sábado, 4 de janeiro de 2014

Isso que dá ficar em casa

Pessoal, nesses dias chatos de festas ( eu acho terrível) nada melhor do que ler e assistir filmes. Separei aqui um livro novo e um filme de 2003 ...

Narradores de Javé, 2003, Eliane Caffé.

 O filme se passa no sertão nordestino, no Vale do Javé.  A cidade está prestes a ser inundada pela construção de uma hidrelétrica. O representante da população conta que só poderiam evitar a desgraça se a cidade pudesse ser tombada pelo Patrimônio Histórico. Para isso precisariam escrever um dossiê “cientifico” das histórias mais importantes da cidade.
A vila só tem analfabetos. Recorrem então ao antigo carteiro, o odiado Antonio Biá. O ex responsável pela agencia de Correios é odiado por ter escrito cartas com fofocas sobre os moradores e enviado à Javé e outras cidades. Tudo isso para manter o movimento dos Correios e não perder seu emprego. Como forma de se redimir com o povo de Javé, ele aceita a tarefa.  
Começa então uma tragicomédia com atuações engraçadíssimas de  José Dumont, Nelson Xavier, Matheus Nachtergaele e Nelson Dantas.   Entre a história oral e a oficial surge uma rivalidade que conta as tradições e culturas da cidade. Os personagens, moradores da cidade, contam com pluralidade fatos fantásticos e lendários que confundem ainda mais Biá. 
Bem, não vou contar o fim, mas baseado na narração, o filme mostra o serão nordestino sem dar ênfase na seca, miséria e sofrimento. É um filme bem humorado. Dá uma voz quase inédita a nordestinos ricos de histórias.


Fim, Fernanda Torres, Cia das Letras.

Confesso que estava reticente na compra desse livro. Adoro a atriz, mas sempre fico com o pé atrás quanto à  qualidade da arte dos multimídias. Poi,s o livro me surpreendeu. E muito.
No seu primeiro livro, ela narra a história de cinco amigos cariocas, que se conhecem na praia ainda jovens, vivem o desbunde dos anos 60 juntos. Álvaro, Silvio, Ribeiro, Neto e Ciro, são completamente diferentes um dos outros. Mas a riqueza dos personagens atravessa décadas de casamento, separação e velhice.
Cada capítulo leva o nome de um personagem  – das esposas e de personagens afins – e conta sua história, que acaba se misturando com a história do outro.
A prosa de Fernanda Torres é madura e seu humor é adulto,sem cafonice. O enredo é ótimo e os personagens ricos, mas o que mais me impressionou foram as técnicas narrativas que ela utiliza. O livro é tão corrente, tão bem escrito, que suas 201 páginas podem ser lidas de uma só vez.

Uma prova de que multimídias podem se expressar artisticamente de diversas maneiras, tão boas quanto. Para ser honesta estou esperando o próximo livro dela. 

3 comentários:

Rosa Leda Gabrielli disse...


Camilla, você me deixou entusiasmada com o livro. Continue dando dicas interessantes. Bj

Janaina disse...

Narradores é lindo, né?
E fiquei curiosa qto ao livro da Fernanda Torres... estava bastante reticente porque embora ache ela incrível, literatura é outra coisa, né?
bj bj

rosabertoldi@gmail.com disse...

Não vi o filme, vou ver depois de sua crítica tão lúcida e vou em busca do livro. Ele deve ter a minha cara! Camilla: um bom 2014 para você.Bjs