temporário
transitório
passageiro
perene
"É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação".
Clarice Lispector
domingo, 8 de novembro de 2009
sábado, 7 de novembro de 2009
Os primórdios da escrita
A escrita, como um sistema de representação gráfica estruturado, apareceu na Mesopotâmia. Afinal, o que foi que não começou lá? No início tratava-se de uma escrita pictográfica, evoluindo para algo mais abstrato com o correr do tempo. O aspecto figurativo dos primeiros símbolos leva a pensar nos desenhos traçados pelo homem nas cavernas pré-históricas. Parece que o mais antigo sistema de transcrição silábica, foi o fenício, cujos vestígios mais remotos datam de 2000 a.C.
A origem desses caracteres é misteriosa. Porém, os especialistas admitem que eles formam as matrizes dos diferentes alfabetos empregados no mundo inteiro. A difusão da escrita teve por vetores os diversos deslocamentos de população, as atividades comerciais e as hegemonias políticas ou religiosas e seu sucesso se deve a grande simplicidade de utilização que essa escrita oferecia em relação a cuneiforme ou a complexidade da escrita hierática egípcia. Todos os povos que adotaram o sistema fenício adaptaram-no à realidade de suas próprias línguas.
Mas, qual seria a função da escrita?
No principio atendia a contabilidade, pelo menos em relação à Mesopotâmia. Em outros lugares, a escrita era para uma elite como os sacerdotes e escribas estando a serviço do sagrado só se expandindo lentamente até as camadas populares.
Um fato interessante está acorrendo, daí eu ter pensando em escrever esse post. Nas sociedades onde a escrita tem a força da lei, a comunicação pela imagem está ganhando terreno. Esse vigoroso retorno à imagem me fez imaginar como será a escrita no futuro. Afinal, a humanidade parece estar fechando um ciclo ao retomar novos ideopictogramas, não é?
E deixo a todos o convite...

A origem desses caracteres é misteriosa. Porém, os especialistas admitem que eles formam as matrizes dos diferentes alfabetos empregados no mundo inteiro. A difusão da escrita teve por vetores os diversos deslocamentos de população, as atividades comerciais e as hegemonias políticas ou religiosas e seu sucesso se deve a grande simplicidade de utilização que essa escrita oferecia em relação a cuneiforme ou a complexidade da escrita hierática egípcia. Todos os povos que adotaram o sistema fenício adaptaram-no à realidade de suas próprias línguas.
Mas, qual seria a função da escrita?
No principio atendia a contabilidade, pelo menos em relação à Mesopotâmia. Em outros lugares, a escrita era para uma elite como os sacerdotes e escribas estando a serviço do sagrado só se expandindo lentamente até as camadas populares.
Um fato interessante está acorrendo, daí eu ter pensando em escrever esse post. Nas sociedades onde a escrita tem a força da lei, a comunicação pela imagem está ganhando terreno. Esse vigoroso retorno à imagem me fez imaginar como será a escrita no futuro. Afinal, a humanidade parece estar fechando um ciclo ao retomar novos ideopictogramas, não é?
E deixo a todos o convite...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Logos et antropos.
A busca pelo mote inicial de um texto, por uma idéia primeira, por uma fagulha ou espoleta de inspiração, pode causar problemas. Ainda mais nos que, como eu, sofrem de afasia criativa cíclica. Certas vezes o destino nos sorri com a ‘deixa’ perfeita e nós, não sem um amarelo franzir de testa, ou repuxar do canto da boca, constatamos que o acorde soado pelo universo para que nele introduzíssemos nosso repente criativo, nos era superior. Percebemos que os estopins perfeitos para os textos podem fazer-nos constatar nossa ignorância sobre temas corriqueiros. O dia de hoje (ontem, se considerarmos que vocês me lêem, espero, no futuro) trouxe-me essa dolorosa percepção forçada.
Pois é assim, com extremo pesar, que confesso que eu não sabia que Claude Levi-Strauss estava ainda, até ontem, vivinho da silva. E tem mais... Confesso que já imaginei, um dia (faz tempo), que o antropólogo (etnólogo e tudo mais que é “ólogo”) fosse o mesmo senhor que havia inventado a calça jeans e feito fortuna com as resistentes tranças de algodão, especialmente desenhadas para a lida cotidiana. Minha ignorância, essa companheira de longa data nunca rejeitada (ainda que diante dos maiores absurdos) pregou-me mais essa peça. Mas é de cabeça erguida que faço da vergonha da ignorância o trampolim do conhecimento e lanço-me, de cabeça, dando piruetas no ar, desenvolvendo twists carpados, até mergulhar nas fontes embriagantes do conhecimento de nosso repositório universal de conhecimento: o Google!
