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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Tema para um pequeno conto


Era uma segunda feira e estava fora há cinco dias. Cansada. Nada cansa mais do que ficar fora de casa. Desceu do avião, melada, andou com vagar na chuva fina e pegou sua mala. Atravessou o portão para dar de cara com ele. De óculos, boné e revista em punho. Seu disfarce padrão mesmo às 21h de uma noite chuvosa. Sentiu um frio na espinha. Ele não dirige e nunca havia se dado ao trabalho de levá-la ou pegá-la no aeroporto a não ser que também embarcasse.
Caminhou com aparente calma até ele e beijou seus lábios de leve. Ele pegou sua mala e foram a procura de um taxi.
- O que aconteceu? Ela perguntou assim que fechou a porta do taxi.
Silêncio.
- Fala. O que aconteceu?
Ele tirou o boné e a olhou nos olhos.
- Acho que amo você.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Sobre fauna e flora



Hoje alguém me ofereceu uma galinha de angola branca e Baptista disse não. Será que ele pensa que vou pintar a galinha com bolinhas pretas? Claro que pretendo deixar as coitadas branquinhas.Vai demorar um pouco convencê-lo que preciso de uma angola, mas eu chego lá.
Ele deu pra implicar com minha gatinha flower power tão lindinha com flores na cabeça. Acho que ele não conhece a música cantada por Scott McKenzie dizendo “se você for a São Francisco, lembre-se de usar flores em seus cabelos” o hino oficial da geração hippie. Muitos acreditaram em McKenzie e foram a São Francisco. Olha que a letra nem era dele. Quem escreveu foi John Phillips do The Mamas and The Papas. Credo, bem que o Baptista vive dizendo que eu divago... Tudo isso era só pra contar da galinha e da gatinha, cujo nome é Canabis. Ela pertence a tradicional família Felidae que inclui o gato selvagem, o leão, o tigre e o gato domestico que vive com os homens a mais de 10.000 anos. Como todo gato é carnívoro e predador. Minha gatinha é uma lady e não caça. Ela é inteligente e obedece comandos simples, quer dizer, as vezes, ela é obediente, na maior parte do tempo me olha como se eu tivesse vindo de um outro planeta. Bom, confesso que ela não é a única que faz isso. Até o Baptista, aquele anjo de criatura que só falta adivinhar meus desejos me olha como se eu
pertencesse a outro mundo, então Canabis tem um parceiro!
Quer saber? Acho que eles pensam que sou maluca só por não gostar de ópera. Vamos lá, levanta a mão quem adora esse tipo de música? Eu detesto e tenho boas companhias. São Francisco ficou na história a tal ponto que quando os tanques comunistas entraram na atual república Tcheca durante a Primavera de Praga, em 1968, os estudantes protestaram cantando São Francisco e falando do sonho de morar na cidade americana imortalizada pela canção de John Phillips.
Divaguei mesmo e tudo por culpa da Canabis. Mas, vejam a foto dela, não é uma graça?  

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Elipse

Ele sabia que era absolutamente impossível. Quando se conheceram ela já morava com um cara. Músico, inclusive. Desses que viajam com a banda e traem as namoradas. Mas era bem apessoado. E talentoso, diziam. Ele não era músico e não viajava e também não traia a namorada. Era contador e estava noivo há seis anos quando a conheceu. Ela era o exato oposto de sua noiva. Cosmopolita, extrovertida, inteligente, diziam. Ele não sabia ao certo que o pensava dela. Só tinha curiosidade. Ela era uma dessas pessoas que sorriam e abraçavam com o corpo todo e não só os braços e invariavelmente isso o deixava constrangido. E excitado. Não sabia se era a proximidade, o calor, o cheiro do cabelo ou o fato de que quando abraçava, tocava de relance seu pescoço. Arrepiava. Todas as vezes. E sempre tinha a impressão que ela percebia. Ela era cliente em seus escritório e o começo de ano sempre queria dizer que ela apareceria para fechar seu imposto de renda. Ganhava bem. Gastava muito. Com o namorado vagabundo, ele tinha certeza. No último encontro após o abraço deixou cair uma pasta e voaram notinhas de papel térmico. Ela sorriu e ajudou a resgatá-las. Após a reunião pediu demissão. Não podia continuar vivendo assim.


domingo, 5 de janeiro de 2014

O presente de reis...

