segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Você conhece Menalton Braff?


Participei do Congresso Brasileiro de Escritores e o conheci, conversei com ele, participei de uma oficina... Confesso que nunca ouvira falar em Menalton. Hoje me pergunto: como? Se ele ganhou tantos prêmios, é um grande contista,escreveu vários romances... se eu gosto de literatura e adoro contos, por que? Ah, meu limitado mundo! Como ninguém nunca me disse que ele é fantástico? Tentarei me redimir. Li Coleira no Pescoço e estou apaixonadíssima por seu estilo, suas palavras, construções. Desculpe, Menalton, por ter sido indiferente todo este tempo (rssssssss...) Já escolhi o próximo.

À Sombra do Cipreste (1999, contos, 6ª edição pela Editora Global em 2011)
Prêmio Jabuti de Literatura em 2000

Que Enchente Me Carrega? (2000, romance, Palavra Mágica)
Castelos de Papel (2002, romance, Nova Fronteira)
Na Teia do Sol (2004, romance, Planeta do Brasil)
A Coleira no Pescoço (2006, contos, Bertrand Brasil)
A Muralha de Adriano (2007, romance, Bertrand Brasil)
Moça com Chapéu de Palha (2009, romance, Língua Geral)
Bolero de Ravel (2010, romance, Global)
Tapete de silêncio (2011, romance, Global)

domingo, 27 de novembro de 2011

O filme do livro

"Big, absorbing, smart, fantastically readable . . . brilliant on the details of the last couple of decades of British cultural and political life"
Nick Hornby 

One day de David Nicholls foi um livro que comprei no aeroporto. De Dallas para ser absolutamente específica. Sempre compro livros em viagens, nunca carrego os meus porque tenho a certeza de que sempre encontrarei alguma coisa que quero e ainda não foi lançada por aqui nos corredores da vida. Encontrei One day,  paperback de 448 páginas com uma frase gentil de recomendação de Nick Hornby. Não tive dúvida, comprei. E li no avião, na alfângeda e na piscina da casa do Rogério pelas próximas semanas. Não vou mentir e dizer que amei, mas a menos que deteste um livro, sempre leio até o final. E embora não tenha morrido de amores pela história de Dex e Em, que se conhecem na noite de sua formatura na faculdade e acabam na mesma cama para decidirem que a partir daquele momento serão melhores amigos de infância e somente, fui até o final para ter certeza de que o autor tomaria o caminho indicado.
A narrativa, embora não chegue aos pés de Hornby, apresenta a "novidade" de ser contada em cartas,  enviadas pelas personagens uma vez por ano, sempre no mesmo dia e mês. E assim, o leitor acompanha a amizade da dupla se desenvolver. 
Assim que fechei o livro, tive certeza de que ele seria transformado em filme, só não esperava que fosse com Anne Hathaway e a beldade absoluta Jim Sturgess (de Across the universe).
Resumindo, embora não tenha morrido de amores pelo livro, vi o filme, me apaixonei pelo Dex malandro de Sturgess e chorei até ficar inchada com a saída (que eu já considerei fácil no livro - mas vamos combinar, homens de hoje em dia sempre saem pelo caminho mais simples, mas não vou discutir isso...) de Nicholls.
Embora a trilha deixe (muito) a desejar, o filme Um dia tem charme e a dupla Hathaway/Stugges esbanja charme, sensualidade e fofura e vale ser visto.
Com caixinha de lenço na bolsa, mulherada!




sábado, 26 de novembro de 2011

Wikileaks: quanto custa mudar o mundo.

