sábado, 5 de novembro de 2011

Mundo Moderno ou o reino do audiovisual...

Não me parece natural viver o reinado absoluto do audiovisual. Isso exclui os outros sentidos e o organismo deve se sentir frustrado, por isso todo mundo come no cinema ou assistindo televisão. Quer dizer, eu como vendo tv e quando vou ao cinema. Falando nisso, bons tempos, quando se podia cantar a canção de um sujeito e ele ficava feliz, hoje os direitos autorais estão aí querendo comer o fígado de quem faz isso, ainda bem que só canto no banheiro! Outra atitude mal usada é o tal do politicamente correto, que serve somente para alguns interesses. Mas, vou falar do áudio, outros assuntos devem aguardar, quietinhos, sua vez.
Os seres humanos passaram a viver na trepidante vida urbana longe do vasto jardim botânico onde se desenrolava a história cultural da humanidade ao ritmo das quatro estações do ano. Trocou-se o campo pela cidade. O despertador tomou o lugar do canto do galo. O ruído das fábricas substituiu o barulhinho do vento, da chuva, do canto dos pássaros. O volume de ruídos aumentou muito desde o inicio do século XX e os habitantes do planeta precisam encontrar um meio de dominar esses barulhos se desejam encontrar certo equilíbrio. Existe tempo para tudo, momento de falar, de escutar, de silenciar, momento até de “ouvir” os fortes ruídos, como em um festival de rock, sem nenhum barulho tentando dominar os demais. A poluição sonora é um problema mundial, mas os jovens de hoje, quase surdos, deveriam meditar sobre o que acontece ao um público silencioso e imobilizado em concertos de música clássica, atento as misteriosas vibrações do ambiente. Alguém pode retrucar: e as estridências orquestrais de Schönberg, as obras de Xenakis, os efeitos de Ligeti e as explosões vocais dos membros da escola polonesa de Lutoslawski?
A resposta é contemporaneidade... Penso nisso parada em um semáforo ouvindo a voz macia de João Gilberto e lembrando a frase de Caetano “melhor do que o silêncio, só João” enquanto meu vizinho de lado escuta? música a todo volume e nem consigo descobrir o significado do ruído. Surdo, talvez sim, talvez não, porém jovem candidato a surdez. O barulho ressoa através de um radio ou walkman, uma espécie de hemorragia musical, transbordando do carro vizinho, enquanto o sinal não fica verde para eu passar e voltar ao volume baixo, a quase mudez do velho baiano. Fico me perguntando como o moço dos auto falantes nos ouvidos com aquele volume pode prestar atenção em alguma coisa que não seja o próprio barulho! Se os mais jovens não forem conscientizados no controle dessa onda sonora a população mundial vai ficar surda. O lado bom disso é que o planeta ficará mais tranqüilo, deveria dizer mais silencioso

Nenhum comentário: