a dieta era rígida: pão-que-o-diabo-amassou, água do boteco da esquina e preces à vontade - aproveita e enche o prato fundo.
fazia isso para manter o corpo em forma.
não tinha instrutor nem fazia academia. muito menos comprava revista de gente marombada, auto-ajuda anabolizante e vazia.
se cuidava sozinho. autodidata.
no dia das compras, entre a imensidão do mar de angústias, à escolha como que expostas em prateleira de supermercado, sempre surgia uma nova dor.
lançamento. promoção. leve quatro, pague três. oferta especial para o cliente.
pegava aquela que mais salivava a boca. escondia embaixo da camiseta e corria. maratonista do destino.
a roupa era de missa. os domingos, de sargeta.
as vontades, aeróbicas, se alternavam, iam e viam feito putas na passarela, desfilando libidos, oferecendo falsos prazeres.
os desejos, artigos de luxo, trancavam-se feitos obra de arte. obedeça o horário de visitação, por favor.
sonhos? deuses romanos presentes só nos livros de história - e ele não sabe ler a nova ortografia.
sol a pino, chuva ladeira abaixo, piada repetida.
só abandonava a rotina bulímica em noites de lua estrelada.
nesses dias, entre ofensas, maldições, lágrimas e pesares, sorria - com cara de bobo, até.
mas de lado, rápido, curtinho... tinha vergonha.
tinha medo de se acostumar a ser feliz.
e felicidade, como todos sabem, não combina com roupa de missa.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
Sumi mas aqui estou... Sem novidades, aproveitando muito e curtindo as noites mais insólitas que já pude imaginar.
AMO a Cidade do México... Detesto Cuernavaca onde moro... Isso nao muda nada o quanto estou feliz por aqui...
Vou escrever coisas curtas porque nada de tao importante tem acontecido. E nao tenho nenhum texto que valha a pena...
Mentira: acabei de ler um desses Best Sellers americanos que sao traduzidos para o mundo todo, deixado pela minha mae durante sua estada: A Cabana... e foi bom... é bom ter algo que te faça pensar em Deus.
Preciso de dicas de livros... Aliás, dicas nao... ja tenho um na Lista. Vou ter de ler Paulo Coelho porque o filme Veronika decide morrer foi filmado com a Sarah Michelle Geller e nao vou poder perder... e como todo livro que vira filme, temos de ler prá criticar o filme...
Enfim...como podem ver, um pouco de nada no meio de nada... Fico por aqui..
Salutti!
AMO a Cidade do México... Detesto Cuernavaca onde moro... Isso nao muda nada o quanto estou feliz por aqui...
Vou escrever coisas curtas porque nada de tao importante tem acontecido. E nao tenho nenhum texto que valha a pena...
Mentira: acabei de ler um desses Best Sellers americanos que sao traduzidos para o mundo todo, deixado pela minha mae durante sua estada: A Cabana... e foi bom... é bom ter algo que te faça pensar em Deus.
Preciso de dicas de livros... Aliás, dicas nao... ja tenho um na Lista. Vou ter de ler Paulo Coelho porque o filme Veronika decide morrer foi filmado com a Sarah Michelle Geller e nao vou poder perder... e como todo livro que vira filme, temos de ler prá criticar o filme...
Enfim...como podem ver, um pouco de nada no meio de nada... Fico por aqui..
Salutti!
segunda-feira, 27 de julho de 2009

Sem despertador acordei tarde. Plena de felicidade fiz o “petit déjeuner des princes” como recomenda a tradição. À mesa, olhando a garoa, lambiscando, repetindo o cafezinho, de chinelos, com preguiça e sem nada na agenda, talvez possuída por uma entidade hedonista comecei a filosofar sobre o prazer de tomar e sentir o perfume do chá, a importância do calor do café com leite ou do cafezinho básico, acompanhado por um cascudo pão com manteiga e de quão feliz é quem tem uma xícara quente para encostar os dedos, nas manhãs geladas. Reconheçam que isso é altamente filosófico.
Pensar sobre como teria surgido a manteiga, quando o homem começou a tomar leite no café da manhã, e sobre nossa (ou minha, porque de mim eu sei, de vocês não...) ignorância a respeito das mais corriqueiras coisas que nos cercam foi um pulo.
Cultura de almanaque ou não, o pai dos burros contemporâneo não poderia escapar às indagações. Santo Google deu-me algumas respostas. Se confiáveis ou não já é outra etapa.
Quem também tiver curiosidade leia, quem souber de outra versão, “faça um blogueiro feliz” e coloque seu comentário.
