domingo, 2 de março de 2014

A moda

Para os sociólogos é um fenômeno cultural consistindo na mudança periódica e coercitiva de estilo. A maioria das pessoas acredita ser uma proposta para uma estação. Vejo como uma renovação no estilo pessoal de cada um. Como o Baptista decidiu fazer de mim uma mulher culta deu-me uma coleção de livros ilustrados com a história da beleza nas artes. Nossa o livro é um arraso! O que isso tem com a moda? Tudo. Quando conheci Nefertiti descobri que ela desenhava sua própria roupa. Nefertiti, a rainha do Egito... Seu nome significa “a mais Bela chegou” isso explica a preocupação com a moda? Dizem que ela era deslumbrante. E para mostrar toda essa beleza criou vestidos longos e levemente transparentes presos somente até a altura dos seios e abertos lateralmente até os pés. Quando andava o vestido abria revelando seu corpo escultural. O faraó não devia ser ciumento. Eram primos e isso deve ter provocado à doença de suas seis filhas: hidrocefalia. Trata-se da acumulação de líquido no interior da cavidade craniana causando um inchaço no crânio. Resumindo as princesas tinham as cabeças alongadas como mostram as pinturas egípcias naturalistas daquela época. Quando as meninas começaram a frequentar a corte, mamãe modista desenhou um tocado para as garotas e para ela. Muito engenhosa a imperatriz, vocês não acham? Todas as mulheres passaram a usar algo parecido e as princesas estavam salvas das fofocas da corte.

Muitas páginas depois, me deparo com uma jovem alemã em um retrato cuja descrição me pareceu hilária: o autor compara a brancura da moça com Penélope, fala do ornamento cefálico que amplia sua fronte. Aqui sou eu falando: reparem na semelhança com o tocado de Nefertiti. Mas, tem mais sobre a descrição do apaixonado: “a ridente boca cheirosa de canela e sua ornadissima fala.” Como diz a propaganda da maionese: ah, não orna... com os dias de hoje não é? Em seguida chego ao capítulo denominado de A beleza mágica entre os séculos XV e XVI. Olha o cabelo da moça, parecendo com os frisados da atualidade. O lenço na cabeça me fez lembrar os tempos de hippie, com bandanas e fios amarrando cabeleiras sujas e mal lavadas. É a lei do eterno retorno. Alguém deve estar dizendo: pirou. Que conversa mole. Não é. Comprei uma saia longa estampada. Devido ao calor cortei o forro. Ela ficou um pouquinho transparente. O detalhe é que a costura na frente só vai até o joelho. Juro que veio assim da loja. Quando eu sento a abertura sobe e deixa uma das pernas de fora. Pera aí mente suja eu não sou Nefertiti e minhas pernas são finas, mas como convencer o Baptista que foi um acidente e não proposital a compra? Ah, a moda... me deixou literalmente numa saia justa!


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