sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

MAIS VÉIO DO CCZ



Existe em Bauru o “Jornal da Cidade” que publica todas as segundas-feiras sob o título REDACÃO –  VIDA DE CÃO E GATO, uma coluna de uma página no seu jornal de segunda-feira, fotos e textos de animais achados ou perdidos, bem como uma coluna de oferecimento de animais para doação. Essa coluna tem uma chamada com os seguintes termos: “Mande a foto de seu cão perdido ou anima para doação para o e-mail segundafeira@jcnet.com.br”.  Esclareço duas coisas: 1ª) outros animais, eventualmente perdidos, também foram oferecidos nessa coluna: 2ª) eu gosto muito dela e não perco a oportunidade de consultá-la sempre.
            Numa segunda-feira de janeiro deste ano o Jornal da Cidade publicou a história do cachorro SRD mais antigo esperando doação em uma ONG: três anos. Seu nome é Véio. A publicação sensibilizou uma família que tem 2 outros cachorros e daí foi feita uma reportagem envolvendo o doado e os doadores.
            Isso me fez relembrar de outras histórias envolvendo as artimanhas de animais de meus amigos, pois não posso tê-los pois moro num apartamento muito pequeno.
            Desses amigos, um me contou que sua filha arrumou um filhote de gato amarelo todesquini que passou a morar em seu condomínio. Esse gatinho, ainda não enraizado na moradia, fugiu durante a noite e perdeu-se no seu condomínio.  A procura durou uma semana e ela fez um apelo por escrito para todos os moradores, distribuindo-o de casa em casa. Já sem esperança de encontrá-lo, uma senhora moradora ligou para a casa dela e falou que havia achado o gato num bosque próximo de sua residência e que poderia ser o seu. E era. Foi a maior festa...
            Outro amigo disse-me de que tinha um cachorro que vivia fugindo de sua casa quando abria o portão, mas voltava. Um dia não voltou e ele passou a procurá-lo. Andou parte do bairro e viu uma casa em construção. Nela estava sendo feita uma piscina e quando começou a andar pelo imóvel inacabado ouviu o uivo peculiar de seu cachorro SRD. Era o próprio que, ousadamente, havia se atirado na piscina sem água e pela altura da mesma não conseguia dela sair. Para esse amigo foi a maior festa.
            Fico feliz de ouvir essas histórias sobre os animais e quem sabe, um dia, possa mudar para uma casa com quintal e adquirir alguns espécimes.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Leu a mensagem mais duas vezes tentando descobrir algo nas entrelinhas. Não podia acreditar que
tivesse caído ridiculamente na armação da moça. Desorientada virou todo o conteúdo da sacola sobre a cama: fraldas, chocalho, uma lata de leite em pó, duas mamadeiras e umas trocas de roupa. Nada mais. Jogou a sacola no chão. Não sabia trocar fralda, nunca trocara antes mas o bebê já estava balbuciando há tempo, logo, logo, começaria a chorar. Abriu a fralda sem certeza de estar do lado certo, encontrou um pacotinho de lenços descartáveis perfumados, tirou o macacãozinho e só então descobriu que estava tomando conta de uma linda menina: rechonchuda, rosada, simpática e quietinha.
Sorriu satisfeita ao ver seu feito. Depois de alguma luta o bebê estava cheiroso e de barriguinha cheia. Agora sim... o que fazer? Lembrando da violência dos soldados, e a forma como a haviam abordado, excluiu a possibilidade de entregar essa criança a eles. Eles procuravam alguma coisa, o que seria? Como ela poderia fugir dali com o bebê? Mas ela queria, realmente, ficar com essa criança desconhecida? Quais os efeitos colaterais de sua decisão? Quem era essa pessoinha?

Pelo registro, que a mãe declarara ser falso, Mariana teria quase sete meses. Que teria acontecido nesses meses todos? De quem a mãe estaria fugindo? E o pai? Colocou o bebê, que já dormira novamente, dentro da sacola, deixou uma frestinha aberta e torceu para que não chorasse. Foi tomar o café da manhã. O restaurante estava vazio, exceto por uma senhora de meia idade, numa mesa de canto. Colocou a sacola com cuidado sobre duas cadeiras e ficou atenta. Percebeu que a mulher olhava constantemente para seu lado. Enquanto ficou concentrada esparramando o requeijão sobre a torrada distraiu-se do ambiente e, ao sentir uma sombra ao seu lado percebeu que era a tal senhora.

- Você está com a criança? Fale olhando para baixo, porque eles podem ler seus lábios.

Ela era bem idosa, com a ponta do pano de seda que cobria seus cabelos também escondia a boca. Olhava sorrateiramente para os lados.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Baptista...depois dessa acho que você vai preferir o Roberto!

Como você adora a Finlândia e o romântico Jean Sibelius decidi ouvir as sinfonias compostas por ele. Li que ele gostava de Beethoven e que compôs sete sinfonias em um estilo bastante pessoal, entre elas The Tempest e Tapiola.
Depois disso escreveu pequenas composições, um hino maçônico e permaneceu até o final de sua longa vida bastante ativo intelectualmente falando. A rápida ascensão do romantismo na Europa está inspirada em Hegel. Que mal me pergunte quem é ele? No meu tempo o povo politizado falava num tal de Engels e no tal do Marx. Coisas de estudante cabeça. Não precisa responder.
Li também que o contexto histórico do romantismo foi o século XVIII. Nessa época as narrativas eram chamadas de romance, palavra que vem do latim e significa na língua de Roma. Suponho que seja uma literatura escrita em latim.
Hoje, nós também chamamos de romance a maioria dos textos publicados.
Algumas são biografias, como a que acabei de ler sobre Chanel. Nesse momento começou o culto a natureza, será? E as primeiras histórias, em versos sobre cavaleiros e donzelas. O livro consultado disse que tudo começou na Escócia. Então, não entendo essa sua paixão pela Finlândia e o romantismo de Sibelius... Cá entre nós prefiro o Roberto Carlos.
Bom, reconheço que não existe ainda um 08 de dezembro, data de nascimento do Jean Sibelius, o Dia da Música Filandesa, dedicado ao brasileiro. Mas, todo ano tem um show que ninguém perde, mas afirma categoricamente que não viu no dia 25 de dezembro com o romântico Roberto Carlos.
Você não sabe quem é? Acho que ele vai responder cantando assim: "O cara que pensa em você toda hora/que conta os segundos se você demora/que está todo o tempo querendo te ver/ porque já não sabe ficar sem você/e no meio da noite te chama/pra dizer que te ama/esse cara sou..."
Essa cara também poderia ser eu, a Rosa do Baptista!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