Já num primeiro momento descubro que muito provavelmente Claude Levi-Strauss tenha utilizado calças jeans. Mas não foi ele quem as inventou e sim outro senhor, quem sabe parente distante, de mesmo sobrenome, mas residente em outras bandas. Esse Levi-Strauss de hoje (ou melhor, de ontem) nada tivera que ver com a elaboração da idéia das tais calças, muito embora possamos considerar que o desenvolvimento de tais ferramentas de trabalhos muito possam dizer no aspecto antropológico sobre o ser humano e sua inextricável relação com o trabalho, o poder e seus semelhantes.
Como em quase todas as áreas do conhecimento, sou um cara de pau de se julga capaz de ser um diletante na área da antropologia. Obviamente, tudo que eu possa escrever aqui terá sido furtivamente surrupiado de algum site de internet, ou de algum livro da estante. Mas como a vida tem dessas coisas mesmo e como, cada vez mais, tenho a impressão de que a liturgia dos iniciados nas ciências humanas acaba por afugentar o aprofundamento do conhecimento ao invés de incentivá-lo, passo a tecer comentários sobre a uma possível visão do que a antropologia pôde nos deixar.
Em primeiro lugar, não somos especiais. Nós, ocidentais, semeados no seio da mentalidade judaico-cristã, devemos ter em mente que a escatologia ainda nos impede de ver a multiplicidade cultural do mundo e de perceber a maravilha da experiência do desenvolver da vida, de seu múltiplos caminhos possíveis, e da infinita profusão de mitos que nossa autoconsciência foi capaz de construir. Em segundo plano, podemos verificar que muito mais une do que separa povos distantes. Mitos se conectam. Mitos tem mitos irmãos do outro lado do globo. Mitos revelam a humanidade.
Me parece curioso que tudo que eu li, nessas horas, sobre Levi-Strauss (o dos homens, não o da calça...) muito me lembrou o que pude ler, no passado, sobre Jung, e mesmo sobre Joseph Campbell. Tenho uma fascinação por mitos, muito embora saiba que eles possam ser dolorosos. Não obstante, já constatei a dificuldade de uma vida sem mitos. Uma vida que não se explica nos números, mas nos sonhos, pode ser bem mais completa, desde que tenhamos consciência de que os mitos são...mitos.
Fico pensando, portanto, se é verdade ou é mito que a Levi’s 501 foi feita para agüentar o corte das facas Guinsu.
Pois é assim, com extremo pesar, que confesso que eu não sabia que Claude Levi-Strauss estava ainda, até ontem, vivinho da silva. E tem mais... Confesso que já imaginei, um dia (faz tempo), que o antropólogo (etnólogo e tudo mais que é “ólogo”) fosse o mesmo senhor que havia inventado a calça jeans e feito fortuna com as resistentes tranças de algodão, especialmente desenhadas para a lida cotidiana. Minha ignorância, essa companheira de longa data nunca rejeitada (ainda que diante dos maiores absurdos) pregou-me mais essa peça. Mas é de cabeça erguida que faço da vergonha da ignorância o trampolim do conhecimento e lanço-me, de cabeça, dando piruetas no ar, desenvolvendo twists carpados, até mergulhar nas fontes embriagantes do conhecimento de nosso repositório universal de conhecimento: o Google!
Já num primeiro momento descubro que muito provavelmente Claude Levi-Strauss tenha utilizado calças jeans. Mas não foi ele quem as inventou e sim outro senhor, quem sabe parente distante, de mesmo sobrenome, mas residente em outras bandas. Esse Levi-Strauss de hoje (ou melhor, de ontem) nada tivera que ver com a elaboração da idéia das tais calças, muito embora possamos considerar que o desenvolvimento de tais ferramentas de trabalhos muito possam dizer no aspecto antropológico sobre o ser humano e sua inextricável relação com o trabalho, o poder e seus semelhantes.
Como em quase todas as áreas do conhecimento, sou um cara de pau de se julga capaz de ser um diletante na área da antropologia. Obviamente, tudo que eu possa escrever aqui terá sido furtivamente surrupiado de algum site de internet, ou de algum livro da estante. Mas como a vida tem dessas coisas mesmo e como, cada vez mais, tenho a impressão de que a liturgia dos iniciados nas ciências humanas acaba por afugentar o aprofundamento do conhecimento ao invés de incentivá-lo, passo a tecer comentários sobre a uma possível visão do que a antropologia pôde nos deixar.
