segunda-feira, 23 de maio de 2011

Não sei vocês, mas eu estou cercada de gente que reclama. Amigos que reclamam dos pais velhinhos que dão trabalho, dos filhos acomodados ou arrojados demais, dos netos agitados ou passivos, outros contam de sua solidão apesar da família grande, ninguém os visita, ninguém se lembra deles, dores e mais dores, empregados são incompetentes, os maridos desajeitados, as esposas omissas, seus desejos insatisfeitos...

Há também os otimistas que acabam sendo chatos. Desconfortável a conversa com quem está sempre ótimo... Ou será que eu é que sou implicante? A mesma dúvida teve Fernando Pessoa, quem está 100%, 100% do tempo?
“Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?”
Conheço pessoas muito simples, dessa simplicidade que deixa a gente até sem jeito, que moram numa casa simples, têm roupas simples, idéias simples, enfim, vocês sabem de que tipo estou falando. Algumas têm o hábito das queixas. Oh, vida! Oh, vida! Outras, iguaizinhas, dizem com sua simplicidade: nem tudo está bem, mas tudo bem! É assim mesmo, são fases, depois muda.
Conheço gente um pouco rica (que com ricos riquíssimos não tenho contato), são gente que pode viajar, que tem empregados, que troca de carro, que aplica dinheiro, cujos filhos estão se realizando, que podem pagar para cuidarem de seus velhos e que dizem: Oh, vida! Oh, vida! E outros que nem falam nada, vão vivendo.
De que tipo você é?
A Danuza Leão, outro dia, numa de suas crônicas diz que a felicidade é estar tranqüilo. No caos, na euforia, sob trovões ou debaixo do Sol, aproveitar o momento. Ôba, a chuva veio, as plantas vão aproveitar. Provavelmente a roupa que usarei no casamento não ficará impecável mas hoje está chovendo... O Dalai Lama diz que harmonia é ter a mente onde está o corpo. Se você está na fila do Banco não adianta ficar pensando na roupa no varal, no livro que você não conseguiu editar, na palestra de amanhã. Você está na fila do Banco. Durante a palestra ou aula não adianta pensar no saldo do Banco, tirará a harmonia.
É isso, tentemos viver em harmonia.

4 comentários:

Janaina Fainer disse...

nossa, nada me cansa mais q gente que reclama

Anônimo disse...

Pareceu-me apropriado, como forma de refletir sobre o cotidiano e sobre o agir humano, o texto de Rosa Gabrielli. Se uma pessoa vai ao banco, aí estão presentes seu pensamento e seu corpo. A existência histórica (ir e estar no banco, por exemplo) compõe a própria essência do ser humano. Todo homem é, essencialmente, o eu e sua circunstância, o sujeito e o ambiente vital que o circunda, na expressão famosa de Ortega y Gasset. De nada vale reclamar o que é para amanhã que venha hoje, ou o que é para hoje que venha já. Com discernimento e escolha viver intensamente o momento e as circunstâncias em que estamos envolvidos. E também não dizer: vamos ver.

Rosa Leda disse...

Ah, anônimo, como gostaria de continuar esta conversa!

Janaina Fainer disse...

Mas anônimo é anônimo, né?