Consultada sobre o que gostaria de ganhar no Natal respondi nada. Fui presenteada com um belo colar, pena que não de âmbar. No ano novo a pergunta se repetiu e eu repeti: nada. Ganhei um anel acompanhado da questão, no dia de reis você quer algo específico? Como eu sabia que o Baptista não ia ficar sossegado enquanto não acertasse na lembrança decidi responder: um Smart. Pronto, foi o suficiente para ele quase me bater. Aquele gentil cavaleiro ficou uma fera e dizia, mas como se você possui duas máquinas potentes, que por acaso as pessoas chamam de telefones. Lembra-se do Nokia que comprei na Finlândia? E o iphone que vive pendurado em você? Mensagem para cá mensagem para lá o tempo todo. Você mesma fala que esse tal de android não é seguro...
Com eu não esperava essa inesperada reação decidi me explicar.Trata-se de um mal entendido. Smart Fort Coupé Brabus é um carro!  É um veículo bastante conhecido e usado na Europa como um todo. Baptista não sabia disso. O Smart é tão famoso que se tornou até personagem do livro de Dan Brown O Código Da Vinci. Ele não leu e nem viu o filme. Suas medidas parecem de uma miss. Tem um comprimento menor que três metros e a metade disso como largura. O baixinho tem a minha altura: 1,55 m. Não é um sonho para qualquer motorista que viva em cidade cheia de carros e nunca encontra estacionamento? Foi um dos motivos da escolha.Possui motor traseiro e faz cem quilômetros com menos de cinco litros de gasolina. Smart é um adjetivo na língua inglesa de significado esperto, ligeiro, forte, inteligente. Ele é tudo isso e bonito!
Mas, ao responder a questão estava tentando resolver outro problema. Tenho pé pesado no acelerador, vivo viajando e passando da velocidade permitida por conta do carro potente. Por que fazem carros que correm até 230 km/h se a velocidade máxima permitida é 120? Uma pergunta pertinente não é? Bom o Smart alcança 125 km/h significando que anda a passo de elefantinho...
Toda essa conversa não é para falar do carro, mas da minha renovação de habilitação ocorrida recentemente. Passei na primeira mesa, na segunda era o atestado de bons antecedentes. Surpresa: recebi o meu. Terceira mesa: A senhora volta dentro de 60 dias, pois ultrapassou em muito os vinte pontos. Como assim, meu senhor? O documento que tenho e obtive em uma auto-escola conhecida diz dezesseis pontos! Ele virou o computador e respondeu: Detran. Lá estavam todos os pontos acumulados. Eu pensando que a cada ano eles limpavam as carteiras. Outro susto: todos os papéis ficaram lá com a recomendação de não guiar, pois se for pega fica um ano sem habilitação. 

Entenderam o pedido? Baptista compreendeu e o Smart está na minha garagem. É vermelho e preto, ano 2013, comprado de um senhor de Curitiba que havia importado o carro para a mulher e ela não gostou. Eu amei!          

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA PAZ

A Bíblia conta que Deus perguntou: "Onde está o teu irmão Abel?". E Caim respondeu "Não sei. Acaso sou o guarda do meu irmão?" (Gn 4, 9).
Se pensarmos bem: sim, somos guardas de nossos irmãos. Quando amamos  gostamos de compartilhar. A loja em que compramos por um bom preço ou onde encontramos aquele objeto de nosso desejo, o médico que resolveu nossas dores, o restaurante que faz o melhor prato, o pensamento interessante ou engraçado encontrado no Facebook... Não seria essa uma forma de “guardar” nosso irmão de dissabores indo a lugares diferentes? Não seria um cuidado para que o outro também fique feliz? Só se faz isso se houver paz em nosso interior.

Ser pessoa significa sermos guardas uns dos outros! Contudo, quando se quebra a harmonia, se produz uma metamorfose: o irmão que devíamos guardar e amar se transforma em adversário a combater, a suprimir.

Nossa paz interior evita a agressividade. Quando tentamos minimizar a dor alheia, não estamos guardando o outro?
Extrapolando o âmbito pessoal, só o amor -na forma de consciência ecológica- nos faz recolher um lixo que não é nosso, retirar objetos indevidos de lugares de passagem, pensar na reciclagem. Só o amor – na forma de consciência política – nos faz entrar na campanha deste ou daquele candidato. Não estaríamos,  então,  sendo guardas dos irmãos, poupando-os de resíduos e de políticos inconscientes?  
Com nossos atos buscamos a paz, a harmonia.

Qualquer retrospectiva do ano que passou mostrou-nos inúmeras cenas de guerras, de violências, de tragédias, de morte. Como harmonizar a busca da paz com a realidade que é violenta? Faz sentido falar de paz numa sociedade competitiva e com os olhos voltados para a morte, a disputa, a auto defesa, num mundo caótico?
Como deixarmos de nos surpreender com as atitudes corretas já que a correção, os princípios morais e éticos deveriam ser a regra e não a exceção? O gari encontra uma carteira cheia de dinheiro e devolve ao dono... isso é notícia de jornal não porque mereça aplauso mas por ser inusitado. Não deveria ser comum? O político comparece a todas as sessões legislativas: “Nossa! Que espetáculo!” Mas isso não seria o comum?

