domingo, 18 de maio de 2014

INVEJA DE QUE?

Quem melhor definiu o clima de mal-estar que assola Bauru vez ou outra, foi um conhecido radialista ao falar em uma caixa de maldades no centro da cidade. Se a calma prevalece, alguém pega e solta uma maldade. Quando tudo volta ao normal, outro espírito de porco vai lá e repete a ação. Classifico alguns fatos ocorridos recentemente por aqui como invejosos.  O Aurélio define inveja como pesar pelo bem do outro. Para usufruir de qualquer coisa torna-se necessário que o ser humano tenha uma postura interna harmônica, sem ela outra emoção importante não é percebida. Trata-se da gratidão, algo raro usado somente pelos possuidores do espírito de conciliação. Paz é algo poroso que nenhum invejoso consegue sentir, pois a inveja mata toda e qualquer bondade, então ele não consegue ver aquela  nobreza de sentimentos vinda da habilidade de equilibrar visão e perspectiva de mundo. A inveja é uma merda cantou o Ultraje a Rigor. Quem poderia falar sobre isso é Otelo, se vivo fosse. Toda a história gira em torno da traição de Iago quando Cássio foi nomeado tenente como homem de confiança do general. Ambicioso o sub-oficial considerava-se qualificado para o cargo e invejou o amigo a ponto de provocar uma tragédia. Não foi a toa que o Concilio de Trento colocou tal sentimento entre os sete pecados capitais. A inveja nasce do desejo de ter o que o outro tem. Essa sensação se transforma em olho gordo quando em vez de algo, tenta-se evitar que o outro consiga qualquer coisa. Invejar é a última palavra escrita por Camões na obra Os Lusíadas, A origem latina da palavra “invidare” era “não ver.” Com o tempo foi perdendo esse significado e culminou em cobiça, ganância, ciúme, sentidos atuais da palavra. O que isso tem com Bauru? Pare e pense...  
As pessoas querem cidade limpa, saúde, educação, desenvolvimento. Porém, a impressão que os bauruenses têm é que alguns fazem de tudo para nada disso acontecer, mesmo afirmando o contrário. O pensamento judaico ilustra bem isso.  Todo ser humano tem dois bolsos, de maneira a ir a um ou outro, de acordo com suas necessidades. Em um estão às palavras “por minha causa o mundo foi criado” e no outro “sou pó e ao pó vou voltar.” Se o invejoso esquecer que um dia será pó e usar sempre o bolso da frase por minha causa o mundo foi criado, sua frustração não vai permitir enxergar que a cidade não é somente dele. Ao colocar a mão no lugar errado demonstra o desejo por algo alheio, mas que julga ser o merecedor. Pobre Bauru, com poucos e bons invejosos, nunca chegará a ser a metrópole sonhada!   

Um comentário:

Rosa Leda disse...

Esse mal estar generalizado tem imperado no Brasil já há uns dois anos e aqui, onde vivemos, percebemos mais vivamente a situação. É inexplicável ver uma cidade que tem tudo para ser organizada, etc, etc, se tornar isso que vemos. Só pode ser a caixa de maldades, mesmo. Ótimo texto.