Gosto de ler e o escândalo provocado por Assange com a divulgação de documentos secretos do Departamento de Estado do governo dos Estados Unidos não me deixou indiferente em relação aos fatos, embora eu só fale daquilo que tenha um mínimo de conhecimento. Então, somente agora após a detalhada leitura do livro de David Leigh, o jornalista investigativo do The Guardian, eu posso tentar comentar os fatos.
Relembrando: existe um negócio chamado copy right, basta olhar nas capas internas dos livros, onde tem um aviso dizendo da proibição de reproduções. Por outro lado o copy left usado pelo povo ligado à rede pode ser copiado a vontade. Pede-se citar a fonte, por favor. Essas discussões eram comuns em minhas salas de aulas quando a gente tocava no assunto dos direitos autorais, porém estou divagando, o interessante nesse caso é o vazamento. Não preciso apresentar aos leitores o empresário australiano Julian Assange. Atualmente é figurinha carimbada. A Rolling Stone italiana publicou uma foto dele sem camisa, lembrando David Bowie, na capa de um número recente dizendo: “um vilão platinado ameaça os poderosos do planeta passando-se por cyberpunk.” Isso lembra astro de rock, Andy Warhol ou as duas coisas? Quando ouvi falar dele a primeira vez o termo empregado foi hacker. Geralmente são duas as categorias: os bonzinhos querendo transparência e tudo certinho e aqueles que vivem atazanando a vidinha da gente clonando cartões de crédito ou mandando vírus para os computadores, só pelo prazer de fazer maldade. Não vou qualificar o senhor Assange, pois não o conheço. Mas, sua atitude está sendo comparada aos atentados de 11 de setembro, uma espécie de terrorismo dentro dos novos meios de comunicação. Porém, quando os jornalistas classificaram a divulgação desses papéis comparando os acontecimentos estão, possivelmente, dizendo nas entrelinhas que o fato mudou a história da internet e talvez até da segurança nacional do país prejudicado e dos não envolvidos, também...
Eu me diverti lendo o livro. O Julian me pareceu um sujeito comum, como um Dom Quixote querendo salvar o mundo... As revelações de alguns documentos são de estarrecer! A maioria, dos seres humanos antenados com a modernidade, sabia, só não falava. Confidenciais ou secretos, assim eram chamados os papeis publicados por um site e três grandes jornais do mundo. Documentos relacionados com as guerras no Oriente e telegramas trocados entre funcionários de embaixadas americanos com a posição oficial e o comentário real/exato sobre fatos ou a relação diplomática entre diversos países tanto do Oriente como do Ocidente com o governo dos Estados Unidos revelou-se bastante esclarecedora quanto ao julgamento/opinião sobre nós, o terceiro mundo. Aprendi com eles o termo cleptocracia. Gostaram? Refere-se a políticos e políticas corruptas da América Latina, de países africanos e do Oriente em geral. Enfim, o homem fez um estrago, na opinião de alguns especialistas. Falaram até do Brasil! Acho que ajudou os sonhadores a deixarem o devaneio de lado e caírem na real, já que no real muito político se atolou faz tempo...
Assange recebeu uma quantidade enorme de documentos de um soldado, especializado em computação, indignado com a descoberta de que a teoria na prática era outra. O jovem não teve dúvidas copiou e entregando tudo ao wikileaks. Encontra-se preso por traição! Julian, o messias da internet, está passando por maus pedaços. Foi acusado de estupro por uma feminista que lhe ofereceu o apartamento vazio quando foi a Suécia fazer palestras e por uma jovem que “raptou o moço” após uma conferencia e levou-o para dormir em sua casa. As mocinhas queriam deitar-se ao lado do mais famoso australiano do planeta, mulherengo, machão e pensavam só em dormir? Conta outra, garotas. No dia seguinte pretendiam oferecer a ele um bom café da manhã? Uma delas até fez menção a isso, pode? Não estou defendendo o homem, estou imaginando... As mulheres estão com a razão de acordo com a Justiça do país onde vivem e faturaram uma boa grana com a brincadeira. É armação, dizem. Se sim, os vingadores escolheram o local e as pessoas certas para o canguru cair na armadilha!



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

“Tudo foi assim, por que tinha que ser, já que assim foi”. (Guimarães Rosa)


Arrumava minhas roupas. Mamãe pediu licença para entrar, estava cheirosa, saíra do banho. Camisola de flanela com flores pequenas e chinelos com arminho à volta. O rosto rosado pelo calor da água, exibia a pele morena e lisinha, sem vincos. Não parecia ter sessenta anos.
Olhei-a inquisitivamente. Sentou-se à beira da cama e acariciava minhas malhas.
- Sentirei sua falta.
- Ah, mãe, não faça isso... vou acabar chorando... eu também vou sentir, acho gostoso estar com vocês, olhe, um momento como este, ... dificilmente terei outra vez.
- Fique.
- Mãe, mãe, é a vida, você também deixou sua casa... vovó sempre fala do quanto chorou, lembra?
- Eram outros tempos, todas as moças se casavam... mas você vai embora sozinha...
Olhava-me, as mãos torcendo-se no colo, angustiada.
- Sabe que já fui cega e muda?
- Você? Que novidade é essa?
- Eu era pequenininha, uns cinco ou seis anos. Jogava bola no quintal e a Ofélia atirou com muita força, para eu pegar. Não segurei e não vi para onde foi. Ofélia, então, disse que caíra dentro da barrica. Corri para lá e sabe o que havia na barrica? Uma ninhada de gatos. Ela fez isso de propósito, sabia quanto medo eu sentia daqueles bichos. É bobagem... mas medos nem sempre são racionais...
Sorria, tímida, envergonhada de seu medo.
- E aí, mamãe? Você assustou com os gatos?
- Eu estendi a mão porque era menor do que a barrica, pensando alcançar a bola e peguei aquela coisa mole e peluda, e a gata pulou no meu braço, foi horrível! Fiquei cega na hora e não conseguia gritar.
- Mãe, que horror! O susto fez com que perdesse a visão por uns instantes?
- Por quase um ano. Eram os anos 20 do século passado, ninguém falava em estados emocionais, psicologia era assunto desconhecido... Os médicos prescreviam colírios, ungüentos e precisei ficar num quarto escuro durante meses. Tenho uma foto usando óculos de cego. Foi terrível.
- Mãe, mãe, está querendo dizer que se eu partir poderá ficar cega novamente?
Ela sorriu, me abraçou, ah! que cheirinho gostoso de mãe! E sussurrou, docemente:
- Vá, meu amor, vim só para desejar que seja feliz, muito feliz. Em todo caso seu quarto ficará exatamente do jeito que é, está bem?