INTERPRETAÇÃO DO FATO

Narrou Luciano Pires em texto jornalístico, que Judy Walldman (pesquisadora na área de genealogia nos Estados Unidos), durante pesquisa da árvore genealógica de sua família deu de cara com uma informação interessante. Um tio-bisavô, Remus Reid, era ladrão de cavalos e assaltante de trens. No verso da única foto existente de Remus (em que ele aparece ao pé de uma forca, está escrito: “Remus Reid, ladrão de cavalos, mandado para a Prisão Territorial de Montana em 1885, escapou em 1887, assaltou o trem Montana Fleyer por seis vezes. Preso novamente, desta vez pelos agentes da Pinkerton, condenado e enforcado em 1889.” Acontece, prossegue Pires, que o ladrão era ancestral comum de Judy e do senador pelo Estado de Nevada, Harry Reid. Então Judy enviou um e-mail ao senador solicitando informações sobre o parente comum... e a assessoria do senador respondeu desta forma: “Remus Raid foi um famoso cowboy no Território de Montana. Seu império de negócios cresceu a ponto de incluir a aquisição de valiosos ativos equestres, além de um íntimo relacionamento com a Ferrovia de Montana. A partir de 1883 dedicou vários anos de sua vida a serviço do governo, atividade que interrompeu para reiniciar seu relacionamento com a Ferrovia. Em 1887 foi o principal protagonista em uma importante investigação conduzida pela famosa Agência de Detetives Pinkerton. Em 1889 Remus faleceu durante uma importante cerimônia cívica realizada em sua homenagem, quando a plataforma sobre a qual ele estava cedeu.”

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Continuando - 3º

- Não tenho tempo, preciso ir, por favor me ajude.
 
A mulher parecia, mesmo desesperada mas não se pode ser generoso numa hora dessas pois as consequências poderiam ser dramáticas. Colocando uma pashimina na cabeça e ajeitando sua bolsa ao ombro pediu:
 
- Você pode me dar um copo de água?
Só quando ouviu a porta bater compreendeu que fora enganada. A moça usara a artimanha do copo de água para fugir. Ouviu o estrondo de um transformador e a luz apagou. Assustado com o barulho do trovão o bebê se pôs a chorar. E agora? Correr atrás da moça na escuridão e largar o bebê, ou atender ao bebê desejando desesperadamente que a moça volte? Graças à iluminação da rua podia enxergar um pouco. Pegou o bebê no colo. Ele estava enrolado em tantos xales que transpirava, apesar do frio. Só então percebeu que nem sabia se era um menino ou uma menina...
 
Logo o bebê se calou, fora só o susto com o estrondo, mesmo. Largou o corpo na poltrona com as molas tortas, de tecido esgarçado, em que não sentara antes, por nojo, sentia-se sem chão. O que aconteceria agora? Justo quando começava a se sentir livre, independente e parecia estar tomando decisões! Novamente submissa à vontade alheia... e a luz que não voltava... Despertou com as pancadas na porta.
 
- Abra em nome da lei.
- Abra logo!
 
Correu para a porta tendo o cuidado de olhar antes para o bebê que continuava dormindo sossegadamente. O narizinho estava gelado, então jogou a beira do lençol sobre ele.
 
- Pois não, o que houve?
 
- Cale a boca! Quem pergunta somos nós. Onde está a mulher? Sabemos que está aqui.
 
- Não há mulher nenhuma aqui, este quarto é meu.
 
- Ela foi vista entrando aqui. Entrem e examinem o banheiro – disse voltando-se para os dois brutamontes que estavam dois passos atrás.
 
- Por favor, senhor, não há banheiro no quarto, não há nada nem ninguém aqui.
 
- Nada, senhor! Está limpo - disseram os brutamontes ao perceberem que havia só quatro paredes e que não era possível alguém se esconder naquele quadrado.
 
- Voltaremos, não saia da cidade.
 
Bateu a porta com violência e ela, trêmula, não sabia o que pensar. O que estava acontecendo? Era a segunda vez em menos de vinte e quatro horas que ficava sob a mira de arma de fogo e submissa à violência dessa milícia que não tinha certeza se era policial ou não. O que a mãe do bebê aprontara?
 
Tomou um copo de água, espiou o bebê e acabou se enfiando sob as cobertas ao lado dele. Despertou com o bebê balbuciando. Devia estar com fome e molhado. Já eram nove horas. Ao abrir a sacola para pegar a mamadeira levou um susto. Um envelope estava bem à vista. “Caso eu não volte, fique com o bebê. Ele não está registrado, esse documento que está aqui é falso. Para que você fique sossegada ele é meu mesmo, não é roubado nem sequestrado como você poderia pensar. Estou envolvida em mil confusões, talvez você não me veja nunca mais. Melhor não sabermos nossos nomes assim não há risco nenhum. Muito obrigada!”
 
                                                               Continua na próxima semana

Pílulas 8

Antes do Carnaval... vamos lá...

Máscara
Nas últimas horas, fiquei eufórico com as informações relacionadas ao Carnaval. Se há um período do ano que eu amo, este é o do Carnaval. Eu me entrego, eu me jogo, eu carnavalizo. Tenho dito que, neste ano, eu não terei nome e nem sobrenome durante os quatro dias de folia. Comigo, apenas carregarei um "bilhete" com o telefone de minha mãe para ser informada caso alguma aconteça comigo (mas os deus carnavalescos vão proteger a mim e a meus amigos e nada há de acontecer, amém, axé, saravá). Pois bem, começaram a sair as datas de alguns blocos de Carnaval em São Paulo, que, há algum tempo, tenta mostrar às praças mais conhecidas no Carnaval, como Recife, Salvador e Rio de Janeiro, que na capital paulista também há hora para pierrôs e colombinas. Vai ter bloco na rua Augusta, na praça Roosevelt, na esquina da avenida São João com a Ipiranga... em tanto lugar. A busca, a minha, agora, é pela fantasia.. a máscara eu já tenho... E, como escreveu o senhor Caê e cantou Roberta Sá, Gal Costa e tantas outras, deixa sangrar, deixa o Carnaval passar...

Sentadinho no lugarzinho
Domingo, eu tive a sorte e o prazer de assistir ao show da Esperanza Spalding, no Sesc Pinheiros. Show concorridíssimo, diga-se de passagem, como tem sido a maioria dos eventos que tem acontecido nas unidades do Sesc, ao menos de São Paulo. O show foi linda, a Esperanza é linda, Guinga, que a acompanhava, foi de um cavalheirismo exemplar... tanta coisa aquele show. A nota baixa ficou por conta de um barraco protagonizado por um casal que, ao chegar atrasado ao teatro do Sesc Pinheiros, quis reivindicar para si os lugares marcados no ingresso deles. No Sesc, para quem não sabe, existe a máxima de que, depois do terceiro sinal, lugares vagos podem ser ocupados por qualquer pessoa (chega a ser engraçada a movimentação da galera na plateia neste momento). Enfim, permaneci no meu lugarzinho, sentadinho...

Pouco sábado
... para tantos eventos. Cinema, aniversário 1, aniversário 2, show e aniversário 3. No sábado, eu me surpreendi com a minha capacidade de quase me multiplicar. Rolou sessão de cinema do filme "Ninfomaníaca", festa-surpresa do aniversariante que demorou tanto a chegar que eu tive de ir embora antes, celebração de veterana (reencontro de grandes amigos) em um bar na Augusta, show do Jeneci (o primeiro a que eu fui dele... ah, se fosse no teatro em vez da choperia da Liberdade) e mais um aniversário na High Crack (alta cracolândia) hahahahahhaa. Juro, era muito evento para pouco sábado. Eu quase me multipliquei. Mas, o melhor: (re)vi todo o mundo que eu queria... ou quase todo o mundo.