O pão
Produzido pela primeira vez, pelos povos que habitavam a região onde agora é a Suíça (aldeias palafitas), por volta de 10.000 a.C. era feito com glandes de carvalho e faia trituradas, lavado com água fervente para tirar o amargor. Essa massa secava ao sol. Daí vieram as farinhas de diversos cereais, que antes de servirem para fazer pão, eram usadas em sopas e mingaus.
Quem também tiver curiosidade leia, quem souber de outra versão, “faça um blogueiro feliz” e coloque seu comentário.
O pão
Produzido pela primeira vez, pelos povos que habitavam a região onde agora é a Suíça (aldeias palafitas), por volta de 10.000 a.C. era feito com glandes de carvalho e faia trituradas, lavado com água fervente para tirar o amargor. Essa massa secava ao sol. Daí vieram as farinhas de diversos cereais, que antes de servirem para fazer pão, eram usadas em sopas e mingaus.
Posteriormente passou-se a misturar nas farinhas mel, azeite doce, mosto de uva, tâmaras esmagadas, ovos e carne moída, formando bolos, que teriam precedido o pão propriamente dito. Eram cozidos sobre pedras quentes ou sob cinzas. Os egípcios, primeiros a usar fornos, também descobriram que o acréscimo do fermento à massa do pão poderia torná-
la leve e macia, em 4000 aC.

O pão pagava salários, no Egito, onde camponeses ganhavam três pães e dois cântaros de cerveja por dia de trabalho. O sistema de fabricação era muito simples – pedras moíam o trigo que era adicionado á água e formava uma massa mole. Esse processo foi mostrados em pinturas encontradas em tumbas de reis que viveram por volta de 2.500 a.C.
Quanto à manteiga presume-se que, juntamente com a coalhada, tenha surgido ainda na pré-história. Foi usada pelo povo sumério, na Mesopotâmia, para cozinhar, desde 3000 AC como atestam algumas placas gravadas por eles. Sua utilização na cozinha faz parte da raiz cultural de diferentes povos. Na Índia,por exemplo, a ghee ou ghi (manteiga clarificada) está diretamente associada à mitologia e ao deus Prájapat. O ghee é um Rasayana, alimento rejuvenescedor e regenerador- tonificante que aumenta a força e a expectativa de vida. Na Rússia, o final do Inverno é comemorado com o festival da manteiga (Maslyanitasa). No Marrocos, onde a Smen é símbolo de riqueza é muito apreciada em todos os dias festivos. Ela foi introduzida na Península Ibérica pelos celtas e seu nome parece derivar do sânscrito manthaga.
O leite? O homem é um animal mamífero e toma leite desde sempre, através da maternidade. O fato de algumas mulheres não produzirem leite, levou-as a utilizarem leite de outros animais e isso ainda na pré-história. Juntar café foi um requinte surgido nas regiões leiteiras da Europa para obter a energia do café e o alimento do leite mas a reinvenção surgiu na Itália, com o cappuccino. Seu uso se espalho
u para a Ásia, Américas e Oceania com o neocolonialismo.
No Brasil, nas áreas rurais, onde o processo do cappuccino não podia ser feito com facilidade, pela falta do chocolate, os colonos misturavam o leite integral das vacas com o café passado. Isso se perpetuou nas cidades pequenas e com o tempo várias pessoas foram se habituando com o café com leite, mais barato e fácil de fazer.

No Brasil, nas áreas rurais, onde o processo do cappuccino não podia ser feito com facilidade, pela falta do chocolate, os colonos misturavam o leite integral das vacas com o café passado. Isso se perpetuou nas cidades pequenas e com o tempo várias pessoas foram se habituando com o café com leite, mais barato e fácil de fazer.
É, o Sérgio Porto escreveu o Samba do Crioulo Doido e eu escrevi isso aí... Se gostarem, na semana que vem publico mais.
domingo, 26 de julho de 2009
Cante
Já publiquei esse texto em outro blog mas adoro e continuo achando o máximo, abaixo está o vídeo do YouTube, a tradução é bem tosca então vale a pena dar uma lida em inglês mesmo.
Everybody's Free (to wear sunscreen)
Mary Schmich - Chicago Tribune
"Ladies and Gentlemen of the class of '97... wear sunscreen.
If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be IT.
The long term benefits of sunscreen have been proved by scientists whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience.
I will dispense this advice now.