sábado, 19 de novembro de 2011

Rasputin...

O apelido significa dissoluto, depravado. Dia desses ouvi alguém se referindo a outra pessoa pelo pejorativo termo: Rasputin. Quem seria essa figura tão maquiavélica?Pensei no verdadeiro como uma criatura desprezível, estranha, um demônio de luxuria. Um mau caráter servindo-se da criança doente e do desespero da mãe, a czarina Alexandra, para atingir seus fins. Descrito como um manipulador grosseiro praticava a arte do vicio e o senso de intriga como nenhum outro. Olhos azuis tão metálicos chegando quase a hipnotizar o interlocutor, tamanho era seu poder de atração. Gregório Novikh, sem vocação para a lavoura, decidiu tornar-se santo, mesmo casado e pai de três filhos. Percorria aldeias da Rússia contando milagres, citando parábolas explicando o Evangelho com criatividade e imaginação. Dessa maneira acabou na corte, infiltrando-se aos poucos na intimidade da família imperial, conseguindo impor sua vontade na maioria dos assuntos políticos do país. Reunia ao seu redor um grande público, principalmente feminino. Essas fiéis se ofereciam a ele, através de carícias indecorosas, conforme os conhecidos caprichos dele, para obter favores para maridos ou amantes. Rasputin cumpria todas as promessas feitas nessa base, garantindo sua posição com um grupo de admiradores, eliminando adversários ou usando chantagem contra a imperatriz por causa da hemofilia do herdeiro. Isso acabou provocando reações e fazendo dele um homem odiado por muitos. A Rússia estava vivendo o principio da propaganda revolucionária que culminaria no Outubro Vermelho de 1917. Esses escândalos em nada ajudaram Nicolau II e o homem sentado à direita do trono, assassinado, em 1914, triste fim... Mas, minha enorme curiosidade era descobrir quem seria esse Rasputin moderno. O outro possuía inimigos ferozes organizados conspirando contra ele até sua morte. O atual seria odiado como seu xará? O grupo se referia ao homem, ele como um sujeito tão repugnante me fazendo acreditar que o apelido é adequado. Como transpor a semelhança? Jovem ou maduro? Gordo ou magro? Ah, seja quem for não deve ser uma boa pessoa. Ao remover obstáculos de seu caminho, da mesma forma que o verdadeiro pode ter que pagar um alto custo. Mas, quem é? Vontade de perguntar...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Da primeira página do UOL

18/11/2011 - 02h26

Polícia reabre caso da morte da atriz Natalie Wood 30 anos depois

  • Foto de arquivo mostra a atriz Natalie Wood em 1955 Foto de arquivo mostra a atriz Natalie Wood em 1955
A Polícia de Los Angeles informou na quinta-feira (17) que reabriu, 30 anos depois, a investigação da morte da atriz Natalie Wood, protagonista de "Amor, Sublime Amor". O porta-voz do governador do condado de Los Angeles, Steve Whitmore, destacou que a polícia recebeu nova informação do caso, mas sem fornecer mais dados, afirmou o canal de televisão "Fox".

A expectativa é de que um detetive realize uma entrevista coletiva na qual pedirá ao público que qualquer informação adicional sobre o caso seja repassada às autoridades. A atriz de 43 anos foi encontrada morta nas águas do Oceano Pacífico, em um fato que foi considerado acidental, mas que causou polêmica na época.

O corpo da atriz apareceu flutuando nas proximidades da ilha de Catalina, na Califórnia, onde passava um fim de semana ao lado de seu marido, o ator Robert Wagner, e seu companheiro de filmagem, Christopher Walken. As autoridades, que determinaram que a atriz bebeu demais antes de sua morte, concluíram que tudo foi um acidente quando Natalie caiu nas águas do Pacífico enquanto tentava saltar a um bote de borracha atado ao iate onde viajavam.