Sexo?
O sexo nem sempre é gostoso, nem sempre é prazeroso... corremos o risco de não sentir nada... Assista "Ninfomaníaca" e me diga o quanto gozou ou não...

Casal...
e a segunda temporada de "Do Amor" acabou... mas eu quero mais... muito mais. Amor? Aventura? Lulu e Brás? Lulu e Pio? Lucas e o menino que ele encontrou no táxi? Eva e Lena? Tomás e a louca? Eu quero mais!

é isso!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Não te veria mais

Tem coisas pelas quais me apaixono e passo anos amando. A cantora Rocha foi uma dessas paixões. Vi The Hottest State, com a tradução ridícula para português como Um amor jovem, filme com direção de Ethan Hawke a partir de seu romance Quarta-feira de cinzas e comprei a trilha sonora.
É válido dizer que na época eu ainda comprava cds! A trilha é ótima, até porque no filme a música faz parte da história de uma maneira integrada e não só como fundo musical.
Mas voltando a cantora. No cd algumas faixas são cantadas por Rocha.
Ya no te veria mas e Never see you,uma única música em duas versões  A versão em espanhol é melhor. mais densa e tocante, dolorida enquanto a versão em inglês, mais trabalhada, tem toques mais pop.
Passei anos procurando um cd da dita moça e nada. Nada na internet, nada, nada nada. Até que em 2008, li essa matéria na Rolling Stone e esqueci completamente. Hoje entrei no youtube e lá estava Rosario Ortega na primeira página com várias músicas. Ouvi tudo o que podia. Gostei de algumas, outras menos, mas Yo no te veria mas ainda é minha favorita.
Fica a indicação.
E cada vez mais a certeza de que o Universo se encarrega mesmo de trazer o que a gente procura... mesmo que com um certo tempo.


http://www.youtube.com/watch?v=ZeUqGFDkqqY

domingo, 19 de janeiro de 2014

O que conta na vida da gente não são os fatos são os boatos...

Resposta dada por Cícero Dias quando perguntei se era verdade que ele trocava pó de café por tinta a óleo durante a segunda guerra. Ele riu e disse a frase acima. Os boatos diziam que o café que Picasso tomava vinha do engenho Jundiá. Fato ou boato? A verdade é que não faltava tinta e café durante os anos de 1939/42 para nenhum deles. Vamos aos fatos... Ganhei muitos livros nesse final de ano. Como sou uma devoradora de linhas li praticamente tudo nas últimas três semanas. Agora estou debruçada sobre a biografia de mademoiselle Chanel e ainda não descobri onde está à mulher e onde se encontra o mito. Para Fernando Pessoa mito é o nada que é tudo. A palavra vem do grego mithos. Trata-se de uma narrativa de caráter simbólico relacionada a uma cultura, um fato, uma pessoa. Uma pessoa... Gabrielle Bonheur Chanel nasceu em Brive-la-Gaillarde entre Paris e Toulouse. Aos seis anos foi levada pelo pai para o orfanato das freiras da Congregação do Sagrado Coração de Maria, em Aubanize, cidade medieval dominada pela sombra da abadia cisterciense do século XII fundada por santo Estevão Harding em 1135. Deixou o local aos dezoito anos. Anos depois vai para Paris acompanhando o rico herdeiro inglês Arthur (Boy) Capel formando um triangulo amoroso do qual participava Etienne Balsan. Os três eram amigos e eles dividiam as despesas para custear Gabrielle, dizem os boatos. Etienne permaneceu solteiro e perto dela durante a vida toda, e mesmo depois que ela se tornou Coco Chanel, rica e conhecida no mundo todo, ele jamais abriu a boca para contar a história. Gabrielle formou uma sociedade com Capel daí o logo da empresa com dos “Cs”. Essa primeira loja deu a ela independência financeira. Suas roupas e chapéus eram sucesso, até que em 1920 ela conheceu o perfumista Ernest Beaux.

Como descrever? Antes do inicio? Era uma vez... Não sei. Talvez Paul Valéry defina melhor que eu: uma mulher que não usa perfume não tem futuro. Coco Chanel devia pensar a mesma coisa.
Encomendou ao russo que trabalhava no sul da França algumas essências. Ele apresentou-as divididas em duas séries: 1-5 e 20-24. Ela escolheu o número cinco. Perguntei como chamá-lo e ela respondeu: vou apresentar minha coleção no dia 05 de maio, o quinto mês do ano, vamos deixar com cinco. Simples assim.
Chanel n. 5 tornou-se uma lenda desejada por dez entre dez mulheres do mundo todo. Um bouquet de flores abstratas, um perfume com cheiro de mulher, essa a definição de Chanel para ele. Se a gente faz uma pesquisa vai encontrar mais de cinco versões para o fato... A escolha aleatória e trivial naquele momento transformou-se em mitológica, assim como a vida de Coco Chanel, onde os fatos não contavam mais... só os boatos!

sábado, 18 de janeiro de 2014

sem imagens



as ruas estão todas nervosas. o mundo está cansado. telefones públicos pararam de funcionar. todos em greve. onde tudo dói mais. a ceia de natal vem estragada. a bebida, sem gás. a uva ta passada. uva passa. não tem choro, não. cansaram. todos cansamos.os presente são de mentira e papai noel não existe mesmo, acredite. todos os semáforos estão no vermelho e acabou a gasolina nos carros. nada de caos. caos é primitivo. reações evoluídas.vamos descansar. piscar os olhos e quem sabe dormir, por que não?desligar i pads, pods, computador, phones. vamos relaxar. esqueça do meu presente de aniversário. faça-se presente. são tantas informações, conselhos, dicas, 10 mais, segredos. uns contra outros a favor e outros nem tanto. quem se importa?vamos sonhar. ouvir chico, caetano, debussy.vamos deitar na rede, observar o caminho da formiga e tomar chá de camomila. proponho que, neste calor, todos durmam nus. liguem os ventiladores mas deixme que só ele gire.tome banho de sal grosso. pegue uma caneta bem leve e escreva uma carta com palavras bonitas, de preferência com rimas. se "amor e dor" for inevitável, deixe rolar. tá tudo muito rápido. 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

corre

assim que dobrou a esquina, atirou o salto alto vermelho-sangue para o outro.
corre.
corre que ainda dá tempo.
esquece a dor que invade os pés, pilares de um corpo quase sem forças, à beira do desistir.
corre.
corre que cada passo à frente deixa o desespero um passo atrás.
desespero: sedentário molenga do caralho.
só atrapalha.
nem lembra porque parou pra conversar com ele. 
e ele quis contar tudo o que rolou nos últimos dois anos.
e ainda fala cuspindo!
folgado.
atrasou tudo. atrasou toda.
transporte público. compromisso. vida.
corre.
corre que, agora, beleza já não é fundamental.
deixa o cabelo perder o encaracolado artificial e ganhar o molde do vento da noite.
mais suor, menos glamour.
tem quem goste, ué. 
tem sorte que a saia lápis cinza-amargo, toda sustinha, ficou para amanhã.
dia de revisitar o passado. exige roupa mais chique.
pena que combinava com o salto lá atrás…
mas corre.
que passado é amanhã, futuro é agora.
uma, duas, três, quatro quadras.
um, dois, três, quatro desejos.
vão ficar para o depois, aquele irmão gêmeo bobo do nunca.
disseram que valeria o esforço.
bolhas no pé.
unhas quebradas.
mãos cortadas.
garganta seca.
ao menos, o coração já chega acelerado.
corre.
chega.
respira.
sorri.
pergunta.
- o ônibus que vai para o amor acabou de passar, moça.
as mãos encontram os joelhos, num cafuné semidesolador.
- mas, se você correr, pega ele na praça esperança, ali embaixo. 
os olhos fitam a velhinha, terço marrom à mão, paz maquiada no rosto.
sorri.

