesse assunto, portanto tudo será novidade. A condição que imponho é que eu aprenda rápido. Em música não existe isso. É preciso paciência, dedicação e vontade de vencer. Tudo o que não tinha. Desistiu na hora.

Pratique Muay Thai, esporte nacional na Tailândia, mais de dois mil anos! Tem gente que chama de Arte das Oito Armas, os lutadores usam punhos, cotovelos, joelhos,canelas e pés. Todo golpe do Muay Thai tem o objetivo de acabar com a luta, desenvolve um ótimo condicionamento físico e mental, concentração e auto-confiança. Descarrega todo o ódio. Meu amigo fez e ficou ótimo.

Falou tão entusiasticamente que dali foi para a academia. Ficou, cansou, suou e gostou. Ao sair caminhou mais leve. Em três semanas havia perdido a barriguinha, que só ela via mas incomodava, ganhara uma amiga e dois amigos. O horário do Muay Thai tornou-se sagrado. Chutou todos os ex namorados, berrou o ódio que sentia das injustiças sofridas, socou várias pessoas da família...

Não tenho tido notícias dela.

sábado, 1 de maio de 2010

Sobre quintais...


Nasci em uma fazenda perto de Bauru. Quando estava com dois anos, meu pai mudou-se para uma casa alugada na cidade. Com o tempo, construiu uma outra para onde nós mudamos. Nessa época eu tinha uma irmã menor.
Passado alguns anos fomos viver em uma casa maior. Na ocasião estava com quase sete anos e havia habitado quatro casas diferentes. Nessa última nasceu meu irmão e lá vivemos durante anos. Dali eu ia para o colégio católico onde estudava. Foi nesse período que comecei realmente a pensar, talvez filosofar... Nunca consegui assistir a aula de religião inteira, porque sempre fazia as perguntas “erradas”. Isso devia ser fruto da minha herança judaica, pois todos sabem que sou neta de um judeu austríaco. Hoje, mais tranqüila consigo estudar a história das religiões, ter minhas próprias opiniões sobre o assunto, freqüentar uma sinagoga, quando vou à São Paulo e ainda de quebra ouvir as palestras do padre Beto, de bem com o catolicismo. Minha mãe nunca admitia discussões, pois era uma católica fervorosa, como boa mineira que era. Tempos passados. Bom, o que tudo isso tem há ver com quintais?
Nessa última casa tinha um pé enorme de jaboticaba que num belo dia foi cortado. Motivo? Reforma na residência que ia se tornando cada vez maior.
E o quintal foi se tornando cada vez menor... Essa falha era compensada pelas maravilhosas férias passadas junto de meus tios-avós fazendeiros. Janeiro e julho eram meses sagrados para os três irmãos. Então, tenho uma memória que poderia ser classificada de verde. Adoro o verde em roupas, na decoração, nas plantas.
Mas, se vocês pensam que só mudei quatro vezes estão enganados. Quando me casei fui viver em São Paulo. Primeiro, perto do centro, depois na Aclimação, depois na vila Mariana e quando meus filhos nasceram em uma casa no Butantã. Quatro mais quatro somam oito. Oito vezes e meus filhos nem iam para a escola ainda. Retornei ao apartamento da vila Mariana e depois para Bauru. Antes de voltar definitivamente para cá morei em Paris.


Então, contando Paris são nove o número de vezes. Em Bauru fui viver em uma chácara perto da cidade por um ano, tempo que minha casa levou para ser construída e lá estava eu de novo de mala e cuia na estrada pela décima vez. Atualmente vivo em um condomínio. A casa é grande, mas o quintal com um gramado que parece tapete de tão verde é enorme. E, por causa dele, pretendo permanecer aqui pelo resto da minha vida. Grama, mas só grama? Não existem arvores frutíferas e flores. Dentre as flores tenho um pé de manacá que é meu predileto e ... aquela que mora no meu coração é a jaboticabeira. Pequena, mais dá frutos o ano todo. Quando passo perto dela e faço isso toda manhã relembro da outra, da grande, sacrificada por uma bobagem, mas fazer o que?
A mesma paixão que tenho pelo verde se estende ao roxo. Será esse o motivo de gostar tanto de vinho? Mas, a uva tem uma substancia antioxidante em sua casca que faz dela um produto quase medicinal. Dizem que sua cor atrai pássaros que espalham as sementes garantindo a perpetuação da espécie (das uvas... seria dos pássaros?) O mesmo acontece com nossa pequena notável. Mas, os cientistas brasileiros descobriram que a mesma substancia que faz a uva tão cobiçada está presente também na jaboticaba.
Autocianinas por grama de frutas: uva: 227; amora: 290; JABOTICABA: 314. Para eles se uma fruta for azulada ou arroxeada é porque elas contem autocianinas. Viva, as amoras e jaboticabas são minhas preferidas. Uma boa razão para todos vocês meus jovens terem pelo menos uma muda da preciosa fruta em suas casas. Se vocês me conhecessem, ficariam admirados, pois tenho quase cem anos e minha aparência é de metade, mais um pouquinho disso! E não venham me dizer que a culpa é do dermatologista, pois tenho certeza que é a jaboticaba!