Mistério ou incompetência? Não tenho ideia. Ontem digitei e postei um texto... hoje vim olhar se havia algum comentário e tive a surpresa: nem comentário, nem o texto. Que terá havido com ele?
sexta-feira, 18 de abril de 2014
domingo, 13 de abril de 2014
A Retórica como arte enganadora...
Palavras de Sócrates - não do jogador de futebol - mas do conhecido filósofo grego. Platão transformou seu velho mestre em personagem de um livro onde compara a retórica com a adulação e o sofismo, artes ligadas à política, afirmando que são os filósofos e não os retóricos, os conhecedores da política. Ele escreveu sobre o assunto tentando entender como os persas, comandados por Xerxes, ganharam a guerra em Atenas. O ataque contra a retórica era produto de seu estado de espírito e por trás desse clima havia uma dura critica ao antidemocrata Péricles. Nietzsche polemizou com um Sócrates moderno: Rousseau, o pai da revolução francesa, e ao mesmo tempo buscou na retórica um instrumento para refletir sobre a verdade e a mentira.
A pretensão humana de conhecer a verdade é ilusória. O impulso para criar metáforas é encontrado no mito, na arte e por que não dizer, na política, onde ser verdadeiro significa servir-se delas. A expressão moral disso pode ser traduzida pela mentira repetida segundo uma sólida convenção, em um estilo marcante para todos, como nunca antes na história desse país... Como Sócrates, eu repito retórica... uma arte enganadora!
O que diria Nietzsche das "verdades" veiculadas pelas pesquisas eleitorais, por exemplo? Talvez respondesse: "foram reforçadas poética e retoricamente, foram deslocadas, embelezadas e após um longo uso, pareceram, a um dado povo, sólidas, canônicas..." Afinal, verdades são efêmeras, iguais as "metáforas que se esgarçaram e perderam toda forma sensível, são moedas cujas imagens se apagaram."
A pretensão humana de conhecer a verdade é ilusória. O impulso para criar metáforas é encontrado no mito, na arte e por que não dizer, na política, onde ser verdadeiro significa servir-se delas. A expressão moral disso pode ser traduzida pela mentira repetida segundo uma sólida convenção, em um estilo marcante para todos, como nunca antes na história desse país... Como Sócrates, eu repito retórica... uma arte enganadora!
O que diria Nietzsche das "verdades" veiculadas pelas pesquisas eleitorais, por exemplo? Talvez respondesse: "foram reforçadas poética e retoricamente, foram deslocadas, embelezadas e após um longo uso, pareceram, a um dado povo, sólidas, canônicas..." Afinal, verdades são efêmeras, iguais as "metáforas que se esgarçaram e perderam toda forma sensível, são moedas cujas imagens se apagaram."
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Ele estava ali, parado, há horas.
Maltrapilho, sujo, barbudo, dormia na calçada molhada pela chuva que caíra durante
toda a noite. Seu cheiro azedo atraiu moscas que ficaram circundando-o,
caminhando por seu rosto, cabeça e braços. Eu o olhava à distância tentando
entender o que passaria pela cabeça de alguém nesse estado.
Suas calças estavam molhadas,
levantar para urinar? Para quê? Os sapatos não eram um par, um pé amarelo,
daquele couro natural com que são feitas as botinas dos caboclos, e o outro
preto. Este parecia ser novo o que acentuava o estado lastimável do amarelo.
Teria alguém jogado pela janela de um carro? Imaginei um grupo de jovens com suas
brincadeiras típicas, arrancando o sapato do mais distraído e jogando para fora.
O miserável o encontrou e saiu alegremente calçado, talvez pensando que um dia
encontraria outro pé, novo também.
Ele se mexeu, ergueu a cabeça e
encontrou meu olhar. Fixou-me por alguns instantes deixando-me constrangida, eu
fora indiscreta observando-o enquanto dormia. Virou-se, puxou a coberta,
cobriu inclusive a cabeça e tornou a deitar. Eu
não conseguia entender o que me
prendia ali mas sentia vontade de continuar olhando, pensei em me aproximar,
mas o que haveria para ser dito? Dar-lhe alguma esperança? Diria que a vida tem fases e que esta também iria passar? Expor meu pensamento sobre o liberalismo econômico, as consequências da globalização e a agressividade da sociedade contemporânea?
Princípios morais, o pecado de omissão, o
olhar fraterno, o horror à desonra e à sujeira, a rejeição aos maus cheiros digladiavam-se em minha consciência. O inverno
estava chegando, ele, tão jovem, tão sem esperança, tão desprovido de tudo,
teria que entrar em algum grupo de apoio, de promoção humana... eu deveria
fazer alguma coisa.
Vi que dormia novamente, joguei cinco reais na sua frente e voltei para casa. Estava começando a chover e eu não podia resfriar.
Vi que dormia novamente, joguei cinco reais na sua frente e voltei para casa. Estava começando a chover e eu não podia resfriar.
segunda-feira, 7 de abril de 2014
O brilho eterno
Está na capa da Isto é desta semana uma matéria enorme sobre "A cura do amor".
Flashback para quem já viu "O brilho eterno de uma mente sem lembranças"(2004) com direção de Michel Gondry e excelente roteiro de Charlie Kaufman. Lindo, delicado e brutal, a história propõe o "apagamento" literal de um ex amor da mente. É algo como um derrame em pequenas proporções e localizado. Na história Joe apaga Clementine quando descobre que esta o apagou. Vingança com abandono é sempre assim, né? Ação e reação.
