segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mistério à Beiramar VII


Foram só quatro taças de vinho mas sinto que estou bêbada. Após o primeiro Asti veio o segundo, o terceiro não acabamos e o garçom prometeu guardar para o dia seguinte. Tenho a sensação de estar apaixonada por Baptista. Não tem sentido, ele é um velho... Sinto uma ternura tão grande por eles! Azevedo é mais conservado mas parece também mais conservador. O que é isto que estou sentindo? Tenho vontade de resolver umas coisas mal resolvidas. Direi àquele desgraçado daquele psicanalista que ele atrasou minha vida em pelo menos dez anos. Se ele fosse meu terapeuta tudo bem, mas eu o amava, ou eu o amo? Hoje acho que resolvi. Não o amo, tenho vontade de mandá-lo para a ... para perto de sua mãe. Na última vez que eu telefonei tratou-me com tal desprezo que afundei completamente. Foi ele o responsável e não o meu trabalho. Bandido, esnobe, pseudo intelectual! Vou escrever para ele agora e dizer que consegui me livrar da assombração de sua presença em minha história... Abri o laptop mas não consegui escrever nada. Iniciei uma série de e-mails mas apaguei sem mandar.
O rosto plácido de Baptista esteve comigo até que eu adormecesse abraçada ao travesseiro, com o laptop aberto, imaginando palavras desaforadas para escrever a Roberto.
O dia amanheceu chuvoso. Desci pronta para devorar o Buffet todo, ainda com raiva de Roberto.
Dois enfermeiros passaram por mim apressados, carregando uma maca. Vi Azevedo junto à porta. Ao me aproximar percebi que observava uma ambulância.
- Bom dia, Azevedo! Que terá havido?
- Não sei, acabei de descer, algum hóspede estará sentindo uma indisposição. Lugar de velhos...
À aproximação dos enfermeiros nos afastamos, abrindo espaço para a passagem da maca.

Um comentário:

Anônimo disse...

O velhinho não vai morrer, né???????
Rosa II