corre.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Foi a última a sair, sem saber o que faria agora. Haveria um hotel nas imediações? Tem, no outro lado da praça. Daqui não se vê o luminoso por causa das árvores. É o único. Rodou com a mala e as duas sacolas penduradas no ombro, cruzando a praça. Apesar da névoa não parecia haver ameaça, respirava-se tranquilidade por ali. Logo viu o luminoso exagerado. Tinham quarto, sim, era simples, interessava? Tem pia no quarto e banheiro no corredor. Está bom.
- Por quanto tempo?
- Não posso dizer isso hoje, dependo de um telefonema. Amanhã cedo informarei.
 
Tirou a roupa gelada, enrolou-se na toalha, pelo silêncio sentiu que não encontraria ninguém no corredor. O chuveiro moderno contrastava com o azulejo azul, fora de moda. Revigorou-se com a água quente, o sabonete e o shampoo perfumados. Já no quarto percebeu ser impossível se concentrar na trama do romance. Tomar decisões não fazia parte de sua vida, sempre, infalivelmente, os outros decidiam. No escuro seus olhos mantiveram-se abertos.
 
Ouviu um choro de bebê no quarto contíguo, parecia o mesmo berreiro do bebê do ônibus, todas as crianças choram do mesmo jeito. A voz feminina cantava baixinho. A claridade, que entrava pelos vãos da porta e pela soleira, a incomodava. Virou-se para a janela. Dois cobertores parecia pouco. Precisava descansar. Instintivamente dobrou os joelhos, voltou para a posição inicial. Encolheu-se ao perceber que alguém parara em frente à porta. Nenhum ruído, apenas a sombra. O bebê recomeçou o choro irritado e agora era bem ali, na porta. Será que era a mãe? A segunda batida leve, já a encontrou em pé. Receosa perguntou quem era.
- Abra, por favor, preciso de ajuda.
 
Eram a mãe e o bebê do ônibus. A jovem tinha o rosto inchado devia ter chorado muito.
 
- Você fica com o bebê? Preciso sair e está muito frio. É uma emergência. O bebê não vai chorar mas tem outra mamadeira e aqui uma sacola com roupas... Deixe-me entrar um pouco...
- Onde você vai? Está doente? Precisa de um médico? O que há com o bebê?
 
Precisou se controlar para conter a enxurrada de perguntas. Como alguém, que nunca me viu, me entrega um bebê no meio da noite? Seria ela a mãe do bebê? Era uma criança roubada?
 
- Não posso ficar com a criança, não a conheço... A mulher jogou-se aos seus pés murmurando muito baixo algumas palavras que não conseguiu entender. Havia colocado o bebê na cama e, pendurada em suas pernas implorava por ajuda.
 
- Você está viajando sozinha? Por que parou aqui? Conhece alguém desta cidade?
- Me ajude, por favor, me ajude...
- Como você sabia que era eu que estava neste quarto?
- Vi quando chegou, logo depois de mim, escutei o porteiro falar o número do quarto.
- O que você aprontou?
                                     
                                                                      (Continua na próxima semana)

Pílulas 7

Chove tanto lá fora... estou com medo de acabar a luz, mas vamos lá...

Lá fora
Recentemente, uma amiga promoveu uma festa de despedida, pois está indo para a Austrália. Confessou estar com medo do novo, do que pode acontecer. Mas quem não tem medo do novo, não é mesmo? Fui, a abracei e disse que espero que ela aproveite loucamente cada momento dessa nova experiência. Acho que não deveria desejar mais nenhuma outra coisa. A verdade é que eu também penso em, algum momento de minha vida, também morar fora do país, como um casal de amigos que largou tudo e foi para Berlim (sempre incrível!). Como diz minha mãe, eu tenho rodinhas no pé (ela também tem!). E, desde a minha primeira viagem internacional, para Buenos Aires, onde morei um mês, eu tive a certeza de que o mundo é grande demais para ficarmos restritos a caminhos tão estreitos, que nos levam para casa, para o trabalho, para o boteco preferido, ao cinema que passa o filme blaster alternativo, para a balada na qual você sabe quem estará em cada um dos cantos do salão. É necessário um cheiro diferente, um olhar distraído, uma língua colorida, um novo sexo... Novo... ou quase tudo novo de novo. Uruguai?

Pernambuco
Nunca passei o Carnaval em Recife/Olinda. Você já? Já realizei o sonho de passar o Carnaval em Salvador (uma experiência que pretendo repetir outras vezes). Já passei no Rio. Já passei em São Paulo. E já passei em Floripa, para onde irei no próximo Carnaval. Mas, a Recife e a Olinda, nunca fui, nunca tive uma vontade insana de ir. Mentira! Tive, sim. Depois de assistir a um show da Orquestra Contemporânea de Olinda, no Sesc Pompeia, há dois ou três anos, bateu o desejo de ir para Recife/Olinda. Mas, não sei o motivo, eu acabei desistindo da ideia e rumei para a ilha da magia, Floripa. Uma outra vez que tive vontade de passar o Carnaval em Pernambuco foi depois de assistir "Era uma Vez Eu, Verônica", lindo filme de Marcelo Gomes, protagonizado pela grande Hermila Guedes. O motivo? Há cenas lindas filmadas no meio do Carnaval pernambucano. Pois bem, escrevi tudo isso, pois, de alguma maneira, estive mais perto de Pernambuco no último fim de semana. Fui ao show da banda Eddie, no qual, na quente (muito quente mesmo!) choperia do Sesc Pompeia, eu dancei e revi muita gente querida. Fui também ao show do Naná Vasconcelos... um sonho que se realizou. E, lá, vendo aquele homem, com tamanho talento, eu me emocionei e agradeci a Deus por, finalmente, ter visto seu Naná ao vivo e a cores. E ainda fui ao show do Lenine, meu deus pernambucano. O meu maior sonho? Encostar no cabelo do Lenine, pois eu acredito realmente que a força musical de Lenine, a exemplo do que acontece com Maria Bethânia, vem do cabelo. Algo como Sansão, sabe!? E, no show dele, no Sesc Pinheiros, eu não me contive: no início da música "Jack Soul Brasileiro", eu me levantei, fui para o canto da plateia e dancei de olhos bem abertos. Para finalizar, "Hoje Eu Quero Sair Só"...