Apesar da conclusão policial, começaram a circular rumores de suicídio ou assassinato e teorias sobre uma possível briga com seu marido antes de cair na água, motivada por uma suposta crise de ciúmes de Wagner pela amizade da atriz com Walken.

Famosa por suas atuações em "Amor, Sublime Amor", "Esplendor na Relva" e "Rastros de Ódio", Natalie começou a trabalhar em Hollywood quando era apenas uma menina.

Em comunicado enviado à revista "TMZ", o representante de Robert Wagner disse que "embora a família Wagner não tenha recebido notícias do condado de Los Angeles sobre este assunto, apoiam totalmente os esforços do departamento". EFE

domingo, 13 de novembro de 2011

27

Número que no mundo do rock and roll parece ser fatídico aos astros desenfreados. Tradição (há quem chame de maldição) iniciada por Brian Jones, maluco beleza e fundador dos Rolling Stones em 1969, logo a lista engrossou com a morte do guitarrista Jimmy Hendrix, da cantora Janis Joplin, de Jim Morrison, de Kurt Cobain, e bem recentemente da diva Amy Winehouse. Todos morreram no auge e aos 27 anos. O jornalista da Folha de São Paulo, André Barcinski, vai ainda mais longe: “Se ampliarmos a lista para a faixa de 25 a 29 anos, podemos incluir ainda Tim Buckley, Gram Parsons, Danny Whitten (Crazy Horse), Tommy Bolin (Deep Purple), James Honeyman-Scott (Pretenders), Hillel Slovak (Chili Peppers), Frankie Lymon (The Teenagers), Shannon Hoon (Blind Melon), Bradley Nowell (Sublime) e muitos outros”.
Mas vamos nos ater aos falecidos ao 27 que já tem muita história para contar.  

Brian Jones (1942-1969) O primeiro da lista. Figurinha controversa e há quem diga mais louco que a Lindsay Lohan. Fundou os Stones e foi convidado a deixar a banda por seus camaradas Mick Jagger e Keith Richards, há quem diga que foi por ego, outros por abuso de drogas (mas onde já se viu o Keith Richards expulsar alguém por abuso de droga!) e os mais afoitos garantem que o problema foi mesmo mulher. O que se sabe é que o músico foi encontrado na piscina da sua casa afogado. O filme Stoned (2005), lança mil e uma teorias conspiratórias e mostra uma parte do que se imagina que fosse a doidera praticada por Jones e a relação entre os deuses do Stones de maneira bem divertida.

Jimmy Hendrix (1942 - 1970) Para muitos pai do rock lisérgico e muso máximo da loucura festivalesca como só ele. Hendrix revolucionou o mundo com seus dedos e abusou como pode do corpinho com muito álcool, LSD, anfetaminas e um pouquinho de maconha quando precisava dar o grau. Foi encontrado morto no apartamento de uma namorada e a autópsia indicou a causa como asfixia em seu próprio vômito, após ingerir 9 pílulas para dormir tudo lavado com umas bebidinhas, é claro. Até onde eu saiba não existe uma boa cinebiografia do Hendrix e já rolaram diversos boatos sobre um longa dirigido pelo Tarantino sobre sua breve vida que nunca saiu do plano imaginação nerdiniana.
Janis Joplin (1943 - 1970) Moça de família e dona daqueles clássicos que a gente paga para não tocar quando em barzinho pé sujo. Tinha preferência por speed, psicotrópicos variados, álcool e heroína. Com certeza revirou no túmulo quando viu sua vida ser transformada em um daqueles filmes que juram que não são biográficos com Bette Milder. Quem não viu, faça um favor a si mesmo e não veja, mas quem estiver com a veia S&M saltando, segue: A Rosa (1979). Ah, há notícias que garantem que a corretinha Amy Adams dará outra chance a pobre cantora no cinema com direção de Fernando Meirelles. A foto ao lado mostra a moça tomando Veuve Clicquot em copinho de café prova de que ela sabia beber.  

Jim Morrison (1943 - 1971) Membro fundador de  Los Angeles como cidade do rock. Ainda hoje não há como falar em The Doors sem pensar em Venice, no Roxy e na Sunset. Talentoso delícia, compunha, cantava, tocava, fazia cara de conteúdo e aprontou com o corpinho o que podia e o que não podia. Era chegado em uma bebidinha, LSD, cocaína, heroína e morreu disso.
Embora existam várias teorias conspiratórias, e um par de malucos que jure que ele ainda está vivo, o rapaz morreu quando ao bem louco, confundiu heroína com cocaína. Seu corpo, já bem menos majestoso que no início, foi encontrado em uma banheira em Paris onde está enterrado para pesadelo dos franceses. O filme The Doors (1991) dirigido pelo não menos normal Oliver Stone é um mix de trilha bem selecionada e alguma noção com viagens homéricas e Meg Ryan (oh my god, Meg Ryan!).



