Quem melhor definiu o clima de mal-estar que assola
Bauru vez ou outra, foi um conhecido radialista ao falar em uma caixa de
maldades no centro da cidade. Se a calma prevalece, alguém pega e solta uma
maldade. Quando tudo volta ao normal, outro espírito de porco vai lá e repete a
ação. Classifico alguns fatos ocorridos recentemente por aqui como
invejosos. O Aurélio define inveja como
pesar pelo bem do outro. Para usufruir de qualquer coisa torna-se necessário
que o ser humano tenha uma postura interna harmônica, sem ela outra emoção
importante não é percebida. Trata-se da gratidão, algo raro usado somente pelos
possuidores do espírito de conciliação. Paz é algo poroso que nenhum invejoso
consegue sentir, pois a inveja mata toda e qualquer bondade, então ele não
consegue ver aquela nobreza de
sentimentos vinda da habilidade de equilibrar visão e perspectiva de mundo. A
inveja é uma merda cantou o Ultraje a Rigor. Quem poderia falar sobre isso é
Otelo, se vivo fosse. Toda a história gira em torno da traição de Iago quando
Cássio foi nomeado tenente como homem de confiança do general. Ambicioso o
sub-oficial considerava-se qualificado para o cargo e invejou o amigo a ponto
de provocar uma tragédia. Não foi a toa que o Concilio de Trento colocou tal
sentimento entre os sete pecados capitais. A inveja nasce do desejo de ter o
que o outro tem. Essa sensação se transforma em olho gordo quando em vez de
algo, tenta-se evitar que o outro consiga qualquer coisa. Invejar é a última
palavra escrita por Camões na obra Os Lusíadas, A origem latina da palavra
“invidare” era “não ver.” Com o tempo foi perdendo esse significado e culminou
em cobiça, ganância, ciúme, sentidos atuais da palavra. O que isso tem com
Bauru? Pare e pense...
As pessoas querem
cidade limpa, saúde, educação, desenvolvimento. Porém, a impressão que os
bauruenses têm é que alguns fazem de tudo para nada disso acontecer, mesmo
afirmando o contrário. O pensamento judaico ilustra bem isso. Todo ser humano tem dois bolsos, de maneira a
ir a um ou outro, de acordo com suas necessidades. Em um estão às palavras “por
minha causa o mundo foi criado” e no outro “sou pó e ao pó vou voltar.” Se o
invejoso esquecer que um dia será pó e usar sempre o bolso da frase por minha
causa o mundo foi criado, sua frustração não vai permitir enxergar que a cidade
não é somente dele. Ao colocar a mão no lugar errado demonstra o desejo por
algo alheio, mas que julga ser o merecedor. Pobre Bauru, com poucos e bons
invejosos, nunca chegará a ser a metrópole sonhada!
Um comentário:
Esse mal estar generalizado tem imperado no Brasil já há uns dois anos e aqui, onde vivemos, percebemos mais vivamente a situação. É inexplicável ver uma cidade que tem tudo para ser organizada, etc, etc, se tornar isso que vemos. Só pode ser a caixa de maldades, mesmo. Ótimo texto.
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