segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

E acaba janeiro...
E fevereiro começa com a ameaça de chuvas e carnaval.
Prédios caem, navios tombam, mulheres são violentadas ao vivo e a cores em programa de grande aceitação popular... e a escola de samba ensaia, o show deve continuar.
Proliferam lojas de colchões. Os ortopedistas recomendam que se troque a cada três anos, há modelos com molas ensacadas e com fibra de bambu, além dos brancos, os pretos e cor de vinho, com cabeceira acoplada...
- Este não é igual àquele?
- Não, é completamente diferente, a camada superior é feita com o mesmo látex usado na naves espaciais...
Como nossos antepassados sobreviveram à dor nas costas? Não só um colchão era para a vida toda como, muitas vezes, tratava-se apenas de um saco recheado com palha de milho, afofado na hora de dormir. Geralmente ao acordar a “vítima” não tinha palha nenhuma sob seu pobre corpo que jazia dolorido sobre as tábuas. Dormi algumas vezes num desses, na fazenda de meu avô, lá no Rio Grande do Sul.
E os tamborins (atenção ao momento cultura... instrumento de percussão do tipo membranofone, constituído de uma membrana esticada, em uma de suas extremidades, sobre uma armação, sem caixa de ressonância, normalmente confeccionada em metal, acrílico ou PVC - policloreto de vinila), bom, as tamborins repicam esquentando as cabrochas.
Os surdos, de primeira e de segunda, a caixa de guerra, a cuíca, o agogô e o reco-reco... “meu samba, viva meu samba verdadeiro, porque tem telecoteco...” ensaiam e fazem correr mais rápido o sangue dos brasileiros.
E as aulas recomeçam, o material tá caro, as mães depoem em frente às escolas dizendo que tudo aumentou. Pessoas enterram seus mortos e outros tantos não serão enterrados porque desapareceram na água do mar ou nos escombros dos prédios, e as sambistas bundudas continuam ensaiando e as porta-bandeiras giram, giram, giram... os mestres- sala ajoelham pedindo que parem, como não conseguem ter seu pedido atendido giram também, dão alguns saltos, fazem reverências e continuam, que o cortejo não pode parar:
- Vão pra frente que atrás vem gente!
E eles vão...
E o Brado Retumbante cotucou a política mas tudo fica igual, e a presidente que deve ter problemas com dentistas pois que a deixaram dentuça, por isso não quer dente no seu título e trocou por denta, vai viajar. Meu sobrinho trabalha no Itamarati, contou que vai um avião lotado com o “corpo diplomático” – deveria dizer corpos diplomáticos? Um avião para a presidente e seus assessores, outro avião com os corpos diplomáticos...
E as pessoas morrem na porta do hospital porque ninguém é responsável por elas, se estão longe uma ambulância busca, se estão dentro do hospital os enfermeiros levam mas na porta... bom, na porta é diferente... não está dentro, não podem atender, caído na calçada não está no hospital... é verdade, eu havia esquecido.
Preciso bordar minha fantasia.

2 comentários:

Janaina Fainer disse...

Ótimo como sempre, Rosa.
E acredita que não vi o tal Brado Retumbante mas ouvi críticas ótimas?!
bjs e vamos que vamos

rosabertoldi@gmail.com disse...

Também não vi. Rosa o texto é bom como sempre. E DENTA valha mon dieux pra continuar no clima de ontem sobre o sub.... Vamos ao baile de carnaval do dia 11 na Hípica?