Fontes...
E, no fim de semana também, também bateu saudade de Roma, de suas fontes, de seu calor no verão, de sua arquitetura antiga, de suas belas lojas de marca, de seu macarrão, do Coliseu... do que eu ainda tenho de descobrir na capital romana. Por lá, conto uma história, eu tentei encontrar o Woody Allen e o policial que "narra" a história de "Para Roma com Amor". Não os encontrei... mas eu os procurei pelas ruas estreitas, pelas belas praças, pelas grandes avenidas, no rosto dos milhares de turistas...

Tchau
Eu estou me despedindo de "Do Amor"... a série continua me encantando... Ah, a Lulu, ah, o Brás... Porém, encontrei uma outra série que tem me deixado de cabelo em pé. Trata-se de "Breaking Bad", que ganhou uma porrada de prêmios nos últimos anos. Eu, sei lá por quê, ignorei o sucesso da série até finalmente assistir ao primeiro episódio por conta de compromissos profissionais. Walter White, sei lá o que vai acontecer contigo (e, por favor, se você já sabe, não me conte!!!), mas estou contigo e não abro mão disso. Bryan Cranston, você poderia me conceder uma entrevista? 

Ah, o teatro...
O teatro tem o poder de unir as pessoas? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos... 

É isso!

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Tema para um pequeno conto


Era uma segunda feira e estava fora há cinco dias. Cansada. Nada cansa mais do que ficar fora de casa. Desceu do avião, melada, andou com vagar na chuva fina e pegou sua mala. Atravessou o portão para dar de cara com ele. De óculos, boné e revista em punho. Seu disfarce padrão mesmo às 21h de uma noite chuvosa. Sentiu um frio na espinha. Ele não dirige e nunca havia se dado ao trabalho de levá-la ou pegá-la no aeroporto a não ser que também embarcasse.
Caminhou com aparente calma até ele e beijou seus lábios de leve. Ele pegou sua mala e foram a procura de um taxi.
- O que aconteceu? Ela perguntou assim que fechou a porta do taxi.
Silêncio.
- Fala. O que aconteceu?
Ele tirou o boné e a olhou nos olhos.
- Acho que amo você.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Sobre fauna e flora



Hoje alguém me ofereceu uma galinha de angola branca e Baptista disse não. Será que ele pensa que vou pintar a galinha com bolinhas pretas? Claro que pretendo deixar as coitadas branquinhas.Vai demorar um pouco convencê-lo que preciso de uma angola, mas eu chego lá.
Ele deu pra implicar com minha gatinha flower power tão lindinha com flores na cabeça. Acho que ele não conhece a música cantada por Scott McKenzie dizendo “se você for a São Francisco, lembre-se de usar flores em seus cabelos” o hino oficial da geração hippie. Muitos acreditaram em McKenzie e foram a São Francisco. Olha que a letra nem era dele. Quem escreveu foi John Phillips do The Mamas and The Papas. Credo, bem que o Baptista vive dizendo que eu divago... Tudo isso era só pra contar da galinha e da gatinha, cujo nome é Canabis. Ela pertence a tradicional família Felidae que inclui o gato selvagem, o leão, o tigre e o gato domestico que vive com os homens a mais de 10.000 anos. Como todo gato é carnívoro e predador. Minha gatinha é uma lady e não caça. Ela é inteligente e obedece comandos simples, quer dizer, as vezes, ela é obediente, na maior parte do tempo me olha como se eu tivesse vindo de um outro planeta. Bom, confesso que ela não é a única que faz isso. Até o Baptista, aquele anjo de criatura que só falta adivinhar meus desejos me olha como se eu
pertencesse a outro mundo, então Canabis tem um parceiro!
Quer saber? Acho que eles pensam que sou maluca só por não gostar de ópera. Vamos lá, levanta a mão quem adora esse tipo de música? Eu detesto e tenho boas companhias. São Francisco ficou na história a tal ponto que quando os tanques comunistas entraram na atual república Tcheca durante a Primavera de Praga, em 1968, os estudantes protestaram cantando São Francisco e falando do sonho de morar na cidade americana imortalizada pela canção de John Phillips.
Divaguei mesmo e tudo por culpa da Canabis. Mas, vejam a foto dela, não é uma graça?  

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

DESTERRO NA REPÚBLICA DOS CORONÉIS

Embora tenha havido desterro quando do golpe praticado no governo de Floriano Peixoto, em 10 de abril de 1892, foi no início do século passado, no governo republicano de Artur Bernardes (1902- 1906), que foi abundantemente utilizado, mediante decretação de estado de sítio,  o uso desse instrumento, com o propósito de  principalmente reprimir e assustar a classe operária que reivindicava  melhorias trabalhistas, inclusive salariais. Era tratada da mesma forma que os assassinos e ladrões encarcerados a serem desterrados. O governo aproveitava esse momento para afastar da cidade do Rio de Janeiro, os descontentes com ele, bem como elementos da classe pobre e os mendigos.
 Paulo Sérgio Pinheiro no livro “Estratégias da ilusão”, narrando sobre o depoimento de um antigo ministro da Agricultura, Miguel Calmon Du Pin e Almeida, assinala que “desde o início da República” essas medidas “deviam ser feitas”, encaminhando esses desafetos “do Sul para as zonas de fronteira nos e
stados do Pará e Amazonas, talvez em virtude do princípio constitucional que atribui à União jurisdição sobre aqueles trechos do território nacional”. Recorrendo aos informes da imprensa da época, o ministro completa: “Ali amontoados na maior promiscuidade”  (nos navios de transporte) “crianças e velhos, negros e brancos, nacionais e estrangeiros, deitados uns, outros de pé, seguros fortemente, de mãos ambas, nos óculos das espias, procuravam respirar, faziam esforços sobrenaturais para sorver o ar puro do exterior,que dificilmente penetrava pelos interstícios... Nos porões nem uma luz! Os 334 condenados, quase nus, debatiam-se nas trevas com as enormes ratazanas, que silenciosamente os atacavam, cobrindo-os de dentadas.” Depois que o navio transpôs a barra, “nos porões os presos sem apoio rolavam uns sobre os outros, magoando-se, escorregando na lama nauseabunda de fezes e vômitos”.
No local inóspito do desterro, poucos sobreviviam, sendo a maioria eliminada pelas doenças contraídas naquele local ou por falta de abrigo ou alimentação.
Pinheiro, citando trechos colhidos no jornal “Correio da Manhã” de 23 de março de 1905, comenta: ”A verdade, entretanto, é que não foram arrastados até os calabouços da ilha das Cobras e de lá retirados para os porões dos navios que os conduziram aos inóspitos sertões do Amazonas, criminosos e desordeiros, ladrões habituais e outros indivíduos perigosos e nocivos. Muitos dos desgraçados só tiveram contra si o ódio e a malquerença de delegados e agentes subalternos da polícia que se aproveitaram do sítio para ajustar e saciar vinganças; outros foram vítimas da maldade de delatores, de cujas denúncias a polícia não se deu ao trabalho  de averiguar a veracidade”.
Mo mesmo livro comenta que o “governo Bernardes”... promovia a “limpeza da cidade, como a realizada em 1904 e descrita por Lima Barreto: A polícia arrebanhava a torto e a direito pessoas que encontrava pela rua. Recolhia-as às delegacias, depois juntavam na Polícia Central. Aí, violentamente, humilhantemente, arrebatava-lhes os cós das calças e as empurrava num grande pátio. Juntadas que fossem algumas dezenas, remetia-as à ilha das Cobras, onde eram surradas desapiedadamente.”
Houve desterro também no sertão Noroeste. Os indesejáveis eram deixados no km. 48 da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e, sem condições de retornar à cidade, eram eliminados pelos índios Kaigang.
Eis um resumo do terror governamental no início do século passado, que quase ninguém conhece e, lamentavelmente não é ensinado nas escolas, no sentido de nunca mais acontecer.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