Como disse o Papa Francisco, ontem:” É possível percorrer o caminho da paz? Podemos sair desta espiral de dor e de morte? Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz?”... “! Que cada um olhe dentro da própria consciência e escute a palavra que diz: sai dos teus interesses que atrofiam o teu coração, supera a indiferença para com o outro que torna o teu coração insensível, vence as tuas razões de morte e abre-te ao diálogo, à reconciliação: olha a dor do teu irmão – penso nas crianças: somente nelas... olha a dor do teu irmão, e não acrescentes mais dor, segura a tua mão, reconstrói a harmonia perdida; e isso não com o confronto, mas com o encontro! Que acabe o barulho das armas! A guerra sempre significa o fracasso da paz, é sempre uma derrota para a humanidade.”...” perdão, diálogo, reconciliação são as palavras da paz: na amada nação síria, no Oriente Médio, em todo o mundo! Rezemos, nesta noite, pela reconciliação e pela paz, e nos tornemos todos, em todos os ambientes, em homens e mulheres de reconciliação e de paz. Assim seja.”
Paz e amor em 2014!

sábado, 28 de dezembro de 2013


"Sou louco por você"
Com o bilhete em mãos joguei as rosas fora e fui tomar café da manhã.  Sentei à mesa de fórmica branca velha e tomei duas xícaras de café. A fome ficou no ontem.

"Sou louco por você"

Fui pro quarto me vestir, para ir não sei onde, nem porque. Pus roupa branca, sou sempre da paz. Tive medo do espelho, que vive me dizendo que mudei.

"Sou louco por você".

Pensei em sair de carro, mas não tinha sol. Saí à pé atrás das árvores que se acabam no trânsito. Ultimamente não sei muito onde ir. Não estou certa  que vidas quero conhecer. Mas os muros coloridos me animam. A euforia me faz vomitar de excitação.

"Sou louco por você"

Entrei numa loja e comprei um livro budista. Preciso entender melhor sobre essa coisa de passagem. Tomo suco de melão. Alguém puxa papo no balcão. Mas estou surda.

"Sou louco por você"

Volto pra casa correndo, fugindo da confusão. Torpeço na entrada. Bato a boca no chão e sai sangue. Mas estou viva e não quero ninguém louco por mim.


Ps. Caros amigos do Sete, perdoem-me as duas últimas ausências. Coisas fora do controle. Um feliz 2014 a todos. Cheio de saúde e muita LUZ.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

IRRACIONAIS?

Postaram recentemente no facebook uma foto com comentários na qual Banzé, um cachorro, presumivelmente SRD, encontrou uma ninhada de gatinhos abandonada ma rua e levou os pequeninos bichanos para sua casa, protegendo-os.          
Não se trata de ato isolado essa revelação. Os animais surpreendem com suas atitudes.         
 Foi num país da Europa Oriental que uma cachorra teve oito filhotes: cinco fêmeas e três machos. Seu ninho, coberto com palha, foi instalado num paiol de uma humilde chácara local. Por coincidência, na mesma época uma moça grávida, cujo estado escondia dos pais com medo de ser violentamente  reprimida, sentindo as dores do parto, foi desesperada para um lugar cheio de mato e ali realizou seu parto, um menino. Deixou-o, no entanto, naquele local e retornou para seu lar. A cachorra dos oito caninos passando naquela região ouviu o choro da criança. Pegou o menino e levou para seu ninho, passando a ser amamentado com seus irmãozinhos cachorros. Quando os proprietários da chácara descobriram essa situação, atônitos tomaram o nenê no colo e levaram para sua casa. Ele sobreviveu. Agradeceram à cachorra pelo seu gesto altruísta.          
A solidariedade entre as espécies existe e a preocupação de proteger os abandonados, está neles latente. Não foi no Quênia que vicejou a amizade de um filhote de hipopótamo com uma tartaruga gigante que o adotou, ele  sobrevivente de uma tempestade que matou sua mãe?          
Num jornal da região onde eu moro foi noticiado que uma gata teve três gatinhos que acabaram aninhados num balaio em companhia de uma galinha. Esta passou a cuidar dos bichanos   e sua mãe aprovou a atitude da ave. O cachorro da casa foi conferir se tudo estava bem e aceitou também ação galinácea.          
Esse mesmo jornal noticiou o fato de um itinerante idoso, caminhante de destinos incertos, acolheu uma cachorra que por ele sentiu atraída e dali para frente não mais o abandonou.          
Os animais domésticos ou não, devem ser respeitados,  protegidos e bem tratados. Exemplo de amor verificou-se em abril de 2006 em Moscou, na realização de um festival internacional de felinos, quando foram expostos mais de 500 animais, inclusive uma gata Sphyns com seus filhotes. Enfim, são gestos que nos transmitem exemplarmente amor, amizade, fidelidade e tantas outras virtudes praticadas pelos animais irracionais.