Em primeiro lugar, não somos especiais. Nós, ocidentais, semeados no seio da mentalidade judaico-cristã, devemos ter em mente que a escatologia ainda nos impede de ver a multiplicidade cultural do mundo e de perceber a maravilha da experiência do desenvolver da vida, de seu múltiplos caminhos possíveis, e da infinita profusão de mitos que nossa autoconsciência foi capaz de construir. Em segundo plano, podemos verificar que muito mais une do que separa povos distantes. Mitos se conectam. Mitos tem mitos irmãos do outro lado do globo. Mitos revelam a humanidade.
Me parece curioso que tudo que eu li, nessas horas, sobre Levi-Strauss (o dos homens, não o da calça...) muito me lembrou o que pude ler, no passado, sobre Jung, e mesmo sobre Joseph Campbell. Tenho uma fascinação por mitos, muito embora saiba que eles possam ser dolorosos. Não obstante, já constatei a dificuldade de uma vida sem mitos. Uma vida que não se explica nos números, mas nos sonhos, pode ser bem mais completa, desde que tenhamos consciência de que os mitos são...mitos.
Fico pensando, portanto, se é verdade ou é mito que a Levi’s 501 foi feita para agüentar o corte das facas Guinsu.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
O AMOR É LINDO!
“Amanda, mãe de uma menininha de um ano e meio e grávida de seis meses, moradora de rua há muitos anos, habita agora um casarão tombado pelo patrimônio histórico municipal com 400 m2, na rua Marquês de Paranaguá, Consolação, SP. Ela e cerca de 25 pessoas ocuparam o imóvel avaliado em um milhão de reais segundo a empresa de engenharia Amaral D'Ávila.
Por dentro, a construção de pé direito alto foi repartida em mais de dez cômodos. Como divisórias, há compensados de madeira "paredes" e cobertores pendurados "portas". A claridade entra pelos janelões e à noite por algumas lâmpadas, a eletricidade foi puxada da rua por "gatos". Quem recebe, à porta do casarão, é Thais Michelle, ex-auxiliar de limpeza, e Lilian Alexandra, que pede dinheiro na rua. Thaís, Lilian e Amanda brigam pelo catador de latas William Jesus Faria, 25, que se desdobra entre as três, e a quem elas atribuem a paternidade de seus respectivos filhos que engatinham pela casa.”(Folha Online – 1º novº 2009)
Dá para imaginar a história?
Amanda planejou a gravidez. Naquele dia bebeu muito e ao chegar em casa atirou-se no colchão de William. Foi uma loucura! Na tarde do dia seguinte acordou certa de sua gravidez. Agora ele seria seu. Era louco por crianças.
Todos os dias acordava enjoada mas podia ser por causa da cachaça da véspera. Só teve certeza quando o bebê mexeu pela primeira vez mas então Thais e Lilian já haviam chegado e William é muito macho para deixar mulher em paz. Ele acariciava sua barriga e chegou a trazer uma revista no dia em que ela estava muito enjoada. Deitaram juntos a tarde toda.
À noite Thais e Lilian chegavam e atrapalhavam tudo. Elas são boazinhas, Thais achou um novelo de lã e fez uns nós com a mão, pas
sando um fio dentro do outro, uma coisa muito bacana que ela disse que aprendeu no internato. Falou que era para esquentar o nenê. Depois, quando emprenhou também, pediu o cobertorzinho de volta. Foi aí que William começou a deitar com ela e acariciar a barriga dela. Amanda queria dar uma furada nela pra ver se punha a criança pra fora, mas o William disse que teria amor para dividir por todas ainda mais que a Lilian também engravidou.
Elas compreenderam que ele não podia esperar que os enjôos passassem, homem tem necessidades, agora só está chato porque a Bena chegou no casarão e ele está dando conta dela também.
Ah, a vida é assim mesmo, tem os outros dois caras que dormem com ele no quarto, mas ninguém se compara com o William.
“Amanda, mãe de uma menininha de um ano e meio e grávida de seis meses, moradora de rua há muitos anos, habita agora um casarão tombado pelo patrimônio histórico municipal com 400 m2, na rua Marquês de Paranaguá, Consolação, SP. Ela e cerca de 25 pessoas ocuparam o imóvel avaliado em um milhão de reais segundo a empresa de engenharia Amaral D'Ávila.
