domingo, 27 de julho de 2014

Rose is a rose is a rose is a rose...

A frase foi escrita por Gertrude Stein em 1913 no poema Sacred Emily.  A autora reconhecida por uma biografia longa, por uma frase curta e pelo maior acervo de Picassos e Matisses do inicio do século XX era inteligente, amiga de escritores e pintores, crítica feroz por natureza. Leu quase todos os originais do começo do século e deu palpites até em obras primas das artes plásticas. Como todo ser humano além de seu tempo, ela era considerada uma velha gaga. Escrevia no presente continuo característica moderna demais para a época. Sua maneira de se expressar estava em Joyce e outros autores. Isso os deixou famosos, mas não a própria, não sei se por preconceito ou má vontade. O mesmo aconteceu com uma conhecida primeira ministra da Inglaterra. Há mais de duas décadas não entrou na fria que se tornou o mercado comum europeu. Bateu o pé e ficou fora dele assim como, também, do governo. Mesmo com o fracasso do projeto de uma Europa unificada, ela continuou odiada em sua pátria.
Rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa tem diversos significados. O literal é as coisas são o que são. Seu verso tornou-se apreciado por sintetizar a modernidade através de dois níveis, o sintático e o semântico, afirmando a autonomia do verbo. A arte moderna tem por objeto ela mesma. A avaliação mais feroz que recebeu é ser sua própria metalinguagem. Bobagem, cada época possui características próprias e a modernidade reuniu em seu tempo o maior número de gênios por metro quadrado. Lembre-se leitor que idade moderna, historicamente falando começou com a queda de Constantinopla. Então, Leonardo, Alberti, Miguelangelo, Rafael, Botticelli, Vermeer, Shakespeare, Van Gogh, os impressionistas, Cézanne, Rimbaud, Verlaine, Valéry, Baudelaire, Magritte, Picasso, Duchamp, etc, etc, estão todos dentro do pacote. Está certo que os críticos consideram como arte moderna a ruptura ocorrida com o simbolismo. Então, em literatura o começo estaria em Poe e na perda da ingenuidade pura.
Quando, alguém perguntou a Gertrude Stein o significado de Rose is a rose is a rose is a rose ela respondeu: poetas usam palavras arquivadas na memória. “Eu acho que nessa linha uma rosa é vermelha pela primeira vez em muitos anos.” Rose is red... sua imaginação e sua emoção reveladas  através da cor, cujo símbolo é amor, respeito, adoração. Acredito que a arte só é arte se por uma competência mágica, um talento inexplicável, um artista leva o leitor/observador a filosofar despreocupadamente transformando aquilo que vê em conceitos, palavras, ideias, algo que a “velha gaga” conseguiu com muita classe!

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