Kurt Cobain (1967 - 1994) Rapaz talentoso de cidade pequena e família cheia de dramas. Tudo o que ele fez, com exceção de Francis Bean, deu certo. Mudou a história do rock da forma mais poderosa e num momento essencial. Com certeza, todo dia muitos agradecem a D'us em suas orações antes de dormir a passagem de Cobain pela Terra. Mas como quase todo bom muso, surtou com o sucesso e não soube bancar a vida na high society. Como não sabia ser esponja, fez o doido, casou com uma loira abiscataiada e se fechou para o mundo na companhia da mesma, de alguns poucos amigos e de muuuuuita heroína. De modo bem pouco poético, seu corpo foi encontrado com um rombo de tiro de espingarda na cabeça e uma quantidade capaz de ensandecer um rinoceronte de heroína no sangue. O diretor Gus Van Sant acertou muito em Últimos dias (2005), outro daqueles filmes que juram que não são sobre a vida da pessoa só para não pagar direito autoral, e mostra o fim do astro de maneira nua, crua e silenciosa. O filme é de uma beleza brutal e deve ser visto pelo menos uma vez. Eu tenho em casa e já vi bem mais que isso.

Amy Winehouse (1983 - 2011) Bom, o fato de que haviam bolões na internet apostando a data de morte de Amy talvez seja sinal de que esse trem já tinha andado. A moça, embora talentosíssima, nunca fez questão de esconder seu gostinho por uso de substâncias que o corpo não produz. Em seu vasto curriculum, o fato de que foi o único ser humano conhecido que teve seu visto para os EUA vetado sem ser brasileira. Além de muita música boa. Deixa saudade aos amantes de R&B e aos paparazzi em geral pois adorava (e era pós graduada em) bafão. Foi encontrada morta e para surpresa de muitos o laudo médico não detectou drogas ilegais mas sim um quantidade monstruosa de álcool. Só para não perdeu o hábito, já que tudo o que fazia era notícia, o tal laudo clínico foi enviado por engano (engana que eu gosto) para uma pessoa que o publicou na internet para o mundo (após ter vendido o mesmo por uma fortuna).


Mas imagino que a esta altura o meu querido leitor esteja se perguntando onde quero chegar. Ok, ok, cheguei onde eu queria. Um alemão chamado Kim Frank teve a sacada de escrever uma ficção chamada "27" que usa como base a tal conhecida maldição dos 27. Seu personagem é um jovem músico muito bem sucedido que chega aos fatídicos 27 e tan tan tan tan. Estou no início do livro ainda mas já super recomendo.

sábado, 12 de novembro de 2011

O mau olhado de Nefertiti

Olho gordo, a convicção de que a inveja de alguém demonstrada ou não pelo olhar pode ocasionar contratempo na vida do outro, propiciou as culturas antigas criar amuletos contra o mau olhado. Associado a ideia do secar com os olhos, o olho gordo representa a maneira de impedir a nutrição continuada da prosperidade de alguém. O mau olhado costuma secar as pessoas. Na tradição bíblica, esse olhar estava associado à cobiça. Na Mesopotâmia existia uma crença em homens escorpiões cuja visão bastava para causar a morte. Hoje os invejosos são chamados de vampiros por sugarem a energia alheia. Verdade? Não sei. Mas, quando pedi a São João um pescoço igual ao da Nefertiti e o milagre aconteceu, não imaginei estar cometendo crime de lesa majestade, embora eu tenha exibido o meu por aí com orgulho e vaidade! A rainha ofendida despejou sua ira sobre mim. Ao molhar minhas plantas caí por duas vezes machucando o joelho. Logo depois o sistema de irrigação de casa quebrou e a assistência técnica demorou dois meses para aparecer. A reforma de uma pérgula está parada desde então. Meu carro enguiçou e o do meu irmão foi roubado. Eu e meu filho acumulamos vinte pontos na carteira de motorista. O telefone está mudo, a internet e o computador não funcionam. Viajei a São Paulo para assistir palestras de um escritor famoso e o coitado não embarcou na ponte aérea por falta de teto. Isso nunca aconteceu. Culpa sua, diziam.
Tenho uma verruga de estimação, antiga, pois ela inflamou e vou precisar retirá-la. O jardineiro mudou plantas de posição, elas morreram assim como um coqueiro que não saiu do lugar. Não tenho inspiração, nem empregada, cansada não dou conta dos compromissos agendados e ainda por cima o Diguê não para de pegar no meu pé, por causa do joelho e dos textos, embora acredite que as abdominais tenham por objetivo acabar com o meu pescoço! Estou com mau olhado, só pode ser, comentei. Ele falou-me da existência de um olho azul, amuleto conhecido como nazar para proteger as pessoas. Azul? Vejo uma freqüentadora da academia, portando uma corrente com um pingente verde e vermelho com uns rabiscos e um olho... A mulher se vangloria de ter o corpo fechado. É amiga do homem, pensei, pois nele também nada grudava. Vai ver ele usava nazar e eu preconceituosamente achando que era seboso por falta de banho. O talismã com aparência de palma da mão com um olho no meio chama-se hamsá. Os desenhos, de acordo com a dona do objeto, são orações hebraicas para fortalecer seu potencial. Ele é usado por praticantes do judaísmo como amuleto contra mau olhado. Preciso de um, não dos dois, urgentemente, além do perdão da rainha pelo pecado da cobiça, para voltar a ter vida normal. Nefertiti, o pescoço ficou ótimo, mas o seu continua sendo muito mais bonito!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011


