domingo, 19 de janeiro de 2014

O que conta na vida da gente não são os fatos são os boatos...

Resposta dada por Cícero Dias quando perguntei se era verdade que ele trocava pó de café por tinta a óleo durante a segunda guerra. Ele riu e disse a frase acima. Os boatos diziam que o café que Picasso tomava vinha do engenho Jundiá. Fato ou boato? A verdade é que não faltava tinta e café durante os anos de 1939/42 para nenhum deles. Vamos aos fatos... Ganhei muitos livros nesse final de ano. Como sou uma devoradora de linhas li praticamente tudo nas últimas três semanas. Agora estou debruçada sobre a biografia de mademoiselle Chanel e ainda não descobri onde está à mulher e onde se encontra o mito. Para Fernando Pessoa mito é o nada que é tudo. A palavra vem do grego mithos. Trata-se de uma narrativa de caráter simbólico relacionada a uma cultura, um fato, uma pessoa. Uma pessoa... Gabrielle Bonheur Chanel nasceu em Brive-la-Gaillarde entre Paris e Toulouse. Aos seis anos foi levada pelo pai para o orfanato das freiras da Congregação do Sagrado Coração de Maria, em Aubanize, cidade medieval dominada pela sombra da abadia cisterciense do século XII fundada por santo Estevão Harding em 1135. Deixou o local aos dezoito anos. Anos depois vai para Paris acompanhando o rico herdeiro inglês Arthur (Boy) Capel formando um triangulo amoroso do qual participava Etienne Balsan. Os três eram amigos e eles dividiam as despesas para custear Gabrielle, dizem os boatos. Etienne permaneceu solteiro e perto dela durante a vida toda, e mesmo depois que ela se tornou Coco Chanel, rica e conhecida no mundo todo, ele jamais abriu a boca para contar a história. Gabrielle formou uma sociedade com Capel daí o logo da empresa com dos “Cs”. Essa primeira loja deu a ela independência financeira. Suas roupas e chapéus eram sucesso, até que em 1920 ela conheceu o perfumista Ernest Beaux.

Como descrever? Antes do inicio? Era uma vez... Não sei. Talvez Paul Valéry defina melhor que eu: uma mulher que não usa perfume não tem futuro. Coco Chanel devia pensar a mesma coisa.
Encomendou ao russo que trabalhava no sul da França algumas essências. Ele apresentou-as divididas em duas séries: 1-5 e 20-24. Ela escolheu o número cinco. Perguntei como chamá-lo e ela respondeu: vou apresentar minha coleção no dia 05 de maio, o quinto mês do ano, vamos deixar com cinco. Simples assim.
Chanel n. 5 tornou-se uma lenda desejada por dez entre dez mulheres do mundo todo. Um bouquet de flores abstratas, um perfume com cheiro de mulher, essa a definição de Chanel para ele. Se a gente faz uma pesquisa vai encontrar mais de cinco versões para o fato... A escolha aleatória e trivial naquele momento transformou-se em mitológica, assim como a vida de Coco Chanel, onde os fatos não contavam mais... só os boatos!

Um comentário:

Janaina disse...

Rosa,

a d o r o