domingo, 20 de abril de 2014

“Cada macaco no seu galho”

Só fale sobre o que você realmente domina. Pensei em um antigo professor e quase desisti de continuar escrevendo esse texto. Mas, como sou corajosa fui em frente, embora o verso cantado pelo Gil “cada macaco no seu galho” não tenha saído da minha cabeça o tempo todo.
Vou discorrer sobre Política. Para Max Weber, os partidos são organizações de poder político, e em muitos casos, com potencial de transformação da realidade. A definição não vale no Brasil, onde a política partidária gira em torno de um líder com ideias políticas econômicas nem sempre discerníveis. Isso sem falar nas promessas de campanhas jogadas na lata do lixo, antes do gari limpar as ruas da sujeira provocada pela distribuição dos santinhos na boca das urnas.
Sociólogos costumam teorizar sobre o assunto, considerando o partido político como a essência da democracia, com uma proposta de governo, que evidentemente deveria cumprir. Em geral, todos possuem um programa, mas não se espelham nele.

A FAPESP financiou há mais de dez anos, uma pesquisa sobre a composição dos partidos brasileiros. A conclusão dessa análise sócio-ocupacional das bancadas revelou o perfil de alguns deles. No ex-DEM, a categoria predominante era de homens oriundos dos setores empresariais. O perfil do PMDB sempre foi menos nítido, devido à quantidade de empresários e profissionais liberais ser proporcional. Talvez, esse equilíbrio de forças seja sua fraqueza, criando dificuldades para a coesão ideológica e o conflito na disciplina interna da agremiação.
A composição social dominante no PSDB estava formada por empresários e pela intelectualidade de renda alta, os últimos dando o tom ao partido, enquanto o PT compunha-se de trabalhadores não manuais que ascenderam por intermédio dos sindicatos – geralmente metalúrgicos ou bancários – e professores oriundos da classe média. A bancada do PDT agregava profissionais liberais, ex-funcionários públicos e um pequeno grupo de empresários urbanos. A escolaridade dos parlamentares também foi critério de avaliação indicando poucas chances de se chegar à Câmara dos Deputados sem diploma, pois somente 4% dos analisados não haviam completado o segundo grau, na ocasião da pesquisa. A maioria dos deputados eram bacharéis em Direito e o montante do patrimônio dos parlamentares tendia a crescer, mesmo quando a atividade política estava sendo exercida dentro dos cânones da decência.
Passados dez anos, é interessante ressaltar que buscando informações na internet encontrei além dos partidos citados acima, 22 em atividade, 28 em processo de legalização e dez agremiações sem registro. Dentre eles estão aqueles, cujo propósito explícito é alugar suas siglas em troca de um objetivo eleitoral comum.
Como observadora atenta aos fatos políticos, vejo o PV saindo fortalecido nessas eleições, nem tanto por realizações, mas pela sua imagem. Possivelmente, os votos serão de uma nova geração com preocupações ecológicas e atitudes politicamente corretas. Esse grupo passa longe da onda de autoritarismo de lideres que distorcem a democracia para calar a oposição e manter-se no poder, como Castro, Maduro ou Lulla.

















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