- Não olhe,... não olhe!!!!!!!
Fechei os olhos. O que ele estaria escondendo?
- Agora olhe e me diga...
Ó céus, o que está diferente? Não vejo nada mudado, nem nele nem na sala. Que terá feito que o levou a imaginar que este suspense me divertiria? Tenho medo de perguntar e também de afirmar que não vejo nada novo. O que devo dizer?
- E então?
Meu anjo da guarda, meu bom amiguinho, me faça andar sempre pelo bom caminho... O que falar ou fazer para não decepcioná-lo?
- Putz, como você teve essa ideia?
- A gente já havia pensado nisso, lembra?
- Quando falamos sobre isso?
- Quando paramos para tomar sorvete,lembra?
- Não, não lembro de termos conversado. Como surgiu o assunto? - Precisava desesperadamente de uma pista.
- A Solange disse que havia conseguido inquilino para o apartamento e você, então comentou.
- Ah!..... (que será que comentei? Droga! Essa minha memória anda aprontando...)
- Mas, fale, você gostou?
- Como poderia não ter gostado?
- É que eu mudei um pouquinho o projeto inicial, lembra? Falamos em usar dois mas eu usei quatro, achei que ficaria bom.
- E ficou, mesmo.
- Fiquei preocupado com sua reação.
- Você fez bem.
- Vamos sair, para comemorar?
- Claro! Deixa só eu trocar de sapato. Meus pés estão moídos.
- Onde você vai? Tem que acostumar que agora ela vai ficar aqui.
Vi a sapateira escondida entre os dois braços dos sofás. Ah... foi isso... Sorri, tímida.
- É duro ser loira, somos distraídas.
Ele sorriu e me abraçou carinhosamente. Nunca diria a ele que estava horrível.

PS- Desculpem a ausência na segunda passada e antecipadamente peço desculpas pela próxima segunda. Em dezembro já estarei nos trilhos, novamente.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"Me gusta la mañana, me gustas tú
Me gusta el viento, me gustas tú
Me gusta soñar, me gustas tú
Me gusta la mar, me gustas tú."



terça-feira, 8 de novembro de 2011

Alan Pauls, na Folha: "Condição adolescente de ser uma eterna promessa envolve cineasta Sofia Coppola e sua obra"



Sofia Coppola está prestes a completar 40 anos, mas continuamos tratando-a como adolescente. Como se seus filmes -e ela já fez quatro- não fossem frutos de seu talento, sua sensibilidade ou sua inteligência, mas promessas de uma obra futura em que se revelará a verdade por inteiro. 

Por quê? Pelo carma de ser filha de Francis Ford Coppola? Ou porque continuamos a enxergá-la como a muito jovem Mary Corleone de O Poderoso Chefão - Parte 3?

Nessa estranha ilusão óptica que geram os filmes de Coppola, há algo que não se deixa explicar pelos avatares biográficos da diretora nem pela poluição midiática que contamina sua estirpe. Algo que está relacionado aos próprios filmes. Como se esse erro de paralaxe fosse um dos elementos internos decisivos, inclusive o segredo que os faz existir e os define.

Já se disse muito que o tema do cinema de Coppola é a celebridade. As irmãs Lisbon, de As Virgens Suicidas (1999), são estrelas da disfuncionalidade familiar, assim como Maria Antonieta (2006) o é no mercado da mundanidade monárquica.

Nem há o que dizer sobre Bob Harris, de Encontros e Desencontros (2003), inspirado nessa "bête noire" do "star system" de Hollywood que foi Orson Welles.

IMPASSIBILIDADE

O protagonista de Um Lugar Qualquer também é um desses seres marcados pela hipervisibilidade. Ator de Hollywood, Johnny Marco é apático como Harris, inocente como Maria Antonieta e autoabsorto como as meninas Lisbon.