E então ela tomou um ônibus.
Não queria ir para determinado lugar, só queria ir. Na rodoviária entrou numa fila, ficou olhando, na tabela atrás do atendente, os nomes das cidades. Não lhe diziam nada, então olhou os preços e resolveu comprar uma passagem de setenta e oito reais.
Jogou-se na poltrona e quando o motorista deu partida ela sentiu uma enorme felicidade. Ninguém sentara ao seu lado, poderia se esparramar. Fechou a cortininha e percebeu que tomara a decisão certa e sem vacilar. Bom sinal, estava ficando decidida.
Queria  fumar. Será que no banheiro havia sensores? Um saco essa história, essa guerra contra os fumantes, cada um opta por sua vida, faz de sua saúde o que quiser. Caminhou para o banheiro e acendeu o cigarro sentindo a boca do estomago. Não aconteceu nada. Inspirou sofregamente a fumaça. Tinha sido uma boa fazer o curso de perfumaria, o spray na bolsa foi aspergido para disfarçar o cigarro. A mulher que passou por ela no corredor seria o tira-teima, se sentisse o cheiro do fumo iria denunciá-la? A mulher voltou, passou  por ela sem olhar. Beleza!
Pela fresta da cortina espiava o poente. Lindo.
Acordou com as vozes alteradas. As luzes estavam acesas, mexeu na cortininha, noite ainda.
- Não interessa, todos têm que sair! Vamos lá, pessoal, não enrolem, têm que sair.
Levantavam-se preguiçosos, alguns agitados querendo argumentar e o policial com a arma erguida – ainda bem,  não apontava para ninguém – só parecia se exibir: “sou a autoridade!” olhando-os de cima a baixo.
- Vamo logo, vamo logo!
O berreiro da criança deixando a todos mais alertas ainda. Sem explicação, sem justificativa... ou ele teria dito algo antes que ela acordasse?
Fazia frio, nenhuma luz à vista, nada de estrelas, nem luar ou nuvens. No meio do nada sem saber por quê.
Um policial de cada lado, armas em riste, guardavam o grupo. Ninguém falava. Ainda bem que a criança calara a boca. Viu-a sugando uma mamadeira. Mãe providencial. Dois outros policiais socavam os bancos, davam chutes nos assentos, cutucavam sacolas. Dois ou três volumes foram jogados para fora do ônibus. Do degrau a autoridade pediu que os donos se aproximassem.
- Abram!
Com a boca do fuzil remexeu nas coisas que se esparramaram pela terra.
- Podem subir. Devagar e calados!
A criança dormia. Ajudaram a mãe a subir, outros, de joelhos, procuravam quinquilharias na poeira para voltarem às sacolas violentadas.
- O que aconteceu? Ela criou coragem de perguntar baixinho ao vizinho da frente, quando a porta foi fechada e já não mais havia risco. Não sabia, estava dormindo.
Com o ônibus em movimento foi até o motorista. Havia recebido sinal para parar. Parara, eles entraram e o resto ela sabia.
Chegaram à cidade no meio da madrugada.
                                                   (Continua na próxima semana)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Pílulas 6

Vamos que vamos lá...

Às escuras
No primeiro dia do ano de 2014, tentei ir ao cinema. A ideia, a princípio, era assistir ao filme "Álbum de Família" - o que acabei fazendo no dia 3 de janeiro. Mas, ao chegar ao cinema, fui informado de que não haveria a sessão do longa protagonizado por Julia Roberts e Meryl Streep. Resultado: comprei o ingresso para assistir ao filme "Eu Não Faço a Menor Ideia do que Tô Fazendo com a Minha Vida", dirigido por Matheus Souza, que fez uma bela estreia com "Apenas o Fim", o último filme "ohhhhhhhhhh que fofo" do cinema nacional... Bom, comprei um copo de refrigerante e um chocolate (não gosto de comer pipoca no cinema... o motivo? Bom, quem compra pipoca, geralmente, a come toda antes de o filme começar... e, depois, passa o restante do filme tentando tirar a pipoca que grudou nos dentes do fundo...), as propagandas e os trailers começaram e... fim, a luz acabou. Definitivamente, não era para eu ter saído de casa aquele dia. Era a última sessão... e encarei o cinema como uma maneira de fazer algo útil no primeiro dia de 2014, quando fui dormir às 8h e acordei às 20h...

Cadê o amor?
Gostei tanto da série "Do Amor", que comentei na semana passada, que assisti a todos os episódios que estavam disponíveis no mundo maravilhoso da internet. Resultado: agora eu tenho de esperar uma semana para assistir ao episódio inédito, uma vez que "alcancei" a temporada que está sendo exibida por uma emissora da TV a cabo. Isso, confesso, é tão ruim quanto ficar órfão de um programa, especialmente série, quando ele acaba... 

Fila
Uma das coisas mais curiosas de São Paulo, uma cidade fissurada por fila, são as histórias que surgem justamente nas filas. Estava eu, no Sesc Belenzinho, na fila de um show do Zeca Baleiro, para tentar conseguir um ingresso (dica: se um show no Sesc teve os ingressos esgotados, vá à unidade do dia do show e entre na fila de espera... sempre rolam convites!!!)... Eis que, de repente, um amigo começa a conversar com uma mulher que estava vendendo um ingresso. Começamos a conversar com ela, que comentou que era deficiente (havia feito transplante de medula ou algo do gênero) e que a filha havia preferido ir à praia a ir ao show do Zeca Baleiro com ela. Eu comprei o convite e me sentei ao lado dela, na primeira fila do teatro. Uma mulher com uma história de vida incrível. Tem quase 40 anos, quatro filhos (sendo uma adotada que é homossexual), faz pós em história da arte, deu aula de filosofia em uma escola evangélica particular - foi demitida do local, em novembro, ao, sem querer, mostrar a tatuagem de cinta-linga na coxa direita ao vestir um vestido em uma festa da escola. No meio do show, ela travou um estranho diálogo com Zeca Baleiro sobre educação, arte, dinheiro e felicidade...

