Talvezeu devesse me submeter a um rito de passagem. Desses onde se pinta a cara, ou
onde se entoa hinos pelada ou coisa assim. Sim, uma marca que me garanta que
estou entrando para uma nova existência. E aí chamaria Maria para me
acompanhar. Ela viria descalço, assim como veio João quando o chamei. Ela
estaria sorrindo e me daria as mãos calejadas me jurando que daqui para frente
as viagens seriam mais alegres. Mas eu teria coisas a dizer a ela, não sei
fazer viagens alegres, elas ficam sem graça. Maria me pegaria pelas mãos e me
levaria ao lugar mais distante da cidade, diria que o rito de passagem faria
ela mesma.
E
ela me contaria de mim, das minhas coisas e das minhas dores. Maria seria
abençoada com uma luz que só Maria, moradora de Cuiabá, teria. Ela me diria que
o que vai rápido deveria ir mais devagar e o que vai devagar, deveria ir mais
devagar ainda. Maria sábia, moça vivida, terra batida.
Falaria
a ela que me falta luz, me faltam
palavras que se bastem em
uma. Talvez ela me dissesse para ter calma que as palavras
vão voltar assim como muita coisa voltou. Diria a ela que quero sair do meu
corpo e assim fazer meu rito de passagem. E ela me ajudaria. Eu sairia e fugiria
para nunca mais ver Maria.
4 comentários:
inspirado
sou fã da Maria. e da Camila.
Eu também sou fã da Camilla... Todos os seres humanos passam por transformações: ritos de passagem. Na minha religião essas coisas são bem marcadas. Jung fala dessas mudanças. Enfim: texto super inspirado.
Maria ninguém....é Maria da Camilla também.
Demais, Camilla Maria.
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