domingo, 4 de maio de 2014

O pescoço de Afrodite

Afrodite é conhecida como a deusa da beleza e do amor. Na literatura as referências a ela são muitas. No final de cada tarde ao sentar no chão da varanda e olhar para o céu penso nela. Afrodite/Vênus é a primeira estrela que aparece no firmamento. Prateada e linda fica a espera de Ares/Marte o segundo a chegar com seu brilho vermelho. Eles se olham sem nunca se aproximarem cumprindo uma ordem de Zeus. Eram amantes causando constrangimento e brigas no Olimpo. Zeus, a pedido de Hera, exigiu que os dois se afastassem. Afrodite se vestiu e veio chorar suas mágoas na terra. Despida entrou em um lago para banhar-se, e em sua homenagem, no local surgiram rosas e murtas brancas. Um cisne vem lhe fazer companhia. De repente, eis que surge o deus Ares. Eles se amaram, desobedecendo as ordens de Zeus, e como castigo eles foram transformados em estrelas. Bem, tudo isso é para dizer que até Cleópatra usou o nome de Vênus em seu primeiro encontro com Antonio na ilha de Chipre. Quando foi questionada sobre sua presença mandou-lhe o seguinte recado: “diga a ele que Afrodite veio festejar com Dioniso pelo bem da Ásia...”
Uma das mais famosas telas renascentistas O Nascimento de Vênus, de Botticelli, retrata a deusa no momento exato em que emerge das águas em uma concha (na antiguidade grega a concha simbolizava a vagina) empurrada por Zéfiro, símbolo das paixões espirituais. Trata-se de uma obra polêmica tanto pelo assunto como pelos detalhes afastados do classicismo. Uma delas a posição do pescoço de Afrodite. Não vejo nada de estranho nisso, ela era descrita por Homero, Hesíodo e Platão como a dona do mais belo pescoço dentre todas as deusas, então a desproporção pode ser considerada como licença poética do artista... ou não?


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