Bom, mas voltando ao filme, é lindo e vale ser visto e poucas vezes vi o cinema americano falar de amor de uma maneira tão contundente e eficaz.
Agora saindo da ficção e voltando a realidade. Na matéria, diferentes opiniões médicas apontam para o futuro, onde o amor será tratado exatamente como o colesterol alto ou a diabetes, como uma patologia que pode e deve ser curada através do uso de pílulas e exames clínicos.
Ao meu ver, a possibilidade é assustadora e ao mesmo tempo incrível.
Incrível ver o nível de avanço a que chegamos, capazes de mapear de maneira tão direta algo que até então era considerado tão vago. E assustador saber que talvez com o auxílio de uma pílula a não dor... o que seria de Shakespeare, Rimbaud, Nick Hornby e da maior parte das músicas produzidas na Inglaterra? O que seria do brit pop sem a dor de amor?
Deixo a dica de uma das músicas mais bacanas dos últimos tempos sobre o tema e o trailer de "O brilho eterno de uma mente sem lembranças"
Flashback para quem já viu "O brilho eterno de uma mente sem lembranças"(2004) com direção de Michel Gondry e excelente roteiro de Charlie Kaufman. Lindo, delicado e brutal, a história propõe o "apagamento" literal de um ex amor da mente. É algo como um derrame em pequenas proporções e localizado. Na história Joe apaga Clementine quando descobre que esta o apagou. Vingança com abandono é sempre assim, né? Ação e reação.
Bom, mas voltando ao filme, é lindo e vale ser visto e poucas vezes vi o cinema americano falar de amor de uma maneira tão contundente e eficaz.
Agora saindo da ficção e voltando a realidade. Na matéria, diferentes opiniões médicas apontam para o futuro, onde o amor será tratado exatamente como o colesterol alto ou a diabetes, como uma patologia que pode e deve ser curada através do uso de pílulas e exames clínicos.
Ao meu ver, a possibilidade é assustadora e ao mesmo tempo incrível.
Incrível ver o nível de avanço a que chegamos, capazes de mapear de maneira tão direta algo que até então era considerado tão vago. E assustador saber que talvez com o auxílio de uma pílula a não dor... o que seria de Shakespeare, Rimbaud, Nick Hornby e da maior parte das músicas produzidas na Inglaterra? O que seria do brit pop sem a dor de amor?
Deixo a dica de uma das músicas mais bacanas dos últimos tempos sobre o tema e o trailer de "O brilho eterno de uma mente sem lembranças"
domingo, 6 de abril de 2014
Poetar...
Foi minha filha quem chamou
atenção para a palavra. Poetar é igual a poetizar ou contar em versos.

“Dançam, dançam os paladinos,
Os mágicos paladinos do diabo,
Os esqueletos dos Saladinos.”

Nele a modernidade encontra
seu mais ilustre representante e talvez seu mais severo crítico. Ele sentiu a
aceleração do tempo e a renovação infinita das feridas por ele provocadas.
Pressentiu a coisificação das relações humanas e a desumanização dos tempos
pós-modernos. Só o verdadeiro poeta alcança o fundo dessa vidência: “Vi o
suficiente/Tive o suficiente/Conheci o suficiente”... então abandonou tudo,
pois a visão deve ter sido a de um pesadelo!
sexta-feira, 4 de abril de 2014
Alucinei, tudo girou, o azul tomou conta, dentro e fora de mim, nada mais fazia efeito. Imagens de ontem, hoje e acredite, de amanhã. Tirei as botas, elas saíram andando e não voltaram mais. Andei pra cima e pra baixo, pra um lado e pro outro, se quer saber andei até pra cima, sem medo de acontecer de voar.. e não encontrei ninguém. Estranho, não é?
quinta-feira, 3 de abril de 2014
quebra-cabeças
cansou.
não queria mais brincar de quebra-cabeças.
de ter que conhecer cada pecinha de cada pessoa.
encaixar as falas bonitas perto da boca.
(aliás, tira uma dúvida: elas não deveriam partir do coração?)
tinha raiva de juntar as raras boas ações na altura do quadril.
se decepcionava ao não encontrar encaixe para os sentimentos mais puros.
anatomia burra.
sim, cansou de brincar.
de ver tudo repartido, cheio de linhas imaginárias.
de acreditar que o todo é feito de peças pequenas.
de perceber que, ao faltar uma, a paisagem fica incompleta.
pelas regras, isso é um problema.
cansou de perder horas.
dias. meses.
vidas até.
tudo para entender cada peça.
cada minúsculo pedaço de cor fosca.
tudo para que o todo faça sentido.
brincadeira chata.
odiava a falta de surpresa.
o pouco espaço para revoluções.
a pseudoliberdade do montar.
sempre à procura do encaixe perfeito.
sem espaço para erros.
premiação apenas para acertos.
aos vencedores, mais peças!
pra puta que pariu.
e, de repente, tudo vinha em peças.
tudo precisava ser montado.
amizade: 200 peças.
sonho: 3.200 peças.
desejo: 12 peças.
amor: varia conforme o jogo.
não gostava dessa história de ler manual.
tinha horror às letras miúdas.
e pouco talento para marcenaria.
volta e meia, encontrava peças pela casa.
embaixo do sofá.
dentro do all-star.
na caixa de areia do gato.
uma vez, embaixo do tapete, achou um conjuntinho de peças.
montou e formou um coração.
onde ia encaixar isso agora?
é… uma hora cansa mesmo.
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