Coppola descreve a vida de Marco com a mesma impassibilidade, a mesma falta de ênfase e hierarquias dramáticas com que filmou a via crucis de Bob Harris pelo labirinto ilegível de Tóquio.

Tudo indica que Johnny Marco é famoso, mas o que Sofia Coppola omite é o porquê. Marco não é especialmente bonito, simpático ou brilhante. Ignoramos tudo sobre sua carreira e sua habilidade como ator.

A única coisa que nos é mostrada é um cartaz de seu último filme e uma entrevista coletiva que Marco resolve com monossílabos. Mas ele tampouco é especialmente idiota, extravagante ou rebelde. Digamos de uma vez: Johnny Marco não é nada.

Como pode, portanto, ser uma celebridade? Aqui está a descoberta mais sutil, mais "warholiana" de Um Lugar Qualquer: a ideia de que a fama, em sua versão contemporânea, é um enigma.

Não é o resultado lógico e progressivo de um trabalho, uma carreira, um conjunto de qualidades pessoais, mas uma mais-valia mágica, invisível, que nunca procede daquele que a ostenta, mas do exterior, dos outros, daqueles outros em que Sartre costumava localizar o inferno.

Assim, Marco é apenas o herói menor, subsidiário, do filme de Coppola. Os verdadeiros heróis são outros: camareiros, assessores de imprensa, comissários de bordo, strippers, toda essa pequena legião de artistas conceituais camuflados que fazem desse nada que é Johnny Marco uma celebridade.

Desse nada, ou desse adolescente eterno que ele é, porque o que é a adolescência senão esse grande momento no qual -para o bem ou para o mal- somos o que os outros decidem?

Não é, portanto, o tema da celebridade o que distingue o cinema de Sofia Coppola. É sua hipótese -corroborada por ela mesma, congelada na condição adolescente de ser uma promessa eterna- de que celebridade e adolescência são experiências gêmeas e que, para ser célebre, não é preciso ser ou fazer nada: só deixar-se fazer pelos outros. 

ALAN PAULS, escritor argentino, é autor de "O Passado" (Cosac Naify), entre outros. Tradução de CLARA ALLAIN. 


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Piadinha da boa


CRONOBIOGRAMA FEMININO!!!

1 aos 5 anos:
A mulher não tem a mínima idéia do que ela seja.

5 aos 10 anos:
Sabe que é diferente dos meninos, mas não entende porquê.

10 aos 15 anos:
Sabe exatamente por que é diferente, e começa a tirar proveito disso.

25 aos 30 anos:
Nessa fase formam 5 grupos distintos:

G1
As que casaram por dinheiro

G2
As que casaram por amor

G3
As que não casaram

G4
As que simplesmente casaram

G5
As inteligentes


G1: descobrem que dinheiro não é tudo na vida, sentem falta de uma paixão..

G2: descobrem que paixão não é tudo na vida, sentem falta do dinheiro.

G3: não importa o dinheiro e a paixão, sentem falta mesmo é de um homem .

G4: não entendem por que casaram.

G5: descobrem que ter inteligência não é tudo na vida.


30 aos 35 anos:
Sabe exatamente onde errou e tinge o cabelo de loiro. Vai para academia.

35 aos 40 anos:
Procura ajuda espiritual.

40 aos 45 anos:
Abandona a ajuda espiritual e procura ajuda médica, com analistas e cirurgiões plásticos.

45 aos 50 anos:
Graças aos cirurgiões suas nádegas e barriga voltaram ao normal, seus seios ficaram melhores do que eram e explode uma paixão pelo seu analista.

Após os 50 anos
FINALMENTE SE DESCOBRE, SE ACEITA E COMEÇA A VIVER !!!!
...Mas, aí vêm a osteoporose e o reumatismo e lasca tudo.