Enjoy the power and beauty of your youth. Never mind. You will not understand the power and beauty of your youth until they have faded. But trust me, in 20 years you'll look back at photos of yourself and recall in a way you can't grasp now how much possibility lay before you and how fabulous you really looked.
You are NOT as fat as you imagine.
Don't worry about the future; or worry, but know that worrying is as effective as trying to solve an algebra equation by chewing bubblegum. The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind; the kind that blindside you at 4pm on some idle Tuesday.
Do one thing every day that scares you.
Sing.
Don't be reckless with other people's hearts, don't put up with people who are reckless with yours.
Floss.
Don't waste your time on jealousy; sometimes you're ahead, sometimes you're behind. The race is long, and in the end, it's only with yourself.
Remember compliments you receive, forget the insults; if you succeed in doing this, tell me how.
Keep your old love letters, throw away your old bank statements.
Stretch.
Don't feel guilty if you don't know what you want to do with your life. The most interesting people I know didn't know at 22 what they wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year olds I know still don't.
Get plenty of calcium.
Be kind to your knees, you'll miss them when they're gone.
Maybe you'll marry, maybe you won't, maybe you'll have children, maybe you won't, maybe you'll divorce at 40, maybe you'll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary. Whatever you do, don't congratulate yourself too much or berate yourself, either. Your choices are half chance, so are everybody else's. Enjoy your body, use it every way you can. Don't be afraid of it, or what other people think of it, it's the greatest instrument you'll ever own.
Dance. Even if you have nowhere to do it but in your own living room.
Read the directions, even if you don't follow them.
Do NOT read beauty magazines, they will only make you feel ugly.
Get to know your parents, you never know when they'll be gone for good.
Be nice to your siblings; they are your best link to your past and the people most likely to stick with you in the future.
Understand that friends come and go, but for the precious few you should hold on. Work hard to bridge the gaps in geography in lifestyle because the older you get, the more you need the people you knew when you were young.
Live in New York City once, but leave before it makes you hard; live in Northern California once, but leave before it makes you soft.
Travel.
Accept certain inalienable truths, prices will rise, politicians will philander, you too will get old, and when you do you'll fantasize that when you were young prices were reasonable, politicians were noble and children respected their elders.
Respect your elders.
Don't expect anyone else to support you. Maybe you have a trust fund, maybe you'll have a wealthy spouse; but you never know when either one might run out.
Don't mess too much with your hair, or by the time you're 40, it will look 85.
Be careful whose advice you buy, but, be patient with those who supply it. Advice is a form of nostalgia, dispensing it is a way of fishing the past from the disposal, wiping it off, painting over the ugly parts and recycling it for more than it's worth.
But trust me on the sunscreen."
Everybody's Free (to wear sunscreen)
Mary Schmich - Chicago Tribune
"Ladies and Gentlemen of the class of '97... wear sunscreen.
If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be IT.
The long term benefits of sunscreen have been proved by scientists whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience.
I will dispense this advice now.
Enjoy the power and beauty of your youth. Never mind. You will not understand the power and beauty of your youth until they have faded. But trust me, in 20 years you'll look back at photos of yourself and recall in a way you can't grasp now how much possibility lay before you and how fabulous you really looked.
You are NOT as fat as you imagine.
Don't worry about the future; or worry, but know that worrying is as effective as trying to solve an algebra equation by chewing bubblegum. The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind; the kind that blindside you at 4pm on some idle Tuesday.
Do one thing every day that scares you.
Sing.
Don't be reckless with other people's hearts, don't put up with people who are reckless with yours.
Floss.
Don't waste your time on jealousy; sometimes you're ahead, sometimes you're behind. The race is long, and in the end, it's only with yourself.
Remember compliments you receive, forget the insults; if you succeed in doing this, tell me how.
Keep your old love letters, throw away your old bank statements.
Stretch.
Don't feel guilty if you don't know what you want to do with your life. The most interesting people I know didn't know at 22 what they wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year olds I know still don't.
Get plenty of calcium.
Be kind to your knees, you'll miss them when they're gone.
Maybe you'll marry, maybe you won't, maybe you'll have children, maybe you won't, maybe you'll divorce at 40, maybe you'll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary. Whatever you do, don't congratulate yourself too much or berate yourself, either. Your choices are half chance, so are everybody else's. Enjoy your body, use it every way you can. Don't be afraid of it, or what other people think of it, it's the greatest instrument you'll ever own.
Dance. Even if you have nowhere to do it but in your own living room.
Read the directions, even if you don't follow them.
Do NOT read beauty magazines, they will only make you feel ugly.
Get to know your parents, you never know when they'll be gone for good.
Be nice to your siblings; they are your best link to your past and the people most likely to stick with you in the future.
Understand that friends come and go, but for the precious few you should hold on. Work hard to bridge the gaps in geography in lifestyle because the older you get, the more you need the people you knew when you were young.
Live in New York City once, but leave before it makes you hard; live in Northern California once, but leave before it makes you soft.
Travel.
Accept certain inalienable truths, prices will rise, politicians will philander, you too will get old, and when you do you'll fantasize that when you were young prices were reasonable, politicians were noble and children respected their elders.
Respect your elders.
Don't expect anyone else to support you. Maybe you have a trust fund, maybe you'll have a wealthy spouse; but you never know when either one might run out.
Don't mess too much with your hair, or by the time you're 40, it will look 85.
Be careful whose advice you buy, but, be patient with those who supply it. Advice is a form of nostalgia, dispensing it is a way of fishing the past from the disposal, wiping it off, painting over the ugly parts and recycling it for more than it's worth.
But trust me on the sunscreen."
sábado, 25 de julho de 2009
Nada do que foi... será...
As idéias transformadoras sempre aparecem disfarçadas. Em uma palestra sobre os meios de comunicação e o nosso dia a dia notei maravilhada que uma parcela, dos participantes, encontra-se em crise de percepção. Existe um desejo por alterações fundamentais nos valores vigentes. Estudos sociológicos comprovam esse anseio. Entretanto é diferente quando você se depara com esses indicadores tão perceptíveis em pessoas sentadas ao seu lado. Em seguida, uma amiga falando de algumas mudanças em sua maneira de agir concluiu dizendo: sou criativa e ponto final... Na verdade, ela estava fazendo o Manifesto da Pessoa, uma declaração do seu soberano direito de auto-descoberta e auto-afirmação. Passei por isso há muitos anos atrás, embora essa metamorfose tenha acontecido de forma quase subterrânea. No meu caso foi um livro “A Conspiração Aquariana” de Marilyn Ferguson, uma jornalista norte-americana. A autora falava de uma rede de intelectuais agindo e provocando modificações no mundo. Alguns estavam destruindo elementos-chave do pensamento ocidental e rompendo com a continuidade da História, afirmava ela. Às vezes, as idéias transformadoras podem aparecer também no formato de um inofensivo compêndio, pensei. Do meu ponto de vista, o antigo modelo não funcionava mais. Ao mesmo tempo que, o livro respondia às minhas indagações, uma silenciosa revolução teve inicio no meu cotidiano. A crise por mim vivida era grande e de dimensões intelectuais, morais e espirituais e me acompanhava desde a graduação. Passou? Não passou, foi amenizada com a ajuda de um médico que antes de pedir testes de laboratório ofereceu calor humano e auxílio. O paradigma dessa medicina – a homeopatia – está na busca de causas, pois a mente é o fator primário nas doenças. Bem-estar não será ministrado às colheradas, ele vai emanar de uma matriz: o corpo-cérebro. O referido médico foi assunto de nossa conversa. A minha amiga disse: o doutor estava certo. Eu respondi: essa é a pior parte. Ele sempre tem razão ao afirmar que os seres humanos estão atravessando uma crise mundial complexa. Ela afeta a saúde, a economia, a tecnologia, a política, o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e as nossas relações sociais e afetivas. Verdade...
A humanidade passou por grandes modificações, porém, esse momento não tem precedente. Estamos nos defrontando com a possibilidade de extinção da raça humana e da vida no planeta. Além da poluição atmosférica, a saúde está ameaçada pela água e pelos alimentos contaminados por produtos químicos tóxicos. São problemas intimamente relacionados e interdependentes.
Fritjof Capra citou a frase do I Ching em seu livro O ponto de mutação: ao término de um período de decadência sobrevém o ponto de mutação. Há movimento, mas este não é gerado pela força... ele é natural, surgindo de forma espontânea. Por essa razão, a transformação do antigo torna-se fácil. O velho é descartado, e o novo introduzido.
Os seres humanos estão vivenciando alterações que tanto poderão harmonizar o mundo como destruí-lo. Até a pouco tempo, normas e hábitos culturais eram pressupostos não questionáveis norteando vidas, porém, costume é como nevoeiro, sempre se desfaz. Está acontecendo agora: depois da tempestade – de 1968 – são visíveis os contornos de uma nova postura cultural. Modelos como casamento, família, sexualidade, além das instituições sociais e políticas foram abalados. Mesmo não existindo formulas para introduzir mudanças, a resposta aparecerá através da atitude para solucionar os problemas mais urgentes. As idéias transformadoras estão em nossas cabeças e a chave das mutações em nossas mãos. Como Caetano está na hora de cantar: nada do que foi... será...
A humanidade passou por grandes modificações, porém, esse momento não tem precedente. Estamos nos defrontando com a possibilidade de extinção da raça humana e da vida no planeta. Além da poluição atmosférica, a saúde está ameaçada pela água e pelos alimentos contaminados por produtos químicos tóxicos. São problemas intimamente relacionados e interdependentes.
Fritjof Capra citou a frase do I Ching em seu livro O ponto de mutação: ao término de um período de decadência sobrevém o ponto de mutação. Há movimento, mas este não é gerado pela força... ele é natural, surgindo de forma espontânea. Por essa razão, a transformação do antigo torna-se fácil. O velho é descartado, e o novo introduzido.
Os seres humanos estão vivenciando alterações que tanto poderão harmonizar o mundo como destruí-lo. Até a pouco tempo, normas e hábitos culturais eram pressupostos não questionáveis norteando vidas, porém, costume é como nevoeiro, sempre se desfaz. Está acontecendo agora: depois da tempestade – de 1968 – são visíveis os contornos de uma nova postura cultural. Modelos como casamento, família, sexualidade, além das instituições sociais e políticas foram abalados. Mesmo não existindo formulas para introduzir mudanças, a resposta aparecerá através da atitude para solucionar os problemas mais urgentes. As idéias transformadoras estão em nossas cabeças e a chave das mutações em nossas mãos. Como Caetano está na hora de cantar: nada do que foi... será...
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Uma (verdadeira) história do sertão de Pernambuco em pleno ano de 2009
Raimundo chegou cambaleante à entrada do bar de Seu Adamantino. A visão embaçada e o coração disparado fizeram sua mão vacilar ao se apoiar no trilho de metal sujo de graxa e areia da porta de ferro, exigindo um esforço ainda maior para que o corpo se elevasse sobre o degrau e, pé ante pé, chegasse ao balcão, no qual, com a cabeça rodando, ele suavemente colocou o facão ensangüentado. Minutos antes ele havia dali saído após entornar cinco doses de cachaça e não pagar a conta.
Josias, pastor da Igreja, em vão gritava a plenos pulmões tentando impedir a pequena multidão, liderada por Gilberto Jurema, que se organizava para ir atrás de Raimundo e cumprir seu objetivo. João Batista, atendente do posto de gasolina, noticiou à turba armada de foices que ele havia passado por ali, primeiro vindo de sua casa, andando rápido e falando sozinho, caminhando em direção do boteco de Adamantino, e que depois de algum tempo havia retornado, já meio de zigue zague, em direção à sua casa. Não teve coragem de informar que Raimundo já estava de volta ao bar, dessa vez todo manchado de sangue e quase não parando em pé.
A jovem Maria de Lourdes ouvia ao longe os gritos do povo que ia se aglomerando, sem saber ao certo o que estava acontecendo. Faltava-lhe coragem para retornar à casa. Raimundo já lhe havia desferido dois socos, um na cara e um no estômago, horas antes, além de tê-la ameaçado com uma espingarda. Ela fugiu e se escondeu atrás do barracão da oficina dos caminhões de transporte de cana. Ali ficara durante duas horas, chorando em silêncio, sem poder imaginar que o ódio de seu companheiro fosse atingir os limites da sanidade – conceito pouco compreendido por estas bandas.
A vizinhas de Raimundo e Maria de Lourdes continuavam paradas mirando o charco de sangue defronte à casa. Elas sabiam, mais por instinto que por entendimento, que aquela barbaridade que estavam a ver não estava certa.
Foi Gilberto Jurema que, mesmo com o braço ferido e ensangüentado, adentrou ao bar e derrubou, com um único golpe, Raimundo, fazendo-o lamber o chão de terra batida. Depois o serviço ficou a cargo da multidão que, sem enfrentar qualquer resistência do já resignado Raimundo Ribamar Fernandes, levou-o, arrastado, até a porta de sua casa.
Maria de Lourdes, do alto de seus 17 anos de vida, venceu o medo ao ouvir o som das vozes ao longe gritando xingamentos e blasfêmias contra Raimundo e saiu em disparada, ainda desesperada, tomando o rumo de casa. Ao ali chegar e perceber a desgraça, sentiu o corpo amolecer e caiu, a alguns metros do limite da poça de sangue. A visão, turva de pânico, a impediu de ver o momento em que Raimundo Ribamar Fernandes, de 23 anos, foi linchado, sem resistir, a golpes de facão e enxada, por uma multidão descontrolada. Seu sangue aos poucos encontrou a outra mistura de sangue e terra, de seus filhos, um de dois anos e outro de oito meses, que há pouco haviam sido por ele mortos, também a golpes de facão. O motivo, segundo depois afirmaria a jovem esposa-viúva e sem filhos à delegado, fora ela ter se negado a servir a seu marido naquela tarde de julho, no sertão de Pernambuco.
Josias, pastor da Igreja, em vão gritava a plenos pulmões tentando impedir a pequena multidão, liderada por Gilberto Jurema, que se organizava para ir atrás de Raimundo e cumprir seu objetivo. João Batista, atendente do posto de gasolina, noticiou à turba armada de foices que ele havia passado por ali, primeiro vindo de sua casa, andando rápido e falando sozinho, caminhando em direção do boteco de Adamantino, e que depois de algum tempo havia retornado, já meio de zigue zague, em direção à sua casa. Não teve coragem de informar que Raimundo já estava de volta ao bar, dessa vez todo manchado de sangue e quase não parando em pé.
A jovem Maria de Lourdes ouvia ao longe os gritos do povo que ia se aglomerando, sem saber ao certo o que estava acontecendo. Faltava-lhe coragem para retornar à casa. Raimundo já lhe havia desferido dois socos, um na cara e um no estômago, horas antes, além de tê-la ameaçado com uma espingarda. Ela fugiu e se escondeu atrás do barracão da oficina dos caminhões de transporte de cana. Ali ficara durante duas horas, chorando em silêncio, sem poder imaginar que o ódio de seu companheiro fosse atingir os limites da sanidade – conceito pouco compreendido por estas bandas.
A vizinhas de Raimundo e Maria de Lourdes continuavam paradas mirando o charco de sangue defronte à casa. Elas sabiam, mais por instinto que por entendimento, que aquela barbaridade que estavam a ver não estava certa.
Foi Gilberto Jurema que, mesmo com o braço ferido e ensangüentado, adentrou ao bar e derrubou, com um único golpe, Raimundo, fazendo-o lamber o chão de terra batida. Depois o serviço ficou a cargo da multidão que, sem enfrentar qualquer resistência do já resignado Raimundo Ribamar Fernandes, levou-o, arrastado, até a porta de sua casa.
Maria de Lourdes, do alto de seus 17 anos de vida, venceu o medo ao ouvir o som das vozes ao longe gritando xingamentos e blasfêmias contra Raimundo e saiu em disparada, ainda desesperada, tomando o rumo de casa. Ao ali chegar e perceber a desgraça, sentiu o corpo amolecer e caiu, a alguns metros do limite da poça de sangue. A visão, turva de pânico, a impediu de ver o momento em que Raimundo Ribamar Fernandes, de 23 anos, foi linchado, sem resistir, a golpes de facão e enxada, por uma multidão descontrolada. Seu sangue aos poucos encontrou a outra mistura de sangue e terra, de seus filhos, um de dois anos e outro de oito meses, que há pouco haviam sido por ele mortos, também a golpes de facão. O motivo, segundo depois afirmaria a jovem esposa-viúva e sem filhos à delegado, fora ela ter se negado a servir a seu marido naquela tarde de julho, no sertão de Pernambuco.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
HOMEM MORA EM PAREDE



Arte? Desastre?
Humor?
Há requinte no fonógrafo, no dossel, nas cores.
Quem é ele? Um artista? Um misógino?
Certamente não um misóssofo, se não, por que os óculos? Onde guardará os discos? Serão de vinil ou da velha goma laca, usada nos 78?
Não vi tomada... estarãoas músicas em sua memória?...
Vi ontem, no Fantástico, um cego de nascença que pinta paisagens que, obviamente, nunca viu e desenha com perspectiva.
O mundo é fantástico, nossa imaginação infinita, os dons inimagináveis, nosso cérebro maravilhoso e misterioso... e assim nós vamos vivendo.
E o
amigo? Já ouvi donas de casa impecáveis (as casas e as donas) se desculparem pela bagunça, nesta casa não há. Quem toparia viver ali? Ele poderia ter um cachorro? Um gato sim. Dormiria com ele ou na banqueta? Ou o homem daria a cama para o gato e ficaria na rede?

Quem tiver opinião, por favor dê.
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