Por dentro, a construção de pé direito alto foi repartida em mais de dez cômodos. Como divisórias, há compensados de madeira "paredes" e cobertores pendurados "portas". A claridade entra pelos janelões e à noite por algumas lâmpadas, a eletricidade foi puxada da rua por "gatos". Quem recebe, à porta do casarão, é Thais Michelle, ex-auxiliar de limpeza, e Lilian Alexandra, que pede dinheiro na rua. Thaís, Lilian e Amanda brigam pelo catador de latas William Jesus Faria, 25, que se desdobra entre as três, e a quem elas atribuem a paternidade de seus respectivos filhos que engatinham pela casa.”(Folha Online – 1º novº 2009)
Dá para imaginar a história?
Amanda planejou a gravidez. Naquele dia bebeu muito e ao chegar em casa atirou-se no colchão de William. Foi uma loucura! Na tarde do dia seguinte acordou certa de sua gravidez. Agora ele seria seu. Era louco por crianças.
Todos os dias acordava enjoada mas podia ser por causa da cachaça da véspera. Só teve certeza quando o bebê mexeu pela primeira vez mas então Thais e Lilian já haviam chegado e William é muito macho para deixar mulher em paz. Ele acariciava sua barriga e chegou a trazer uma revista no dia em que ela estava muito enjoada. Deitaram juntos a tarde toda.
À noite Thais e Lilian chegavam e atrapalhavam tudo. Elas são boazinhas, Thais achou um novelo de lã e fez uns nós com a mão, pas

Elas compreenderam que ele não podia esperar que os enjôos passassem, homem tem necessidades, agora só está chato porque a Bena chegou no casarão e ele está dando conta dela também.
Ah, a vida é assim mesmo, tem os outros dois caras que dormem com ele no quarto, mas ninguém se compara com o William.
domingo, 1 de novembro de 2009
Momento Sophie Calle
"Dado que só podemos viver uma pequena parte do que há em nós - o que acontece com o resto?"
Sou meio anti drama pequeno burguês. Do tipo sofrer porque acabou o condicionador enquanto tem tanta gente morrendo de frio, fome, guerra ou doença no mundo. Ou porque o gatinho está saindo com uma porta peituda ou porque a saia não ficou boa. Sou meio anti drama pequeno burguês e quando eu mesma sofro por drama pequeno burguês além de sofrer eu sinto culpa. Mas sim, estou um tantinho triste. Por quê? Porque acabou o condicionador, perdi a hora da academia, quebrei a unha...
Achei esse texto por acaso neste blog enquanto tentava descobrir se Coisas que nunca te disse da Isabel Coixet foi lançado em DVD... impressionante...
"Ninguém conhece alguém e nada nesta vida acontece por acaso. Passamos por momentos de plena felicidade e outros de escuridão. Momentos que nos marcam de uma forma surpreendente e nos transformam, nos comovem, nos ensinam e muitas vezes, nos machucam profundamente. As pessoas que entram em nossa vida, sempre entram por algum propósito. Elas nos encontram, ou nós as encontramos, meio que sem querer. Assim, tudo o que podemos pensar é que existe um destino, em que cada um encontra aquilo que é importante pra si mesmo. Ainda que a pessoa que entrou em nossa vida, aparentemente, não nos ofereça nada, com certeza não está ali por acaso. Não está passando por nós apenas por passar."
Sou meio anti drama pequeno burguês. Do tipo sofrer porque acabou o condicionador enquanto tem tanta gente morrendo de frio, fome, guerra ou doença no mundo. Ou porque o gatinho está saindo com uma porta peituda ou porque a saia não ficou boa. Sou meio anti drama pequeno burguês e quando eu mesma sofro por drama pequeno burguês além de sofrer eu sinto culpa. Mas sim, estou um tantinho triste. Por quê? Porque acabou o condicionador, perdi a hora da academia, quebrei a unha...
Achei esse texto por acaso neste blog enquanto tentava descobrir se Coisas que nunca te disse da Isabel Coixet foi lançado em DVD... impressionante...
"Ninguém conhece alguém e nada nesta vida acontece por acaso. Passamos por momentos de plena felicidade e outros de escuridão. Momentos que nos marcam de uma forma surpreendente e nos transformam, nos comovem, nos ensinam e muitas vezes, nos machucam profundamente. As pessoas que entram em nossa vida, sempre entram por algum propósito. Elas nos encontram, ou nós as encontramos, meio que sem querer. Assim, tudo o que podemos pensar é que existe um destino, em que cada um encontra aquilo que é importante pra si mesmo. Ainda que a pessoa que entrou em nossa vida, aparentemente, não nos ofereça nada, com certeza não está ali por acaso. Não está passando por nós apenas por passar."
Assinar:
Postagens (Atom)