domingo, 6 de novembro de 2011

Em fatos verídicos

Ler biografias nem sempre geram bom resultados. Sou amante da obra de Jane Austen e qualquer pessoa que me conheça sabe disso. Li todos os livros, vi boa parte das adaptações para o cinema e finalmente, em minha última viagem, comprei empolgadíssima duas biografias da autora. Estou na página 176 de 347 da primeira delas e relutando cada vez mais em virar a página. Algo me diz que não lerei a segunda. E por quê? Porque incrivelmente, ou não, a imagem e fantasias que tinha relacionados a Jane, criados e nutridos a revirar de páginas sobre Lizzy e Darcy, não condizem muito com a realidade da vida da autora. E para piorar em dado momento assisti Amor e inocência (Becoming Jane), que se vende como retrato de um momento na vida de Jane e vamos combinar que não condiz com o que tenho lido na última semana. Só para exemplificar, o filme trata de seu avassalador romance com o jovem irlandês Tom Lefroy, que nos meus sonhos foi o Mr Dancy de Jane, e no livro não é nada disso. Sim, a jovem então aspirante a escritora conhece Tom Lefroy em 1795, algo por volta da página 114 e ao todo encontra o rapaz umas três vezes em eventos sociais e nunca mais volta a vê-lo já na página 121. E o encontro na floresta? A fuga para o casamento? O amor infinito e imortal? A filha com outra nomeada a partir de sua amada? Nada disso foi verdade? A passagem de Tom Lefroy na vida de Jane Austen se resume a sete páginas e algumas poucas cartas trocadas com a irmã Cassandra. Somente. Basicamente o livro tem acabado com todo e qualquer sonho romântico dessa que vos escreve, mas ouso dizer que isso tudo vem a calhar e de certa forma cabe bem na minha situação atual. Outro dia estava com duas amigas queridas em um barzinho quando meu celular anunciou a chegada de um torpedo. Dizia algo assim: "Amor, estou morrendo de saudade". Li e apaguei. Minhas amigas, curiossissimas, queriam saber quem era. Era engano, é claro, afinal não tenho ninguém na vida nesse momento que me mandasse um torpedo desse teor. Triste? Admito que sim. Então ler que na verdade Jane Austen não viveu um grande amor, não teve um encontro incrível na floresta e nunca encontrou seu Darcy mas mesmo assim criou um para sua Lizzy, me faz ver que a vida é assim mesmo. E que os roteiristas americanos tem muita (mas muita) imaginação.

sábado, 5 de novembro de 2011

Mundo Moderno ou o reino do audiovisual...

Não me parece natural viver o reinado absoluto do audiovisual. Isso exclui os outros sentidos e o organismo deve se sentir frustrado, por isso todo mundo come no cinema ou assistindo televisão. Quer dizer, eu como vendo tv e quando vou ao cinema. Falando nisso, bons tempos, quando se podia cantar a canção de um sujeito e ele ficava feliz, hoje os direitos autorais estão aí querendo comer o fígado de quem faz isso, ainda bem que só canto no banheiro! Outra atitude mal usada é o tal do politicamente correto, que serve somente para alguns interesses. Mas, vou falar do áudio, outros assuntos devem aguardar, quietinhos, sua vez.
Os seres humanos passaram a viver na trepidante vida urbana longe do vasto jardim botânico onde se desenrolava a história cultural da humanidade ao ritmo das quatro estações do ano. Trocou-se o campo pela cidade. O despertador tomou o lugar do canto do galo. O ruído das fábricas substituiu o barulhinho do vento, da chuva, do canto dos pássaros. O volume de ruídos aumentou muito desde o inicio do século XX e os habitantes do planeta precisam encontrar um meio de dominar esses barulhos se desejam encontrar certo equilíbrio. Existe tempo para tudo, momento de falar, de escutar, de silenciar, momento até de “ouvir” os fortes ruídos, como em um festival de rock, sem nenhum barulho tentando dominar os demais. A poluição sonora é um problema mundial, mas os jovens de hoje, quase surdos, deveriam meditar sobre o que acontece ao um público silencioso e imobilizado em concertos de música clássica, atento as misteriosas vibrações do ambiente. Alguém pode retrucar: e as estridências orquestrais de Schönberg, as obras de Xenakis, os efeitos de Ligeti e as explosões vocais dos membros da escola polonesa de Lutoslawski?
A resposta é contemporaneidade... Penso nisso parada em um semáforo ouvindo a voz macia de João Gilberto e lembrando a frase de Caetano “melhor do que o silêncio, só João” enquanto meu vizinho de lado escuta? música a todo volume e nem consigo descobrir o significado do ruído. Surdo, talvez sim, talvez não, porém jovem candidato a surdez. O barulho ressoa através de um radio ou walkman, uma espécie de hemorragia musical, transbordando do carro vizinho, enquanto o sinal não fica verde para eu passar e voltar ao volume baixo, a quase mudez do velho baiano. Fico me perguntando como o moço dos auto falantes nos ouvidos com aquele volume pode prestar atenção em alguma coisa que não seja o próprio barulho! Se os mais jovens não forem conscientizados no controle dessa onda sonora a população mundial vai ficar surda. O lado bom disso é que o planeta ficará mais tranqüilo, deveria dizer mais silencioso

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tudo na vida tem pré-produção

Até eles esperaram para fazer
a clássica capa de Abbey Road (1969)
Caros colegas, ouvi dizer que a senhorinha de roxo é a Rosa Bertoldi sendo groupie dos Beatles. Alguém confirma?