Tudo azul
Assisti ao fantástico "Azul É a Cor Mais Quente" no domingo. Cinema lotado. Consegui ingressos - eu e mais uma amiga e um amigo -, porque cheguei cedo ao cinema. Com três horas de duração, o filme mostra o descobrir da sexualidade de uma adolescente de 15 anos. A garota, que já havia transado com homens, se apaixona por uma artista plástica, novinha também, de cabelos azuis e uma personalidade bem peculiar... Sim, sim, o filme tem cenas tórridas de sexo entre as duas. Sim, sim, o filme, talvez, não seja "para toda a família". Sim, sim, o filme provavelmente sofrerá cortes ao ser exibido na TV aberta. E, apesar de tudo isso, precisa ser visto, (re)discutido, apreciado... Em resumo: assista!!!

Quatro horas
Matei a saudade que estava da ciclofaixa. Havia cerca de 20 dias que não pedalava. A ideia, a princípio, era pedalar somente duas horas, do início da avenida Paulista até a avenida Brigadeiro Luís Antônio. De lá, desceria até o parque Ibirapuera e depois iria para casa. Mas essa decisão caiu por terra a partir do momento em que troquei o eletrônico, que tocava no meu celular, para o axé (ah, o Carnaval!!!). Resultado: pedalei por quase quatro horas, ao som de Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Banda Eva, Gilberto Gil e Caetano Veloso... Volto a dizer: o Carnaval está chegando!!!

É isso!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Elipse

Ele sabia que era absolutamente impossível. Quando se conheceram ela já morava com um cara. Músico, inclusive. Desses que viajam com a banda e traem as namoradas. Mas era bem apessoado. E talentoso, diziam. Ele não era músico e não viajava e também não traia a namorada. Era contador e estava noivo há seis anos quando a conheceu. Ela era o exato oposto de sua noiva. Cosmopolita, extrovertida, inteligente, diziam. Ele não sabia ao certo que o pensava dela. Só tinha curiosidade. Ela era uma dessas pessoas que sorriam e abraçavam com o corpo todo e não só os braços e invariavelmente isso o deixava constrangido. E excitado. Não sabia se era a proximidade, o calor, o cheiro do cabelo ou o fato de que quando abraçava, tocava de relance seu pescoço. Arrepiava. Todas as vezes. E sempre tinha a impressão que ela percebia. Ela era cliente em seus escritório e o começo de ano sempre queria dizer que ela apareceria para fechar seu imposto de renda. Ganhava bem. Gastava muito. Com o namorado vagabundo, ele tinha certeza. No último encontro após o abraço deixou cair uma pasta e voaram notinhas de papel térmico. Ela sorriu e ajudou a resgatá-las. Após a reunião pediu demissão. Não podia continuar vivendo assim.


domingo, 5 de janeiro de 2014

O presente de reis...

Consultada sobre o que gostaria de ganhar no Natal respondi nada. Fui presenteada com um belo colar, pena que não de âmbar. No ano novo a pergunta se repetiu e eu repeti: nada. Ganhei um anel acompanhado da questão, no dia de reis você quer algo específico? Como eu sabia que o Baptista não ia ficar sossegado enquanto não acertasse na lembrança decidi responder: um Smart. Pronto, foi o suficiente para ele quase me bater. Aquele gentil cavaleiro ficou uma fera e dizia, mas como se você possui duas máquinas potentes, que por acaso as pessoas chamam de telefones. Lembra-se do Nokia que comprei na Finlândia? E o iphone que vive pendurado em você? Mensagem para cá mensagem para lá o tempo todo. Você mesma fala que esse tal de android não é seguro...
Com eu não esperava essa inesperada reação decidi me explicar.Trata-se de um mal entendido. Smart Fort Coupé Brabus é um carro!  É um veículo bastante conhecido e usado na Europa como um todo. Baptista não sabia disso. O Smart é tão famoso que se tornou até personagem do livro de Dan Brown O Código Da Vinci. Ele não leu e nem viu o filme. Suas medidas parecem de uma miss. Tem um comprimento menor que três metros e a metade disso como largura. O baixinho tem a minha altura: 1,55 m. Não é um sonho para qualquer motorista que viva em cidade cheia de carros e nunca encontra estacionamento? Foi um dos motivos da escolha.Possui motor traseiro e faz cem quilômetros com menos de cinco litros de gasolina. Smart é um adjetivo na língua inglesa de significado esperto, ligeiro, forte, inteligente. Ele é tudo isso e bonito!
Mas, ao responder a questão estava tentando resolver outro problema. Tenho pé pesado no acelerador, vivo viajando e passando da velocidade permitida por conta do carro potente. Por que fazem carros que correm até 230 km/h se a velocidade máxima permitida é 120? Uma pergunta pertinente não é? Bom o Smart alcança 125 km/h significando que anda a passo de elefantinho...
Toda essa conversa não é para falar do carro, mas da minha renovação de habilitação ocorrida recentemente. Passei na primeira mesa, na segunda era o atestado de bons antecedentes. Surpresa: recebi o meu. Terceira mesa: A senhora volta dentro de 60 dias, pois ultrapassou em muito os vinte pontos. Como assim, meu senhor? O documento que tenho e obtive em uma auto-escola conhecida diz dezesseis pontos! Ele virou o computador e respondeu: Detran. Lá estavam todos os pontos acumulados. Eu pensando que a cada ano eles limpavam as carteiras. Outro susto: todos os papéis ficaram lá com a recomendação de não guiar, pois se for pega fica um ano sem habilitação. 

Entenderam o pedido? Baptista compreendeu e o Smart está na minha garagem. É vermelho e preto, ano 2013, comprado de um senhor de Curitiba que havia importado o carro para a mulher e ela não gostou. Eu amei!          

sábado, 4 de janeiro de 2014

Isso que dá ficar em casa

Pessoal, nesses dias chatos de festas ( eu acho terrível) nada melhor do que ler e assistir filmes. Separei aqui um livro novo e um filme de 2003 ...

Narradores de Javé, 2003, Eliane Caffé.

 O filme se passa no sertão nordestino, no Vale do Javé.  A cidade está prestes a ser inundada pela construção de uma hidrelétrica. O representante da população conta que só poderiam evitar a desgraça se a cidade pudesse ser tombada pelo Patrimônio Histórico. Para isso precisariam escrever um dossiê “cientifico” das histórias mais importantes da cidade.
A vila só tem analfabetos. Recorrem então ao antigo carteiro, o odiado Antonio Biá. O ex responsável pela agencia de Correios é odiado por ter escrito cartas com fofocas sobre os moradores e enviado à Javé e outras cidades. Tudo isso para manter o movimento dos Correios e não perder seu emprego. Como forma de se redimir com o povo de Javé, ele aceita a tarefa.  
Começa então uma tragicomédia com atuações engraçadíssimas de  José Dumont, Nelson Xavier, Matheus Nachtergaele e Nelson Dantas.   Entre a história oral e a oficial surge uma rivalidade que conta as tradições e culturas da cidade. Os personagens, moradores da cidade, contam com pluralidade fatos fantásticos e lendários que confundem ainda mais Biá. 
Bem, não vou contar o fim, mas baseado na narração, o filme mostra o serão nordestino sem dar ênfase na seca, miséria e sofrimento. É um filme bem humorado. Dá uma voz quase inédita a nordestinos ricos de histórias.


Fim, Fernanda Torres, Cia das Letras.

Confesso que estava reticente na compra desse livro. Adoro a atriz, mas sempre fico com o pé atrás quanto à  qualidade da arte dos multimídias. Poi,s o livro me surpreendeu. E muito.
No seu primeiro livro, ela narra a história de cinco amigos cariocas, que se conhecem na praia ainda jovens, vivem o desbunde dos anos 60 juntos. Álvaro, Silvio, Ribeiro, Neto e Ciro, são completamente diferentes um dos outros. Mas a riqueza dos personagens atravessa décadas de casamento, separação e velhice.
Cada capítulo leva o nome de um personagem  – das esposas e de personagens afins – e conta sua história, que acaba se misturando com a história do outro.
A prosa de Fernanda Torres é madura e seu humor é adulto,sem cafonice. O enredo é ótimo e os personagens ricos, mas o que mais me impressionou foram as técnicas narrativas que ela utiliza. O livro é tão corrente, tão bem escrito, que suas 201 páginas podem ser lidas de uma só vez.

Uma prova de que multimídias podem se expressar artisticamente de diversas maneiras, tão boas quanto. Para ser honesta estou esperando o próximo livro dela. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

PERDA INESTIMÁVEL

Em 30 de novembro de 2013 morreu um grande homem: Dom Waldyr Calheiros de Novaes, alagoano de Murici, nascido em 29 de lulho de 1923. Foi bispo da diocese da Barra do Piraí e Volta Redonda (RJ). Nesta última cidade localizava-se a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), onde imperava o trabalhismo organizado. Em 1988, em pleno período considerado de retorno do país à democracia, contrariando essa situação, com o fito de desbaratar uma greve que ocorria na CSN, o exército invadiu a fábrica e da violência resultaram a morte de três operários e ferimentos em muitos outros.
Num dia chuvoso, na praça de Volta Redonda, dom Waldir e quatro outro bispos  em cima de um caminhão e assistida por milhares de trabalhadores, rezaram a missa de sétimo dia dos operários falecidos e, segundo Kenneth Serbin, “pendendo de uma grande cruz, as roupas ensanguentadas dos três trabalhadores morto se erguia como testemunha da violência do sistema político no Brasil.”
Há muito tempo que dom Waldyr litigava com os militares pela injusta prática da censura ou da tortura àqueles que não concordavam com o regime instalado. Serbin relaciona casos em que, além de defender os direitos dos trabalhadores na greve sangrenta,  dom Waldyr  resistiu “ao militarismo e seus efeitos dolorosos sobre a sociedade brasileira” , defendendo sua posição com firmeza.
 Segundo esse autor, “dom Waldir entrou pela primeira vez em conflito com as autoridades em 1967, quando soldados invadiram sua casa para prender um grupo de padres e leigos acusados de subversão. Ele criticou o oficial encarregado da investigação, um tenente-coronel do Primeiro Batalhão de Infantaria Blindada de Barra Mansa (1º BIB), por concentrar-se na luta contra a subversão ao mesmo tempo em que a política do regime era manter  os salários dos trabalhadores muito baixos. Em 1969, declarou-se prisioneiro do 1º BIB, um ato de protesto contra a detenção de dois professores suspeitos de subversão.”
Dom Waldir e dezessete padres denunciaram a prática de tortura naquele batalhão, sendo por isso interrogado durante 25 horas. “Depois de quatro soldados serem torturados até a morte no 1º BIB, em janeiro de   1971, ele reportou as atrocidades para bispos colegas que participaram da ultrassecreta Comissão Bipartite, criada com o fim de amainar a relação cada vez mais tensa entre Igreja e Estado”, escreveu Serbin. Depois de muita insistência, comandos militares reconheceram que torturas foram feitas contra subordinados.
Seu falecimento fica ligado a sua ação que somente engrandece o papel da Igreja Católica na luta pelos direitos humanos. Espero que esses episódios, para que não se repitam, sejam inseridos nos currículos escolares.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA PAZ

A Bíblia conta que Deus perguntou: "Onde está o teu irmão Abel?". E Caim respondeu "Não sei. Acaso sou o guarda do meu irmão?" (Gn 4, 9).
Se pensarmos bem: sim, somos guardas de nossos irmãos. Quando amamos  gostamos de compartilhar. A loja em que compramos por um bom preço ou onde encontramos aquele objeto de nosso desejo, o médico que resolveu nossas dores, o restaurante que faz o melhor prato, o pensamento interessante ou engraçado encontrado no Facebook... Não seria essa uma forma de “guardar” nosso irmão de dissabores indo a lugares diferentes? Não seria um cuidado para que o outro também fique feliz? Só se faz isso se houver paz em nosso interior.

Ser pessoa significa sermos guardas uns dos outros! Contudo, quando se quebra a harmonia, se produz uma metamorfose: o irmão que devíamos guardar e amar se transforma em adversário a combater, a suprimir.

Nossa paz interior evita a agressividade. Quando tentamos minimizar a dor alheia, não estamos guardando o outro?
Extrapolando o âmbito pessoal, só o amor -na forma de consciência ecológica- nos faz recolher um lixo que não é nosso, retirar objetos indevidos de lugares de passagem, pensar na reciclagem. Só o amor – na forma de consciência política – nos faz entrar na campanha deste ou daquele candidato. Não estaríamos,  então,  sendo guardas dos irmãos, poupando-os de resíduos e de políticos inconscientes?  
Com nossos atos buscamos a paz, a harmonia.

Qualquer retrospectiva do ano que passou mostrou-nos inúmeras cenas de guerras, de violências, de tragédias, de morte. Como harmonizar a busca da paz com a realidade que é violenta? Faz sentido falar de paz numa sociedade competitiva e com os olhos voltados para a morte, a disputa, a auto defesa, num mundo caótico?
Como deixarmos de nos surpreender com as atitudes corretas já que a correção, os princípios morais e éticos deveriam ser a regra e não a exceção? O gari encontra uma carteira cheia de dinheiro e devolve ao dono... isso é notícia de jornal não porque mereça aplauso mas por ser inusitado. Não deveria ser comum? O político comparece a todas as sessões legislativas: “Nossa! Que espetáculo!” Mas isso não seria o comum?

Como disse o Papa Francisco, ontem:” É possível percorrer o caminho da paz? Podemos sair desta espiral de dor e de morte? Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz?”... “! Que cada um olhe dentro da própria consciência e escute a palavra que diz: sai dos teus interesses que atrofiam o teu coração, supera a indiferença para com o outro que torna o teu coração insensível, vence as tuas razões de morte e abre-te ao diálogo, à reconciliação: olha a dor do teu irmão – penso nas crianças: somente nelas... olha a dor do teu irmão, e não acrescentes mais dor, segura a tua mão, reconstrói a harmonia perdida; e isso não com o confronto, mas com o encontro! Que acabe o barulho das armas! A guerra sempre significa o fracasso da paz, é sempre uma derrota para a humanidade.”...” perdão, diálogo, reconciliação são as palavras da paz: na amada nação síria, no Oriente Médio, em todo o mundo! Rezemos, nesta noite, pela reconciliação e pela paz, e nos tornemos todos, em todos os ambientes, em homens e mulheres de reconciliação e de paz. Assim seja.”
Paz e amor em 2014!