domingo, 9 de maio de 2010

Texto requentado... de um assunto antigo...

Nick Hornby diz que as pessoas se envolvem tanto por pessoas diferentes porque elas adoram estréias. Novidade. Tudo é moda. Deve ser verdade. Não que estar junto há algum tempo não tenha suas delícias mas beijar pela primeira vez alguém que se deseja há algum tempo é sempre uma experiência.
É um calor que sobe meio frio na espinha, um bambear de pernas, um arrepio na nuca e o cheiro da pele que chega a uma distância nunca antes atingida, todas as alterações de velocidade que o corpo sofre, a respiração que de repente ganha peso e o gosto, temperatura e textura desse corpo estranho que tem aí seu primeiro contato íntimo. Descobrir ritmo, calor, sabor de outra pessoa é quase como descobrir um continente.
Aí que delícia é beijar alguém que se deseja pela primeira vez. E não estou falando desses beijos tortos que a gente eventualmente lasca em malucos na balada por efeito do álcool ou qualquer outro aditivo, embora as pessoas sejam obrigadas que eles existem etem lá seu valor, estou falando de beijo que já foi imaginado e , em alguns casos,até milimetricamente dissecado muito antes de acontecer de fato.
Beijo daqueles que a gente já criou histórinhas antes de dormir imaginando como seria, qual seria o passo que levaria da situação paquera para a ação inicial.
Beijos, beijos e mais beijos. Porque geralmente uma vez que o primeiro é lascado segue-se uma sucessão deliciosamente interminável. Já notaram que depois do primeiro beijo a noite se perde em termos de conversa. Acabou. Assuntos não mais interessam. Tudo se resume a troca de fluídos.
Eu já disse que sou péssima de paquera? Sou horrível. Nunca fui boa e acho que há menos que pare a vida para ter aulas com uma versão feminina do Will Smith eu nunca vou melhorar. Não sei jogar. Não gosto de jogo. Sou absolutamente pró sinceridade. E na paquera não existe sinceridade. Só jogo. Então estou sempre em desvantagem.
É uma olhadela de lá, uma pegada no braço de cá. Um se fazer de desinteressada e coisa e tal e tal e coisa que eu sofro. Nunca tive muita paciência na arte de esperar com cara de blazé a boa vontade alheia. Por isso já dei e levei foras dignos de publicação. Juro que um dia, com tempo, faço uma coletâne.
E também sou mestra em não notar quando estou sendo cantada. Demoro dias, meses, anos para notar. Todo mundo já sabe e disse que fulaninho quer algo e eu continuo achando que é amizade.
E já levei cantadas boas também. Uma das melhores me fez feliz mas rendeu pouco. Cantada boa nem sempre é garantia de química boa. Química é um negócio engraçado mesmo porque não dá para forçar. Ou acontece ou não. Gente é um negócio engraçado, né?

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