terça-feira, 28 de outubro de 2008

1968: é proibido proibir

Enquanto Sartre, o mais conhecido filósofo francês naquela época participava das barricadas que fecharam a Sorbonne em 1968, pois ele sempre esteve na linha de frente dos acontecimentos políticos na França, da Resistência à Argélia, e no mundo, polemizando com o livro Furacão sobre Cuba, Ronald Reagen referindo-se aos protestos estudantis afirmava: “se for preciso um banho sangue, vamos a isso”. Duas cabeças, duas sentenças, não é moçada?
1968: ano do ápice das mudanças iniciadas logo após a segunda guerra. Os estudantes clamavam por liberdade. A mesma do famoso tripé liberdade, igualdade, fraternidade, da revolução francesa. Não que a gente tenha chegado lá...
Mas, o termo era belo, digno, algo bom e serviu como catalizador para os protestos que estavam acompanhados do grito de guerra: é proibido proibir.
Eu lia com admiração os jornais e acompanhava pela tv uma ou outra noticia relacionada ao assunto, vendo as imagens do prédio da Sorbonne, a figura frágil de Sartre, ao lado de Simone de Beauvoir, caminhando nas passeatas. Como eu desejava estar lá. Por incrível que pareça... fui com quinze anos de atraso, para terminar uma pesquisa durante meu curso de pós-graduação. Sartre ainda ativo sentava-se no mesmo banco da praça de sempre, para tomar o sol da manhã. Como ele queria ficar só, as pessoas fingiam não vê-lo.
Voltando a 1968, quando eu conseguia parar, pensava de onde ambos tiravam essa capacidade de busca contínua de renovação? Um casal e tanto enfrentando a violência policial ao lado de seus alunos. Por detrás de muitas conquistas dos rebeldes dos anos sessenta encontra-se o aval de Sartre. Só por isso ele merece nossa admiração, viu Luciana Bergamini?
Não preciso dizer que os protestos se estenderam pelo mundo, Reagan disse.
Mas, vamos falar de flores, é meu forte. Quem não se lembra do meu vestidinho indiano com quase trinta anos de uso? Falei dele em algum texto. O estilo hippie se estabeleceu com roupas coloridas, túnicas, sandálias, cabelos longos para ambos os sexos. Meu irmão vai querer esconder as fotos dele, tenho certeza.
A expressão flower power/força das flores e a própria flor eram símbolos fortes no movimento. A música permeou tudo. Uma melodia romântica, pouco crítica, que depois se tornou ácida, quando sofreu influência do folk e dos autores da música de protesto. Pop e rock foram considerados os meios de expressão perfeitos devido ao efeito libertador sobre a mente. Uma idéia defendida por Timothy Leary, que acabou por tornar-se uma espécie de guia espiritual dos hippies pela defesa do uso de drogas nessa libertação.
O termo contra-cultura passou a ser empregado referindo-se ao momento e palavras como turn on/ligar a luz/ligado; turn in/sintonizar/aderir, drop out/sair tornaram-se parte do nosso vocabulário. O último referia-se a recusa de participação na guerra do Vietnã. O venerável beat Allen Ginsberg é considerado um dos pais desse movimento. As idéias dos beatniks saíram dos bares diretamente para as salas de aula do campus universitário. E agora sim, tudo acontecendo ao mesmo tempo e no mesmo espaço underground: eram os politicamente engajados, os hippies, os normais e os não tão normais assim, os gênios, os vagabundos, os pobres e os ricos. Como um retorno era impossível, a sociedade passou a absorver as novas idéias e a acomodação voltou a reinar. Credo, tudo isso por culpa do Mamma Mia, nunca mais vou ao cinema, juro!

Um comentário:

Janaina Fainer disse...

eita, tudo isso ainda é por causa do Mamma Mia?
E aí, como vai a terrinha de prefeito novo e gatinho?